Memento Mori

Confia Em Meu Amor


"Duvida da luz dos astros,

De que o sol tenha calor,

Duvida até da verdade,

Mas confia em meu amor."

— William Shakespeare

— Aura, pode parecer estranho, visto que nos conhecemos apenas há uma semana, mas eu realmente gosto de você. - Altair Lestrange disse, enquanto caminhava com Aura Mors até pararem embaixo de uma árvore solitária. Alguns estudantes que passavam por eles, tinham dificuldade de desviar o olhar; certamente, seria a fofoca do dia a especulação de que os dois estariam juntos.

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Olhando para Aura Mors assim, tão perto, não pode evitar sentir um grande orgulho. Aquela garota tão bonita e inteligente estava de braços dados com ele e sorria para ele, embora parecesse talvez um pouco indiferente. Mas isso com certeza mudaria com o tempo.

— Isso me lisonjeia. - Mors disse, o lançando mais um de seus sorrisos de lado.

— Gostaria de saber mais sobre você, Aura. - Altair inclinou o corpo levemente em sua direção, dando um sorriso charmoso, para que a garota reconhecesse o flerte - Uma pessoa tão misteriosa como você, geralmente é muito interessante.

Aura ergueu uma sobrancelha, embora seu rosto não traísse nenhuma emoção, ele sabia que ela o havia compreendido.

— Então, você me acha misteriosa? - ela questionou, erguendo levemente o queixo - Está errado, eu sou, na realidade, muito simples. Quase um livro aberto. Mas, de certa forma, também gostei de você, Altair, e por isso deixarei você me perguntar o que quiser.

— O que eu quiser? - ele a imitou, erguendo também uma sobrancelha.

— Sim. - ela sorriu, e um brilho estranho atravessou seus olhos - Porém, saiba que nem tudo você poderá saber.

Aura Mors havia sido tão decidida em sua última frase, que Altair não conseguiu contesta-la.

— Você tinha me dito que quase não lembrava de seus pais. - ele começou, olhando com atenção o belo e impassível rosto de Aura - Mas, o que exatamente lembra deles.

Ela suspirou e um ar de melancolia percorreu suas feições.

— Minha mãe era uma mulher muito bonita. Tinha os cabelos cor de fogo e um grande talento para poções. Diziam que eu me parecia com ela, mas apenas as feições. Tanto meus cabelos e meus olhos foram herdados de meu pai. - fechou os olhos - Meu pai era corajoso e gentil. Ele era, definitivamente, um guerreiro. Nunca tive o prazer de conhecer um homem que houvesse tido tanta honra quanto ele. - voltou a abrir os olhos - Próxima pergunta?

Por um momento, Altair ficou aturdido, mas voltou a si.

— Você é prometida? - se viu perguntando, e pigarreou após notar sua voz falha - Sua família, ela apoia a pratica de casamentos arranjados? Você é prometida?

Tecnicamente, Riddle não tinha interesse de saber esse fato sobre ela. Mas Altair não deixaria a chance passar.

Aura Mors desviou os olhos pela primeira vez, e um espasmo percorreu seu rosto, quase como se ela tivesse sentido uma dor muito forte. Ele ergueu as mãos, como que para ampara-la, mas em um segundo ela já estava bem novamente, o deixando a questionar se não havia imaginado.

— Já fui prometida, sim. - respondeu ela, em voz extremamente suave - Porém, não mais.

— Não deu certo? - ele se viu insistindo - Você não gostava da família?

— Uma série de eventos impediram que esse... acordo se concretizasse. - os olhos cinzentos se tornaram surpreendentemente tristes - E eu não gostava da família. Eu amava a família.

— Sinto muito pelo que quer que tenha acontecido. - Lestrange disse, e estava sendo sincero. Seja o que fosse, algo em Aura Mors o instigava a ser sincero. Quase como se fosse impossível mentir para ela.

Tão bonita, tão sozinha... Ele ergueu a mão e segurou a de Aura, a apertando levemente em consolação. Eram gélidas, como ele se lembrava. A garota o lançou um olhar surpreso, mas não soltou sua mão, apenas a apertou de volta.

— Altair, me permite dar um conselho? - ela murmurou em voz leve.

— Claro. - como ele poderia negar algo a ela? Bastava que ela lhe pedisse para morrer, e ele entregaria a ela sua alma sem pensar duas vezes.

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— Posso ver que, apesar de tudo, você é uma boa pessoa. - ela começou, entrelaçando seus dedos nos dele - Não importa o que você já fez. Não importa a opinião dos outros. Siga seu caminho. Apenas o seu caminho, o que você, no fundo de sua alma, sabe que é certo. - o encarou nos olhos - E nunca faça nada que sua consciência não seja capaz de suportar.

***

Seren amava rosas.

Rosas eram suas flores favoritas, fossem por sua grande variação de cores, ou por seu aroma adocicado e forte, ou pelo jeito em que suas pétalas suaves escorregavam pela ponta de seus dedos conforme ela as tocava. Costumava se deitar nos campos verdejantes, no verão e na primavera, quando as rosas se abriam e seu perfume emanava pelo ar; joaninhas costumavam grudar em seus cabelos, mas ela não se importava. Tudo era lindo, tudo era paz.

Seren amava chuva.

Chuvas de verão eram as suas preferidas. O céu se tornava cinza-tempestade, o vento soprava de todos os quatro cantos e havia aquele cheiro de umidade antes de um grande temporal. As gotas de água caíam grossas e escorriam por seus cabelos e desciam por seu pescoço e braços, encharcando suas vestes e esfriando sua pele. Ela erguia as mãos e apanhava as gotas; erguia os braços e girava. Na chuva, suas frustrações eram levadas embora, escorrendo pelo chão e entrando pelo solo.

Seren amava tanto o aroma das rosas, quanto o aroma da chuva. E Galahad, certa vez, conseguira unir as duas coisas e dar a ela de presente.

Aconteceu uma grande tempestade semanas após a conversa sobre o casamento, e Galahad estivera com ela. Dançaram juntos pela chuva, e a felicidade e leveza que não sentia a semanas havia retornado ao coração de Seren. Deixou que Galahad a acolhesse em seus braços, e deixou que ele experimentasse de seus lábios de um jeito faria a mais libertina das mulheres se envergonhar. Ela estava sendo golpeada pelo amor, e gostava da sensação.

Ao cessar da chuva, ambos se sentaram, lado a lado, sentindo o vento que ainda soprava secar suas roupas. Nesse período, Galahad entrelaçava rosas, brancas e vermelhas, criando uma coroa dessas flores. Nem todos os rapazes ou homens teriam esta delicadeza, de aprender a trançar flores apenas para a presentear.

A partir daquele dia, Seren reconheceria o aroma de flores como o aroma de Galahad.