Universidade

Alam e Beto - Negativo


Eu estava no terminal esperando o Ônibus para ir embora, mas ele tava atrasado uns 10 minutos. As pessoas que estavam por ali estavam de cara fechada e reclamando entre si sobre a demora.

Eu estava bem tranquilo, era finalmente as férias e seria um tempo bem longo para ser estragado com reclamações, mas claro que elas iriam me perseguir em sua forma humana: Beto.

Ele já estava com sua cara se poucos amigos, tanto que se alguém pisasse no pé dele poderia começar uma briga lá mesmo. Seu andar estava pesado e era possível ouvir o som dos passos dele como se ele usasse sapatos com sola de ferro.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Pensei que me virando ele não me reconheceria, mas ele sentou no meu lado.

Começou a mochila no colo e respirou pesadamente. Na língua dele aquilo queria dizer: Me dei um bom dia.

—Oi Beto, vai viajar pra onde?

—Tô indo para o quinto dos infernos.

Na língua dele: Casa da mãe dele.

—Você devia ser mais brando com sua família.

—Pra que? Pra pisarem na minha cabeça e me fazerem de escravo? Só vou pra lá por não ter opção..

Deixando você atualizado, ele reclama daquela família com a mesma frequência que bebe água. Eu e algumas pessoas achamos que é exagero.

—Tá, você não pode viajar?

—Com qual dinheiro?

O silêncio se fez presente, não queria só ouvir negação a cada resposta. O cara é legal, mas só ouvir esse tipo de resposta da raiva.

“Atenção senhores passageiros com destino à Bragança, Dirijam-Se ao portão de embarque.”

Do nada ele se levantou e foi em direção ao portão de embarque como foi indicado, colocando a mochila nas costas e sumindo no meio da multidão. Não sei porque, mas quando ele sumiu da minha vista ficou um sentimento vazio em mim.

No fim das contas a presença negativa dele é um ponto positivo... Acho melhor esquecer e esperar meu ônibus.