In a Heartbeat

Chapter 4 - Devotion


Winter | Devotion

Passionate, selfless dedication and loyality

O ar ameno daquela manhã de inverno não poderia trazer outra sensação senão a de solidão. As árvores antes frondosas agora se resumiam a apenas galhos retorcidos e que dançavam com o vento frio. O céu mudava sua cor de um azul brilhante para aquele cinza apático, todas as cores ao redor mudavam drasticamente, não havia calor onde quer que olhasse e a sensação que tinha no peito não poderia ser mais estranha.

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Os dias seguintes a aquele final de semana que teve com Wonsik não foram de longe os melhores em sua vida, os inúmeros trabalhos, os afazeres se acumulando e começando a ficar fora de seu controle, o trabalho e as próprias pessoas ao seu redor. Podia ainda ver o garoto pelos corredores, mas assim como ele, não teve tempo para que pudessem se encontrar.

Nem mesmo as mensagens trocadas satisfaziam a falta que aquele abraço trazia ao peito. Mesmo assim Hakyeon estava lá, sentado em um café – rodeado pelo aroma dos deuses que o trazia ainda mais nostalgia – enquanto esperava Wonsik aparecer. Aquela não era a primeira vez que combinavam, entretanto sempre que marcavam algo aparecia e os impedia de se encontrarem e aquilo estava o consumindo por dentro. Um garoto, apenas um garoto, como havia sido capaz de mudar tanto dentro de si em tão pouco tempo ao seu lado?

Sentia-se um trouxa por estar esperando o garoto, o café em uma mão e o celular em outra, pronto para receber a mensagem que tanto não queria: a de que Wonsik não apareceria. Haviam marcado para as 10h, mas já se aproximava das 11h e o garoto ainda não dava qualquer sinal de vida. O pensamento de desistência se apoderando cada segundo mais de sua mente, mesmo que lá no fundo tivesse a esperança de que o mais novo aparecesse e tirasse aquele sentimento de seu peito.

Um suspiro precedeu a vibração do celular, mas Hakyeon nem ao menos se deu ao trabalho de ligar a tela e ver quem era o dono da mensagem, não precisava mais daquilo. Agradeceu mentalmente já ter pago o café e levantou-se, guardando o aparelho no bolso, aproveitando para esconder as mãos e assim caminhou para fora do estabelecimento, a cabeça abaixada olhando apenas os próprios pés. Nem mesmo se deu ao trabalho de pegar os óculos de lente azul na gola da blusa, o clima do lado de fora já combinava consigo demais para precisar burlar o céu e fingir ser azul.

Já do lado de fora, prestes a virar e seguir o caminho de casa, o som alto de um motor soou ao seu lado, o medo apossou-se de seu corpo, o fazendo virar imediatamente. Os olhos arregalados não conseguiam distinguir com precisão a silhueta a sua frente, o coração batia tão rápido de até mesmo o ato de respirar se tornava um tanto difícil, mas o susto tornou-se raiva em poucos instantes, os músculos tensos prestes a enfrentar o idiota que havia o assustado. Observou o motoqueiro descer da moto e andar em sua direção, as mãos estavam cerradas em punho prontas para atacar, mas algo mudou assim que a pessoa a sua frente tirou o capacete e o rosto meio confuso, meio assustado de Wonsik surgiu.

IDIOTA! — Hakyeon gritou avançando contra Wonsik, socando seu braço algumas vezes com a pouca força que o havia restado após a montanha russa de sentimentos que tinha experimentado em poucos segundos.

A reação seguinte foi de Wonsik, abraçando o mais velho trêmulo forte o bastante para que os corações parecessem estar batendo no mesmo ritmo. O garoto levou a mão livre aos cabelos escuros de Hakyeon, afagando os fios em um carinho calmo, um pedido mudo para que se acalmasse, mas sabendo que isso não seria o suficiente – pelo menos não naquele momento – um riso soprado escapou de seus lábios, apesar de tudo a sensação de ter o mais velho nos braços era melhor do que vê-lo se afastar como há minutos.

