Semana 3: A primeira vez que cozinhamos juntos.
Capítulo 3: Massa a carbonara.

Todos meus problemas pareciam ter esperado um único momento para aparecer. Já fazia bastante tempo que estava separada de Anthony Moore, meu primeiro marido, mas desde a divisão das propriedades eu não andava bem financeiramente, empurrava minhas dívidas e até cheguei a vender vários de meus bens, mas nada disso estava sendo o suficiente. Eu não conseguia trabalhar como antes, pois queria dedicar tempo aos meus filhos e isso eu fazia muito bem, nunca perdi um jogo de basebol de Griffin e tínhamos uma ótima relação, assim como Bailey que morava comigo e passava o fim de semana com seu pai, Jamie Wollan.

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Apesar dos meus esforços para fazer as coisas irem bem, infelizmente antes mesmo da segunda temporada de The Foster’s começar a ser gravada, eu tomei uma decisão difícil: entrei com pedido de falência para o governo declarando que tinha menos de cinquenta mil dólares em ativos e dívidas superior a setecentos mil, obviamente que eu não me orgulhava de ter chegado a essas proporções e agora minha vida seria totalmente limitada. Nada de restaurantes caros, isso inclui limitação de saída, roupas e tudo que fosse extensivo demais. O governo receberia todo os extratos de transação para saber que eu não estava esbanjando enquanto devia eles e isso seria até que tudo estivesse sob controle.

Além das frustrações financeiras havia Sherri. Depois da primeira temporada e de todo o tempo que passamos juntas percebi que, ao menos para mim, era mais do que amizade. Eu sentia mais do que um simples carinho, ela era única para mim. Sherri era a mulher mais incrível e real que eu já havia encontrado naquele mundo Hollywoodiano e eu estava apaixonada por uma pessoa que estava fora do meu alcance. Eu estava tão envolvida nas cenas e no envolvimento dos personagens que usava Stef como meu alicerce e com o hiatos da temporada não havia mais motivos para eu ficar vendo-a todos os dias, e isso me deixava extremamente triste em casa, porém, muito pensativa a respeito das minhas decisões e do por que ter deixado chegar a esse ponto.

Tentando reaver a sanidade, eu ignorei Sherri por alguns dias, sendo rápida nas respostas e distante nas que não conseguia esquivar. Eu sabia que ela iria notar, porém, esperava que percebesse as minhas boas intenções de deixá-la longe de mim e mais perto do marido, mas a Saum me surpreendeu quando em um dia bem solitário, onde Bayley havia ido passar um fim de semana com o pai e Griffin tinha sido liberado para dormir na casa de seu melhor amigo ela bateu a porta do meu apartamento. Felizmente ou não, Sherri já estava liberada na portaria então eu fui pega totalmente desprevenida.

— Espero que tenha um bom motivo, Teri Polo. — Deus, ela estava furiosa e mesmo com meus um metro e setenta ela parecia bem mais alta e imponente. Encarei seus pés e fui subindo o olhar ainda surpresa com sua visita e também com sua beleza. Será que nunca vou conseguir recebê-la normal quando não estou a esperando? Foi assim na primeira vez que a vi e agora estava mil vezes pior depois de eu descobrir meus sentimentos. — E eu não vou embora.

Após passar meu olho naquela obra prima eu a encarei em dúvida e abaixei o olhar novamente para uma pequena bolsa que ela carregava na mão esquerda. Meu coração falhou, parecendo que o sangue que estava passando pela minha artéria tinha diminuindo uns três graus e depois escorreu para barriga que também estava gelada.

— Não seja boba, vá para sua casa, depois conversamos. Onde está Kamar? — Não queria ser rude, mas eu já estava sendo e mesmo assim, não adiantou.

Sherri me direcionou uma risada irônica e me afastou para entrar no apartamento, deixou uma garrafa do meu vinho preferido na mesa de centro ignorou minha fala e seguiu para o que pareceu o rumo do meu quarto. Será que ela não percebeu que estávamos cruzando a linha do limite? Eu fechei minha porta ainda surpresa, fiquei com medo de ir atrás dela então guardei o vinho e esperei que ela voltasse para a sala o que aconteceu logo.

O olhar que ela me lançou ainda era raivoso, mas eu só pude sentar no balcão que dividia a cozinha da sala e olha-la se movimentando pela minha casa, colocando as coisas que estavam fora do lugar em seu lugar. O fato dela saber onde guardar já era um sintoma grave de que tínhamos que ir com calma. Respirei fundo olhando-a de costas.

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— Sherri. — Chamei, mas ela me ignorou. — Sherri, olha pra mim… — Demorou um pouco mais ela levantou o rosto, não parecia mais furiosa, mas sim desapontada. Essa mulher vai acabar com meu coração. Me aproximei, tocando com carinho na maçã de seu rosto. — Me conta o que você ta fazendo aqui, mylove.

— Você estava me ignorando e eu não gosto disso. Não aceito você fazer isso comigo. — Colei nossas testas e passei meu braço ao redor da cintura dela abraçando-a com força, talvez até correndo o risco de parti-la no meio. Deslizei meu rosto para o ombro, raspando a ponta do nariz na lateral do rosto dela até chegar ao meu destino. O cheiro do seu cabelo cacheado tão bem cuidado entrando nas minhas narinas. Com delicadeza dei um leve beijinho em seu pescoço e pareceu que ela se arrepiou com isso. — Vou cozinhar para você e cuidar de você, não vai passar por isso tudo sozinha… Por que não me chamou?

