À Procura de Adeline Legrand

Visita Inesperada


Olhei aquela cena, torcendo para que Castiel tivesse percebido a gravidade da situação.

Denise já estava com os braços cercando a cintura dele, enquanto Castiel apoiava o queixo no topo de sua cabeça, acariciando os cabelos ondulados de Denise em suas costas.

Ela suspirou e se afastou dele, secando o rosto corado com as mãos. — Estou perdida...

— Aquele homem é...? — Castiel começou.

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— Sim — respondi. — Entendeu agora?

Castiel me olhou rapidamente, parando o olhar em Denise, compadecido. Suspirou. — Isso não vai ficar assim.

— O quê? — Denise o encarou. — Castiel, por favor, não complique ainda mais as coisas para mim...

— Não, senhorita, não irei. — Lhe lançou um sorrisinho de canto, segurando o queixo dela. — Espero ser seu herói uma última vez. Agora me deem licença que tenho uma entrega para fazer. — Se afastou dela, pegou a caixa e sumiu pelo corredor.

Uma última vez...? O que ele quis dizer?

— O que foi isso? — Denise indagou, perdida.

— Eu não tenho certeza, mas... Espero ser o que eu acho que é.

— Como assim?

Dei um sorriso a ela. — Depois ficaremos sabendo. Agora, por que não vamos para o meu quarto para você lavar seu rosto? Imagino que você não vai querer voltar para casa.

— Não mesmo.

Demos nossas mãos e subimos. Assim que entramos em meu quarto, Denise foi lavar o rosto no banheiro. Me sentei no banco, e assim que ela saiu, sentou ao meu lado.

— O que você acha que Castiel ia fazer...? — Ela perguntou, um pouco sentida e levemente ansiosa.

— Eu não sei... Ele disse aquilo de ser seu herói uma última vez. Ele já foi seu herói?

Ela sorriu, lembrando de algo. — Já. Claro que com coisas bobas, por exemplo, me salvando de baratas na cozinha, ou me ajudando com algo que eu quebrei e ele escondeu e me ensinou a agir como se nada tivesse acontecido... — O sorriso foi sumindo. — Mas eu estou preocupada sobre isso de ser herói uma última vez... Espero que ele não faça nenhuma bobagem...

— Castiel é mal-humorado, rabugento e tudo, mas não acho que ele faria algo que te prejudicasse... Temos que esperar. Algo me diz que logo saberemos o que ele fez.

— Você e suas filosofias, hein? — Ela riu, parecendo menos tensa do que antes.

— Você já me conhece, não é? — Eu ri, tentando deixá-la ainda mais calma.

— Claro que sim! Na minha lista de desejos, o segundo item é que você morasse aqui.

— É mesmo? Qual o primeiro item? Não se casar com René?

— Exatamente. — Nós rimos juntas. — Normalmente esses dois primeiros desejos sempre mudam, mas faz um tempo que estão aí.

Dei um pequeno sorriso, mexendo nos fios dela, e abracei seu ombro. — Ah, Denise... Queria poder realizar os dois.

— Eu sei... Você é incrível, sabia, Helô?

— Sou? Por quê? — perguntei, surpresa.

— Porque é. Você é uma mulher destemida, que não tem medo de nada... Enfrenta tudo o que precisa sem pensar duas vezes... E você me ensinou tanta coisa nesse pouco tempo que ficou aqui... Espero muito ser assim quando eu crescer.

Sorri. — Nem sou tudo isso, eu só faço o que acho que é certo, o que não significa que eu não pense antes de agir. Na maioria das vezes não penso — acrescentei e ela riu. — Mas quando a situação é importante, eu penso sim. Obrigada por pensar assim de mim.

Denise sorriu e me abraçou durante uns segundos, até que ouvimos batidinhas na porta. Nos separamos e eu olhei em direção a ela, como se pudesse ver quem era. Não queria que aquele momento fosse atrapalhado, então levantei, parando no meio caminho até lá.

— Quem é? — perguntei alto o suficiente.

— Sou eu, Heloise. — Ouvi a voz de Nathaniel abafadamente.

Arregalei os olhos e encarei Denise, que estava com um sorrisinho ansioso e malicioso.

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E agora?

— Deixe o entrar. — Ela sussurrou, levantando. — Eu me escondo no banheiro.

— Denise... — cochichei.

Ela balançou a mão e foi para o banheiro, fechando a porta silenciosamente. Encarei a porta, e respirando fundo, fui até lá e a abri, dando de cara com Nathaniel, com suas mãos atrás das costas.

— Boa noite. — Ele desejou com um pequeno sorriso. — Estou atrapalhando?

Senti as bochechas quentes ao mesmo tempo que meu coração já martelava meu peito.

— Claro que não. Entre. — Dei espaço, ele entrou, e eu fechei a porta.

Nathaniel andou, parando próximo ao banco e virou-se para mim. — Como você está?

Segurei meus dedos nervosamente. — Estou ótima, e você?

— Estou ótimo também. Como está indo o novo emprego?

— Muito bem... — Dei passos lentos, parando não muito perto dele. — Estou me saindo melhor do que esperava.

