Bom, agora não adianta chorar. Já foi. Qualquer coisa é só eu voltar para casa e voltar para cá antes que eu fale. Eu acho....

Resolvi me trocar e ir logo devolver a roupa de Denise. Coloquei o vestido do meu primeiro dia e saí do quarto com o dela dobrado no braço. Desci para o térreo e parei no corredor, pensando onde ela poderia estar àquela hora da tarde.

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Devia ser mais de duas horas. Talvez ela estivesse na cozinha. Fui até lá. Aproveitei que a porta estava aberta e dei uma espiada, mas não a vi.

— Está procurando por Denise? — Uma mulher próxima da porta questionou.

— Sim, sabe me dizer onde ela está?

— Imagino que ainda esteja almoçando.

— Ah, claro. Obrigada! — Lhe dei um sorriso antes de sair dali.

Voltei ao corredor e fui para o pátio. Andei para a casa e assim que virei, vi todos sentados à mesa, me notando antes que eu chegasse perto.

— Você também está com dor de cabeça? — Castiel perguntou, debochado.

— Não. Por quê? — respondi, confusa.

— Porque Denise está. — Clarisse riu.

— Ai, parem de me encher! — Denise reclamou, debruçada sobre a mesa. — Eu não mereço isso.

— Claro que merece. — Castiel continuou a provocando. — Ninguém mandou passar do limite.

— Eu não passei do limite. — Se ergueu para encará-lo.

Dei risada. — Denise, seu vestido. — Ergui a peça em minha mão.

— Ah, sim... Vamos lá pegar o seu vestido. — Levantou e eu a segui para dentro. Na cozinha, estavam Oliver e Neville cuidando das louças. Passamos por ali e fomos para o corredor.

— Heloise? — Me virei, vendo Neville parado próximo a porta, com um pano nas mãos.

— Sim? — Parei, notando que Denise nem percebera que eu não estava mais a acompanhando, e foi para o segundo andar.

— Desculpe. — Hein? — Eu não disse como estava bonita ontem à noite. O elogio ficou apenas em minha mente e não consegui externar tal pensamento.

Por essa eu não esperava.

Fiquei sem reação e meu rosto corou. — Ah... obrigada.

Ele sorriu e voltou para a cozinha, me deixando ali parada. Despertei e subi, indo para o quarto de Denise. A encontrei sentada em sua cama, e me olhou quando entrei.

— Que cara é essa?

Puxei o banco de sua penteadeira e me sentei, deixando o vestido na mesa. — Neville acabou de me elogiar por ontem.

— Te elogiar? — Ficou surpresa. — Que tipo de elogio?

— Ele disse que eu estava bonita, mas não conseguiu dizer ontem.

Denise riu, colocando as mãos na boca. — Que fofo! Eu sabia que ele estava te olhando demais!

Eu ri, mas me concentrei em não me contagiar com a alegria de receber um elogio. — Não, Denise, eu não posso dar esperanças a ele.

Ela parou de rir. — Por quê? — Pareceu decepcionada.

— Porque não posso ficar aqui, preciso voltar para minha casa... E mesmo que eu venha te visitar... não daria certo.

— Ah... — considerou. — É uma pena... Estava gostando de ver vocês juntos.

Ora essa, estava sendo shippada com um Riviere. — Sinto muito. — Dei um sorrisinho para confortá-la e entreguei seu vestido. — Aqui. Muito obrigada por me emprestar.

Denise voltou a sorrir e pegou a roupa. — Por nada. Vou pegar seu. — Levantou e foi até seu guarda-roupas, e o abriu. Tirou o vestido dobrado e me deu.

— Obrigada.

— Por nada. — Voltou a sentar na cama, na ponta, próxima de mim. — Sabe... eu estava pensando em uma coisa que aconteceu ontem.

— No quê?

— Lembra quando entramos com Neville e Castiel?

— Lembro.

— Acho que você já tinha ido dançar com Neville... Enquanto andávamos, Castiel me segurou pela cintura, sendo que eu estava bem, e disse que eu “poderia rolar no chão” e ele não poderia deixar isso acontecer porque senão ia rir a noite inteira...

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Hmm... estou sentindo cheiro de shipp. — E depois?

— Quando chegamos perto das nossas famílias, ele me soltou, mas me lançava olhares a todo momento, de canto de olho, sabe?

— Sei.

— É que... foi estranho... O que você acha?

— Eu acho que... ele gosta de você.

— Quê?! Está doida, Heloise? — Franziu o cenho. — Isso é loucura.

