Twilight

Histórias de Terror


Após o que Camille me disse, eu não estava muito ansiosa pela sexta-feira, e as minhas expectativas foram mais que atendidas. É claro que houve alguns comentários sobre minha falta, ali nada parecia fugir dos ouvidos dos alunos. Jéssica parecia já estar totalmente atualizada com a história, mas por sorte, Mike ficou calado e ninguém soube do envolvimento de Edward na história. Jéssica, no entanto, tinha algumas perguntas pra fazer na hora do almoço.

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—Então, o que Edward Cullen queria ontem na hora do almoço?

—Eu não sei. -Eu disse sinceramente. -Ele não chegou ao ponto.

—Você parecia um pouco aborrecida. -Ela pescou.

—Eu? -Minha expressão não dizia nada.

—Sabe, eu nunca tinha o visto sentar com ninguém além da sua família antes. Aquilo foi estranho.

—Estranho. -Eu concordei.

—Na verdade, nenhum dos Cullen tem costume de sequer falar com outros que não sejam sua família. Claramente isso não se aplica com você e a Camille, já que o Edward e o Emmett sempre falam com vocês. Interessante isso.

—Jéssica, você não tem nada mais pra fazer além de analisar minha irmã, eu ou as nossas amizades? –perguntou Camille a fuzilando com o olhar.

Ela pareceu nervosa, balançava seus cachos pretos impacientemente, eu imaginei que ela estava esperando por uma boa fofoca pra passar por aí, mas ficou em silencio após minha irmã ter dito aquilo

Quando eu entrei na cafeteria com Jéssica e Mike, eu não consegui deixar de olhar para a mesa dele, onde Alice e Jasper estavam conversando, com as cabeças próximas umas das outras. Na minha mesa de sempre, todos estavam cheios de planos para o dia seguinte. Mike estava animado de novo, depositando muita confiança no homem do tempo que havia prometido sol amanhã.

Eu interceptei algumas olhadas pouco amigáveis de Lauren no almoço, e eu não entendi até que todos nós fomos andando juntos para a sala. Eu estava bem atrás dela, a um passo do seu cabelo liso, louro cinzento, e ela estava claramente inconsciente disso.

—Não sei por que a Bella ou a Camille -ela pronunciou meu nome com desprezo -simplesmente não se sentam com os Cullen de agora em diante.

Eu a ouvi cochichando com Mike. Nunca havia percebido que voz chata e nasal, ela tinha, e eu estava surpresa com a malícia que havia nela. Eu nem sequer conhecia ela direito, certamente não bem o suficiente pra ela não gostar de mim, pelo menos eu achava.

—Elas são minhas amigas, se sentam conosco, Lauren. -Mike disse lealmente, mas também demarcando um pouco de território.

Naquela noite no jantar, Charlie pareceu entusiasmado com a viagem à La Push na manhã seguinte. Eu acho que ele se sentia culpado por nos deixar sozinhas nos fins de semana. É claro que ele já sabia o nome de todas as pessoas que iam, e os dos pais deles, e os dos avós deles também, provavelmente. Ele parecia aprovar. Eu me perguntei se ele aprovaria o meu plano de ir á Seattle com Edward Cullen. Não que eu fosse dizer isso pra ele.

—Pai, você conhece algum lugar chamado Great Rocks ou alguma coisa assim? Eu acho que é a sul da montanha Rainier. -Eu perguntei casualmente.

Camille me olhou confusa enquanto comia um pedaço de sua lasanha.

—Sim, por quê?

Eu levantei os ombros.

—Alguns garotos estão falando de ir acampar lá.

—Não é um lugar muito bom pra acampar. -Ele pareceu surpreso. –Tem ursos demais por lá. Algumas pessoas vão até lá na temporada de caça.

—Talvez eu tenha ouvido o nome errado.

Eu tentei dormir, mas uma estranha claridade amarela me acordou. Eu abri os meus olhos pra ver uma clara luz amarela entrando pela minha janela. Eu não podia acreditar. Eu corri para a janela pra me certificar, e lá estava ele, o sol.

