—Mais um ponto para a equipe verde!

Gritava o juiz da nossa partida de pró dobra. Corro para abraçar Flamber, uma garotinha da turma de baixo,mas que domina o fogo como ninguém, dizem por aí que é capaz de criar os próprios raios. Pra falar a verdade, nossa equipe é imbatível. Pra começo de conversa temos Flamber, a dobradora de fogo mais forte da escola, mesmo sendo "miudinha". Depois temos o Chan, um dominador de água que não é habilidoso em especial, mas é enorme,e muito duro na queda, e que sabe derrubar a todos quando quer. E por fim, mas não menos importante, eu, um exímio dominador de terra, que além de ser muito rápido e ágil, e duro na queda, sou o menino mais popular de toda Gaoling. Não há um cidadão nessa cidade que não tenha ouvido falar de Luan o campeão. Acho que é por termos vencido o campeonato de pró dobra mirim quatro vezes, e estamos nas quartas de final esse ano.

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Do nada, Flamber aponta para o céu e vemos ali um bisão gigante,com três homens da guarda do ar por cima de sua cela. "Agora eles não podem pousar, pelo menos não na arena da escola, pois estamos treinando!" é o que penso no ato, mas parece que minhas vontades não serão atendidas por esse enorme animal.

—Len, que surpresa boa!- disse o diretor Fong ao sair de seu escritório em direção ao pátio.-Vi pela janela o bisão e logo soube que era você. O que te traz, meu velho amigo, a Gaoling, e logo à minha escola, sem nem me avisar?

—Além de querer vir visitar meu amigo,-disse o tal Len- recebemos um aviso da sede, que a mestre Jinora vai dar um discurso de emergência agora, e quer que não só os guardas do ar assistam, mas que todo o reino da terra assista a essa transmissão. Você teria como transmitir isso para os alunos,não teria?

—Ora essa, mas eu não soube de nada! Então, -disse o diretor levantando sua voz- Alunos, todos imediatamente para o auditório, teremos uma transmissão importante agora.

Era o que me faltava. Com todo respeito a Jinora,mas eu não tenho nada pra ouvir dela. Eu sigo vivendo minha vida tão bem, meu pai na torre Lorrey, o maior centro econômico de todas nações, minha mãe arrasando nas passarelas (o que me deixa nervoso é ver todos aqueles homens babando em cima dela, mas, ela é adulta e poderosa,e pode se defender muito bem sozinha caso precise) e eu virando o melhor dominador de terra das arenas. E, tranquilamente poderia terminar meu recreio com mais um pouco de treino. Mas não, porque a "grande" Jinora quer falar...

Chego no auditório e me sento perto da porta, não pretendo ficar lá por muito tempo. Algumas cadeiras a frente, avisto Chan, que parece estar nervoso demais com esse "discurso surpresa". Me acomodo em minha cadeira, e logo em seguida as luzes se apagam.

Assim que a transmissão começa,reconheço de cara o lugar. Eles estão na arena central de pró dobra, em Cidade República. Jinora está se aproximando de um palanque, e atrás dela, como se fossem seus guarda-costas, seus dois irmãos, Meelo e Rohan. Ela tem a mesma aparência de sempre, uma seta tatuada na testa e nos punhos, seu cabelo branco preso à um coque apertado, com duas mechas de cabelo descendo dos lados de sua testa. Ela traja a roupa tradicional dos guardas do ar,que consiste em um paletó vinho e uma calça cinza,e que tem uma espécie de asas presas às laterais da roupa, para que possam voar sem precisar de um planador. Todos ali vestem a mesma roupa,inclusive os menores. Um menino ruivo como o fogo,também vestido como os guardas me chama atenção em especial,pois mesmo não tendo a tão venerada seta tatuada,ele parecia saber mais do que devia, e se deleitava com isso.