— É mesmo? Está conseguindo se aproximar de Adeline?

Fala baixo, Nathaniel!

Dei mais um passo em direção a ele, tentando pensar em um jeito dele falar mais baixo, sem precisar dizer que Denise estava ali ao lado.

— Sim — falei baixo, erguendo minha mão, e sem perceber, a coloquei em meu pescoço.

— Você está bem? — Estranhou e seu tom diminuiu um pouco.

— Eu... Sim, estou com um pouco de dor de cabeça, apenas — inventei na hora.

— Ah, sinto muito — sussurrou e se aproximou um pouco mais para que eu ouvisse.

Nos olhamos sem saber o que fazer, e meu olhar baixou para suas roupas. — Veio direto do consultório?

— Sim. Depois de pensar muito e decidir vir mesmo, não quis passar em casa.

— Por que pensar muito...?

Observei seu movimento de pegar algo do bolso da calça, e em sua mão, mostrou uma pequena caixa azul escuro, que me ofereceu. A peguei, sem entender muito e a abri, vendo que havia um anel com uma pedra branca oval centralizada, e outras menores ao seu redor, seguindo até certo ponto do aro dourado.

Minhas sobrancelhas se ergueram e encarei Nathaniel.

— Eu não estou te pedindo em casamento. — Ele sorriu, brincando. — E é por isso que quero te dar esse anel.

Gente...

— Como assim...?

— Esse anel era de minha avó, que foi pedida em casamento com ele. Ela sempre dizia que o passaria para algum de seus filhos, para que eles pudessem dar para suas futuras esposas, mas ela só teve filhas, e eu fui o próximo homem a nascer. Então, ela me deu umas semanas antes de falecer, e me disse que era para eu pedir a mulher da minha vida em casamento. E isso não vai acontecer porque ela não é desse século.

Meu cenho estava franzido, provavelmente eu estava fazendo uma careta de choro, já Nathaniel estava com um pequeno sorriso no rosto, como se já esperasse aquela reação.

— Mas... Nath... Você está dizendo que...

— Sim, que você é a mulher da minha vida. — Me interrompeu suavemente. — Você não pode ficar aqui, então não tem sentido eu guardar esse anel.

— Você não sabe... E se daqui a uns anos você se apaixonar por alguém? Irá se arrepender de ter me dado...

— Não irei, porque você foi a primeira pessoa que me fez me sentir assim. — Pegou minha mão livre e a levou até seu pescoço, pressionando meus dedos em um ponto específico, onde pude sentir seus batimentos acelerados. — A primeira pessoa que me fez ter vontade de demonstrar meus sentimentos... — Me soltou, mas continuei ali, aproveitando para acariciar seu maxilar.

— Por que você tinha que ser daqui...? — Minha voz quase não saiu.

— Eu também me pergunto isso... Aceite, por favor, Heloise.

Voltei a observar aquele anel e o tirei da caixinha, estendendo a ele. Nathaniel o pegou e colocou em meu dedo médio.

— Se quiser usar no anelar, não vejo problema, mas provavelmente todos irão perguntar quando será o casório. — Ele sorriu.

Eu ri, meio nervosa, meio apaixonada, meio tudo. — Tudo bem, não importa qual dedo é, o importante é o que o anel representa...

— Exatamente... — Nos olhamos. — E eu queria pedir perdão pelo outro dia.

— Sobre o quê?

Suas bochechas coraram levemente. — Por... ter agido daquele jeito. Por ter te beijado sem sua permissão. Sorri, me aproximando de novo, voltando a segurar seu rosto.

— Se eu te beijei, é porque teve minha permissão.

Ele sorriu e nos beijamos, enquanto sentia seus braços ao redor de minha cintura. Ficamos uns minutos daquele jeito, até que lembrei que Denise ainda estava no banheiro.

Finalizei o beijo e o olhei. — Você veio apenas para me entregar o anel?

— E te ver, obviamente.

Sorri. — Obrigada.

Nathaniel me deu um último beijo. — Melhor eu ir para casa, agora que cumpri meu objetivo.

Eu queria muito que você ficasse mais, mas hoje não vai dar. — Tudo bem. Nos vemos outra hora.

— Claro.

O levei até a porta, onde demos um beijo rápido de despedida, e ele foi embora. Fechei a porta e corri para o banheiro, encontrando Denise deitada na banheira vazia.

— Achei que tinha me esquecido aqui! — Ela riu, saindo de lá.

— Me desculpe, por um momento esqueci... — Mostrei o anel e ela arregalou os olhos, segurando minha mão para ver de perto.

— Ele te pediu em casamento?!

— Não, ele me deu o anel da avó dele justamente porque não poderá me pedir em casamento. — Mesmo dizendo, eu ainda não conseguia acreditar completamente.

— Santo Deus, Heloise...! Ele te ama!

Corei ao ouvir aquilo tão diretamente. — Acho que sim...

— E você ainda disse que não podia se envolver com ninguém, hein? — Deu risada.

— Não era para ter acontecido, mas aconteceu... — Mordi o lábio, encarando meu novo anel. — E eu não consigo não ficar feliz.

— As coisas poderiam ser mais simples, não é?

— Com certeza...