In a Heartbeat

Chapter 3 - Admiration


Autumn | Admiration

Respect and warn approval

Os primeiros raios de sol daquela manhã de sábado vazavam pela fresta na cortina da sala, atingindo o rosto de Wonsik e consequentemente o acordando. Lembrava-se apenas de ter deitado no sofá enquanto esperava o mais velho, mas visivelmente acabou adormecendo; olhou melhor ao seu redor sem ao menos ousar se mover, logo notando que tinha uma coberta sobre si, sorriu e ainda sonolento afundou o rosto no tecido perfumado. Se havia algo o cobrindo, certamente Hakyeon o tinha visto dormindo, conseguia vê-lo rindo e colocando a coberta sobre si, e apenas esse pensamento o fez querer permanecer ainda mais tempo deitado e com o rosto afundado naquele tecido.

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No entanto, sabia que por mais agradável que fosse estar ali, não poderia ficar por muito tempo, o mais velho logo acordaria e por este fato preferiu levantar e lavar o rosto para despertar de uma vez por todas.

A casa estava silenciosa – talvez por ter sido o primeiro a acordar – e isso lhe permitiu um pouco de liberdade, ao menos é o que pensava. O reflexo no espelho parecia cansado decorrente da sonolência matinal, mas o sorriso estampava seu rosto logo pela manhã e sabia que não desapareceria tão cedo.

Ao caminhar do banheiro à cozinha, observando com atenção os detalhes daquele lugar acabou por parar na sala novamente, a estante ali estava repleta de diferentes jogos, alguns filmes e livros, um console escondido atrás da porta de vidro logo abaixo da TV. Passou a ponta dos dedos sobre o título das caixas dos jogos, sequenciados e muitos até reconhecia, mas nada além de ver o amigo jogando, já que não conseguia se entender com algum controle por muito tempo; os livros por outro lado – o grande ponto de cor da sala monocromática –, se permitiu retirar um ou outro do lugar, olhando mais atentamente as capas, os títulos e as cores que o compunham. Não precisava se esforçar muito para ver Hakyeon debruçado sobre aquelas páginas amareladas, fazendo caretas enquanto reagia ao que era lido, e o sorriso de discreto aumentou gradativamente.

— Você tem um ótimo gosto, hyung... — comentou baixo para si mesmo enquanto se afastava em dois passos daquela estante, observando-a mais de longe.

Wonsik caminhou até o sofá, pegando seu celular e olhando o horário, assustando-se ao notar que era próximo das 9h, por quanto tempo ficou divagando? Precisou rir de si mesmo, conseguia ser tão desligado, que as horas passavam sem sequer notar e ainda com o aparelho em mãos, os olhos foram em direção à escada, imaginava que o outro permanecia adormecido em sua cama. Hakyeon havia sido gentil em permitir que dormisse ali, nada mais justo do que lhe fazer um agrado logo pela manhã, não é?

Lembrando-se do objetivo inicial e voltou a caminhar em direção a cozinha, já olhando ao redor em busca do necessário para preparar algo para o café da manhã. Sabia que Hakyeon adorava café e por sorte não foi difícil de encontrar, estava tão ao alcance que não duvidaria que a bebida fosse preparada com frequência. E apesar disso não sabia como o mais velho preparava, mas isso de modo algum o impediria, apenas fez um Wonsik sorridente preparar da forma que sabia, gostava de bebidas doces, só restava saber se o outro aprovaria tal coisa.

E enquanto preparava o café no andar de baixo, o aroma característico da bebida se dispersava até o segundo andar e despertava um Hakyeon grogue de sono. O rapaz olhou para os lados procurando seu celular, não era comum acordar sem o aparelho gritar em seu ouvido, mas ao olhar o visor percebeu que não fora isso que o tinha despertado. Sentado na cama procurou qualquer indício do que poderia tê-lo acordado, quando novamente a brisa soprou contra seu rosto, o fazendo suspirar com o aroma de seu néctar dos deuses. As lembranças da noite logo o arrebataram e a conclusão do que estava se passando foi clara.

Levantou-se com grande esforço da cama confortável, tomando o cuidado de pelo menos lavar o rosto para parecer um tanto mais apresentável e saiu silencioso de seu quarto, sendo guiado até o primeiro andar em busca de sua fonte de energia matinal. Encontrou Wonsik cantarolando enquanto arrumava algumas coisas, tão distraído que sequer notou que estava ali, parado rente ao batente da porta. Um sorriso agradecido estampou seu rosto, a visão do garoto preparando um café da manhã era encantadora.