Ele estava mal posicionado no céu, baixo demais, e não demonstrava estar tão próximo quanto deveria, mas definitivamente era o sol. As nuvens inundavam o horizonte, mas uma grande mancha azul estava visível bem no meio. Eu fiquei grudada na janela o máximo de tempo que pude, com medo de que se eu fosse embora o azul desaparecesse.

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Assim que desci as escadas, Camille estava pronta. Os cabelos longos estavam presos em um rabo no alto de sua cabeça, apenas alguns fios ficavam fora. Ela ainda usava maquiagem, bem leve, mas estava lá. Ela usava um cropped cinza e seus shorts jeans claros, que combinavam com os all stars brancos e a camisa xadrez escura. Minha irmã dirigiu em cantarolando uma música francesa até chegarmos a Loja de Equipamentos Atléticos dos Newton, que ficava ao Norte da cidade.

Eu já havia visto a loja, mas nunca havia parado lá antes. No estacionamento, eu reconheci o Suburban de Mike e o Sentra de Tyler. Enquanto ela estacionava próximo ao carro deles, eu vi o grupo em pé na frente do Suburban. Eric estava lá, junto de outros garotos que tinham aula comigo, tinha quase certeza que eles se chamavam Ben e Conner. Jess também estava lá, acompanhada de Ângela e Lauren. Havia três outras garotas com elas, incluindo uma garota que eu derrubei na aula de Educação física. Essa garota me deu uma olhada feia e cochichou alguma coisa para Lauren, mas se calou assim que Camille a olhou. Lauren balançou seu cabelo louro e me deu uma olhada de nojo.

Ia ser um dia daqueles. Pelo menos Mike estava feliz em me ver.

—Bella! Camille! Vocês vieram! -Ele disse encantado. -E eu disse que ia fazer sol, não disse?

—Eu disse que viríamos. — Eu lembrei a ele.

—Só estamos esperando Lee e Samantha... A não ser que vocês tenham convidado mais alguém. -Ele disse.

—Não. -Nós dissemos juntas.

Mike pareceu satisfeito.

—Vocês podem vir no meu carro. É isso ou a minivan da mãe do Lee.

—Claro. –Camille concordou.

Ele sorriu cheio de alegria. Lee trouxe mais duas pessoas, e de repente, todos os lugares foram ocupados. Eu conseguir atrás com minha irmã e enfiar Jéssica entre Mike e Angela no banco da frente do Suburban. Eram só vinte e cinco quilômetros de Forks até La Push, com suas lindas, florestas verdes e densas na beira da maioria das estradas no caminho ao grande Rio Quillayute.

Eu já tinha ido às praias de La Push durante os meus verões em Forks com Charlie, então os primeiros quilômetros de praia eram familiares pra mim. Ainda era de tirar o fôlego. A água era de um cinza-escuro, mesmo no sol, e haviam encostas de pedra, de um cinza pesado. As ilhas apareciam nas águas do porto rodeadas por recifes de corais, alcançando ápices desiguais, e coroadas com coqueiros que flutuavam com a brisa. A praia propriamente dita, só tinha uma fina faixa de areia perto da água, atrás das águas apareciam milhares de pedras grandes e com aparência suave que pareciam uniformemente cinza de longe, mas olhando de perto elas eram de todas as cores que uma pedra poderia ser: terracota, verde-mar, lavanda, azul cinzento, dourado-areia.

A pequena encosta estava lotada com grandes árvores, descoloridas numa cor branca de osso, por causa das ondas do mar, algumas muito próximas umas das outras contra os limites da floresta, outras sozinhas, fora do alcance das ondas.

Havia um vento fresco vindo das ondas, fresco e revigorante. Pelicanos flutuavam sobre as ondas enquanto gaivotas e uma águia solitária voavam acima deles. As nuvens ainda circulavam o céu, ameaçando invadir a qualquer momento, mas por enquanto, o sol brilhava bravamente no céu azul.