Seu idiota... — Wonsik murmurou pouco antes de se afastar um pouco, podendo ver o rosto avermelhado e ainda meio enfurecido do rapaz, aquela visão lhe foi suficiente para que avançasse o rosto e beijasse sua testa.

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— Eu te odeio, Kim Wonsik! — exclamou alto, virando o rosto para o lado não querendo mais vê-lo, mas não conseguia – nem ao menos queria – se afastar daquele abraço.

— Odeia nada... — o garoto rio, o sorriso estampando o rosto ao desfazer o abraço, bagunçando os cabelos escuros e macios do mais velho pouco antes de receber um tapa na mão. — Me desculpe o imenso atraso, Yeonnie hyung, eu tentei avisar! Mas o sinal onde eu estava era péssimo e eu...

“Yeonnie hyung” — o murmúrio fez o garoto a frente se interromper no meio de sua explicação atropelada, percebendo o que havia dito apenas algum tempo depois, era a primeira vez que falava aquilo. Mas Hakyeon sorriu largamente, algo que há dias não fazia tão verdadeiramente, acabando por rir da expressão confusa do garoto. — Não se desculpe, Ravi-ssi, está tudo bem.

— Mas eu devia ter avisado antes, ou pensado que poderia demorar... — lamentou, mas não esperava receber um beliscão para que ficasse quieto e parasse com as inúmeras desculpas.

— Apenas me diga onde estava que eu fico feliz.

Ahm... Eu... Eu precisei pegar algo com a minha irmã, mas é longe daqui e eu não calculei o tempo direito. — Wonsik sorriu sem jeito, bagunçando os próprios cabelos em um nervosismo característico seu, queria disfarçar aquela sensação de ansiedade, mas não estava se saindo tão bem quanto gostaria. — Po-podemos ir? O parque é logo ali...

A tentativa de desviar a conversa era tão evidente que Hakyeon apenas deu de ombros, arrancaria tal informação do garoto mais tarde. O olhar do mais velho seguiu em direção ao parque – lugar estranho para se reencontrarem —, concordando silencioso em meio a um suspiro, mas estampou um sorriso discreto ao retornar sua atenção ao garoto. E tão aliviado quanto era possível ver, Wonsik segurou a mão alheia e o puxou na direção desejada: o parque de diversões.

No caminho Hakyeon notou algo diferente... Calor, calor era o que emanava dos dedos entrelaçados e firmemente unidos, aquele toque era confortável assim como tudo que envolvia Wonsik e isso era algo que não sabia explicar. Contato físico nunca foi algo que realmente apreciasse, precisava estar muito confortável com alguém para poder sentir-se daquela forma, nem em seus melhores dias tinha tanta vontade de contato, sempre preferindo evitar. Para Hakyeon, apertos de mãos breves eram algo pela qual poderia passar, afinal, precisava cumprimentar as pessoas ao seu redor educadamente, mas nem por isso sentia-se confortável. Mas naquele momento, vendo seus dedos entrelaçados aos de Wonsik e apenas com isso sentindo-se confortável o bastante ao seu lado, não era algo comum. E ainda sim aquelas mãos dadas não eram nada comparadas ao abraço aconchegante do garoto, que conseguia o acalmar apenas com aquele ato.

E mesmo com aquele conforto, o aperto estranho no peito permanecia inabalável, apenas tornando-se cada vez mais estranho. Por que estava sentindo aquilo? Uma pergunta difícil em um momento nenhum pouco oportuno.

— Ei... Yeonnie hyung... — ouviu a voz soar ao longe, ainda imerso naquela indagação que não teria fim se permanecesse ali e quase mecanicamente levantou o rosto para o garoto que sorria gentilmente, aquilo o fez suspirar. — Chegamos!