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— Bom dia, Ravi-ssi... — disse baixo, finalmente entrando na cozinha.

A reação do garoto paralisando por um breve momento antes de levantar o rosto e avistar a silhueta do mais velho a sua frente foi no mínimo engraçada, ele soltou o que tinha em mãos sobre a mesa e caminhou ao encontro do outro tão determinado que freou a ação antes mesmo de realizá-la quando finalmente caiu em si. Queria poder abraçar o mais velho e afundar o rosto na curva de seu pescoço, mas Wonsik se conteve em apenas sorrir num misto de vergonha e alegria.

— Bom... Bom dia, hyung... — se atrapalhou nas próprias palavras, olhando para os lados algumas vezes. — Com fome?

— Bastante! — exclamou sorridente e passou por Wonsik enquanto se apoiava em seu braço, indo diretamente onde o café pronto se encontrava. Não perdendo tempo em encher até a metade uma caneca, sorvendo o líquido em sua boca no instante seguinte, o sorriso diminuiu um pouco enquanto olhava a bebida. — Doce... — constatou e olhou para o mais novo, visivelmente ansioso. — Está ótimo, obrigado.

Em silêncio Wonsik fez uma reverência exagerada e logo ouviu o riso do mais velho, sendo contagiado por ele e acompanhando o riso, bastando um simples gesto na direção da mesa e um olhar para Hakyeon, convidando-o ainda em silêncio a sentar-se e pareceu que os minutos se passaram rápidos demais, embora o pequeno desjejum não tivesse realmente demorado tanto – parte disso devido à falta de dialogo –, Wonsik passou mais tempo olhando Hakyeon do que realmente comendo alguma coisa.

E sua distração permaneceu mesmo quando estavam no sofá, a TV ligada em algum canal do qual pouco se interessava de fato, a programação mudava com o passar do tempo e o olhar vez ou outra se fixava no mais velho deitado com a cabeça em seu ombro e atento às imagens que passavam na tela – pelo menos é o que parecia. O dialogo praticamente não existia – salvo alguns poucos comentários sobre o que assistir em seguida –, o silêncio não era de modo algum incomodo e nenhum sentia a real necessidade de dizer alguma coisa, mas o riso de Hakyeon chamou a atenção, mas este apenas fez um sinal pedindo silêncio e apontou para a TV , no mesmo instante Wonsik entendeu o porquê.

Silêncios desconfortáveis. Por que achamos que é necessário tagarelar sobre besteiras para nos sentirmos confortáveis? — A personagem disse enquanto parecia morder uma cereja.

Realmente, era uma ótima pergunta, uma da qual também não saberia responder mesmo se tentasse muito. E depois daquela cena, Wonsik não conseguiu desgrudar os olhos do filme, cada cena o chamava ainda mais atenção e diferente de antes, agora era observado pelo mais velho algumas vezes, ansioso para ver sua reação ao que aconteceria na cena seguinte. Hakyeon havia assistido tantas vezes que se lembrava de cada cena com certa precisão e ver o mais novo reagir ao seu filme favorito era engraçado, principalmente as caretas que ele fazia quando surpreso ou confuso.

Mesmo adorando cada cena Hakyeon não pode evitar que terminasse, o garoto ao seu lado ainda olhava a tela desligada, tentando processar tudo que tinha assistido. O coração pulando uma batida e pulsando forte em seguida, causou um incomum aperto no peito, tão incomum que o fez abrir e fechar a boca na intenção de dizer-lhe algo, mas não estava conseguindo se expressar naquele momento. Não estava realmente ansioso para saber o que Wonsik tinha achado, na verdade não entendia bem o que sentia.

— A linha do tempo e as cenas são colocadas de uma forma que eu não tinha visto até então. — comentou o mais novo ainda olhando o nada, pensativo demais para ver a inquietude do outro.

— Você gostou, Ravi? — a pergunta soou receosa, por mais que não estivesse ansioso, mas acabou por se levantar e caminhar até a cozinha, não notando que foi seguido de imediato pelo garoto.

