— Nós... deixamos ela com Oliver e fomos no banheiro e... — falei. — Quando voltamos esquecemos onde eles estavam.

— O vinho que fizeram vocês esquecer, não é? — Castiel cruzou os braços, rindo.

— Não exatamente, só não prestamos atenção onde tínhamos os deixado. — Nos defendi. — Não estão bravos por termos deixado ela com Oliver?

— Por que estaríamos? — Ele deu de ombros. — Confiamos nele.

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Ah, que bonitinho. — Bom, podemos ir procurá-los. — Calcei meus sapatos de volta.

— Vamos.

Levantamos e voltamos para dentro. Logo perto das danças, vimos os dois, junto de Kentin e os outros Riviere. Denise foi direto para lá, e Castiel a seguiu. Neville ficou ao meu lado quando parei, vendo a família de longe.

— O que foi? — Ele indagou, com um leve tom de curiosidade.

— Nada, só admirando sua família. É muito bonito como vocês são unidos à família dos Pierre.

— Nossos pais são amigos desde que eram novos. Os laços são fortes.

O olhei, concordando. — Realmente.

— Acho que já vamos embora... Gostaria de dançar uma última música comigo?

Me surpreendi com o pedido. — Por que não?

Ele pediu minha mão, e eu a dei. Me puxou para onde estavam os casais, já dançando uma música um pouco mais lenta, mas não menos animada. Me posicionei na frente de Neville e coloquei a outra mão em seu ombro, e ele segurou minha cintura. Começamos a nos mover, e ele até me girou.

Apesar da aparência séria, ele era divertido, só não mostrava para qualquer um.

Neville me girou mais uma vez e me inclinou para trás, se inclinando junto. Segurei para não dar um gritinho e me limitei a rir. Ele riu junto comigo e nos olhamos uns segundos, e mais uma vez fiquei corada pela beleza e charme dele. Devia ser óbvio que estava rolando um clima ali.

Se estivéssemos na minha época...

— Minhas costas — reclamei rindo, e rapidamente ele nos ergueu.

— Desculpe.

— Tudo bem. — Meu olhar foi para onde estava as famílias, e Castiel nos olhava, e quando me viu, acenou, como se dissesse que já estavam indo. — Eles estão indo. — Indiquei com a cabeça. — Vamos.

Neville pareceu hesitar, mas me seguiu para junto deles.

Infelizmente não posso deixar ir mais longe do que isso.

Esperamos nossas carruagens na entrada, que logo vieram. Primeiro veio a nossa, e antes que eu entrasse, vi Neville me olhando. Apesar de corar, tentei ignorar e entrei. Denise estava deitada no ombro de Oliver, já dormindo, e eu ri.

Clarisse tinha ido com sua família e seguimos o caminho quietos e cansados.

Assim que chegamos, desejei boa noite a todos e fui para a pensão. Entrei e tranquei a porta do quarto, tirei o vestido e os sapatos no caminho para a cama e me deitei, me enrolando nas cobertas e dormindo. Continuei a dança com Neville em meu sonho, enquanto sua família olhava.

Era uma sensação estranha, porque apesar de saber que eles olhavam, sentia como se outra pessoa também o fizesse. Alguém de fora. Assim que a dança acabou, procurei por alguém que estivesse espiando.

Achei.

Rosalya, Lysandre e Nathaniel nos observavam, segurando taças de champagne. Mas, algo chamou minha atenção, e percebi que no bolso do terno de Nathaniel havia um caderno. Um caderno azul.

Ele sabe.

Nathaniel tirou um celular do bolso e começou a falar com alguém, e eu tive a sensação de que era sobre mim.

Eu preciso ir, Neville.

Corri para fora, e quando sai, me deparei com o jardim da pensão. Entrei no prédio e fui para o quarto pegar minhas coisas. Juntei tudo na mochila, mas antes que eu saísse, Nathaniel entrou no quarto.

Não tem motivo para fugir, Heloise. Eu disse que a ajudaria.

Era mentira. É mentira.

Ele se aproximou e tomou minha mão, e deu um beijo demorado nela, olhando em meus olhos. Você precisa confiar em mim.

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Minha vontade de ir embora evaporou. Era como se eu pudesse mesmo confiar nele.

Nathaniel...

Acordei, permanecendo parada. Suspirei, sentindo os cheiros disponíveis no ambiente e só depois abri os olhos. O sol não batia mais diretamente no quarto, o que significava que estava tarde. Minhas pernas e pés estavam doloridos. Senti o estômago apertar de fome e resolvi me mexer para olhar o relógio.

Já passava de uma da tarde.

Caramba...

Me sentei, esfregando os olhos. Tentei lembrar do sonho, mas só me lembrava que Nathaniel estava nele, mais nada.