Hakyeon desviou o rosto imediatamente do garoto para o grande espaço a frente de ambos, estavam justamente na entrada do parque e vê-lo de tão perto era mil vezes diferente de avistar em algum panfleto espalhado pela cidade, à imensidão dos brinquedos com luzes brilhantes mesmo durante o dia, as cores vivas tão diferentes do restante daquela cidade cinza, era outro universo.

Sem perceber Hakyeon soltou a mão do garoto e caminhou parque adentro, olhando para todos os lados, não sabendo aonde gostaria de ir primeiro. Wonsik o observava de longe, há minutos ele estava tão perdido e distante, parecendo que estava ali apenas fisicamente enquanto a mente viajava para qualquer outro lugar. Muito provavelmente aquela não era a melhor ideia que teve para um encontro com o mais velho, mas era sua melhor jogada e respirando fundo caminhou na direção dele, passando o braço por cima de seus ombros, puxando-o para um abraço que fora rapidamente correspondido.

As atrações piscavam e os chamavam para mais perto, mas não precisaram escolher muito quando Hakyeon avistou a montanha russa – essa sim gostava –, prontamente se soltou do abraço e segurou na mão do garoto, puxando-o na direção da pequena fila que tinha para poder chegar até o brinquedo. Estava tão animado que demorou certo tempo até notar o olhar apreensivo de Wonsik para o brinquedo e olhando-o melhor conseguiu notar os músculos tensos e os movimentos travados, segurou-se para não rir, mas poderia gargalhar a qualquer momento.

— Com medo, Wonsik? — zombou com um sorriso divertido, achando muita graça daquilo e o garoto sequer se defendeu, apenas suspirou alto.

— Péssimas lembranças, Hakyeon... — sorriu meio nervoso, vendo o outro começar a rir de si, não ligava com isso e até começou a rir junto.

Ao chegar sua vez, Hakyeon fez questão de correr e ocupar um dos primeiros lugares enquanto o mais novo o seguia aos suspiros, receoso – mas não arrependido – e isso não passou despercebido pelo outro. Assim que o carrinho começou a andar e a reação de Wonsik não ser das melhores, rio discretamente, mas apoiou a mão sobre o ombro do garoto, o que imediatamente o fez virar o rosto e assim apenas com os olhos assegurar que ficaria bem. As muitas curvas acentuadas, subidas lentas e descidas rápidas gradativamente enfraqueceram o garoto, de receio a riso nervoso e finalmente à familiar sensação de liberdade, tornou a experiência mais agradável do que Wonsik acreditou que seria possível, permitindo-se até mesmo soltar um pouco as barras de segurança.

No fim, ambos saíram um tanto trêmulos e tontos, a sensação de que ainda estavam subindo e descendo permaneceu por longos minutos e brinquedo após brinquedo, a sensação apenas mudava – às vezes tudo estava rodando ou não sentiam o chão sob os pés –, mas os sorrisos permaneciam os mesmos. E nisso as horas se passaram sem perceberem e sobraram apenas as pequenas atrações, mas nenhuma chamava a atenção de Hakyeon que ao invés de ir embora, preferiu apenas caminhar com Wonsik pelo lugar até que estivesse com vontade de fazer qualquer outra coisa.

— Uma máquina de fotos! — Hakyeon exclamou animado ao ver a cabine um pouco afastada, virando-se para o garoto ao lado com aquela típica expressão de pedido, os olhos brilhantes e os lábios contraídos em um bico. — Vamos, Ravi-ssi? Por favorzinho!

— Como eu poderia recusar? — o riso ainda permanecia inabalável e a expressão fofa do mais velho o fez rir ainda mais, como ele conseguia mudar tão rápido ainda era um mistério, mas adorava quando acontecia.

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Com um sorriso ainda maior do que antes, Hakyeon puxou o mais novo consigo até a cabine, acomodando-se primeiro aproveitou para ajeitar os óculos no rosto, imediatamente às cores do cubículo mudaram drasticamente, escurecendo tudo que via e em seguida olhou para o garoto que se acomodava ao seu lado. A surpresa estampada no rosto de Wonsik não era algo que estava esperando, ficou sendo observado por longos segundos até que o espanto transformou-se em um sorriso e pode vê-lo retirar do bolso os óculos de lente vermelha, logo sendo ajeitados no rosto pouco antes de fazer uma pose exagerada, arrancando-lhe uma risada alta.

