Interlúdio - Os Mortos Nunca Estão Mortos...

"Os nossos mortos nunca estão mortos para nós, até que tenhamos nos esquecido deles."

— George Eliot

Os pesadelos se tornavam cada vez mais frequentes.

Não importava quantas poções Morgana a desse ou quantos feitiços Merlim fizesse, Seren ainda persistia com o sono agitado e muitas vezes violento. Acordava com as mãos sangrando e com o rosto marcado por tê-lo arranhado. Os pesadelos eram sempre os mesmos. Uma grande batalha, dos bretões contra os saxões, que teimavam em invadir as terras, e seu pai se encontrava no centro da batalha. Lutava com bravura, era o melhor guerreiro do mundo e com certeza bardos cantariam canções em sua homenagem. Mas o inesperado aconteceu e uma espada enfeitiçada perfurara sua armadura.

O sonho acabava sempre aí, e Seren acordava ofegante e machucada. Chorando e nada era capaz de acalma-la por um bom tempo. Sua mãe, Guinevere, se desesperava cada vez que ouvia os gritos da filha e ia ao seu quarto deitar ao seu lado.

Mas um dia, seu sonho foi diferente.

Estava deitada em um longo campo verde e o céu era azul, completamente azul, e o calor do sol era agradável. Se levantou e seguiu até a grande faia que se encontrava ali perto, sentando-se embaixo de sua sombra. E Dian surgia ao seu lado.

Dian... aparentava a mesma idade que morrera e os mesmos cabelos dourados, embora emitisse uma aura dourada. Sorria, com seu ar infantil e tocava a mão de Seren.

— Aqui é lindo, não é? - dizia - Estive com meu avô, sentei na mesa com várias pessoas que diziam serem meus parentes, sabia? Mas sinto saudades de Morwenna e de meus pais... Pode dizer a eles que sinto saudades?

— S-Sim. - tinha respondido - Mas, que lugar é esse?

— Aqui é o Outro Mundo! - ergueu os braços, com uma risada - Ela disse que poderia trazer apenas você aqui, para que pudesse levar meu recado. E ela também disse que você é A Escolhida.

— Quem é ela? - Seren se inclinou, subitamente sentindo frio.

— Ora, a Morte, quem mais?