Nós descemos para a praia com Mike nos guiando para um círculo feito com troncos de árvores que obviamente já havia sido usado para festas como a nossa antes. Já havia uma fogueira preparada, cheia de cinzas pretas.

Eric e o garoto que eu achava que se chamava Ben começaram a recolher galhos dos salgueiros mais secos perto da floresta, e logo eles haviam construído uma cabaninha com galhos no topo da velha fogueira. Camille estava sentada em um dos troncos, com Tyler ao seu lado dizendo algo que a fez forçar um sorriso.

—Você já viu uma fogueira de madeira de praia? — Mike me perguntou.

Mike ficou de joelhos perto da fogueira, acendendo um dos galhos com um isqueiro.

—Não. -Eu respondi enquanto ele colocava o galho de volta na fogueira.

—Então você vai gostar disso aqui, observe as cores. -Ele acendeu outro galho e colocou junto com o primeiro. As chamas começaram a avançar rapidamente nos galhos secos.

—É azul. -Disse surpresa.

—É por causa do sal. Bonito, não é? -Ele acendeu mais um pedaço e colocou onde as chamas ainda não haviam alcançado, e veio sentar ao meu lado. Felizmente, Jess estava no outro lado dele. Ela virou e começou a reclamar sua atenção. Eu observei as estranhas chamas azuis e verdes crescerem em direção ao céu.

Depois de meia hora de bate-papo, alguns garotos quiseram ir caminhar perto das piscinas naturais. Era um dilema. Por um lado, eu amava as piscinas naturais. Elas haviam me fascinado quando eu era criança, eram uma das poucas coisas que me faziam querer voltar à Forks. Por outro lado, eu tinha caído muito nelas. Nada demais quando se tem sete anos e se está com o seu pai. Isso me lembrou do pedido de Edward – de que não caísse no mar.

Foi Lauren que decidiu por mim. Ela não quis ir, e ela definitivamente estava usando os sapatos errados pra esse tipo de coisa. A maioria das garotas além de Jéssica e Ângela também quiseram ficar. Camille não queria ir, mas assim que Tyler disse que ficaria com elas, ela juntou rapidamente ao grupo pró-caminhada.

A caminhada não foi muito longa, apesar de eu ter odiado não poder ver o céu de dentro do bosque. O verde claro da floresta ficava estranho com as risadas dos adolescentes, muito altas e alegres para se harmonizarem com os painéis verdes ao meu redor. Eu tinha que observar cuidadosamente cada passo que eu dava, evitando as pedras abaixo e os troncos acima, e logo eu acabei ficando pra trás.

Eventualmente eu saí dos confins verdes da floresta e encontrei pedras de novo.

A maré estava baixa, e um pequeno riozinho passava por nós indo a caminho do mar. Perto dos pedregulhos, havia pequenas piscinas que nunca estavam completamente secas por causa da água despejada do oceano.

Eu fui muito cuidadosa pra não me inclinar demais nos tanques de água do mar. Os outros não tinham medo, se inclinando nas rochas, brincando nas beiradas. Eu encontrei uma pedra que parecia muito estável perto de uma das piscinas maiores e me sentei lá cuidadosamente, encantada com o aquário natural abaixo de mim. Os buquês de anêmonas brilhantes balançavam sem parar na corrente invisível, conchas tortas apareciam nas beiras, escondendo os caranguejos dentro delas, estrelas do mar ficavam imóveis sobre as pedras e umas sobre as outras, enquanto uma pequena enguia preta com listras brancas nadava contra as ervas daninhas para voltar para o mar.

Eu estava completamente absorvida, exceto por uma pequena parte do meu cérebro que imaginava onde Edward estaria agora, e o que ele estaria me dizendo se estivesse aqui comigo.

Finalmente os rapazes ficaram com fome, e eu fiquei de pé para acompanhá-los de volta. Tentei acompanhá-los melhor dessa vez por dentro da floresta, então naturalmente eu caí algumas vezes e Camille me levantou. Eu arranjei uns arranhões em minhas mãos, e os joelhos dos meus jeans estavam manchados de verde, mas podia ser pior.