A ficha foi colada ainda com o garoto em tal pose, sendo esta a primeira das muitas fotos registradas. Algumas fotos foram tiradas enquanto estavam rindo, outras com poses exageradas, muitas com caretas – Hakyeon adorava apertar o rosto de Wonsik até suas feições mudarem – e algumas foram com os óculos trocados. E enquanto recuperavam o fôlego após rir mais do que o costume, Hakyeon aproveitou para colocar mais uma ficha na máquina, virando o rosto para o garoto ao seu lado no mesmo instante em que ele realizava o mesmo movimento; os sorrisos desapareceram com tamanha proximidade, as respirações tornaram-se mais lentas, olhares alternantes e novamente aquela tensão os puxava para mais perto.

No entanto, como de praxe, o universo brincando com seus acontecimentos, o momento foi interrompido por um casal que gostaria de registrar o momento também e isso os forçou a sair da cabine. Wonsik pegou as fotos antes de saírem e caminharem novamente pelo parque.

O clima tornou-se um tanto tenso, nenhum dos dois tinha se movido para quebrar aquele contato, nem mesmo os flashes eram relevantes naquele momento, o desejo de quebrar aquela tensão da melhor forma crescia em seu subconsciente e Hakyeon chegou até mesmo a suspirar baixo ao relembrar do que estava prestes a fazer. Mas não seria certo, seria? Já havia pensado naquilo várias vezes após o incidente na cozinha, custou a admitir para si mesmo que passou dias e noites pensando em como queria aquele contato, mas admitir para Wonsik? Isso estava além de suas forças naquele momento, porém estava pronto para o que poderia ter acontecido.

Quietos, ambos pararam diante de uma barraquinha de tiro ao alvo, Hakyeon olhava sem muito interesse para algum lugar qualquer e Wonsik notou o visível estado desconfortável em que o mais velho se encontrava. Após ter certeza de que ele não fosse sair correndo, o garoto se aproximou da barraca e não demorando mais do que alguns segundos para estar com uma bolinha na mão e mirando o alvo. Tal movimentação logo chamou a atenção do mais velho que se aproximou apenas para ver Wonsik errando o primeiro lance, rindo debochado para o garoto.

— Que lance horrível, Ravi-ssi, você faz melhor que isso... — incentivou, cruzando os braços e ficando ao lado do garoto ainda desanimado. Três tentativas ele ainda possuía e por sorte não perdeu mais nenhum lance, acertando três dos quatro alvos que estavam ali.

— O que eu consigo com meus incríveis lances? — o garoto ironizou levando em conta o péssimo erro da primeira vez.

— Apenas aqueles ali... — o homem apontou para uma pequena pilha de ursinhos coloridos.

Tinha bichinhos dos mais diversos tipos e cores, mas Wonsik encontrou o que desejava logo de primeira, olhou de soslaio para o mais velho que verificava o celular sem aparente interesse enquanto se afastava para se sentar em um banco próximo dali.

— O dragãozinho azul, por favor... — disse mais baixo, tendo certeza de que o outro não o ouviria. Olhou brevemente o bichinho que tinha em mãos antes de escondê-lo atrás de si e caminhar na direção do mais velho, mas a falta de atenção ao que existia ao seu redor fez com que o rapaz demorasse a notar que Wonsik estava ali, parado a sua frente.

— O que tem ai? — perguntou se esticando para tentar ver o que o garoto estava escondendo de si, quando ele mesmo levou o bichinho até a frente do rosto, segurando-se para não rir.

Hakyeonnie hyung, não fica assim, seu dongsaeng ainda tem mais um lugar para te levar! — disse enquanto mexia os bracinhos do dragão, mas não pode conter mais o riso, a voz forçada a ficar fina era algo que não podia evitar, mas poder ver o mais velho rir também valia a pena. — É pra você.

