Meu Gêmeo Favorito

A Coruja e a Lira


Pov. Percy

Desde o incidente da floresta, passou-se uma semana. Por incrível que pareça, nenhum mostro nos atacou, não houve nada de anormal. Passamos tranquilamente por Mato Grosso, Goiás e tínhamos acabado de adentrar em Minas Gerais.

Estávamos a duas quadras do hotel aonde iríamos nos hospedar quando o carro fez um barulho estranho e fomos perdendo velocidade. Duncan conseguiu estacionar e logo em seguida o carro morreu. Meu irmão tentou ligá-lo novamente mais nada aconteceu.

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— O que houve? – perguntamos eu e Annabeth juntos

— O carro quebrou. – respondeu Duncan – E o mecânico mais próximo fica a uns 10 quilômetros. Fora que de madrugada o guincho não funciona.

Resolvemos deixar o carro estacionado naquela vaga do além mesmo. O hotel ficava somente a duas quadras, então dava para ir a pé. Novamente eu e Duncan ficamos em quartos separados, porém não rolou nada entre mim e a Sabidinha, afinal estávamos bem cansados dos acontecimentos passados.

Acordamos relativamente cedo, pois precisávamos levar o carro o quanto antes ao mecânico.

Tomamos café da manhã no restaurante do hotel e logo em seguida Duncan ligou para um guincho. Dez minutos depois o caminhão-guincho chegou levando o carro e a gente embora. Era melhor ficar perto do lugar onde a caminhonete ia estar, assim não era preciso se locomover muito.

O mecânico avisou que houve uma pequena falha no motor, bem normal já que aquela camionete tinha feito um baita esforço nos últimos dias. João, o mecânico, disse que poderíamos passar pela parte da tarde para pegar o carro.

— O que vamos fazer em quanto isso? – perguntei

— Vamos a algum lugar comer. – propôs Annabeth

— Mas acabamos de comer no hotel. – pontuou Duncan

— Sai dessa, eu sei que você é um saco sem fundo e também quer comer. – contrapôs Annie – E você também Percy.

Então andamos sem rumo em busca de uma lanchonete, três quadras depois achamos uma e a adentramos. Sentamo-nos em uma mesa, uma moça veio nos atender e esperamos nosso tradutor, vulgo Duncan, pedir alguma coisa.

— O que você pediu? – perguntei quando a moça se retirou

— Quatro pães de queijo. – respondeu

— Quatro? – indagou Annabeth erguendo uma sobrancelha – Mas somos três.

— Dois pra mim. – disse

— Gordo. – murmurei

— Me chama de gordo agora, pois quero ver quando você comer um e quiser outro. – falou Duncan

— Não sei não. – falei – Pão de queijo não é uma coisa que você fala “nossa que delícia cara”.

— Você diz isso porque nunca provou um pão de queijo feito no Brasil, principalmente aqui em Minas.

— Qual a diferença?

— Qual a diferença? Oito palavras, querido: Aqui É A Terra Do Pão De Queijo. Outra: O troço é recheado.

— Já veio aqui antes? – perguntou Annabeth a Duncan, dando por encerrada nossa discussão sobre pão de queijo. – Você fala tão bem o português, parece até que já morou no Brasil.

— Já vim aqui em Minas sim. Um amigo meu mora aqui. – respondeu ele – Ele acabou me ensinando já que vim diversas vezes para cá para shows.

Annabeth iria dizer algo, mas foi interrompida quando a garçonete chegou com nosso pedido.

Mordi o pão de queijo enorme que estava em minha mão.

— Cara, você estava certo. – falei – Esse troço é bom mesmo.

— Eu não te falei?

— Queria voltar para o hotel e dormir. – comentou Annabeth quando havíamos acabado de sair da lanchonete.

— Decorou o caminho até o mecânico? – perguntou Duncan. Annabeth assentiu – Pode voltar então, encontra a gente lá pelas 17 horas.

— Mas eu vou a pé?

— Não. – disse Duncan tirando algo da mochila que carregava – Você vai de skate.

— Mas eu não sei andar nessa coisa. – protestou Annie

— Quer dormir? Se vira. Garanto que é mais fácil que um helicóptero.

— Boa sorte, vai precisar. – falei dando um selinho nela.

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Então Annabeth colocou um pé em cima do skate e empurrou o outro no chão. Cinco minutos depois desapareceu em uma esquina.

