Meu Gêmeo Favorito

Sonhos de Semideuses


—Onde mais ou menos você deixou o carro? – Reyna me perguntou.

—Deixei perto da loja de videogames que estava. Mais ou menos uns vinte quilômetros daqui.

—É longe pra ir andando. Vamos até seu carro com Cipião.

—Quem? – perguntei arqueando uma sobrancelha.

—Meu pégaso. – Reyna assobiou algumas vezes até que descendo do céu pude ver um cavalo alado. – Cipião este é Duncan. Duncan este é Cipião.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

E aí cara! – Ouvi uma voz na minha cabeça

—Está ouvindo uma voz também? – perguntei confuso para Reyna.

—Ah, esqueci. Você sendo filho de Poseidon, tem algumas habilidades, uma delas é que você pode se comunicar com os cavalos em geral, ou seja, inclui pégasos.

Você me ouve também? — Perguntei em minha mente.

Sim.— Respondeu Cipião.

Maneiro.

Reyna já havia subido no dorso de Cipião, estava esperando apenas por mim. Com sua ajuda consegui subir e me sentar atrás dela.

—Hãã, Reyna, onde eu seguro? Sabe, não seria muito legal se eu caísse.

—Segura na minha cintura idiota! – E com isso Reyna puxa as mão do idiota aqui e envolve sua cintura.

Senti meus pelos do meu braço arrepiar e o corpo de Reyna enrijecer a meu toque.

Após alguns minutos chegamos até minha BMW Z4, que por sorte estava intacta.

Descemos de Cipião e Reyna o mandou de volta ao Acampamento. Entramos no carro e a chave ainda estava na ignição. Se roubassem esse carro eu ia ter um infarto, esse possante é meu xodó desde que eu mesmo consegui o comprar com todo meu suado dinheirinho. Girei a chave e segui nas ruas vazias de São Francisco. Chegamos a minha casa. Não era uma mansão, mas era grande para só três pessoas. Adentramos o recinto e acendi as luzes.

—Vou só tomar um banho e arrumar minhas coisas, em meia hora estou pronto. – eu disse – pode assistir televisão se quiser. Fica à vontade.

Subi até meu quarto e ele estava exatamente do jeito que o deixei antes de sair de casa: com as cobertas jogadas ao pé da cama, a bagunça de fios e folhas em cima da mesa, roupas jogadas pelo chão e pacotes de comida espalhados.

Separei uma muda de roupa e entrei no banheiro. Não demorei no banho, cinco minutos já bastaram. Vesti as roupas limpas: Uma camisa pólo preta, jeans preto e meus amados coturnos. Eu tinha esse lado punk. Inteiramente de preto. Já disse que adoro preto?

Catei minha mochila e enfiei algumas roupas. Guardei meu violão no case e joguei todas as folhas de músicas não terminadas lá dentro, vai que me sobra um tempinho.

Fiquei um pouco chateado de não poder levar minha amada bateria, mas ela não caberia na mochila.

Antes de sair peguei um pedaço de papel e uma caneta. Escrevi um bilhete para meus pais:

Queridos pai e mãe,

Eu sei que vocês devem estar pirando, mas logo as coisas já vão se acertar. Passei aqui para pegar algumas roupas, estou levando o meu violão. Não foi um ladrão que entrou em casa! Quanto a agenda de shows, não sei quando vou poder voltar, então temo que precisamos cancelar a turnê inteira...

Até logo, eu espero.

Amo vocês.

Duncan.

Peguei o bilhete e a mochila e desci as escadas, voltando à sala.

Reyna estava assistindo algo no History Channel. Sem ela ver, desliguei a TV, fazendo-a levar um susto, o que me fez rir bastante.

—Você me deu um susto! – disse Reyna.

—Essa era a intenção! – Respondi colando o bilhete na TV.

-O que é isto?

—Só um bilhete, pros meus pais não surtarem mais – respondi.

Ela assentiu com a cabeça enquanto eu largava minha mochila no sofá e procurava minha jaqueta preta de couro, que estava jogada em algum lugar da sala.

Achei. Vesti a jaqueta, coloquei a mochila nas costas e apaguei as luzes. Tranquei a porta e saímos de minha casa.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Na rua Reyna assobiou novamente para Cipião.