Murmurou estendendo o bichinho na direção do rapaz que o segurou com um sorriso bobo crescendo em seu rosto, sendo agradecimento o suficiente para Wonsik. No entanto demorou ainda algum tempo até que Hakyeon levantasse do banco e deixasse um beijo breve sobre a bochecha do garoto como o seu agradecimento, não estava preparado para ser interrompido outra vez se tentasse o que realmente queria.

De mãos dadas ambos saíram do parque, caminhando novamente para o café onde se encontraram e Wonsik deixou sua moto estacionada. O céu daquela tarde invernal – assim como seu humor – mudava do tom cinzento para aquele azul sutil, seu próprio coração batia de forma diferente, não havia mais o aperto estranho e incomodo no peito, não estava agitado pela proximidade com o garoto ao lado, não estava tonto com toda agitação provinda dos brinquedos, o coração de Hakyeon estava apenas... Calmo.

Os passos lentos que davam o conduziram aos pensamentos que unicamente se resumiam ao garoto que segurava sua mão. Não se lembrava de um único momento em que o mais novo não tenha sido carinhoso consigo, mas ainda sim diferente de muitas pessoas ao seu redor. Tão natural quanto à luz do dia, foi tomando conta de seu coração lentamente e apenas com o jeito – por vezes bobo – de ser, Wonsik conquistara seu coração em pouquíssimo tempo.

Yeonnie hyung? — a voz baixa e meio rouca o trouxe novamente até a realidade, estavam novamente enfrente ao café e o mais novo tinha um capacete em cada uma de suas mãos.

— Não podemos ir andando? — apressou-se em pedir.

Hyung, você vai ficar bem... — disse sorrindo ternamente enquanto estendia o capacete. — É só se segurar firme em mim, hm?

O suspiro alto soou como uma rendição, não poderia protestar de qualquer forma; observou o mais novo colocar o próprio capacete e a visão do todo o lembrou do susto que teve mais cedo, mas naquele momento não teve a oportunidade de observá-lo da cabeça aos pés da devida forma como tinha agora. As vestes completamente escuras com alguns poucos detalhes em vermelho, tinha de admitir que a visão era muito agradável. Com outro suspiro colocou sobre a cabeça o capacete que lhe foi dado, ajustando-o para que ficasse confortável e com receio subiu no veículo, mal estando sobre ele e já abraçava o garoto à frente com medo de que pudesse cair.

E ao contrário do que esperava – altíssima velocidade, buzinas altas e um garoto idiota fazendo manobras malucas –, o caminho até o apartamento de Wonsik foi tranquilo e com isso pode relaxar. As imagens corriam diante de seus olhos, tornando-se apenas borrões coloridos e disformes, por este fato não poderia dizer para onde estava indo, na verdade não conhecia a cidade tão bem quanto gostaria e mesmo se as imagens fossem mais nítidas, tinha a certeza de que o caminho ainda sim lhe seria algo completamente novo.

Minutos se passaram até que Wonsik parasse diante de um prédio com muitos andares, ao olhar para cima tudo se tornava ainda mais curioso. O mais novo estacionou logo abaixo do grande prédio e próximo ao elevador, agradeceu aos céus por estar com os pés no chão uma vez mais, já que por mais agradável que tenha sido o passeio, sua aversão a motos permanecia intacta.

— Eu disse que ficaria bem... — Wonsik murmurou ao retirar o capacete, rindo da cena que presenciava a sua frente.

— Ri de mim, mas tava tremendo todo na fila da montanha russa. — Hakyeon o olhou debochado, sabendo que o mais novo não poderia retruca-lo quanto aquilo e sorriu vitorioso enquanto caminhava até o elevador quando não obteve uma resposta.