— Achei melhor não te importunar com isso. — Disse após afastar meu rosto do pescoço dela, mas continuar com meus braços ao redor de seu corpo. Pra falar a verdade, estamos tão próximas que eu podia sentir a respiração dela e numa posição muito íntima.

— Você é muito cabeça oca.

Tive vontade de beijá-la mas não o fizemos, isso era um passo que não estávamos pronta ainda. Ficamos em um silêncio e depois Sherri me colocou sentada no banco e foi para a cozinha, prendeu os cabelos alto e lavou as mãos. Ela iria cozinhar para mim. Eu ri boba e apaixonada, passei a mão no rosto enquanto ela estava distraída para disfarçar minha expressão. Essa mulher era muito perfeita. Sem timidez ela abriu meus armários, buscando o que se podia fazer com os itens que ali tinha. Logo sobre o balcão já estavam todos os ingredientes.

— Vou ficar olhando de longe — Disse dando uma risada malandra, mas a frase não agradou nenhum pouco Sherri que levantou o indicador me chamando.

— Nem pense nisso, mylove. Quero você bem aqui…

— Para de tentar me seduzir, eu não vou cair nessa conversa mole… — Alguns minutos atrás eu estava desanimada e tristonha e no segundo que Sherri adentrou meu apartamento tudo mudou e eu já estava fazendo piada e o próximo passo era nós duas correndo para ver quem chega no banheiro primeiro para não fazer xixi na roupa.

— Pois você deveria cair, todas as vezes… — Resmungou fazendo bico enquanto eu me dava por vencida e me aproximava. Mal sabia ela que eu já tinha caído. Tudo era tão de duplo sentido, éramos ótimas amigas, mas e se fossemos algo mais? Seríamos mais que ótimas?

— Coloque duas vasilhas de água para ferver — Seguindo suas instruções eu peguei dois recipientes para ferver a água, coloquei em fogo alto enquanto Sherri picava os bacon’s em pedacinhos. Ela não havia pedido mais ajuda, porém, eu me mantinha perto em prontidão. — Não tem nenhuma música para ouvirmos? Tenho que fazer tudo mesmo… — Resmungou, e como ela estava resmungando.

Eu ri saindo da cozinha em busca do controle, ligando o som e deixando uma playlist agradável tocar. Quando voltei a cozinha, já estava na hora de retirar o macarrão do fogo e enquanto eu fazia isso o cheiro do bacon sendo fritado em minha frigideira dominou o cômodo.

— Pode colocar pra fritar aqui junto, pra deixar o macarrão com gostinho. — Sherri aprovou a ideia se erguendo a frigideira do fogo para derramar na vasilha que outrora havia fervido a água.

— Pegue o azeite e vá despejando de pouco enquanto eu mexo para não queimar…

E aos poucos, trabalhando juntas, fomos preparando nosso jantar. Nos movemos bem sincronizadas, éramos realmente compatíveis em tudo que fazíamos. Quando faltava apenas servir e o tempero com pimenta e sal a gosto já havia sido colocado eu busquei a mão dela para segurar na minha, ela não hesitou ou se mostrou ressentida com o quê meu movimento significa, simplesmente arrastei-a para o meio da cozinha, mas entendeu assim que identificou a melodia. Parecia que o aplicativo sabia bem o que fazer, pois era logo a música que mexia conosco. Meus olhos transbordavam de amor e as palavras saiam doce dos meus lábios, eu estava cantando para Sherri.

— She says I smell like safety and home — (Ela disse que eu cheiro a segurança e casa) Eu deveria me lembrar de dar parabéns para os responsáveis pela trilha sonora da série e agora também do meu sentimento pela minha co-star. — I named both of her eyes “Forever” and “Please don’t go” — (Eu nomeei seus dois olhos de "Para sempre" e "não me deixe") Infelizmente não beijei seus olhos como queria, mas passei o polegar em suas pálpebras que ela fechou com carinho enquanto exibia um sorriso. Estávamos dançando, para ser mais exato, balançando. Eu ri de nervoso, pois percebi o envolvimento e a química que estava rolando ali por isso perdi a próxima estrofe da música, mas o seguinte teve a voz de nós duas.

— This could be good, this could be good. — (Isso pode ser bom, isso pode ser bom) e continuamos a cantar, uma olhando para a outra sorrindo, eu estava arrepiando. - And I can’t change, even if I tried. Even if I wanted to… - (Eu não posso mudar, mesmo se tentar, mesmo se eu quiser) Sherri encostou sua testa na minha e sussurrou sozinha, pois eu perdi o fôlego e tudo mais que podia com aquela aproximação.

— My love, my love, my love, my love.

Estava totalmente tomada pela emoção, senti meu pescoço esquentar e imaginei que tivesse vermelho, meus olhos começaram a arder e logo uma lágrima iria aparecer. Nem tentei falar, pois saberia que minha voz rouca e toda tremida estragariam o momento, contudo, mais uma vez minha amada se manifestou, falando uma verdade que eu escondia dela: Ela me mantinha aquecida.

— She keeps me warm.