A platéia fazia muito barulho,tanto aqui em Gaoling quanto lá em Cidade República. Todos cochichavam a todo o vapor. E também não é pra menos,esse é o primeiro aviso urgente que a tão especial Jinora faz em toda sua vida,e olha que ela é velha e não dá ênfase a quase nada no mundo. Ela pede silencio, aguarda alguns instantes e começa a falar:

"Queridos cidadãos de todas as nações, venho por essa, mesmo sabendo que posso enfrentar as consequências de meus atos,pois a causa já não pode mais esperar.

"Há treze anos, o Avatar Korra, minha grande amiga,faleceu. Desde lá, até que o próximo avatar apareça, o equilíbrio no mundo tem sido mantido, na medida do possível, por nós, da guarda do ar. Não posso lhes dizer que conosco está tão bom quanto esteve no tempo de korra, mas nós fizemos o nosso melhor, e espero que Korra sinta orgulho de nós.

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"Mas, acontecimentos recentes me obrigam a fazer o que estou fazendo agora. Por alguma espécie de desequilíbrio no mundo espiritual, tem aparecido pessoas com a " dupladobra",um fenômeno que vem desolando todos os cantos das quatro nações. Por minha posição, posso assegurar-lhes que,por mais que nós,o clã de Zaofu (dominadores de terra que desenvolveram a dobra de metal),o DaiLi, o exército da nação do fogo E os guerreiros das tribos da água,lutemos todos juntos para combater essas pessoas, o poder que eles tem nas mãos é tão forte quanto ao de um avatar,se isso for ao menos possível, e muitas mortes seriam contabilizadas se os confrontássemos diretamente.

"Por isso, em nome do Conselho de Segurança das Quatro Nações (CSQN) eu venho com um pedido aos sábios da terra,que, mesmo sendo cedo demais,nós precisamos mais do que nunca da ajuda do NOVO AVATAR."

A barulheira que começou no auditório e nas arquibancadas da arena,foi absurda. Eu tenho que assumir que eu não achei que ela diria algo tão importante assim. Antes eu achava que ela não tinha nada para me acrescentar, afinal, somos de nações contrárias. Mas essa bomba mudou todo o cenário.

Antes mesmo da termos tempo de concluir alguma coisa, Meelo e Rohan fizeram dois tubos de ar,se elevando assim ao ponto mais alto do estádio,e gritando para que a platéia se calasse,sem obter muito sucesso. Imediatamente, Jinora faz um movimento com as duas mãos,baixando o tubo de ar de seus dois irmãos menores. Ela faz um gesto com as mãos,como se estivesse contendo uma bola de ar dentro das mãos. Os irmãos,no momento que tocaram o chão,entenderam o que a irmã queria fazer e olharam para trás levando o indicador à boca,como quem diz silêncio. Todos os dobradores de ar entenderam o sinal,e começaram a imitar Jinora.

E aí,depois de uns instantes,eles todos abrem as mãos para cima em direção a Jinora, e ela direcionou suas mãos a própria boca. Ao fazer esse movimento, Jinora falou a palavra silêncio. Em seguida, todos os dobradores direcionaram uma espécie de cone de ar à Jinora, e isso fez com que a voz dela ficasse muito,mas muito alta. Foi ensurdecedor vendo a transmissão daqui de Gaoling, imaginem lá na arena. Eu tenho que admitir, essa Jinora manda muito na dobra de ar.

Ela prossegue como se nada tivesse acontecido:

"Agora, senhores sábios da terra,lhes venho com um pedido particular meu, com base em um acontecimento que é contado em todas as escolas. Meu avô, o Avatar Aang, recebeu a notícia de que era o avatar cedo demais,com seus meros doze anos de idade,pois o senhor do fogo Sozin queria usar o cometa para dizimar os nômades do ar. Meu avô, teve medo de seu destino e fugiu,e não podemos culpá-lo, já que era apenas a criança. E, por terem se precipitado contra o conselho de Gyatsu, o monge responsável por meu avô, acabaram morrendo todos.

"Então, senhores sábios da terra tenham bastante cautela ao revelar a identidade do novo avatar, ele é uma criança de nada mais do que treze anos, só nos apoiamos nele por estarmos em um perigo gigante. Não esqueçam nunca de que mesmo sendo o avatar, ele tem uma infância para completar, e uma criança incompleta acaba sendo um adulto imaturo.

