Memento Mori

Interlúdio


“A morte é a queda da flor, para que o fruto possa avolumar-se.”
— Henry Ward Beecher

A noite estava completamente fria, o inverno não perdoava.

Ali, naquele orfanato em uma zona pobre de Londres, as crianças haviam sido mandadas para a cama mais cedo – mesmo que fosse noite de ano novo – pois uma jovem mulher, grávida e desesperada, tinha chegado as portas do lugar implorando por ajuda. As funcionárias a abrigaram o melhor que puderam; a colocaram deitada em uma cama, a deram água e perceberam que ela estava prestes a dar à luz.

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A Morte observara tudo de perto. Logo precisaria atravessar a alma da pobre Merope Gaunt e de seu filhinho. Sabia a vida que a menina Gaunt havia levado, e não fora fácil.

— Seja forte, menina! – a diretora do orfanato, Mary Cole, pedia – Seu filho precisa vir!

Merope estava sofrendo. Não teria muito tempo após o nascimento.

Com um grito aterrorizante, em suas últimas forças, Merope empurrou e seu filhinho veio ao mundo.

A Morte se aproximou. Ninguém no ambiente conseguia vê-la.

— Tomara que ele se pareça com o pai... – Merope soluçou.

— Que nome devemos dar ao bebê? – sra. Cole perguntou, sorrindo de modo triste.

— Thomas... – suspirou – Tom como o pai dele. – chorou – Marvolo pelo meu pai. Riddle.

Seus olhos se fecharam, com um último suspiro cansado e seu filho nos braços.

— Precisamos levá-lo para o berçário, ele está tão frágil! – uma das funcionárias mais novas exclamou.

— Sim, leve-o. – concordou Cole – Eu preciso comunicar ao hospital sobre a situação com esta pobre moça. – suspirou, se retirando.

A Morte tocou a mão de Merope Gaunt e puxou delicadamente sua alma, como já estivera fazendo há tantos séculos. Emitindo um brilho dourado, Merope se pôs de pé e abriu os olhos; parecia viva e descansada, olhando confusa para os lados, até fixar o olhar na figura encapuzada em sua frente e dar um passo para trás.

A Morte abaixou seu capuz, sorrindo de forma acalentadora.

— Não se preocupe, querida. Você não irá mais sofrer. Não tenha medo.

— Não, eu não posso partir! – Merope se desesperou – Não posso deixar meu filho!

— Ele não ficará aqui por muito tempo, menina Merope. – a Morte disse, com sinceridade – Mas só posso atravessar um por vez...

— NÃO! – Merope se jogou aos pés da Morte – Eu imploro! Meu filho não! Deixe que ele cresça longe de minha família e de seu pai, deixe que ele seja melhor que nós e tenha uma infância melhor que a minha aqui! Por favor, tenha piedade!

A Morte se soltou da jovem, a encarando de forma impassível. Com sua capa farfalhando, atravessou as paredes do orfanato até chegar a área dos berçários, onde localizou um bebezinho de cabelos ralos e escuros, e grandes olhos azuis. Ele dormia, calmo. Não chorava. Ela se aproximou e tocou sua testa.

Sim, ela podia ver.

Via o como aquela criança havia herdado a magia da mãe. O último herdeiro de Salazar Slytherin, um dos maiores bruxos do século IX. Ele iria para a famosa Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, seria um rapaz inteligente. Mas existia uma grande escuridão em seu âmago. Porém também existia luz. Este menino seria extraordinário e talentoso. Teria uma vida longa, se escolhesse o caminho certo e não se deixasse cegar pelo poder.

O bebezinho abriu os olhos e a encarou diretamente nos olhos, quase como se pudesse vê-la, embora não fosse possível.

Olhos azuis. Olhos incrivelmente azuis.

A Morte se virou e saiu. Encontrou Merope Gaunt na mesma posição que estava, de joelhos e desesperada.

— Não levarei o seu filho. – disse, e a Mulher ergueu os olhos, atordoada – Ao contrário do que a maioria acredita, a Morte é piedosa, Merope. – deu um sorriso.

— Obrigada! Oh, muito Obrigada! – gritou, voltando a agarrar as pernas cobertas pela capa negra.

— Agora preciso atravessa-la, Merope Gaunt. – a Morte segurou seus braços e a ergueu – E não se jogue aos meus pés, não sou uma divindade. Apenas cuido dos mortos.

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— Para onde irá me atravessar? – a mulher perguntou.

— Para o Outro Mundo.