Virei-me para Reyna e ela estava... Corada?

—O que foi? – perguntei – Você está vermelha!

—Nada é que só... – Ela desviou o olhar – Você não está mais sujo de sangue, está limpo... Só estava pensando que você é bonito. – Era impossível não corar com esse comentário.

Tomei coragem e com uma de minhas mãos peguei em sua cintura, a outra encaixei em seu rosto. Não estava mais controlando meu corpo, tudo estava no automático. É incrível, acabo de conhecer a menina e já fico sem reação perto dela.

No começo ela ficou surpresa, mas logo depois, colocou suas mãos envolta do meu pescoço. Eu precisava beijá-la. Parece que ela sentia o mesmo. Estávamos muito perto. Os lábios roçando. Quando estava prestes a unir nossas bocas um relincho nos impediu e nos separamos imediatamente.

Há quanto tempo você está aqui? – perguntei em minha mente

Há uns cinco minutos, tempo suficiente pra ver vocês juntinhos.

Me poupe my little poney.

Vai na fé que um dia você doma esse dragão – disse e relinchou depois.

Não enche vai. – respondi já montado em Cipião

Cara, esse violão é do que? Chumbo? – reclamou o pégaso

Talvez – Respondi rindo.

Já gostei de você – respondeu Cipião já em vôo.

—Parece que vocês estão se dando bem. – disse Reyna.

Chegamos depois de alguns minutos de volta ao Acampamento. Devia ser umas três da manhã ainda, não demoramos tanto assim.

Descemos de Cipião e o agradecemos pela carona.

Entramos no quarto de Reyna e a mesma despencou na cama.

—Estou morrendo – gemeu ela.

—Antes de morrer, por favor, me diga onde exatamente vou dormir. Só por favor, não me faça dormir na cadeira. – Ri.

—Estragou meus planos de botar você pra dormir na cadeira! – Riu Reyna. – Vou pegar alguns lençóis e coloco aqui no chão, tem problema? – eu disse que não e ela continuou – Eu poderia te convidar pra dormir comigo nessa cama imensa, mas provavelmente Aurum e Argentum não deixariam você deitar. Pode por seu pijama ou-seja-lá-que-roupa-você-dorme, vou arrumar aqui pra você.

Fiz o que ela mandou. Quando saí do banheiro, Reyna já havia arrumado meu cantinho no chão e já estava deitada em sua cama.

Deitei na minha cama improvisada.

—Boa noite Reyna.

—Boa noite idiota.

—Nossa! Quanto amor! –respondi num tom ofendido.

—Amor vai ser amanhã nos treinamentos – respondeu ela apagando a luz do abajur. – Agora dorme que amanhã não vou pegar leve.

—Sim senhora – disse de um jeito militar e mesmo no escuro pude saber que ela revirou os olhos.

Acordei com gritos. Sentei e logo percebi que os gritos eram de Reyna. Fui levantar, mas tinha algo em meus pés. Aurum e Argentum? Eles vieram dormir comigo? Ceeerto... Com muito cuidado para não acordar os cachorros me levantei e fui até Reyna que não parava de gritar.

Cutuquei Reyna até ela acordar. Quando ela acordou me abraçou. Pude sentir o suor que estava escorrendo dela. Ela começou a chorar e eu a apertei mais em meu abraço.

—Calma, foi só um sonho, eu estou aqui – disse tentando confortá-la.

—Não foi só um sonho, semideuses... Você morr – Ela não conseguiu terminar a frase, pois começou a soluçar.

Fiquei abraçado com ela até ela se acalmar. Ela se deitou novamente, dei um beijo em sua testa e estava pronto para voltar a deitar quando Reyna agarrou meu braço e pediu:

—Dorme comigo? Por favor.

-Claro.

Me ajeitei ao seu lado e a abracei, ela descansou sua cabeça em meu peito. Só relaxei quando senti sua respiração ficar tranquila.

E assim eu dormi, com um sorriso bobo no rosto, e muito feliz. Apesar de eu aparentemente ter morrido no sonho dela. As mulheres-cobras tinham valido a pena, agora eu estava deitado ao lado de uma menina que mesmo conhecendo há pouco tempo já tinha alguns sentimentos fortes.