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Quando nós voltamos para a praia, o grupo que deixamos havia se multiplicado. Enquanto nos aproximávamos, podíamos ver os cabelos brilhantes, muito pretos e a pele cor de cobre dos nossos visitantes, adolescentes das reservas próximas que vieram se socializar.

A comida já estava sendo passada, e os garotos correram para pegar as suas partes enquanto Eric nos apresentava a cada um no círculo de troncos. Camille e eu fomos as últimas a chegar, e enquanto Eric falava nossos nomes, eu reparei num garoto mais jovem sentado numa das pedras perto da fogueira olhando pra mim e minha irmã cheio de interesse. Nós nos sentamos perto de Ângela, e Mike nos trouxe sanduíches e uma rodada de refrigerante para aqueles que pediram, enquanto o garoto que parecia ser o mais velho do grupo foi dizendo os nomes dos outros sete que estavam com ele. Eu só lembrei o de uma das garotas que também se chamava Jéssica, e o garoto que reparou em mim e minha irmã se chamava Jacob.

Durante o almoço as nuvens começaram a avançar, se esquivando no céu azul, ficando momentaneamente na frente do sol, formando longas sombras na praia, e escurecendo as ondas. Enquanto terminavam de comer, as pessoas começaram a formar grupos de duas e de três pessoas. Algumas caminharam até as ondas, tentando subir nas pedras de superfície cortante. Outros estavam formando uma segunda excursão às piscinas.

Mike, com Jéssica na cola dele, foi até uma loja na vila. Alguns dos garotos da localidade foram com eles, outros se juntaram á caminhada. Quando todos eles sumiram, eu estava sentada sozinha no meu tronco, Lee e Tyler estavam se ocupando com um som que alguém havia pensado em trazer, e três garotos das reservas se juntaram ao círculo, menos aquele garoto chamado Jacob e o garoto mais velho que havia servido de apresentador.

Alguns minutos depois que Ângela foi embora com os excursionistas, Jacob se aproximou para tomar o lugar dela ao meu lado. Ele parecia ter catorze, talvez quinze, e tinha um cabelo longo, brilhante amarrado atrás da cabeça com um elástico de borracha perto da nuca. A pele dele era linda, sedosa e com uma cor saudável; seus olhos eram escuros, bem posicionados no alto das maçãs bem feitas do seu rosto. Ele tinha só um pouco de infantilidade que havia permanecido no seu queixo. No geral, um rosto bonito. No entanto, minha boa impressão em relação a aparência dele foi apagada pelas primeiras palavras que saíram da boca dele.

—Vocês são Isabella e Camille Swan, não é?

Foi como se o primeiro dia de aula estivesse se repetindo.

—Bella. -Eu suspirei.

— Eu sou Jacob Black. Vocês compraram a caminhonete do meu pai.

—Você é o filho de Billy! –disse Camille animada. –Eu me lembro de você! Onde estão Rachel e Rebecca?

Charlie e Billy haviam nos jogado juntas durante muitas das minhas visitas, pra nos mantermos ocupadas enquanto eles pescavam. Éramos todas muito tímidas pra fazer algum progresso como amigas. É claro que eu já tinha tido excessos de raiva suficientes pra acabar com as pescarias quando eu tinha onze anos.

—Rachel recebeu uma bolsa de estudos no estado de Washington e Rebecca casou com um surfista de Samoa, agora ela vive no Havaí.

—Casada. Uau. -Eu estava aturdida. As gêmeas eram mais velhas que eu pouco mais de um ano.

—Então vocês gostaram da caminhonete? -Ele perguntou.

—Eu adoro. Funciona muito bem.

—É, mas é muito lenta.

—Não é tão lenta. -Eu argumentei.

—Você já tentou passar de 80?

—Não. -Admiti.

—Bom. Não tente. -Ele riu.

Eu não pude deixar de rir também, assim como minha irmã, que pela primeira vez, desde que chegou, parecia estar se divertindo.

—Ela se sai muito bem em colisões. –ela disse me olhando.

—Eu acho que um tanque não poderia destruir aquele monstro velho. -Ele concordou com outra risada.

