Obliviate

Capítulo 8 - We’re going to be best friends forever


Capítulo 8 - We’re going to be best friends forever



CAMILLA SCHMIDT



— Uma calúnia, é claro. — meu pai disse prontamente a mesa, quando um de meus irmãos questionou sobre como o Ministério da Magia lidava com o relato de Harry. — Nada mais do que uma alucinação de uma criança insolente…

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Olhei para o meu prato, me sentindo completamente enjoada. Cedrico Diggory não teria morrido do nada, só de encostar na Taça, e por mais que todas as pessoas ao meu redor diziam que não, me via obrigada a concordar com Potter. Algo matou Cedrico naquele dia.

Com a chegada das férias, tudo pareceu ficar uma loucura. O Ministério da Magia estava um completo caos, os bruxos estavam assustados com o que Harry tinha relatado e o Profeta Diário o tratava como um lunático.

Queria que aquele fosse um momento para eu ficar mais tranquila, já que o fim do semestre tinha acabado comigo, mas apenas piorou. Me sentia muito mais confortável na escola do que dentro de casa, sem conseguir olhar nos olhos do meu próprio pai.

Tinha recebido diversas cartas de Ernesto, me perguntando como eu estava e porque eu não estava dando nenhuma palavra com ele. Não pensei que isso fosse acontecer, mas eu tinha colocado minhas obrigações acima de tudo, tinha me afastado tanto dele que não sabia como recuperar a amizade que tínhamos antes do Baile de Inverno.

“Ernie, olá!

Acho que neste momento você não quer ler nada do que eu venha a te escrever, mas eu me sinto na obrigação de te dar uma explicação, e por mais que você acabe não compreendendo, queria começar pedindo desculpas.

Sim, eu falhei. Me desculpe por ter estado sempre tão ocupada que raramente te via ou te ajudava com as matérias que você tinha dificuldade como no começo do ano, me perdoe.

Não foi um ano fácil para mim, e acredito que para você também não.

Caso você ainda for para o show, eu estarei lá, nós poderemos conversar, como antigamente.

— Camilla.”



Aquela altura do campeonato, Harry tinha me mandado uma carta, falando o que ele tinha visto quando segurou a Taça junto de Cedrico. Ele tinha visto o meu pai, em um círculo de Comensais da Morte, pedindo perdão ao Lorde das Trevas. Mandei uma resposta, alegando que não poderia conversar com ele sobre aquilo por cartas, era muito perigoso, mas assim que pudesse encontrá-lo iria esclarecer as coisas.

Naquelas férias eu pude perceber uma mudança de clima na minha casa, meu pai e Richard dificilmente estavam em casa, Charles estava mais sério do que o normal e a minha mãe tinha uma expressão abatida no rosto. De alguma forma, lá no fundo, eu sabia que meu pai tinha oferecido meus irmãos ao Lorde das Trevas, e ele tinha aceitado.

— Mãe? — murmurei quando estávamos sozinhas na cozinha, ela apenas me olhou pelo canto do olho. — O que está acontecendo?

Reparei que ela respirou fundo, tentando não demonstrar como estava tensa.

— Vocês não podem esconder as coisas de mim para sempre.

— Estávamos tentando te proteger, mas posso ver que até isso não deu certo. — ela murmurou com os olhos verdes entristecidos — Não queria ter que escolher um lado, filha, isso eu te garanto. Por um bom tempo, nós só queríamos que você e seus irmãos pudessem viver em mundo onde os erros do seu pai não existissem, mas esses erros vieram a tona. E eu não posso deixar que vocês arquem com isso. É muito perigoso.

Me encostei no balcão da cozinha com uma expressão surpresa, eu realmente não esperava que minha mãe fosse abrir o jogo se eu fizesse um pouquinho de pressão.

— Tudo o que nós fizemos foi para te proteger, acredite. O meu receio… — os olhos dela se encheram de lágrimas, só que ela conseguiu controlar suas emoções tornando a mostrar uma expressão rígida — O meu receio é de que Robert se cegue e vá atrás de poder, se isso acontecer novamente...Eu não sei o que irei fazer. Estou perdendo o controle das coisas aos poucos, Richard e Charlie já foram, não posso deixar que você siga o mesmo caminho...Por isso eu peço, por favor, fique longe dos Malfoy e de toda essa loucura.