Ainda silencioso Wonsik ficou parado no batente da porta da cozinha, olhando na direção do outro, mas não prestando real atenção no que ele fazia. Estava bastante imerso nos pensamentos sobre o filme, não sabendo também como expressar a própria opinião; no entanto respirou fundo e bagunçou os cabelos, dispersando as ideias que começava a ter e focou no rapaz inquieto revirando o armário.

— É ótimo... — murmurou pouco antes de se abaixar ao lado de Hakyeon. — O que tanto procura, hyung?

— Eu queria fazer macarronada, mas não encontro a massa. — soprou irritado sentando no chão tal como uma criança fazendo birra, os braços cruzados e os lábios contraídos num bico apenas reforçavam essa ideia.

E eles se olharam por longos segundos, sérios e mudos como se estivessem dialogando apenas pelo olhar, mas tal coisa não durou muito, pois no instante seguinte ambos estavam rindo alto, os rostos rubros e nenhum poderia dizer com certeza do que realmente riam, apenas ficaram ali até perderem o fôlego.

— Hm... Talvez nem tudo esteja perdido... — Wonsik comentou enquanto observava a dispensa e assim que encontrou os ingredientes certos os levou para a bancada.

— O que você pensa que vai fazer?

— Macarronada, hyung! — disse sorrindo ao mesmo tempo em que puxava para cima as mangas da blusa. — Não é tão difícil fazer a massa, podemos fazer juntos, demora menos que sair para comprar.

Hakyeon o observou com os braços ainda cruzados e o lábio inferior mordido, incerto se aquela ideia era realmente boa – porém também estava animado –, mas não precisou pensar muito quando sentiu o estomago se revirar por um momento. Estava faminto, não poderia recusar ainda mais quando teria a oportunidade de ficar por mais algum tempo com o garoto.

— Pois bem, chef Ravi, vamos começar! — exclamou animado. — Mas antes... — levantou o indicador em sinal de espera e voltou até a sala, conectando o celular ao som e selecionando uma playlist da qual estava ouvindo no dia anterior, voltando para a cozinha enquanto cantarolava a música alta.

Embalados pela música que ecoava pela casa, Wonsik se animou com a ideia de preparar uma refeição com Hakyeon. Distraído e afoito como sempre foi, não contava com os próprios deslizes e enquanto ajudava o mais velho com a massa, acabou por sujar o rapaz com trigo. De imediato se afastou para constatar os danos, mas não conseguiu conter o riso ao ver a expressão furiosa do outro, a farinha contrastava com o tom de pele de Hakyeon e até diria que ficou “um charme sujo de farinha” se no instante seguinte não tivesse sido atingido.

— Como ousa me sujar? — perguntou ainda rindo, a expressão do outro de furiosa passou a divertida e isso só podia significar uma coisa em sua mente por vezes infantil.

Uma pequena guerra de farinha aconteceu em meio aos risos de ambos, parando apenas quando Wonsik abraçou o mais velho. E novamente ali estavam: abraçados e sujos, com alguma música estranhamente familiar tocando ao fundo. Hakyeon se afastou dele – sem desfazer o abraço, observando o rosto e cabelos sujos, mas o sorriso radiante que tinha gradativamente diminuiu, estava próximo demais do garoto, próximo ao ponto de sentir a respiração cálida contra o rosto. A proximidade afetou também Wonsik, que alternava o olhar entre os olhos e os lábios entreabertos do mais velho – como se estivesse admirando uma obra de arte emoldurada e exposta em um museu.

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Tanto Wonsik quanto Hakyeon não sabiam explicar de onde ou o porquê de sentir aquela tensão que os puxava para ainda mais perto, mas sentiam e isso os deixava tão confusos quanto a mais difícil incógnita do universo.

— A-acho melhor terminarmos logo... — Hakyeon sorriu sem jeito se afastando devagar do outro. — Ainda estou com fome.

— É... É, tem... Toda razão, hyung. — Wonsik murmurou enquanto tentava não engasgar com o que tinha acabado de acontecer.

Passado o incidente, o clima descontraído e animado mudou drasticamente. Olhares furtivos eram trocados e ao menor sinal de correspondência o rosto era virado para as mãos, evitavam certa proximidade a menos que fosse estritamente necessária e o silêncio entre eles reinava, o único som que ambientava tudo se resumia ao som das panelas, das facas e a música que ainda tocava. E mesmo assim o almoço foi finalizado com tanto êxito que Wonsik achou graça no fim.