Era muito fácil conversar com ele. Ele me mostrou um sorriso brilhante, olhando pra mim de um jeito apreciativo que eu estava começando a reconhecer. Eu não fui a única a reparar.

—Você já conhece as gêmeas, Jacob? -Lauren perguntou, num tom que me pareceu insolente, do outro lado da fogueira.

—Nós meio que nos conhecemos desde que eu nasci. -Ele sorriu olhando pra mim de novo.

—Que legal. –ela disse revirando os olhos. -Sabe?Eu acabei de falar com Tyler que é uma pena que nenhum dos Cullen possa ter vindo hoje. Ninguém pensou em convidá-los? — A expressão de preocupação dela não era convincente. –Você e a Camille são tão amigas deles agora.

Camille abriu a boca para retrucar, mas foi interrompida.

—Você quer dizer a família do doutor Carlisle Cullen? — O garoto alto, mais velho perguntou.

Ele estava mais pra homem que pra garoto e sua voz era muito grossa.

—Sim, você os conhece? -Ela perguntou sem querer, se virando um pouco na direção dele.

—Os Cullen não vêm aqui. -Ele respondeu num tom que fechou o assunto, ignorando a pergunta dela.

Tyler, tentando ganhar a atenção dela de volta, perguntou a Lauren a sua opinião sobre um CD que ele segurava. Ela estava distraída. Eu olhei para o garoto com a voz grossa, com um pé atrás, mas ele já estava olhando para a floresta atrás de nós.

Ele tinha dito que os Cullen não viriam aqui, mas o tom dele implicava algo mais. Como se eles não fossem permitidos vir, que eram proibidos. Seus modos deixaram uma má impressão em mim, e eu tentei ignorar isso sem sucesso.

—Jacob, o que acha de caminhar pela praia comigo e minha irmã? — Camille perguntou, ela estava usando o tom de voz que ela usava quando flertava com algum garoto. Minha irmã sempre conseguia o que queria quando fazia isso.

Com Jacob não foi diferente, ele rapidamente se levantou. Enquanto andávamos para o norte pelas pedras multicoloridas na direção dos salgueiros, as nuvens finalmente fecharam o céu, fazendo o mar ficar escuro e a temperatura baixar. Eu enfiei as mãos bem no fundo dos bolsos da minha jaqueta.

—Então, você tem quantos anos? Dezesseis?

—Eu acabei de fazer quinze. -Ele admitiu, lisonjeado.

—Mesmo? –Minha irmã perguntou, seu rosto estava cheio de falsa surpresa. -Eu pensei que você fosse mais velho.

—Eu sou alto pra minha idade. -Ele explicou.

—Percebi. –ela disse mordendo o canto do lábio.

Jacob sorriu um pouco bobo e eu revirei os olhos.

—Você vai muito à Forks? -Eu perguntei arfando, como se eu esperasse que a resposta fosse sim.

Eu soei idiota até pra mim mesma. Eu temia que ele se virasse contra mim com nojo, me acusando de fraude, mas ele ainda parecia estar lisonjeado.

—Não muito. -Ele admitiu com uma careta. -Mas quando meu carro estiver pronto eu posso vir quantas vezes eu quiser, quer dizer... quando eu tiver minha carteira de motorista.

—Quem era o outro garoto falando com Lauren? Ele pareceu um pouco velho pra estar andando com a gente. -Eu propositadamente me coloquei no grupo dos jovens pra demonstrar que eu preferia Jacob.

—Aquele é Sam, ele tem dezenove. -Ele me informou.

—O que era que ele estava falando sobre a família do médico? -Camille perguntou inocentemente.

—Os Cullen? Oh, eles não podem entrar na reserva. -Ele olhou pra longe, na direção da Ilha James, enquanto ele confirmava o que eu pensava ter ouvido na voz de Sam.

— Por que não? –nós perguntamos juntas

Ele olhou de volta pra o céu, mordendo o lábio.

—Eu não devia estar falando nada sobre isso.