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Malfoy? O quê raios os Malfoy tinham a ver com isso? Minha mãe não estava falando coisa com coisa.

— Como assim, quero dizer, o que eles fariam comigo? — indaguei — Eu não tenho nenhum contato co-

— Me escute, os Malfoy fizeram coisas ruins, e estar próximo deles é sinônimo de perigo…

— Eu realmente não entendi, porque estar debaixo desse teto também é sinal de perigo. — franzi o cenho, e pude perceber que minha mãe batucou suas unhas perfeitas na mesa, como se aquele assunto a deixasse ansiosa.

— É apenas um conselho, e como sei que você é uma garota inteligente, você irá segui-lo. Essa conversa nunca aconteceu. — disse desaparecendo na escadas da sala de estar, me deixando com um enorme ponto de interrogação para trás.

Conforme as férias avançaram o dia do show finalmente tinha chegado, e como eram muitas pessoas em um lugar só, eu acabei não encontrando Gina, então fiquei sozinha com Ernesto. Depois de curtimos o show, que tinha sido ótimo por sinal, fomos até uma cafeteria e finalmente conversamos o que deveríamos ter conversado desde o Baile de Inverno. Decidimos que iríamos continuar amigos, que não funcionamos juntos daquela maneira, e eu acabei ficando bem feliz por ter recuperado a amizade do garoto de volta.

Em determinado momento, recebi uma carta dos gêmeos Weasley me convidado para passar alguns dias na Toca, e minha mãe permitiu (claro, sem o meu pai saber) alegando que eu estaria mais segura lá do que em casa.

Os Weasley foram bem receptivos, e eu acabei dividindo quarto com Gina e Hermione, o que resultou em conversas que iam até a madrugada.

— Já que estamos falando de garotos, e você Cams? — Gina perguntou com um sorriso malicioso e eu senti minhas bochechas queimarem de vergonha.

— Nada, — disse sincera, mesmo que morrendo de vergonha — algumas semanas atrás eu e Ernie decidimos que ficamos melhor como amigos.

— Quem sabe esse ano aconteça alguma coisa. — Hermione sorriu para mim, e novamente eu me senti um pimentão, era tão estranho ter amigas para poder falar da minha vida amorosa.

— Acho que já fizemos ela passar por vergonha o suficiente, vamos dormir. — Gina riu do meu rosto avermelhado.

Alguns dias se passaram e Arthur Weasley decidiu que todos deveriam ir para a sede da “Ordem da Fênix”, que eu não sabia o que era até o momento atual. Todos estavam se arrumando, enquanto Gina tentava me explicar sobre o que se tratava.

— A Ordem da Fênix é uma organização de aurores que lutaram contra os Comensais da Morte na Primeira Guerra Bruxa, estamos indo para lá porque papai acha que é mais seguro. — ela dizia enquanto eu acenava com a cabeça.

— Gina, se eu te pedir uma coisa, você faria sem questionar? — perguntei depois de passar um tempo pensativa, ela apenas concordou confusa — Eu quero que você apague a minha memória de onde a sede fica, assim que nós sairmos de lá. Por favor, não questione.



(...)

A sede da Ordem era um lugar bem agradável, e cheio de aurores. Acho que essa foi a única coisa que me deixou desconfortável, porque de todos ali, eles eram o que tinham maior conhecimento sobre o passado da minha família, provavelmente sabiam muito mais do que eu. Meu maior susto quando eu entrei naquela casa foi ver Sirius Black cara a cara, aconteceu que ninguém tinha me contado nada sobre Sirius, então eu não pude evitar ficar extremamente assustada.

— Merlin,— exclamei assustada batendo minha coluna na parede — e-ele é…?

Me lembrava de Molly ter dado uma risada sem graça, e me explicarem quem realmente Sirius era e o que tinha acontecido com ele. Admito que ainda era meio difícil olhar para Black e não me lembrar do homem que estava preso em Azkaban, mas aos poucos eu me acostumava com aquela ideia.