— Comemos e depois limpamos tudo? — perguntou Hakyeon, já se sentando a mesa e colocando os pratos sobre ela.

— Feito. — concordou simples o acompanhando a mesa em seguida, não esperando que o mais velho falasse mais alguma coisa, servindo ambos com uma generosa porção, um agrado por todo trabalho duro.

Ambos comeram em silêncio, mas os olhares furtivos permaneciam atentos à reação um do outro. Wonsik se permitia sorrir discretamente ao ver o mais velho desfrutando da refeição, definitivamente os suspiros era uma afirmação muda do quanto estava gostando e isso o aliviava. E da mesma forma que durante o café da manhã, se demorou a terminar por ficar observando o outro, lembrando com clareza a primeira coisa que notou nele: os lábios. Não eram finos e muito menos retos, pelo contrário, eram bem desenhados sobre seu rosto e volumosos, harmônicos com todos os outros traços de seu rosto, por vezes se pegou rabiscando no canto dos cadernos tais lábios. Mas eles se tornavam ainda mais bonitos quando Hakyeon sorria, não conseguia colocar em palavras a sensação gostosa que sentia ao vê-lo sorrir, ainda mais quando era o motivo de tal sorriso.

Permaneceu tão imerso admirando o mais velho que tudo se tornou mecânico, não prestava qualquer atenção, apenas realizava a ação. Lembrava-se vagamente de terminar de comer, de tê-lo ajudado a arrumar e limpar toda a cozinha que sujaram com a brincadeira; ouvia a voz de Hakyeon no fundo de sua mente, tentando puxar conversa, mas as respostas que ecoavam não pareciam nenhum pouco consigo, eram mais frias do que o costume. Lembrava-se de ver o mais velho caminhar para o segundo andar a fim de se limpar e mais vago do que isso em sua mente, era o fato de estar de frente ao espelho, todo o corpo pingando o que restou da água que percorreu o corpo no banho.

Balouçou a cabeça para os lados e bufou alto, estava tão aéreo que não se reconhecia naquele momento, tratando de se secar o mais rápido possível, não sabia por quanto tempo ficou viajando enfrente ao espelho e também Hakyeon provavelmente estranharia a demora. No entanto, como nem tudo no universo caminha a seu favor, notou que apenas duas peças de roupa se encontravam consigo no banheiro, notou apenas quando já estava vestido da cintura para baixo, percebendo que não tinha uma camisa limpa para colocar. Bateu na própria testa por tamanha falta de foco, mas de qualquer modo aquilo era o que menos o preocupava em tudo, apenas organizou as próprias coisas e saiu do banheiro, os tecidos todos na mão e o tronco completamente desnudo.

Caminhou até a sala, constatando que o mais velho não estava ali e também não conseguia ouvir nenhum barulho que delatasse sua proximidade. Aproveitou isso para arrumar a mochila, guardando as roupas sujas após pegar a esquecida camisa entre suas coisas, mas o universo adorava rir da sua cara, fazendo com que um silencioso Hakyeon aparecesse na sala e paralisasse com a visão das costas nuas do garoto. De imediato tampou a boca para não emitir qualquer som, observando o corpo a sua frente sem muito pudor, os olhos delinearam as curvas que o físico em forma possuía e a tatuagem no braço e a outra no alto das costas e talvez o começo de uma em suas costelas, desviando o olhar apenas quando notou que os olhos desciam mais do que deveria — ao menos naquele momento. E nesses segundos que se passaram entre Hakyeon desviar o rosto e voltar a olhar, Wonsik se virou com a camisa em mãos dando de frente com o mais velho, que agora possuía uma expressão assustada.

Os olhos atentos pelo susto avistaram o que restava da tatuagem da costela e duas novas, uma em sua clavícula e a outra em seu pulso, ambos permanecendo estáticos e calados por longos instantes. Wonsik foi o primeiro a recobrar a consciência e reagir, vestindo a camisa em meio a um suspiro, e Hakyeon por sua vez continuou onde estava mordendo o lábio inferior enquanto olhava para os próprios pés.

— Desculpe por isso, eu... Eu me esqueci de levar a camisa... — se apressou em justificar o motivo de estar seminu até poucos segundos.

