Meu Gêmeo Favorito

Annabeth, a Guerreira


Pov. Duncan

Sinto uma mão afagar meus cabelos e abro os olhos dando de cara com uma Arabella preocupada. Sentei-me devagar com a ajuda dela.

— Por quanto tempo fiquei apagado? – perguntei

— Uma semana. – respondeu outra voz – Bom dia Duncan.

— Quem é você?

— Meu nome é Calipso. – disse a menina que acabara de entrar no cômodo

— Calipso? Tipo a do mito? Filha de Atlas? – indaguei

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Sim, tipo isso. – confirmou – Então não preciso explicar onde está?

— Não.

— Bem, então agora, o senhor aqui vai ter que me dar algumas explicações. – mandou – Agora te olhando melhor dá pra perceber que você não é o Percy... Sua amiga me explicou que vocês são gêmeos. Como?

Então contei toda a história de como eu e Percy nos conhecemos e aproveitei e contei tudo sobre Gaia, sendo quem era, Calipso podia ajudar-nos.

— Gaia? – murmurou Calipso – Faz sentido Hermes ter parado de me visitar.

— Com licença... – pigarreou Arabella – Mas eu não estou entendo porra nenhuma.

— É complicado... – suspirei – O que exatamente você viu quando te sequestraram?

— Provavelmente você vai me achar louca, mas – disse – eu vi espécies de... Monstros. Alguns com garras afiadas, peludos, com caudas, de todo o jeito... E tinha um touro grande, muito grande mesmo.

— Você consegue ver através da Névoa... Merda! – murmurei

— Eu consigo ver através do que? – indagou

— Da Névoa. – E então expliquei que a Névoa era uma espécie de véu que separava o nosso mundo do mundo mortal – Já ouviu algum mito grego ou romano?

— Já. – afirmou – Mas o q...

— Eles são reais... – soltei – Você não parece surpresa.

— É porque isso explica... – sussurrou – Explica todas as coisas estranhas que vi em todos esses anos.

— Mas não era suposto ter monstros no Brasil. – falei – O Monte Olimpo no momento está nos Estados Unidos.

— Monstros podem aparecer em qualquer parte. – disse Calipso – Mas eles aparecem com mais intensidade nos Estados Unidos.

— O Monte Olimpo fica nos Estados Unidos? – perguntou Arabella

— Fica. No Empire State – respondi.

— Como eu nunca o vi? Eu já visitei o Empire.

— É porque ele fica no 600º andar. E antes que você pergunte, eu não faço a mínima ideia de como chegar lá.

— Ceeerto. – murmurou – E dentro da Mitologia, o que exatamente vocês são?

— Calipso é filha do titã Atlas, então digamos que ela é meio titã também... E é imortal. – expliquei – E bem, eu sou um semideus. Filho de Poseidon e Hades.

— Filho de dois deuses? – gritou Calipso – Como pode?

Em seguida expliquei a treta louca de Poseidon e Hades.

— E Percy e Annabeth? – a loira ao meu lado perguntou – Eles também são semideuses?

— Sim. Percy é filho de Poseidon e Annabeth é filha de Atena. – respondi – Como saímos daqui? – perguntei depois de um tempo

— Eu não sei. – respondeu Calipso – Normalmente os garotos caem aqui, daí eles vão embora numa jangada mágica que aparecia. Agora eu não sei o que fazer quando duas pessoas caem aqui. Isso nunca aconteceu.

— Eu acho que nós não caímos aqui exatamente. – falei – Fiz uma viagem nas sombras e acabamos vindo parar aqui... Calipso?

— Hã?

— De acordo com o Percy, você está livre para sair daqui, não?

— Estou.

— Então você vem com a gente.

— Para onde? – perguntou – E não, obrigada. Estou feliz aqui, não sei se me adaptaria com outro lugar.

— Para ajudar na batalha contra Gaia.

— Não!

— Ah, qual é? Você pelo que parece é a única imortal, fora Quíron, que está disponível. Por favor!

— Eu não sei lutar, vou ser inútil em qualquer lugar que esteja. – choramingou Calipso

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Eu me viro, sei lá... Eu mesmo posso te ensinar.

— Tudo bem, eu vou. – suspirou derrotada – Mas não reclame quando vir que eu mal sei pegar numa espada.

— A gente se vira. – retruquei

— Tudo bem, mas ainda assim, como vamos embora? – perguntou Arabella

— Do mesmo jeito que chegamos aqui. Viajando nas Sombras. E vamos fazer isso agora. Onde está minha mochila?

