Rebirth | NamJin

Couldn't Put Me Together Again


Num piscar de olhos, Kim Chae-Won completou seis meses de vida e Namjoon definitivamente não estava preparado.

Chae era definitivamente um bebê ativo: aprendera que conseguia girar o corpinho para deitar de barriga para cima, começara a puxar coisas em sua direção (muitas vezes o cabelo do pai) e, se segurasse em algum lugar, conseguia ficar de pé.

Todas essas novidades, mesmo que maravilhosas, também traziam a tarefa de fazer a casa de Namjoon ser segura para a menina. Logo ela daria seus primeiros passos e depois estaria completamente “móvel”, e como todo o pai de primeira viagem, o Kim estava levemente ficando louco com todas as preparações.

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Numa hora dessas, agradeceu ao universo por ter conhecido Kim Seokjin, que não só veio o ajudar com a casa, mas também o fez ter um dia apenas para ele, sabendo o quanto aquela fase da vida de um bebê exigia dos pais, ainda mais de um pai solo como Namjoon. Por isso, designou Yoongi e Jimin para cuidar de Chae enquanto ele tentava evitar que o Kim se rebelasse e voltasse a trabalhar.

—Yah, se você se mexer de novo, eu vou te bater – ameaçou apontando o tubinho de tinta para cabelos na direção do mais novo, que ergueu as mãos em sinal de derrota.

—Não vou, hyung, eu juro!

—É bom mesmo – disse voltando a mexer no cabelo de Namjoon – me explica de novo porque vai tirar o cinza?

—Porque é muito difícil de cuidar, e eu não tenho tempo. Quando não tô de olho na Chae, tô trabalhando e vice-versa – suspirou cansado – o preto é muito mais fácil de cuidar.

—Você não anda pegando trabalho demais de novo, não é? – a carinha de culpado do mais novo o entregou – Kim Namjoon!

—Desculpa hyung! Eu só quero ter certeza que vou conseguir cuidar da Chae – Namjoon suspirou – Como produtor musical, eu sou um ótimo professor.

—Aish, eu vou te bater – Jin revirou os olhos, terminando de tingir os cabelos do outro – Você já viu o quanto Not Today fez sucesso? E Spring Day? Como produtor musical você é ótimo!

Ele retirou as luvas que usava, jogando-as no lixo já que não precisaria mais.

—E cuidar de Chae você já consegue! Cuidar de um filho não é sobre quantas coisas materiais você consegue dar a ela, mas sim sobre as memórias, os sentimentos, as tradições... Isso sim é ser um pai bom, e por experiência eu posso dizer que você é.

—Wow, hyung, eu... Obrigado – Namjoon disse baixinho – Eu não tinha pensado por esse lado.

—A gente sempre se compara com aquela ideia de superpai que temos na nossa mente, sendo que a única pessoa com quem temos que nos comparar é o nosso eu do passado – Jin sorriu para seu dongsaeng – Em seis meses, você aprendeu tudo, Namjoon-ssi, muitas vezes sem ajuda nenhuma. Se há alguma coisa que você pode ter certeza é de que você é um ótimo pai.

E sem querer, Jin abriu caminho para o coração recém-curado de Namjoon.

—Yoongi hyung – Namjoon chamou assim que o mais velho atendeu – Você falou com Jin hyung hoje?

—Jin? Não, não falei com ele. Por quê?

—Tínhamos combinado de sair hoje, mas já são seis da tarde e ele não apareceu ainda – o Kim andou de um lado para o outro nervoso, com Chae seguindo-o com os olhos.

—Já tentou falar com Taehyung? Espera, o Jiminie disse algo... – a linha ficou em silêncio por alguns segundos – Jimin disse que é improvável que ele saia de casa hoje.

—O que? Por quê?

—Isso você pergunta pra ele, Namjoon-ssi.

—Aish – o rapaz passou a mão pelos cabelos negros – Vou ligar para ele então, obrigado pela ajuda hyung.

Ele desligou o celular, lutando contra a vontade de jogar o aparelho na parede. Olhou para a filha, que tinha se entretido com os rasgos na calça de Namjoon.

—Seu tio Jin é muito complicado, Chae – disse olhando encantado para a menina – mas ele me ajudou demais para largá-lo numa hora dessas, não é?

Ela obviamente não respondeu, mas sorriu com a atenção que seu pai lhe dava. O homem sorriu de volta, dando um beijo na bochecha gordinha da menina, e Chae soltou um som de felicidade, não uma risada propriamente dita, mas definitivamente feliz.

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—Agora nós que vamos ajudar o tio Jin, okay? – Kim sussurrou para a filha, como se ela fosse entender, antes de buscar o número do mais velho no celular.