Hakyeon apenas começou a rir, aquele clima receoso o deixava nervoso, mas ainda se permitia sorrir verdadeiramente para o mais novo à frente; balançou a cabeça em uma negativa enquanto se aproximava devagar, o sorriso estampando seu rosto como se dissesse que estava tudo bem.

— Isso poderia ter acontecido comigo também, não se desculpe.

Foi tudo que o rapaz disse antes de passar por Wonsik e pegar o controle da TV, com um simples gesto convidou-o para mais uma sessão de filmes. Convite esse que foi imediatamente aceito, mas diferente da primeira vez, Hakyeon deixou que o mais novo escolhesse o filme, acabando por surpreender-se com a escolha.

Sociedade dos Poetas Mortos? — indagou confuso, já tinha ouvido falar de tal filme, mas nunca tinha se interessado por vê-lo.

— Vimos o seu favorito antes, agora veremos o meu. — disse sorrindo ao se aconchegar melhor no sofá, tendo em seguida um Hakyeon aconchegado a si.

A hora se passou calma e quando deu por si o dia já estava findando, pela fresta na cortina Wonsik pode ver o céu avermelhado, o filme em suas cenas finais apenas o entristeceu ainda mais, logo teria de ir embora e apesar do momento estranho de horas atrás, a companhia do mais velho era algo que gostava mais do que podia descrever. Virou o rosto para vê-lo ainda aconchegado em seus braços, os olhos atentos à tela sequer notaram, não se importou muito naquele momento se o mais velho se incomodaria, apenas encostou o rosto em seus cabelos, respirando profundamente e ao contrário do que esperava, não houve qualquer rejeição ao ato.

— Tudo bem, Ravi-ssi? — perguntou com a voz mais baixa do que o de costume, mas não houve uma resposta imediata, apenas um longo suspiro.

— Tenho que ir... — sua voz também estava baixa e ao se afastar, o sorriso era tristonho. — Pode não acreditar, hyung, mas já está escurecendo.

De imediato Hakyeon olhou para a janela, confirmando o que tinha ouvido e o suspiro que ecoou baixo também não era dos mais alegres. E novamente o silêncio imperando entre os dois e movimentos mecânicos ditando seus atos; Wonsik levantou-se do sofá indo buscar de sua mochila enquanto o mais velho desligava a TV. Ambos caminharam para fora da casa, o garoto indo em direção à moto estacionada logo a frente do imóvel, trocou o lugar onde estava o capacete pela mochila e logo se virou para o outro que se abraçava enquanto observava tudo em silêncio.

— Obrigado pelo dia incrível, hyung. — murmurou sorrindo ao parar a frente do outro. — Espero que possamos repetir algo assim no futuro.

Ah, Ravi-ssi, eu que tenho de agradecer, eu não tinha um final de semana como esse há meses. — o sorriso também estampava seu rosto, mas os olhos não se fixavam no garoto a frente. — Podemos repetir sim...

Wonsik não pediu permissão, nem mesmo raciocinou previamente sobre, apenas deu um passo a frente e envolveu os braços ao redor da cintura do mais velho, afundando o rosto na curva de seu pescoço como queria desde que o viu pela manhã. Para sua felicidade não ouve aversão, Hakyeon envolveu os braços ao redor se seu pescoço, se aproveitando para inspirar profundamente e ficar ali pelo tempo em que lhe fosse permitido. Os minutos andavam lentos, cada um parecendo um pequeno infinito, apenas prolongando o abraço que não queria se findar, mas Wonsik foi o que quebrou o contato e por mais que o sorriso fosse radiante, a vontade era de permanecer ali mesmo.

— Nos vemos segunda-feira, Hakyeon hyung... — foi tudo o que disse como despedida, mas acabou por deixar um beijo sobre a testa do rapaz à frente, subindo na moto em seguida.

— Até logo, Ravi...

Hakyeon murmurou, não sabendo ao certo se o garoto tinha o escutado, acenando enquanto o via dar partida na moto e ir se afastando aos poucos. O sorriso bobo e discreto em seu rosto juntamente ao coração acelerado pelo abraço e pelo beijo permaneceu por longos minutos, e com um longo suspiro voltou para dentro de casa.

E há quilômetros dali, um Wonsik ansioso mal podia esperar para voltar a ver o rapaz que possuía um sorriso radiante... E talvez, mas só talvez, que tenha conquistado seu coração em definitivo.