Acabei reencontrando o Professor Lupin, me lembrei brevemente de que naquela época o meu bicho-papão era meu pai segurando um boletim cheio de notas vermelhas, quase ri sozinha quando pensei que meu bicho-papão agora provavelmente seria Lucius-Dementador Malfoy.

Conheci Ninfadora Tonks, que era um amor de pessoa, sempre conversando comigo e com as meninas ou nos fazendo rir mostrando suas habilidades de metamorfomaga.

Apesar de ter conhecido pessoas incríveis lá, tinha o quadro da Sra. Black que hora ou outra desatava a exclamar furiosa que não queria sangue-ruins em sua casa, ou Monstro, que era o elfo da família Black, que compartilhava os mesmos pensamentos de sua antiga dona.

No momento, eu dormia como um anjo em um quarto que eu dividia com Hermione e Gina, e eu tinha que dizer que nunca tinha dormido tão bem em anos. Finalmente não tinha tido nenhum pesadelo com notas ruins ou com dementadores. Na verdade, eu tive um sonho bem confuso naquela noite. Tudo naquele sonho era embaçado, como uma pintura onde o pintor tinha censurado o rosto das pessoas. Sonhava com uma menina e um menino, eles eram amigos, melhores amigos, e no meu sonho eles faziam promessas um para o outro.

A menina pegou a mão do garoto, estendeu seu dedo mindinho, dizendo para ele que aquilo era como se validava uma promessa de verdade. Aparentemente o garoto riu não levando a sério, mas decidiu fazer o que ela pedia. Entrelaçaram ambos os dedos mindinhos e fizeram a promessa.

Vamos ser amigos para sempre, nós vamos para Hogwarts juntos.

De alguma forma, eu acordei com o meu travesseiro molhado sendo sacudida por Hermione que me olhava preocupada. Demorou algum tempo para eu perceber que eu chorava enquanto dormia, e para meu espanto, a menina do sonho, era eu.

— Ei, está tudo bem? Você estava chorando muito enquanto dormia. — ela murmurou se sentando ao meu lado.

— Eu não sei — murmurei com a voz fraca, enquanto secava as lágrimas em minhas bochechas —, eu tive um sonho estranho.

Acabei contando o meu sonho para Hermione e Ginevra, que tinha acordado com o barulho da conversa, as duas me ouviam atentamente e pela primeira vez eu me sentia feliz por ter alguém para poder desabafar.

— Você pode falar com a Professora Trelawney, — Gina deu um meio sorriso enquanto Hermione revirou os olhos — , você acordou chorando, esse sonho deve ter importância no subconsciente. É a primeira vez que você sonha com isso?

Afirmei com a cabeça.

— Naturalmente meus sonhos são pesadelos, — senti minhas bochechas queimarem de vergonha — eu já sonhei com Lucius Malfoy vestido de Dementador. — sussurrei para as meninas que caíram na gargalhada. — Não tem graça!

Elas se entreolharam e continuaram a rir, e eu acabei rindo também.

Conforme os dias passavam eu me sentia mais confortável no QG da Ordem, tinha feito amizade com alguns aurores e para a minha surpresa, eles não me discriminaram nem nada do gênero. Acabei descobrindo que Você-Sabe-Quem tinha realmente voltado, e que Harry tinha sido expulso de Hogwarts.

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— Como isso é possível? — indaguei assim que fiquei sabendo — Harry não é estúpido para realizar o feitiço do patrono na frente de trouxas, mas...Também não consigo imaginar o que dementadores iriam fazer perto da casa dos tios dele…

— Realmente — Fred comentou.

— Dementadores não têm uma lealdade certa, apesar de serem guardas em Azkaban. — Hermione disse prontamente.

— Fiquem tranquilos, Harry irá para o Ministério ser julgado em tribunal. — Arthur interveio na conversa — Ainda há o que ser feito.