—Oh, não vamos contar pra ninguém. –disse Camille sorrindo. –Estamos curiosas, conta vai, Jake.

Ele sorriu de volta para ela, parecendo atraído. Então levantou uma das sobrancelhas e sua voz ficou ainda mais rouca que antes.

—Tudo bem. Vocês gostam de histórias assustadoras? —Ele perguntou obscuramente.

—Muito. -Fiz um esforço pra parecer interessada.

Jacob caminhou para essa árvore próxima que tinha uns galhos que pareciam com patas de aranhas enormes. Ele se inclinou num dos galhos tortos enquanto eu minha irmã sentávamos embaixo dele, no tronco da árvore. Ele olhou para as rochas, um sorriso começando a aparecer nos cantos dos seus lábios grossos. Eu podia ver que ele tentava deixar a história interessante. Eu tentei não deixar o interesse vital que eu sentia aparecer nos meus olhos.

—Bom, existem muitas lendas Quileutes, algumas delas datam da época do Dilúvio, supostamente alguns dos nossos ancestrais Quileutes amarraram suas canoas nos topos das árvores mais altas da montanha pra se salvarem, como Noé fez com a Arca. -Ele sorriu pra mostrar o pouco crédito que ele dava a essas histórias. -Outra lenda diz que nós somos descendentes dos lobos, e que os lobos ainda são nossos irmãos. É contra a lei tribal matar eles. Então tem as lendas sobre Os Frios. — A voz dele ficou um pouco mais baixa

—Os Frios? –perguntamos confusas.

—Sim. Existem lendas sobre os frios como existem sobre os lobos, e algumas delas são muito mais recentes. De acordo com a lenda, o meu próprio tataravô conhecia alguns deles. Foi ele quem criou o tratado que os mantêm fora das nossas terras. -Ele revirou os olhos.

—Seu tataravô? -Eu encorajei.

—Sim. Ele era o líder da tribo, como meu pai. Sabe, os frios são os inimigos naturais dos lobos, bem, não do lobo, mas os lobos que se transformam em homens, como os nossos ancestrais. Você os chamaria de lobisomens.

—Os lobisomens têm inimigos? –perguntou Camille

—Sim, quer dizer, só um. Os frios são tradicionalmente nossos inimigos. Mas esse grupo que veio para o nosso território na época do meu tataravô era diferente. Eles não caçavam do jeito que os outros caçavam, eles não representavam perigo para a nossa tribo. Então meu tataravô fez um trato com eles. Se eles prometessem ficar longe das nossas terras, nós não iríamos expor eles para os caras-pálidas. No caso, vocês.

—Se eles não eram perigosos, então por que...? -Eu tentei entender, lutando pra não deixá-lo perceber o quanto eu estava levando essa história a sério.

—Porque é sempre um risco para os humanos ficar perto dos frios, mesmo se eles forem civilizados como esse clã era. Nunca se sabe quando eles podem estar com fome demais pra resistir. — Ele deliberadamente colocou um tom de ameaça na voz dele.

—O que você quer dizer com 'civilizados'? –perguntou Camille

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—Eles diziam que não caçavam humanos. Ao invés disso, eles supostamente eram capazes de se alimentar de animais.

Eu tentei manter minha voz casual.

—Então o que eles tinham a ver com os Cullen? Eles são parecidos com os frios que seu avô conheceu?

—Não. -Ele parou dramaticamente. -Eles são os mesmos.

Ele deve ter pensado que a expressão no meu rosto era medo inspirado pela história. Ele sorriu, satisfeito, e continuou.

—Tem mais deles agora, uma nova fêmea e um novo macho, mas os outros são os mesmos. Na época do meu tataravô eles já conheciam o líder, Carlisle. Ele esteve aqui e foi embora antes que o seu povo chegasse. -Ele estava lutando pra não sorrir.

—E o que eles são? –Camille perguntou com a voz baixa. -O que são os frios?

Ele sorriu obscuramente.

—Vocês os chamam de Vampiros.

Eu olhei para as ondas depois que ele disse isso, sem ter certeza do que o meu rosto estava demonstrando.