— E qual outra explicação você tem para esse comportamento? — Segurei o riso.

— Ele... Ele... Não sei, ele pode ter bebido demais. Ele gostar de mim é impossível.

— Por quê?

— Porque ele está sempre caçoando de mim, sempre pegando no meu pé... Você viu agora mais cedo.

— Sinto lhe dizer, mas isso é um sinal de que ele gosta de você.

— E como você sabe? — Cruzou os braços.

Como poderia explicar que o Castiel do futuro também é assim? Que demonstra sentimentos enchendo o saco?

— Eu tenho um amigo que é assim. Ele gostava de uma menina, mas não admitia, porém, sabíamos porque ele adorava deixá-la irritada.

Denise olhou pelo quarto, pensando. — E se... ele gostar mesmo? O que eu faço?

— Você gosta dele?

Ela ficou corada. — E-eu não sei. Nunca gostei de alguém para saber como é.

— Bom, vejamos... Você se sente nervosa perto dele?

— Nervosa sim, ele me irrita muito.

— Não esse tipo de nervosismo, digo... nervosa de ansiosa. Parece que algo mexe com seu estômago, você fica com as mãos frias, o coração acelera...

— Eu realmente não sei...

— Então vamos fazer o teste agora. — Levantei e a puxei para o corredor.

— Não, Heloise, não estou preparada para isso! — Ela tentou parar, sem sucesso.

— Uma hora você tem que estar. Seja forte!

Descemos. Nem precisamos sair da casa. Castiel estava na cozinha junto dos outros. Empurrei Denise de modo que ficasse próximo ao Riviere mais novo e fiquei ao lado dela. Castiel nos olhou, estranhando.

— O que foi? — Denise ficou travada e desviou o olhar. Me segurei muito para não rir.

— Nada, só querendo participar da conversa. — Coloquei as mãos atrás das costas, fazendo cara de inocente.

— E por que eu desconfio de que isso seja mentira? — Deu um sorriso de lado.

— Você é muito desconfiado, não acha?

— Com certeza é! — Clarisse riu. — Desconfia de tudo e todos.

— Claro que não — retrucou Castiel.

Clarisse riu ainda mais e olhou para Denise. — O que foi, Denise? Ainda se sente mal?

— E-eu... estou melhor agora — disse rapidamente, vendo que todos a olhavam.

— Dá próxima você não a deixe beber mais de uma taça — falei para Castiel, que me olhou, não entendendo.

— Eu? Ela já é grandinha o suficiente, não precisa de alguém a vigiando.

Tentei blefar, o olhando como se ele não me enganasse. Castiel pareceu desconcertado e desviou o olhar e eu sorri, vitoriosa. Era óbvio que ele estava falando da boca para fora. Ele ficou de olho nela ontem sim!

— O que foi, Heloise? — Clarisse quis saber e eu parei de sorrir, lembrando que tinham mais pessoas ali.

— Nada.

— Acho que já está na nossa hora. — Castiel saiu do lugar. — Vamos.

— Por que a pressa de repente? — questionei inocentemente. Ele me lançou um olhar sério.

Parece que o jogo virou, não é mesmo?

— Precisamos voltar ao trabalho.

— Infelizmente. — Clarisse concordou. — A folga é só amanhã.

— Só folgam de domingo? Que pesado — falei.

— Bom, temos uma folguinha depois das três, já que o restaurante fecha — comentou. — Por falar nisso, por que você não vai lá em casa?

Vi de relance Castiel olhando para a irmã, como se não tivesse gostado da ideia. Mais uma oportunidade para encher o saco dele.

— Eu vou sim. Que horas?

— Pode ir as cinco, o que acha? Assim a Denise também pode ir. — Lançou um olhar amigável para a outra.

— Estaremos lá — afirmei.

— Ótimo! Até mais tarde, então!

Vi Castiel revirando os olhos antes de acompanhar a irmã para fora, seguido de Neville. Denise encostou na mesa de apoio e passou as mãos no rosto.

— E aí, como foi? — perguntei sussurrando, já que Oliver estava logo atrás guardando as louças.

— Eu fiquei nervosa só porque você falou! — exclamou baixo.

Eu ri. — Então você está precisando ser mais confiante com o que sente.

Ela suspirou e desencostou. — Vamos voltar para a pensão.

Combinamos de nos encontrar na recepção as quatro e cinquenta e cada uma foi caçar o que fazer.

No meu caso, fui para o quarto escrever um pouco e esperar as horas passarem. As quatro, tomei um café reforçado, já que não tinha almoçado, e esperei por Denise no horário combinado.