"Encerro meu discurso com um pedido,de que a paz e o equilíbrio voltem para nós o mais rápido possível, seja espiritual ou fisicamente."

E essa foi a bomba que a Jinora jogou nas quatro nações em menos de dez minutos de discurso. Eu não sei se ela sabe as proporções que isso tomou,digo como isso atingiu a massa do povo da terra,afinal,o próximo avatar caminha entre nós, e tem a minha idade.

O diretor Fong estava atônito,sem conseguir reagir racionalmente direito,então disse entre balbuceios disse que as aulas teriam terminado por hoje,e nem escureceu ainda. Eu fui à arena e recolhi meus pertences, e ao sair da escola me despedi de meus amigos de equipe. Reparei de longe que tinha um grupo de meninas olhando para mim,entre suspiros e devaneios me acenavam um doce tchau. Ignorei elas,continuei falando com Chan sobre a luta de daqui a dois dias,que ele teria que se preparar melhor. Afinal, é isso que faz eu ser tão popular entre as meninas: O pouco valor que mostro que dou a elas,mas que na verdade é gigante. O que fazer se sou o melhor aluno da turma,sou campeão mirim de pró dobra, e sou lindo?

Tomei meu ônibus e fui pra casa. Estava um trânsito absurdo,sério. Deve ser por causa do discurso,ouço cochichos na cidade toda,sobre avatar aqui,avatar ali. Não que eu não me importe com quem será o avatar,mas eu tenho um campeonato p vencer.

Chegando na porta do meu prédio, já havia escurecido. Eu devo ter ficado muito tempo no trânsito,mas nem reparei,estava ouvindo música. Viu subir pelo elevador de dominação de terra,como todos os dias. Por sermos uma família rica,moramos em um dos prédios mais badalados da cidade,quem sabe de toda a região. E no próprio prédio moramos na cobertura, uma apartamento gigantesco. Como o prédio é habitado quase que todo por dominadores de terra,o único elevador que existe ali é o de terra. Então,como tive um dia meio ruim (o dominador de fogo da equipe vermelha me derrubou da arena pouco antes de Len pousar com o bisão dele. Isso me deixa louco, e mais essa bomba da Jinora) e minha cabeça está explodindo, tudo o que quero é chegar em casa, tacar tudo pelos ares em casa (afinal,uma das empregadas em casa vai recolher) ir para o meu quarto onde tomarei meu banho, onde deitarei na minha cama e rezarei para não adormecer antes que minha mãe chegue,afinal, ela vem hoje depois de três dias de passarela na tribo da água do sul,um frio que me estremece só de pensar. Subi na caixa de pedra e comecei a elevá-la com a minha dominação, e pare quando cheguei no meu andar,o décimo terceiro.

Mas,não foi nada disso o que aconteceu.

Assim que eu chego na sala,vejo um monte de homens de pelo menos meia idade rodeando minha mãe e olhando para ela com um olhar de predadores. Um pouco distante dali,meu pai gesticulava bastante ao conversar com mais um desses homens vestidos de verde em uma túnica estranha.

Não hesitei nem por um segundo. Estava de cabeça quente, não podia mais suportar aquilo. Levantei um bloco de terra grande e o fatiei na horizontal, jogando uma tira de pedra para cada homem ao redor de minha mãe,atingindo-os diretamente no peito e derrubando-os.

Minha mãe começa a sorrir e diz:

—Veja Haru, que fofo o nosso Luan. Ele está com ciúmes dos sábios, está me defendendo! Que gracinha!

—Os sa..sa..sábios??-não conseguia digerir a situação. Como minha mãe chegou mais cedo,quando e como os sábios chegaram naquele trânsito dos infernos, o que eles vieram fazer aqui, e, cara, eu acabei de derrubar seis sábios de uma vez. Eu posso ser preso ou algo do tipo só por isso. Imediatamente libertei eles.

—Luan,o Haru aqui me contou que você está nas quartas de final do campeonato, meus parabéns!-disse o sábio que falava com meu pai,fazendo a referência a ele.-Já que o menino chegou senhores,que tal largar a linda Nora e sentarmo-nos à mesa para conversarmos?Venha Luan, sente-se em sua habitual cadeira.