Wonsik apenas bufou derrotado, realmente não poderia ir contra uma afirmação como aquela, por ela ser tão verdadeira. E mesmo assim continuou rindo do mais velho como se não estivesse sendo fuzilado com os olhos por isso, preferia o clima descontraído ao ter que pensar que precisava ficar naquele cubículo quando as portas do elevador se fecharam. Tratou logo de selecionar o andar de seu apartamento e quase fazer parte da parede por estar tão grudado a ela; e aquela cena para Hakyeon não poderia ser mais engraçada, o visível nervosismo estampado nos atos inquietos do garoto, mostrando o quão desconfortável estava naquela cabine e relacionando ao motivo dos risos a segundos atrás, aproximar-se e segurar a mão dele foi apenas o instinto ditando sua ação.

Para a sorte do garoto a cabine parou no andar desejado e como muitas vezes naquele dia, Hakyeon saiu dali puxando o mais novo junto e dessa vez quem agradecia aos céus era Wonsik.

— Bem vindo a minha humilde caverna, hyung! — exclamou alto e com os braços abertos após destrancar a porta e deixar que o rapaz entrasse primeiro. — Aqui ira encontrar uma infinidade de papéis de rascunho espalhados pela casa e muitos livros também. — instruiu enquanto caminhava até a grande janela, abrindo as cortinhas e revelando uma varanda do outro lado do vidro.

— Tem como você ser mais bobo? — ria daquele jeito forçado de falar do garoto enquanto deixava a pelúcia sobre a mesinha de centro junto a vários papéis rabiscados.

Um suspiro baixo soou enquanto o mais novo ainda estava de costas para o outro, o pensamento de que estavam sozinhos lhe veio à mente enquanto olhava o horizonte através do vidro. Ao virar-se depois de abrir a janela, pegou o mais velho observando a estante abarrotada de livros e se aproximou devagar, suspirando trêmulo por conta da brisa fria que vinha do lado de fora.

— Tudo bem, Ravi?

— Sim, apenas um pouco de frio... — murmurou olhando os próprios pés, voltando a se arrepiar com a brisa fria.

— Quer um abraço?

— Adoraria...

Balançando a cabeça em negação em meio a um sorriso desconfiado, Hakyeon deu um passo à frente, envolvendo os braços ao redor do pescoço do mais novo e o puxando para perto, não demorando a sentir a cintura ser abraçada e ouvir o suspiro satisfeito do garoto. Alguns minutos se passaram com ambos em silêncio, sendo as respirações já levemente alteradas o único som que produziam e inconscientemente Hakyeon apertou o abraço, como se algo estivesse prestes a afastá-los novamente, mas não havia ninguém naquele apartamento além deles dois. E a distância veio por conta de Wonsik, distância essa sendo apenas para olharem-se de tão perto; o coração batendo rápido quase o deixava surdo – acreditava que até mesmo o garoto podia ouvi-lo bater –, a respiração cálida tão próxima dos lábios causava-lhe arrepios... Tal sensação era estranhamente boa.

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Seus olhos se fecharam e os lábios se entreabriram sem seu consentimento, sentindo menos de um segundo depois: calor. Lábios machucados e quentes eram pressionados contra os seus, se entreabriam juntos apenas para fecharem-se novamente querendo ainda mais contato, mas que se findou antes mesmo de progredir para algo mais. A distância novamente se fez presente entre eles, mas Hakyeon não ousou abrir os olhos e quebrar aquele encanto ao qual estava tão envolvido.

Sentiu dedos subirem discretamente por suas costas, arrepiando-o por completo e o fazendo suspirar instantes antes sentir novamente os lábios de Wonsik contra os seus, os próprios dedos subiram até se enroscarem aos fios descoloridos do garoto e ambos puxaram-se para ainda mais perto. O calor aumentava assim como a respiração tornava-se mais ofegante, a cada novo toque mais necessitado, intenso em cada movimento realizado – perdido entre mordidas leves em lábios inferiores – e devotos demais ao beijo que a falta de ar era o que menos os preocupava.