Preguiçosamente, sai da cama e fui ao banheiro. Lavei a cara depois de usar o sanitário e me olhei no espelho, vendo meu cabelo desgrenhado e a cara amassada de quem dormiu demais. Voltei e procurei minha escova e pasta de dente na mochila, só que não a achava. Resolvi jogar tudo em cima da cama, e aí os achei.

Escovei os dentes, larguei os objetos de volta na cama e abri a janela, respirando o ar fresco. Mal tinha percebido que o quarto estava abafado.

Cacei meu blusão do pijama e o vesti. Não pretendia sair do quarto por enquanto. Talvez até fosse dormir um pouco mais. Vi o vestido de Denise no banco.

Eu preciso ir devolvê-lo. Me dê forças, Deus.

Alguém deu alguns toques na porta. Devia ser ela. Fui até a porta e a destranquei.

— Eu já estava pensando em... — Parei de falar quando vi que era Nathaniel.

— Heloise... — Ele sussurrou, olhando para o resto do meu corpo. Pigarreou. — Desculpe, acho que não vim em uma hora oportuna.

Engoli seco. — É... tudo bem, entra. Só... não repara a bagunça. — Dei espaço.

Nathaniel entrou, com certeza reparando na bagunça. — A noite foi boa?

— Como assim? — Fechei a porta e o olhei.

— Eu te vi ontem, no baile. Duas vezes.... Uma estava andando com Denise, e na outra estava dançando com um dos Riviere.

Senti o rosto corar, mesmo não entendendo o motivo daquela reação. — Ah... eu não o vi.

— Eu imagino. Estava com um grupo de colegas.

De repente, me lembrei de uma parte do sonho. — Lysandre e Rosa estavam lá também?

— Não, nenhum dos dois.

— Ah... — Por que eu sinto como se tivesse feito algo errado?!

— Eu... — Andou pelo quarto, devagar. — Decidi vir vê-la pois... queria saber se estava bem. Mesmo tendo dito que estava bem na sexta, acabei por me sentir culpado, mesmo não sabendo se fiz algo errado.

— Você não fez nada errado, eu disse que estava tudo bem. — Fiquei um pouco mais perto.

Ele sentou-se no banco. — Desculpe, mas não me convenceu. Você não estava gostando do rumo da nossa conversa.

— Não é isso. — Me sentei no chão e cruzei as pernas. — Eu só... não queria falar sobre onde eu moro.

— É isso que eu gostaria de entender. — Foi para o chão também, sentando igual a mim. — Você não gosta da sua casa?

Esfreguei as mãos no rosto, tentando pensar. — Não, eu amo a minha casa, minha família, meus amigos. Amo tudo de onde venho. É que... é muito complexo explicar.

Nathaniel continuava me olhando pacientemente. — Que tipo de roupa exatamente é essa?

Olhei para baixo, vendo meu blusão e meu shorts. — Pijama.

— Todos usam pijamas assim de onde vem?

— Depende, existem muitos tipos. Calças, camisolas, outros dormem sem roupa.... Você não trouxe seu caderno?

— Não vim até aqui para fazer uma consulta, vim como amigo.

Dei um sorriso. — Estava mesmo preocupado?

— Sim.

Assim eu fico sem opção...

Suspirei e levantei. Nathaniel me observou indo até a cama e pegando um livro, e voltando ao mesmo lugar.

— Olha. — Estendi para ele, que o pegou.

— Um livro de... história? — Olhou a capa.

— Leia.

Nathaniel abriu e começou a folhear. Dava para ver sua surpresa primeiramente com o material do livro, bem diferente dos livros da época.

— O que exatamente você quer que eu leia?

— Acho que... — Peguei o livro apenas para procurar a página. Achei o que eu queria e devolvi. — Aqui. — Indiquei a página.

— ... Primeira Guerra Mundial? Como... — Leu com o cenho franzido, indo para os textos da primeira página. — Isso... isso é uma previsão do que vai acontecer? — Me encarou.

— Não. Isso vai acontecer.

— Como assim?

— Esse livro... é de dois mil e dezesseis. Ou seja, cento e cinco anos no futuro.

Ele me olhava como se não acreditasse no que eu dizia. Seus olhos desviavam, mostrando que ele estava pensando, ligando os pontos.

— Mas... isso não é possível.

— Se não fosse possível, eu não estaria aqui com você.

— Isso... — Olhou de novo para o livro, foleando algumas páginas.

— Por isso eu não queria falar de onde eu sou. Ninguém pode saber sobre isso, você entende?

— Que você... é do futuro?

— Sim. Estou aqui para fazer uma pequena missão, que não vai afetar diretamente a história, mas que pode mudar um pouco a vida de uma amiga. Precisamos fazer um teste e descobrir se vai mudar algo no futuro

Nathaniel piscou algumas vezes, ainda chocado, e eu rezei mentalmente para que ele não surtasse.