— Até que ela manda bem no skate. – meu irmão murmurou

Quando demos um passo para começar a andar novamente sem rumo, uma espécie de espinho passou zunindo pela minha cabeça e se cravou na parede a frente. Só podia ser uma coisa: Mantícore.

Puxei Duncan e logo estávamos correndo sem rumo. Corremos sem parar, dobrando aqui e ali, mas do mesmo jeito o monstro não perdia o nosso rastro. De repente, Duncan me empurrou pela porta de alguma loja e entrou junto. Pude ver o mantícore passar reto por nós e desaparecer. Recuperei o fôlego e olhei ao meu redor. Entramos em um estúdio de tatuagem. Um rock qualquer tocava ao fundo.

— Posso ajudá-los? – perguntou uma mulher que deveria ser a recepcionista do lugar.

— Err... – comecei a bolar uma desculpa, mas Duncan me cortou

— Viemos fazer uma tatuagem. – disse ele com firmeza

— Como é? – sussurrei, porém ele me ignorou

— Tem horário marcado? – perguntou a moça.

— Não. – respondeu Duncan – Estávamos passeando quando avistamos o estúdio e resolvemos dar uma passadinha pra ver se tinha algum horário.

— Por sorte não tem ninguém marcado para agora. – disse a recepcionista – Podem entrar nessa porta.

— Obrigado. – meu irmão agradeceu

Passamos pela porta e entramos em uma sala, havia uma cadeira, parecida com aquelas de dentista, no centro, em uma mesa estavam espalhados desenhos e em uma pequena bancada havia vários tubos de tinta. Um homem careca e barbudo que usava óculos de grau e tinha os braços cobertos de tatuagens, estava sentado em frente ao computador e se virou quando entramos.

— Duncan? – perguntou o homem – É você mesmo cara?

— Sou eu. – respondeu – Espera... Dave?

— O próprio. – então Duncan e o homem chamado Dave trocaram um abraço de macho, aqueles com tapas até fortes demais nas costas. – Há quanto tempo!

— Pois é... Já faz tempo que você saiu de São Francisco. – disse Duncan

— Quem é esse cara? – perguntou Dave – É seu clone?

— Digamos que sim. – respondeu – Dave, esse é meu irmão Percy. Percy, este é Dave, um velho amigo.

— Irmãos? Como descobriram?

— Longa história. – falei

— É tipo Casos de Família. – disse Duncan – Muita treta desnecessária por trás.

— Entendo. – disse Dave – Mas e aí? Vão fazer o que? Uma tatuagem? Ou fazer outro furo nessa carinha linda?

— Vamos fazer uma tatuagem. – afirmou Duncan.

— Vamos? – perguntei

— É, vamos. – respondeu – Sabe de alguma coisa que queira tatuar?

— Não.

— Tudo bem, pensa aí que eu faço a minha primeiro – declarou.

— Vai ser o que dessa vez? – quis saber Dave

— Uma coruja tocadora de lira. – respondeu Duncan – Na coxa, já que os braços estão ocupados...

— Coruja tocadora de lira... Interessante. Posso saber o porquê?

— Meus pais.

— Falando neles como estão?

— Mortos.

— Woow! Sinto muito cara, eu não sabia. – murmurou Dave.

— Não faz mal.

Duas horas se passaram desde que eu me sentei em uma cadeira e observei Dave tatuar o desenho em Duncan. Não pensei em nada que pudesse fazer nesse tempo, só pensei no quanto devia ser doloroso. Ou talvez não, já que eu ainda tinha a Maldição de Aquiles, apesar de que um tempo pra cá ela começou a perder o efeito. Será que o desenho ficaria na minha pele?

Saí do meu transe quando Dave terminou de enrolar um papel filme entorno da tatuagem recém feita.

— Pensou em algo? – perguntou Duncan enquanto vestia a calça novamente

— Na realidade não pensei em nada. – confessei

— Me deixa pensar... – disse ele – Que tal fazer o nome da Annabeth, eu sei que vocês não vão se separar nunca então é tranquilo, ou fizer um tridente, representando Poseidon.

— Curte mitologia grega Percy? – indagou Dave

— Curto. – respondi sorrindo - Beleza. Vou fazer

— Qual delas? – perguntou Dave

— As duas. – respondi

— Esse é meu irmão! – bradou Duncan