No entanto seus pulmões gritavam por oxigênio entre suspiros audíveis e ambos precisaram ceder a algo que necessitavam mais do que um do outro. Hakyeon se afastou com um suspiro alto, sentindo o lábio ser mordido e puxado, quase gemendo baixo com tal coisa. Custou a abrir os olhos e avistar o mais novo o observando, até então não tinha reparado no quanto gostava da carinha boba dele, arrancando-lhe um sorriso genuíno.

— O que tanto você está olhando, Wonsik? — e o sorriso tornou-se mais provocativo, deslizando a ponta da língua sobre o lábio machucado. — Perdeu alguma coisa?

Hm... Talvez... — soprou rente aos lábios do outro, olhando-o fixamente. — Me ajuda a procurar?

Com prazer...

~~

O pôr do sol naquela tarde era composto por intensos tons de vermelho se mesclando com o laranja nas nuvens ainda escuras e o céu azul escuro, a cena era realmente muito bonita e vista naquela altitude apenas ajudava com todo o clima. Wonsik aproveitou que o mais velho estava na varanda, distraído olhando o céu e de costas para si, para aproximar-se por trás, abraçando-o pela cintura e beijando demoradamente a parte exposta do pescoço, recebendo dele um longo suspiro satisfeito como resposta.

O olhar percorreu todo o horizonte com certo receio, o sol começando a realmente desaparecer por entre as montanhas ao longe e o momento não poderia ser mais perfeito do que aquele.

Todos os dias eu abro os olhos de manhã... — Wonsik começou a cantarolar baixo, a voz se tornando rouca com facilidade por não estar acostumado. — A primeira coisa que vem na minha cabeça é apenas... você.

Hakyeon ouviu a primeira frase com uma ansiedade crescente dentro de si unicamente por estar ouvindo o garoto cantar, o coração começou a bater forte antes mesmo de ouvir a segunda parte e quando esta veio, não conseguiu permanecer de costas para o garoto, precisando virar para olhá-lo, mas ainda dentro do abraço.

Quando nós nos conhecemos e nos olhamos... — Wonsik uniu ambas as testas, olhando fixamente para os olhos do outro. — Quando nossos olhos se encontraram, mesmo que meu rosto estivesse queimando... Foi muito bom. — um sorriso trêmulo estampou seu rosto ao lembrar-se daquele dia de verão.

As mãos do mais velho foram de encontro ao peito do garoto à frente, sentindo as batidas aceleradas de seu coração, o sorriso que começava a se desenhar não sabia se permanecia discreto ou largo a cada palavra que o ouvia cantar e a única coisa que não podia negar é que o peito doía com a pulsação frenética do próprio coração.

Um dia sequer... Eu acho que eu não poderia viver sem você, amor... — os braços ao redor da cintura do outro se apertaram, acentuando o que cantava, puxando-o para mais perto de si. — Eu espero toda noite, quando o sol nasce pela manhã... Apenas o pensamento de que eu vou ver você... Me anima.

Wonsik... — o sussurro soou embargado, a respiração já mostrando os primeiros sinais da falta de ar, os olhos lagrimejantes tornavam tudo embaçado, o coração queria sair pulando de seu peito.

Ah, quando você olha para mim feliz em silêncio... — e Wonsik fez questão de desviar o rosto e deixar os lábios rentes ao ouvido de Hakyeon, continuando em um sussurro. — Eu me apaixono por você... — o sorriso de ambos aumentou consideravelmente, fazendo com que afastassem o rosto novamente apenas para se olharem. — Ah, mesmo quando você apenas olha para mim é incrível, eu quero ficar com você para sempre...

Wonsik levantou a mão direita até o rosto rubro de Hakyeon, secando a bochecha das primeiras lágrimas e selando seus lábios em seguida, ao mesmo tempo em que desejava se demorar ali apenas para continuar sentindo a maciez daqueles lábios, a música estava longe de acabar e queria cantá-la até o fim.

