Deus Salve a Rainha.

Chegada a Montemor.


Desde que o príncipe herdeiro de Montemor abdicou do trono por "amor" a uma camponesa, o reino enfrenta inúmeros problemas. Um deles, talvez o mais importante, era a regência de Rodolfo, que não era um homem ruim, contudo, não tinha aptidão para governar, muito menos talento. Foi criado para ser o irmão do rei, não o rei. Sim, o jovem homem tentava se virar, mas o povo parecia gostar menos do seu rei a cada dia, o aumento dos impostos poderia ser um dos motivos. A jovem rainha Lucrécia aos poucos percebia e via seu marido ser usado por seus ministros e conselheiros, a falta de conhecimento de Rodolfo o tornava maleável.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ao ver a declínio do reino e sentir a fome que o povo passava Afonso organizou uma rebelião para tomar, de volta, o poder do reino. Funcionou. Ele e seu grande amor invadiram o palácio e, com a ajuda de alguns camponeses e guardas, renderam a família real e seus seguranças.

O golpe foi aceito por uma população feliz, ao pensar que as coisas iriam mudar.

Não mudaram.

—O que está fazendo, Afonso? -Questionou um assustado Rodolfo.

—Apenas o que é certo, irmão.

—Certo? -Perguntou desolado.

—Então, me diga, como julga o que é certo?

ˠ

Protegida, bem armada, com um forte exercito, assim como suas férteis e belas terras, Artena prosperava no reinado do rei Augusto, que ao lado da sua filha governava Artena.

A princesa Catarina sentia-se satisfeita ao ver seu povo prosperar e terras se desenvolverem, novos recursos surgirem... Tudo graças a ela.

Há muitos anos atrás, quando Catarina era apenas uma pequena criança, nos últimos dias de vida da sua amada mãe e rainha, a monarca teve uma seria conversa com seu, então marido:

—Augusto... -Chamou, a já acamada rainha.

—Sim, minha querida.

—Oh, meu amado Augusto, temo que minha hora se aproxima... Só lhe peço que cuide de Catarina, ela é só uma menina indefesa que, sem mim, viverá sem instrução feminina.

—Cuidarei dela, com todo o meu amor.

—Mas, não a crie para ser uma boa princesa, crie-a para ser uma soberana, ela será e aprenderá. Não esqueça dela e não permita que eu desapareça dos seus sonhos, lá ela me achara.

Augusto assentiu, e antes que pudesse dizer algo a porta se abriu e a pequena princesa entrou por ela, assim que viu a filha a rainha sorriu. A menina correu para a cama e sentou-se próximo ao pai.

—Minha história, mamãe. -Pediu, ansiosa.

Seus pais riram.

—Deite-se comigo, meu pássaro.

A menina obedeceu e se preparou para ouvir.

—Era uma vez, uma forte águia. Ela voava os mais altos dos céus e conquistava tudo que podia e queria, mas não sem proteger os seus. O reino da águia era muito seguro, pois ela amava seu povo e por isso era forte. Nada podia com ela.

—Ela era ambiciosa, mamãe?

—Sim, ela era.

—Mas, a senhora D'Lurdes, explicou que as pessoas ambiciosas são ruim, então, a águia era má?

—Não Catarina, a águia não era ruim. Ambição ou qualquer outro sentimento só se transforma em algo ruim quando é usado para o mal, para ferir os outros.

Augusto observava, com atenção, o desenrolar da cena, o momento entre mãe e filha, mal o rei sabia que na semana seguinte sua rainha partiria e como águia voaria para o mais alto dos céus.

Após a morte da monarca o reino passou por longos anos de luto, mas passou e a paz voltou a reinar. A princesa crescia e aprendia. Diferente das demais, tinha aulas que poderiam ser ditas de menino. E não só ela, esperta a princesa convenceu o pai a escolher, entre o povo, algumas meninas, para com ela aprender.