— Não vamos à lugar algum, até você melhorar. – disse Calipso – Você ainda está fraco.

— Fraco? – ri – Me sinto ótimo!

Mas em seguida só para me contrariar, sinto um mal estar e resolvo me deitar novamente.

— Tudo bem. – resmunguei – Mas assim que eu acordar nós vamos embora.

Quando acordei já era noite. Calipso e Arabella fizeram um complô contra a minha pessoa e me fizeram ficar deitado para ver se eu estava bem mesmo, e depois fizeram milhões de perguntas para se certificarem que eu estava bem mesmo.

— Eu estou bem. – falei pela centésima vez – Vamos?

Arabella pegou minha mochila e a colocou nas costas.

— Assim você se concentra melhor. – disse ela ao ver minha expressão confusa.

Mal ela sabia que na verdade, ela mesma estava me distraindo. Porra, ela estava tão linda naquele vestidinho branco emprestado de Calipso. Balancei a cabeça tentando tirar esses pensamentos e estiquei minha mão para Calipso. Em seguida estiquei a mão para Arabella tentando não olhar suas pernas.

— Prontas? – perguntei

— Prontas – responderam juntas.

E então fomos abrangidos pela escuridão momentânea e aparecemos sentados em um gramado com um rio próximo.

— Isso é que nem aparatar! – exclamou Malena

— É por aí. – falei rindo

— Onde estamos? – perguntou Calipso levantando

— Era pra ser Acampamento Meio-Sangue. – respondi – Mas parece que eu errei um pouquinho a rota.

— Então onde estamos?

— Acampamento Júpiter. O acampamento romano. – expliquei – O que não é mau. Podemos ir bem rápido pro Acampamento Meio-Sangue.

Calipso e eu começamos a andar, mas percebi que Arabella não saía do lugar.

— Com medo? – perguntei e ela assentiu. Estendi minha mão – Vem, não precisa ficar com medo, okay?

Ela fez que sim com a cabeça e pegou na minha mão. Entrelacei nossos dedos e alcançamos Calipso. Ouvimos vozes no refeitório e caminhamos até lá. Como sempre vários campistas estavam sentados às mesas, comendo e conversando. Mas minha atenção se prendeu em uma loira com olheiras profundas.

Conforme fui passando pelas mesas, várias pessoas me cumprimentavam, acenei a cabeça em resposta.

Levou uns cinco segundos até Annabeth levantar a cabeça e me ver. E assim que me viu levantou num pulo e correu até mim, abraçando-me forte logo em seguida. A loira começou a chorar e soluçar, lágrimas manchavam minha camiseta branca de algodão que só agora reparei que a usava, deve ter sido coisa de Calipso.

— Annabeth? – chamei – O que aconteceu?

— O P-Percy... Ele... Ele... E-e-es... Está...

— O Percy está gravemente ferido. – disse uma voz atrás de mim

— Reyna. – falei quando me virei.

— Oi – cumprimentou me dando um forte abraço – Que bom que você está vivo. Annabeth chegou aqui e esperou que você já estivesse de volta. Eu achei que você estivesse... – ela não terminou a frase – E essas são?

— Essa é Calipso, você sabe, da ilha de Ogígia. – apresentei – E essa é Arabella.

— Semideusa?

— Não. Mortal.

— E trouxe uma mortal para cá por...? – perguntou erguendo uma sobrancelha

— Annabeth te falou sobre Gaia? – falei em voz baixa para nenhum campista ouvir.

— Falou. Venham, é melhor conversarmos em outro lugar.

— Não me obrigue a carregá-la Annabeth. – murmurei – Vamos.

Abracei Annabeth pelos ombros e segui atrás de Reyna. Ela nos levou até o quarto de Jason. Achei estranho. Quando adentramos entendi o porquê. Percy estava deitado na cama envolto de ataduras e não parecia nada bem. Soltei Annabeth e corri até ele. Ajoelhei-me ao lado da cama e perguntei:

— O que aconteceu com ele?

Então Annabeth me explicou que logo depois de eu ter viajado nas sobras, o Minotauro o acertou e ele foi atacado. Depois disso a loira matou todos os monstros restantes e conseguiu arrastar Percy para fora do teatro. E ela o levou até a caminhonete.

Ai! O carro! Foco. Agora não é hora pra pensar nessas coisas.