Como o sol, amor... Derrete meu coração com seu sorriso brilhante... — Hakyeon abaixou o rosto em meio a um riso nervoso, não sabia reagir ao que aquele garoto bobo estava fazendo consigo, mas ainda sim estava adorando. — Como o sol, amor... Brilhante, acende meu dia.

Rapidamente o indicador foi até o queixo do mais velho e levantou seu rosto com calma, pedindo silenciosamente com os olhos para que não desviasse o olhar outra vez.

Esses momentos que eu passo com você são incríveis, você fica envergonhado quando digo isso... — mas Hakyeon não conseguiu manter o pedido, escondendo o rosto nas próprias mãos, o sorriso fazendo o rosto doer, odiava como o mais novo o afetava daquela forma. —... Mas seu sorriso, quando você finge que odeia, mas na verdade adora, é muito lindo!

— WONSIK! — exclamou alto pela letra cantada o referenciar tão bem naquele momento, mas também gritou quando não sentiu mais o chão sob seus pés, segurando-se firme ao redor do pescoço do garoto com medo de cair.

Voando alto como Ícaro, eu ficarei com você... — a frase veio acompanhada de um giro, fazendo com que o mais velho se segurasse ainda mais forte. — Mesmo que você me derreta, a razão pela qual eu quero te agarrar é porque eu sinto sua falta... Pra caramba!

Wonsik o colocou no chão, mas ainda o mantinha perto, não queria perder qualquer reação vinda do rapaz que roubara seu coração, no entanto soltou a cintura para segurar o rosto alheio com ambas as mãos.

Eu quero ficar com você para sempre... Como o sol, amor... Derrete meu coração com o seu sorriso brilhante... — Wonsik repetiu as linhas que considerava mais importantes, os olhos se fecharam quando sentiu os pulsos serem segurados pelo mais velho. — Esqueça tudo, deixe tudo pra lá... Acredite em mim e me siga... Esqueça-se de tudo menos de mim... — os olhos se abriram devagar, sendo acompanhado pelo outro por puro reflexo. — Como o sol, amor... Como o sol...

Os olhos estavam embaçados demais para que pudesse enxergar com perfeição o garoto a frente, mesmo piscando várias vezes as lágrimas insistiam em cobrir sua visão, o estranho aperto no peito que tinha naquela manhã era algo que se lembrava vagamente, o coração palpitava, pulava uma batida e fazia o peito doer, a respiração também não estava das melhores, mas era isso que ouvir Wonsik cantar para si fez consigo. O rosto sorridente do garoto tornava tudo ainda mais encantador... Encantador, desde o primeiro momento, arrancando-lhe sorrisos com tanta facilidade que às vezes não conseguia acreditar e agora estava ali, sorrindo em meio a lágrimas.

— Você é a estrela que ilumina os meus dias, Hakyeon, desde o primeiro dia! Tornou-se meu último pensamento ao dormir e o primeiro ao acordar... Mas isso não basta mais para mim, eu quero dormir e acordar com você ao meu lado... — ao soltar o rosto do mais velho, pode ver nitidamente as próprias mãos trêmulas, afastou-se um pouco e ajoelhou a frente dele, tirando do bolso da jaqueta uma pequena caixinha e ao abrir revelou duas alianças prateadas. — Hakyeon, namora comigo?

As mãos e pernas trêmulas não conseguiam o manter em pé, os olhos brilhantes pelas lágrimas turvavam a visão e o coração acelerado tornava tudo mais sensível a sua percepção, tentava esconder o enorme sorriso com as mãos cobrindo a boca, mas era impossível conter tal reação. Hakyeon sem pensar muito se jogou nos braços do garoto ajoelhado a sua frente, sendo abraçado por ele antes de ambos caírem no chão e aquela poderia ser a confirmação silenciosa que ambos já tinham há muito mais tempo, mas os beijos que distribuiu por todo o rosto do garoto apenas ressaltavam tal coisa.

— É claro que sim, Wonsik... — sussurrou rente aos lábios antes de voltar a beijá-lo.