O poder de persuasão dela só crescia com o tempo. Fortaleceu o exercito de Artena, escondida foi a guerras e as venceu com a mesma graça que tomava chá com as rainhas e princesas da Cália. Encantava os reis e príncipes com sua simpatia e os fazia ouvir o que queria falar, fez preciosas alianças. Contudo, nem tudo era sobre o reina. A mulher que era tinha poucas amizades, algumas pessoas do reino, uns amigos da monarquia... Poucos, mas, leais.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

—Demétrio, onde está meu pai?

—O rei se encontra na fonte, próximo ao jardim. Posso ajudar com algo, alteza?

—Sim. -Foi direta. -Pode me explicar o que está acontecendo em Montemor? Estava passando pela cozinha e ouvi comentários.

—O rei Rodolfo foi destronado.

Catarina franziu o cenho.

—Destronado? Por quem? Quem ousaria ir contra um rei? Alguma guerra se aproxima?

—Não, não alteza. Foi seu irmão, o príncipe Afonso.

—Afonso? -Questionou confusa. -Afonso roubou o trono do irmão, um trono que deveria ser seu, mas ele abdicou?

—Sim, alteza.

Catarina se irritava, Demétrio pediu licença e se retirou, Catarina viu um serviçal e pediu para o mesmo avisar a sua dama de companhia, Lucíola, que a mesma deveria arrumar as malas dele, pois logo partiria para Montemor. O serviçal assentiu.

Augusto andava pelo jardim, pensativo. Sorriu ao sentir uma leve brisa no seu rosto, lembrou-se da sua amada rainha. Quando se virou, viu Catarina vindo em sua direção, parecia ansiosa e com pressa.

—Meu pai, vim avisar e pedir sua permissão para ir a Montemor, assim como, quero lhe pedir algo, mas depois...

—Ir a Montemor?

—Sim, Rodolfo e Lucrécia precisam de mim. Não pretendo me meter nos problemas do reino, apenas dá suporte e ajuda a velhos amigos.

O rei queria negar, mas sabia que se a princesa estava com algo na cabeça, não tiraria tão cedo... Não queria um susto como o último.

—Lhe dou permissão. Vá se organizar, vou pedir a Demétrio para prepara a cavalaria e os guardas.

Ela fez uma leve reverencia e abraçou o pai.

—Obrigada, papai. -Um leve vento bateu neles. -Eu também sinto saudades dela. -Sussurrou.

Respirou fundo, sorriu e virou-se.

Chegou ao seu quarto e encontrou servos arrumando algumas roupas.

—Não precisa de muito, tenho algumas roupas em Montemor.

—O que a princesa pretende?

—Quero entender o que está acontecendo, Lucíola.

No mesmo dia a princesa partia para Montemor, sem companhias, só os guardas seguindo.

Após um dia e uma noite, chegou ao seu destino. Pela janela da carruagem observou o reino, tirou o casaco, já sentindo o calor. Ao passar pela cidade viu que o povo estava afoito, sorriu ao ser reconhecida e acenou a alguns que faziam referência.

O povo comentava entre si.

Assim que a carruagem parou ela desceu, as portas do castelo se abriram e duas pessoas apareceram, Lucrécia e...

—Catarina. -Disse a princesa aliviada.

—Lucrécia. -Abraçou a velha amiga. -O que está acontecendo? Onde está Rodolfo?

—Ele está...

—Conversando com Afonso, na sala de reuniões. -Respondeu uma mulher.

Catarina se virou e Lucrécia reclamou por ter sido interrompida.

—Quem é você?

—Sou Amália, sou...

—Reconheço seu nome, mas, me diga Amália, por que ousa interromper um monarca? -perguntou friamente.

—Eu...

—Não é porque está em um relacionamento com um ex-monarca, que tem o direito ou o poder de ser mal educada com alguém da realeza, isso significa algo, acredite. -Amália, não sabia o que falar, Catarina virou-se para Lucrécia, que tinha um sorriso orgulhoso no rosto. -Vamos até lá, quero entender o que está acontecendo.

Lucrécia assentiu, juntas seguiram até a sala.

Ambas entraram, mas não foram notadas.

—O que está fazendo, Afonso? -Questionou um assustado Rodolfo.

—Apenas o que é certo, irmão.

—Certo? -Perguntou desolado.

—Então, me diga, como julga o que é certo? -Questionou Catarina.