—Uau, Bella, você ficou arrepiada. -Ele disse deliciado.

—Você é um bom contador de histórias. -Eu o cumprimentei, ainda olhando para as ondas.

—Uma história bem louca, não é? Não é de se admirar que o meu pai não queira que a gente fale disso pra ninguém.

Eu ainda não conseguia controlar a minha expressão o suficiente pra olhar pra ele.

—Não se preocupe, eu não vamos espalhar.

—Eu acho que, tecnicamente, acabei de violar o acordo. –ele riu baixo

—Eu vou levar isso pro meu túmulo. -Prometi, e então estremeci.

—Sério, mesmo, não digam nada pro Charlie. Ele já ficou bem bravo com o meu pai depois que descobriu que ninguém estava indo ao hospital desde que o Dr. Cullen começou a trabalhar lá.

—Não vamos contar, claro que não.

—Então vocês acham que somos um bando de nativos supersticiosos ou o que? -Ele perguntou em tom de brincadeira, mas com uma ponta de preocupação.

Eu ainda não tinha tirado os olhos do oceano.

—Acho que você é um bom contador de histórias. –disse Camille rindo baixo.

—Legal.

Então o barulho das pedras batendo umas contra as outras nos alertou de que alguém estava vindo. Nossas cabeças levantaram ao mesmo tempo pra ver Mike e Jéssica a cinquenta metros de nós e vindo em nossa direção.

—Aí estão vocês! — Mike disse aliviado, balançando seu braço sobre a cabeça.

—Esse é o seu namorado de alguma de vocês? -Jacob perguntou, alertado pelo tom de ciúmes na voz de Mike. Eu estava surpresa que fosse tão óbvio.

—Não, definitivamente não. –nós dissemos juntas.

Estava tremendamente agradecida a Jacob. Camille parecia tensa. Nós andamos até Mike e ela cruzou os braços abaixo dos seios, como se estivesse com frio. Pude ver que ela tremia um pouco, perdida em pensamentos.

—Então quando eu conseguir a minha carteira de motorista... — Ele começou.

—Você devia ir nos visitar em Forks. Nós podemos sair uma hora dessas.

Senti-me culpada quando disse isso, sabendo que eu estava usando ele. Mas eu realmente gostei de Jacob. Ele era alguém que podia facilmente ser meu amigo. Mike nos alcançou agora, com Jéssica alguns passos atrás. Eu podia ver seus olhos avaliando Jacob, e parecendo satisfeito pela sua óbvia juventude.

—Onde vocês estiveram? -Ele perguntou apesar da resposta estar bem na frente dele.

—Jacob estava apenas nos contando uma história local. -Eu respondi. -Foi muito interessante.

Eu sorri calidamente pra Jacob e ele sorriu abertamente de volta.

—Bem... -Mike parou, cuidadosamente avaliando a situação enquanto observava a nossa camaradagem. – Nós já estamos indo embora, parece que vai chover logo.

—Ok. Vamos.

—Uau, Camille, você está tremendo. –ele disse tirando sua jaqueta e colocando nos ombros de minha irmã. Jéssica pareceu incomodada, mas Camille a ignorou.

—Foi bom ver vocês duas de novo. — Jacob disse, e eu podia ver que Mike pareceu um pouco insultado.

—Foi mesmo. Da próxima vez que Charlie for visitar Billy, nós viremos.

—Tchau Jake. –disse Camille sorrindo. –Espero te ver logo.

O sorriso cresceu no seu rosto.

—Tchau Camille, espero que vocês venham logo.

Levantei o meu capuz enquanto andávamos pelas rochas em direção ao estacionamento. Algumas gotas já começavam a cair, fazendo pequenas manchas nas rochas onde elas caiam. Quando chegamos ao Suburban os outros já estavam lotando todos os espaços atrás. Eu me enfiei no banco de trás com Camille e Tyler. Minha irmã deitou a cabeça em meu ombro e eu respirei fundo a abraçando de lado e tentando fazer o máximo para não pensar sobre o que havia escutado.