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Meio tremendo, meio hesitando, me direcionei à minha cadeira. Assim que me sentei, minha mãe sentou ao meu lado, me beijou e me perguntou como foi meu dia. Assento com a cabeça que sim. Meu pai se senta do meu lado também, cheio de orgulho. Logo em seguida, os sábios se sentaram ao redor da mesa. Sou capaz de jurar que não faço ideia do que está se passando aqui.

—Luan, presumo que na escola transmitiram o discurso de Jinora. E presumo que você saiba o que nós viemos fazer aqui. -disse um deles.

—Eles me ligaram hoje cedo, e vim diretamente da tribo do sul o mais rápido possível, por ser de suma importância, meu amor!-minha mãe falou,cheia de orgulho.

—Eu mais do que ninguém, não pude acreditar no que né disseram,saí da Lorrey o mais rápido que pude,mas estava um trânsito infernal assim que Jinora começou a falar.- disse meu pai, que parecia estar tão confuso quanto eu, salvo o fato de que ele estava relatando os fatos.

—É uma grande honra ter alguém assim em nosso povo, mais ainda em Gaoling.-disse o mais velho dos sábios.

—Para, para, para! Me expliquem exatamente o que está acontecendo, eu não estou entendendo nada!-disse com a têmpora latejando,estava furioso.

—Ora, querido Luan,você ainda não entendeu?-Disse um dos sábios com um sorriso no rosto.-Você, meu filho, é o...-BUMM!

Alguma coisa bateu na janela, foi algo com certeza grande, pelo som que isso emitiu. Nos levantamos todos para ver o que foi,no momento que vemos uma senhora do ar entrando pela janela. Ao levantar a cabeça,vemos ninguém mais ,ninguém menos do que Jinora,só que toda descabelada. Ela deu alguns passos se desequilibrando, e logo atrás dela vem pela mesma janela seu irmão Rohan, que ao chegar arfava muito mais do que sua irmã. Ele se sentou e começou a dizer:

—Jinora, você é louca! Por que você fez isso? Foi imprudente demais! Nunca mais tirarei meus olhos de cima de você!!-disse ele tentando dar a ela uma bronca em tom alto,mas estava cansado demais para isso. Naquele momento reparei em uma cicatriz que ele tinha do lado direito do rosto, foi de alguma queimada.

Jinora se levanta, ajeita o cabelo um pouco e diz:

—Nora,minha querida, continua linda como sempre. Como vai? Está sentindo orgulho de seu filho agora?

—Minha nossa Jinora! Por que não avisou antes que viria, eu teria preparado comidas da nação do ar! Minha querida irmã de quarto, o que houve para você vir com tanta pressa? De onde você veio?- respondeu minha mãe,assustada com a situação, e também com um certo desagrado.

—Vim de Cidade República.-disse ela à minha mãe secamente.-Vocês não podem fazer isso, seria o maior erro possível.-fulminando os sábios com os olhos.

—Mas nós não lhe contamos ainda, você interrompeu a cerimônia, senhora Jinora. Viemos avisá-lo agora!-Um dos sábios disse.

Eu não estava tendo a menor noção do que se passava ali, para mim estavam todos enlouquecidos,inclusive meus pais.

—Por favor,me expliquem o que está acontecendo,antes que mais alguém entre nesta casa.

—Eu falo.-Disse Jinora. Mesmo sendo idosa, e estando toda descabelada, ela nunca perdia nem o semblante sério, nem o doce sorriso.

—Querido Luan, fico lisonjeada em comunicar-lhe que, a nova identidade do avatar já foi descoberta. O novo avatar é você.

Booom. Cara,essa mulher sabe botar bombas na sociedade. Eu perdi o ar, o equilíbrio e minha visão ficou momentaneamente turva. Eu não consegui acreditar, achei que era pegadinha. Mas, antes mesmo que eu pudesse perguntar, ela prosseguiu:

—Mas você não é o único.