—Namjoon-ssi – a voz de Jin soou tremula quando ele atendeu – Eu tinha esquecido, sinto muito.

—Tá tudo bem, hyung? – o mais novo tinha trabalhado tempo demais com pessoas para não reconhecer o tom choroso na voz do outro.

—Tá, tá tudo bem sim, eu só – Jin fungou – não é um dia muito bom, sabe?

—Está em casa?

—Onde mais eu estaria? – o loiro riu trêmulo – Por que pergunta?

—Fique firme Jin hyung, eu e Chae logo estaremos aí para te presentear com o melhor “Time Contra Dias Ruins” do mundo.

—Aigoo, você é um bobo – Jin sorriu – Está falando sério?

—Destranque a porta hyung, nós estamos indo.

Namjoon levou quinze minutos para chegar à casa de Jin, encontrando a porta da frente destrancada. Era algo que ele sabia não ser hábito do mais velho, mas resolveu riscar a preocupação da sua mente dizendo a si mesmo que Jin apenas estava o esperando. Encontrou o interior do lugar escuro, e Jin encolhido no sofá, tendo uma manta sobre as pernas.

—Deixar a porta destrancada não é muito inteligente hyung – comentou, colocando o bebê conforto no chão para trancar a dita porta.

—Foi você que pediu – o mais velho deu de ombros – e eu estava com preguiça de levantar quando vocês chegassem.

—Percebe-se – Namjoon se moveu para abrir as cortinas na sala, iluminando o lugar em alguns instantes – Quer que eu faça alguma coisa?

—Tem café na cozinha, o Tae fez ontem – Jin suspirou – Se quiser pode pegar.

—Okay, o que está acontecendo? – o moreno buscou a filha no bebê conforto, a trazendo no colo até o sofá, onde se sentou ao lado de seu hyung. – Você normalmente não é assim.

—Hoje faz um ano – uma lágrima solitária desceu pela bochecha de Jin – Faz um ano que meu Hiroshi e minha Miyuki...

—Hyung...

—Era aniversário dela, sabe? E eu não consegui folga para levá-la até a casa dos pais dela – o mais velho começou a relatar e o outro se calou, sabendo que aquilo era um desabafo – Foram só os dois, de carona com um irmão da Miyuki.

Ele fungou, parando de falar para secar as lágrimas antes de retornar a sua história.

—Ela me ligou quando estavam voltando. Eu tava recém saindo da escola. Disse que os dois iam chegar logo depois de mim, então resolvi fazer uma festinha para ela. Comprei um bolo, flores, balões, tudo... – ele respirou fundo – mas eles nunca chegaram saeng.

—Hyung, você não precisa...

—Me ligaram pra avisar que Miyuki estava no hospital e Hiroshi... Meu Hiroshi não aguentou a batida – Jin apertou a manta em suas mãos tentando tirar um pouco da dor no peito – Meu Hiroshi, meu menino...

—Quantos anos ele tinha?

—Sete – o mais velho limpou o rosto – ele tinha sete, faria oito esse ano.

—E Miyuki? – Namjoon perguntou delicadamente, ninando a filha para que ela não acordasse.

—Dois dias depois. Ataque cardíaco – ele soltou as duas últimas palavras em um sopro só – Acho que o coração dela não aguentou ser separado do nosso Hiroshi. Ela era bem desse tipo, nunca soltava o menino.

—Eu sinto muito hyung. Não podia imaginar.

—O irmão de Miyuki me liga toda semana. Era ele quem estava dirigindo, e dizem que escapou por pouco – Jin suspirou – Um sobrevivente.

—Você também é – o moreno disse – Um sobrevivente, eu digo. Você recebeu golpes em uma área que médico nenhum consegue tratar, mas continua aqui, firme e forte... Você é um sobrevivente Jin hyung.

—Obrigado Namjoon-ssi – pela primeira vez no dia, Jin sorriu – Mas eu preciso do meu tempo de luto.

—Eu sei. De todas as pessoas do mundo, pode apostar que eu sei muito sobre não ter seu tempo de luto e remorso e pena de si mesmo. – o mais novo soltou uma risada fraca – Me deram uma notícia ruim enquanto jogavam um bebê no meu colo. Mas é para isso que eu e Chae estamos aqui hoje hyung. Para te dar esse tempo de luto, e para te alegrar um pouquinho, só pra não perder o costume.

—Aish, o que eu fiz na outra vida para ter alguém assim?

E talvez Namjoon não fosse o melhor em consolar, mas tudo o que Jin precisava naquele momento era alguém que ficasse ao seu lado enquanto as lembranças difíceis eram revividas.

E Kim Namjoon estava disposto a ser essa pessoa.