Memento Mori

Interlúdio - Tempo


"Não sou esnobe; eu simplesmente não estou interessado no que a maioria das pessoas tem pra dizer, ou no que elas desejam fazer - principalmente com o meu tempo."

— Charles Bukowski

As palavras que Aura Mors dissera na noite de sexta-feira ainda atormentavam sua mente. Primeiro, ninguém sabia que ele já havia feito uma Horcruxe, nem mesmo Dumbledore. E segundo, como ela poderia saber as suas intenções quando falara com Slughorn? Era, logicamente impossível, mas... ainda assim, aquela garota não era normal. Lembrava do quanto suas mãos eram gélidas quando apertaram as dele e de como seus olhos escureceram, sem brilho. Tom Riddle nunca vira alguém se parecer tanto com um Dementador quanto Mors naquela noite. E ela não tinha medo dele! Nem mesmo quando ele erguera a varinha, pronto para perder o controle, Mors não fizera nenhum gesto para se defender. Olhar nos olhos dela havia sido aterrorizador, assim como ele sentira que tinha ficado preso sem se mover.

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Mas o pior, fora o que ela disse sobre Merope Gaunt, sua mãe.

"No dia em que você nasceu e sua mãe, Merope Gaunt, morreu, era para você ter partido também. Não iria sobreviver. Mas a Morte não o levou, ela teve pena de um garoto que teria um futuro tão grandioso e uma vida tão longa pela frente. Ao contrário do que muitos pensam, a Morte é piedosa também. Mas você está destruindo sua vida, por temer a Morte. Tentando evita-la, você morrerá. Não consegue compreender."

Ela o olhara com pena após dizer essas palavras, como se realmente soubesse o que ele andava fazendo e o que o aguardava, e sentia muito por isso. Seria Aura Mors uma espécie de vidente? Poderia ela ver o futuro? Se pudesse, ela seria uma aliada útil e poderosa, embora ele tivesse a leve impressão de que ela não aceitaria ser sua seguidora.

E, uma parte que ele procurava ignorar, o dizia que Aura Mors provavelmente poderia ser tão perigosa e poderosa quanto ele.

"Eu sou a única que você não pode derrotar, Thomas Riddle."

O Herdeiro de Slytherin tentou reprimir um arrepio ao se lembrar das últimas palavras que trocara com Mors. Ela sorrira de leve, como se falando a uma criança.

Mas seus olhos eram perigosos.

***

Claire Wood sabia, no fundo, que não havia necessidade de se preocupar com Aura. A garota se provara uma grande duelista e muito inteligente; ela saberia se defender de Altair Lestrange caso fosse necessário. Mas, ainda assim, não se sentia a vontade em deixar uma amiga - sim, pois fora exatamente isso que Aura Mors havia se tornado, uma amiga - sozinha em Hogsmeade com um garoto que fazia parte da Gangue de Tom Riddle. Sabia o quanto Aura andava o provocando, e não era idiota; desconfiava que o súbito interesse de Lestrange em passar o dia com sua amiga tinha dedo dele. Claro, Lestrange já parecia estar caidinho por Aura, mas mesmo assim...

Isabelle parecia estranhamente emburrada depois que Aura se retirara. Conhecia a garota a tempo demais para saber que era narcisista e louca por garotos. Não deveria estar gostando muito de ter perdido as atenções para a garota nova e não fazia muita questão de esconder.

Jessica parecia estranhamente falante e feliz, e isso era de se estranhar, já que ela geralmente era reservada e sempre fora a mais tímida. Claire notou que Jess parecia, também, mais próxima de Aura do que no início.

E Amy? Amy fora a que mais desconfiara de Mors no início, achando que havia algo de sombrio na nova colega. Mas agora, desde que Aura narrara assuntos de História da Magia com uma facilidade absurda, não parava de lança-la olhares de admiração.

Claire suspirou. A presença de Aura Mors em Hogwarts parecia trazer grandes mudanças. Se para o bem ou para o mal, não sabia dizer.