Expresso de Sangue

Capítulo 1


Ajeitou o nó da gravatinha borboleta, olhou-se no espelho, pegou um pente sobre a escrivaninha e começou a pentear os pentelhos do bigode. Sua cabeça ovalada, levemente inclinada para o lado, chamava atenção pelo brilho. O chapéu cor marrom foi perfeitamente colocado. Vestiu seu paletó preto, pegou a sua bagagem e desceu à recepção num hotel de luxo em Istambul.

Hercule Poirot, o detetive que descobriu sobre o assassinato de Mr. Ratchett, voltou um ano depois ao emblemático Expresso do Oriente a fim de realizar uma caravana até a Turquia. Jamais pensou que voltaria no mesmo trem onde tudo ocorreu e não encontraria algo estranho... na partida, pelo menos.

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Saiu do quarto com um casaco e uma pasta. Entrou num carro de transporte até a estação ferroviária. Ao chegar, viu a imponência do expresso.

Dois homens recolhiam os bilhetes na frente do vagão, enquanto um terceiro guardava as bagagens dos passageiros num compartimento à parte. Poirot entregou o seu, o homem rasgou uma parte e deu a outra ao baixinho.

— Tenha uma boa viagem, senhor.

Dentro do vagão, Poirot foi até a sua cabine que ficava do lado direito do trem. Entrou, colocou sua pequena mala com algumas roupas e logo saiu. Esbarrou numa mulher elegante.

— Desculpe-me, madame.

— Não foi nada, senhor.

Ela era branquíssima como a neve e loira. Talvez uma sueca puramente nórdica, vinda do norte da europa, deduziu. Só isso para explicar a sua palidez racial.

No vagão do restaurante, o belga, familiarizado com o ambiente, sentou-se perto do balcão e pediu brand enquanto acompanhava o jornal daquela manhã. Folheou as páginas quando um homem apareceu.

— Rapaz, me dê um martini, por favor. Quero algo pra esquentar o meu estômago. Esse frio é de deixar qualquer um tremendo.

— Ponho azeitona, senhor?

— Oh yeah! Lendo muito jornal aí, amigo? Vendo os noticiários da terra dos otomanos? Desculpe-me, sou Vincent Doug. Sou jornalista de Nova York. Digamos que eu sou um cão de caça.

— Hercule Poirot.

— Aqui está a bebida.

— Obrigado. Você é francês? Seu modo de falar lembra muito. Não que eu discrimine, pois os americanos são cheios de sotaques.

— Belga, mas moro atualmente na Inglaterra.

O tal Vincent falava demais, incomodando o discreto detetive Poirot. Depois de muita falatória, o homem saiu de cena. Uma outra pessoa o cutucou por trás.

— O que foi? Vai continuar falando da sua vida desde que sua mãe o concebeu no seu ventre?

— Meu velho amigo Poirot. Há dez meses não nos falamos.

— Hastings! E o que faz uma figura como você de volta para o "caixão" do senhor Ratchett?

— Também estou de viagem. Vim de Bagdá. Vou pra Paris. Mas foi pura coincidência que vamos viajar juntos outra vez. Falta agora o cadáver.

— Não fala porque senão vira realidade... Que bom te ver, sério.

Os dois brindaram ali mesmo. Dois grandes amigos.

...

A senhora Anna Fritz White Fellow, uma norueguesa, viúva do milionário britânico Theodore White Fellow embarcou no expresso do oriente depois de seguir de perto um certo jornalista americano. A sua vida poderá vir a se tornar um verdadeiro escândalo se descoberta.

Há cerca de dois anos, a senhora Fellow, até então senhorita, casou-se em Florença com o Theodore — um homem trinta anos mais velho. Nunca tiveram filhos. Um dia, numa viagem para a França, conheceu um homem atraente, o pintor e músico chamado Federicco Devito, apaixonando-se e o tomando como amante. Ambos planejaram a morte do velho Fellow, haja vista não havia nenhum herdeiro direto do dinheiro. Por causa da sua diabete, o milionário morreu em casa por causa de uma infecção. A norueguesa recebeu um montante de cinco milhões de libras, ficou extremamente rica.

O feitiço virou contra a feiticeira e o Don Juan começou a extorqui-la. Nesse meio tempo, a família de Fellow contratou um jornalista investigativo americano para ficar à espreita de Anna. O resultado: ele descobriu sobre a trama da morte de Fellow e o concluio de Anna e Federicco. Seguiu ambos até Ancara e escreveu um documento com tudo o que ouviu numa conversa do quarto dos dois.

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Anna Fritz e Federicco Devito embarcaram no expresso do oriente a fim de acabarem com o jornalista bisbilhoteiro. No entanto, nunca imaginariam que sir Hercule Poirot também estava ali.

...

O trem passou pela forte nevasca e já estava na Europa. Por causa de um problema nas bitolas, a locomotiva ficou tremendo. O maquinista teve que parar antes que uma tragédia acontecesse.

— Fiquem tranquilos. Vamos verificar.

Poirot saiu da sua cabine e foi se encontrar com Hastings. O que se sucedeu foi que os empregados avistaram problemas no trilho do trem. Com suas lanternas, verificaram todos os vagões até o último. Um deles achou algo terrível: marca de sangue no vidro da janela. Entraram rapidamente e foram ver. Poirot, curioso, passou pelos demais. No banheiro estava o jornalista Vincent Doug sentado na privada, com um jornal na mão e uma faca encravada no pescoço. O sangue espirrou na janela.

— Quem pode ter feito isso?

— Não sabemos, Hastings. Mas tenho certeza que se eu usar as minhas células cinzentas poderei obter um resultado favorável.

— Poirot, você e eu de novo neste rrem e agora um corpo. Não falta mais nada.

Anna e Devito comemoraram na cabine da moça. Apesar das extorsões do francês, a mulher continuou amando-o.

— Agora nada poderá nos vencer, meu amor. Você é a mulher da minha vida, sabia?

— Eu sei. Ninguém desconfiará da verdade.

Mas Anna e Federicco não contaram com a argúcia de um baixinho detetive belga. Os dois que se cuidem!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.