Com um kit de primeiros socorros que havia no carro, ela limpou os ferimentos, colocou néctar e o enrolou em ataduras. Depois ela dirigiu, sim, Annabeth Chase se virou nos trinta e dirigiu até o aeroporto. Comprou as duas últimas passagens para Nova York e com a ajuda de uma cadeira de rodas carregou Percy para o avião. Zeus deve ter tido pena do pobre Percy. Mas no caminho descobriu que uma das aeromoças era uma dracaenae e então na escala em São Francisco fugiu com Percy e veio até o Acampamento Júpiter.

— E ele não acordou desde então? – perguntei

— Não – respondeu Annabeth – Ele não dá sinal que vai acordar desde que desmaiou. – E em seguida desatou a chorar

— Calma, calma – falei a abraçando – O Percy é forte, em breve vai estar bem.

— Eu espero. – sussurrou ela

Logo Annabeth adormeceu em meus braços. Deitei-a ao lado de Percy na espaçosa cama de casal de Jason. Cobri-a e lhe dei um beijo na testa.

— Hããã... Vocês não querem comer alguma coisa? – perguntou Reyna

— Podem ir. – falei ao ouvir a barriga de Arabella roncar – Vou ficar aqui.

— Tem certeza? – indagou Calipso

— Tenho.

Assim que elas saíram, me sentei na beira da cama ao lado de Percy e me permiti chorar um pouco. E se ele não sobrevivesse? Não. Não podia em hipótese alguma pensar nisso. Percy era um cara forte, certo? Não eram alguns simples arranhões que iriam acabar com ele.

O problema é que não eram simples arranhões.

Balancei a cabeça. Não podia. Simplesmente não podia pensar no pior. Precisava sair dali e tentar não encher minha cabeça de coisas negativas. Logo os filhos de Apolo chegariam e ficaria tudo bem, não é? É. Ficaria tudo bem.

Com esse pensamento levantei-me da cama, fui até o banheiro e limpei meu rosto. Saí do quarto e parti sem rumo pelo Acampamento. Acabei por decidir sentar em um morro alto de terra, onde dava para ver praticamente todo o acampamento.

Perdi-me em pensamentos sobre tudo o que passei para chegar até aqui que nem percebi quando alguém se sentou ao meu lado.

— Hey – saudou Arabella

— Hey – respondi.

— Como você está?

— Não sou eu quem deveria perguntar isso? – retruquei – Afinal, não fui eu quem foi sequestrado.

— Mas não sou eu que tenho o irmão à beira da morte. – contrapôs – Ah! Me desculpe, me desculpe... Não quis dizer isso... E-eu

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Não foi nada. Eu sei que não foi por mal... – suspirei – Agora eu sei como você se sente.

— Como assim?

— Agora eu entendi como é perder alguém que você ama muito. Primeiro meus pais, agora Percy nesse estado...

Arabella não falou nada, apenas entrelaçou sua mão na minha e encostou sua cabeça em meu ombro.

— Eu sei como é horrível. – falou após um tempo – Mas passa. Eu prometo. E Percy logo vai estar bem novamente. Ele é forte, igual você.

— Eu não sou forte. – murmurei – Se fosse não estaria cheio de pensamentos negativos...

— Você é a pessoa mais forte que eu conheço... Pelo menos está aceitando muito melhor que eu. Não ficou o dia inteiro trancado no quarto chorando. – concluiu sussurrando – Você é mais forte do que aparenta. E se não fosse a sua força, eu não estaria aqui...

— Não fala assim... – sussurrei

- Você sabe que é verdade. – disse – E eu digo sim! Porque você foi a única pessoa que se importou comigo, mesmo não me conhecendo e tendo mais muitos milhares de pessoas pra atender. Você se tornou a pessoa mais importante da minha vida, que mesmo longe e não podendo me dar a atenção necessária, me ajudou a sair daquele poço fundo, escuro e assustador em que eu tinha me enfiado. E foi graças a você que eu aprendi a amar de novo, eu te amo Duncan!

Meu queixo devia estar como o forninho: Caído.

Essa declaração mexeu comigo. Estava sentindo um misto de emoções dentro de meu ser, não sabia o que dizer. Ela tinha se tornado uma amiga, uma de minhas melhores amigas, mesmo longe e mesmo eu não podendo falar com ela todos os dias. Ela era simplesmente muito importante. Arabella confiou a vida dela à mim, com tantas pessoas no mundo, foi justo eu, um simples cantor que queria ver o sorriso de todos os seus seguidores.

— Eu... Eu não... – gaguejei

— Não precisa dizer nada – disse ela – Você já fez demais por mim, hora de retribuir o favor.

Fiz a única coisa que poderia fazer naquele momento. Um dos melhores abraços da minha vida. Senti que tudo ia ficar bem, tinha certeza de que Percy iria acordar.