Olhei ansiosamente para os Weasley e para Sirius, que por ser o padrinho do Harry, seria a pessoa que mais ficaria abalada com essa informação. Não conseguia raciocinar por quê aquilo estava acontecendo, já que os Dementadores em grande maioria “respondem” ao Ministério da Magia, e eu não conseguiria imaginar ninguém que mandasse dementadores para Little Whinging.

Infelizmente teríamos de esperar, sem tomar atitudes precipitadas.



(...)



— George, admita, isso é um xeque-mate. — sorri sem mostrar os dentes para o ruivo que bufou.

— Isso vai ter volta. — ameaçou se afastando do tabuleiro com uma enorme careta que me fez rir. — Eu até que estava pensando em fazer um desconto para você...Mas agora irei cobrar pelo dobro do preço em qualquer produto Weasley.

— Isso é golpe baixo. — exclamei ofendida, mas ele apenas piscou aparatando em algum lugar. Balancei a cabeça desacreditada, e não pude evitar sorrir da situação.

Decidi que estava tarde, já que Molly logo mandaria todo mundo para a cama, então fui logo vestir o minha camisola. Enquanto escovava meus dentes no banheiro, pude olhar para o meu reflexo, agora eu estava bem mais saudável. Meu rosto estava cheio, meus olhos castanho-escuro brilhavam como usualmente. A única diferença era o meu cabelo que antes costumava ser bem longo, agora estava com um corte médio repicado. Olhei brevemente para o colar que eu usava com a inicial S talhado em prata, o colar era algo que todo mundo da minha família tinha. Meu pai dizia que ele servia para nos diferenciar dos outros, para que pudéssemos reconhecer os outros Schmidt. Não chegava a ser uma relíquia da família, mas era quase isso.

— Cam, já está terminando? — Hermione perguntou batendo na porta, eu fiz algum barulho incompreensível enquanto terminava de lavar a minha boca e rapidamente abri a porta.

— Pode entrar. — sorri indo direto para a cama, pegando um livro para ler.

Gina ainda não tinha ido se deitar, então eu fiquei um bom tempo lendo o livro até acabar caindo no sono, que por sorte foi completamente sem sonhos. Quando eu acordei já era de manhã cedinho, as meninas tagarelavam sem parar.

— Bom dia — sussurrei enquanto me acostumava com a iluminação do quarto.

— Camilla, você acordou! — Gina exclamou enquanto eu me espreguiçava — Harry voltou, ele está lá embaixo tomando café da manhã, disse que quer falar com você. — por um segundo achei que ela me olhou desconfiada, como se quisesse saber o que o garoto queria falar.

— Ele chegou bem? — indaguei, Hermione apenas acenou positivamente com a cabeça. — Certo, eu vou me trocar.

Me levantei da cama, pegando na minha mala uma muda de roupas e fui relutante para o banheiro. Sentia meu coração bater descompassado, sabia muito bem sobre o que Harry queria falar, também sabia que não poderia esconder aquela informação da Ordem, já que eles tinham feito a gentileza de me abrigarem na antiga casa dos Black. Eu odiava ser a dedo-duro, de verdade, mas no momento era a coisa mais inteligente a se fazer visto que eu não podia lidar com esse problema sozinha.

Vesti um suéter com um C na frente, tinha ganhado de presente da Sra. Weasley no Natal do ano passado. Coloquei uma calça de moletom e calcei meus tênis.

— Vamos descer. — murmurei ansiosa para as meninas e elas concordaram.

Assim que cheguei na cozinha encontrei os Weasley, Sirius e…

— Harry você está bem? — indaguei assim que vi o garoto.

— Bom dia Camilla. — ele disse com um meio sorriso enquanto tomava uma xícara de café, não pude evitar dar um suspiro aliviada. Merlin sabia como eu tinha medo de dementadores. — Eu queria falar com você, mas deixa para mais tarde… — murmurou olhando de soslaio para as pessoas na mesa. Quase sorri, era bem-que ele compreendesse que o assunto me deixasse desconfortável, já que se tratava da minha família.

— A resposta é sim Harry, — falei com o tom de voz normal, permitindo que todos ali pudessem escutar — eu descobri ano passado ouvindo uma conversa do meu pai com um dos meus irmãos sem querer. Até então eu não tinha conhecimento de nada que estava acontecendo, minha mãe me contou mais tarde que meu pai escondeu tudo isso de mim com o objetivo de me proteger, bem, acho que ficou bem óbvio que ele falhou.

Percebi que Molly fez um sinal para que nos deixassem a sós, mas eu neguei com a cabeça para ela. Não costumava ser uma pessoa corajosa, se fosse para contar, eu queria que todos eles ouvissem de uma vez.

— Meu pai, Robert, e o pai do Malfoy foram melhores amigos na época de escola, juntos eles se tornaram Comensais da Morte. Quando Você-Sabe-Quem desapareceu muitos Comensais resolveram abandoná-lo, e meu pai foi um desses. — respirei fundo olhando de soslaio para Monstro que se arrastava pela casa murmurando ofensas como “traidores de sangue” — Como eu ia dizendo, acabei escutando uma conversa de Robert com o meu irmão, ele falava desesperado sobre como ele precisava reconquistar a confiança do Lorde das Trevas, e para isso ele oferecia meus dois irmãos.

“Não faço a mínima ideia de como ele descobriu sobre a volta de Você-Sabe-Quem, acredito que ele descobriu assim que viu a Marca Negra no céu. Enfim, meus dois irmãos estão nas mãos dele e minha mãe foi atrás de um lugar seguro, ela me disse que não quer estar envolvida com este tipo de coisa novamente. Bem, é por isso que eu estou aqui. Ela achou que ficar os Weasley fosse mais seguro do que em casa, já que no momento não se sabe se o Lorde das Trevas realmente aceitou ou não o meu pai de volta.”

Surpreendentemente não havia nenhum resquício de lágrimas ou tristeza quando eu terminei de falar, apenas vergonha e decepção. Vergonha de estar naquela situação, decepção com o meu pai e um certo medo do que poderia acontecer lá na frente.

— Eu acredito em você, Harry — sorri triste para o garoto que me olhava chocado — Acredito que Você-Sabe-Quem tenha retornado, e eu sinto muito.

— Oh querida, — Molly Weasley não me deu tempo para pensar, me dando um abraço de urso — nós que sentimos muito. — disse com a voz embargada.

— Camilla, sinto muito. — Harry murmurou quando Molly finalmente me soltou.

Sirius me analisou por alguns instantes então suspirou.

— Eu conheci o seu pai, — ele disse com uma expressão neutra — ele e Malfoy eram realmente melhores amigos, sentiam-se os donos de Hogwarts. Já brigaram algumas vezes, mas nunca era nada muito sério. Não me surpreendam que tenham seguido o mesmo caminho.

Abaixei a cabeça novamente, sentindo como se o orgulho da minha família estivesse ferido. Não sabia o que seria de mim na próxima vez que os encontrasse, só esperava que eles nunca descobrissem que eu tinha aberto a minha boca vários aurores.

A situação não estava boa para a minha família, querendo ou não Robert teria que se aliar a Você-Sabe-Quem novamente, e por mera consequência, meus irmãos teriam de se unir ao Lorde das Trevas. Minha mãe provavelmente estava fora do país, na casa dos seus familiares em Liverpool. ela tinha me obrigado a mandar cartas assim que eu chegasse em Hogwarts e finalmente estivesse em segurança. Então na prática, eu estava sozinha.

Minha vida e minha família tinham sido completamente consumido pelo caos que rondava o mundo bruxo.

Não sabia o que deveria fazer, talvez abandonar a escola e se juntar a minha mãe? Me parecia algo covarde de se fazer, abandonar meus amigos dessa forma, mas eu nunca tinha sido alguém cheia de coragem de qualquer forma.

Mas depois daquele dia, de alguma forma, eu sabia que eles estavam lá por mim assim como eu estaria por eles.

Por ter nascido em uma família rica, nunca tive de me preocupar com nada, com moradia, alimentação, roupas, nada. Mas agora, mais do que nunca, eu precisava de proteção, e eles estavam dispostos a me oferecer, por mais que eu não a merecesse.