Por Obra do Acaso.

Capítulo 2- Algumas coisas não se resolvem com facilidade...


Diferente do que pensara, seus colegas de turma não estavam retornando para suas casas, dirigiam-se a um bar que ficava ali próximo com a desculpa de que havia sido um dia cheio. Após trocarem de roupas seguiram em direção a uma pequena ruela cheia de bares, ao ficar em frente a um com música muito alta entraram arrastando Celly a contragosto.

— Oiiiii...- Nick, murmurou enlaçando seu pescoço com seus fortes braços, seu hálito cheirava a bebida alcoólica. Aparentemente ele havia chegado ali antes dos outros e já havia enchido a cara. - Vamos nos divertir que meu estômago ainda está revirado! Sugeriu enlaçando sua cintura fina.

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— s-sim... quero dizer... vamos! Celly gaguejou com dificuldade, a aparência do rapaz a incomodava, as pupilas dilatadas em conjunto a face pálida eram um diagnóstico da ingestão de drogas. Mesmo após chegar a essa conclusão, ficou em silencio guardando-a para si.

— Vem Celly! Saiu de seus devaneios quando uma jovem de feições Filipinas a chamou puxando-a pelo braço em direção ao balcão onde outras garotas já bebiam divertidas. – Prova isso aqui! Disse isso colocando um copo com uma bebida colorida em sua frente.

— Se solta gata! A jovem continuou rindo enquanto retirava a camiseta que Celly usava para esconder seus ombros e braços. – Vamos... está parecendo uma judia!

— Sophia...- Chamou meio sem graça mudando de assunto. - O Nick... ele parece meio...

— Drogado? Ah Celly... você sabe que as pessoas fazem isso o tempo todo... não é tão estranho!

— Aquilo é heroína... ele pegou no hospital? A loira questionou baixo temendo chamar a atenção para o que estava dizendo. Caso alguém descobrisse, todos perderiam a bolsa.

— Se descobrirem...

— Acha que eu não sei! Sophia a cortou quase gritando. – Acha que não sei disso? Ninguém vai descobrir...

Sem saber o que fazer a loira limitou-se apenas a beber sua bebida em grandes goles por causa do nervosismo. Os grandes orbes verdes olhavam ao redor com preocupação, Nick não era o único que estava se drogando, havia outros em situações ainda piores.

— Vem cá... vamos nos divertir um pouco! Nick apareceu do nada, e a puxou pelo braço, jogou-lhe em uma cadeira e logo começou a prender uma borracha cirúrgica em seu braço prendendo a circulação sanguínea, tirou do bolso uma seringa pronta para aplica-la em sua intravenosa.

— Não! Me solta Nick! Celly pediu pronta para usar a força contra o amigo, aos poucos ia ficando cada vez mais desesperada ao ver a agulha afundando em seu braço. - Eu não me drogo!

— Ah qual é? Como se você nunca tivesse feito coisa parecida...

Depois de dizer isso, o liquido entrou na corrente sanguínea da loira que viu tudo escurecer de repente. Sentia-se enjoada e ao mesmo tempo leve, sua mente nublou como se estivesse inconsciente e tudo pareceu ficar em silencio.

Cambaleou lentamente segurando-se nas paredes sentindo mãos passarem por seu corpo, olhou em volta e viu que nenhum de seus amigos estava próximo, teve medo e começou a chorar enquanto ainda tentava sair dali. E então tudo apagou. Acordou com Sophia chamando-a apavorada enquanto a sacudia.

— o que aconteceu? Você está bem? Questionava, mas sua voz parecia distante e uma forte dor de cabeça acometia a loira.

Celly sentou-se com dificuldade e notou que estava no banheiro, e não sabia como chegara ali. Começou a apalpar seu próprio corpo vendo se estava bem, havia apenas um arranhão em seu joelho, certamente causado ao cair.

— como eu cheguei aqui? Perguntou sentindo medo do que pudesse ter ocorrido enquanto estava descordada.

— Você saiu se arrastando pelas paredes até aqui e eu vim ficar com você até que acordasse... esse lugar é cheio de tarados! Sophia sorrio tirando seus fios loiros dos olhos.

— Obrigada! A loira chorou abraçando a melhor amiga com força. – Vamos sair daqui? Não quero mais olhar para o Nick... aquele idiota!

Longe dali em um luxuoso flat, Tiranus encontrava-se deitado sobre o mesmo sofá de couro negro onde fora atendido por Celly. Respirou fundo, se recuperando dos ferimentos enquanto tomava um fino Borgonha, seu predileto.

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Seus pensamentos estavam longe, lembrando-se do descuido que poderia ter custado sua vida e aos poucos percebia pequenos detalhes que no momento lhe passaram despercebidos.

Um de seus clientes havia sugeridos a receptação das armas em um grande píer, e descuidadamente havia aceitado. Felizmente tinha bons homens e Sam, seu braço direito, era realmente um especialista em lhe salvar a vida em momentos delicados como aqueles.

Seu momento de paz acabou quando o som de vozes alteradas ecoou pelo cômodo, aparentemente, alguém brigava com seus capangas armados.

Levantou-se e foi até a grande porta de mogno fechando o roupão longo que usava. Ao abrir a porta a primeira visão que teve foi de Kouki gritando com Lucas, um de seus novos capangas, alto e musculoso o que o faz sorrir. Recostou-se ao batente e sorriu ao imaginar o quanto amava aquela criatura, que não temia nada.

— Não sei se você é corajosa ou doida! Um tapa desse cara e você ficaria em coma! Falou após alguns minutos apenas observando, ao ouvir sua voz a jovem virar-se para olhá-lo com raiva. Ao notar que Tiranus a conhecia, imediatamente o guarda-costas de cabelos negros a soltou, e a loira lhe deu a língua e entrou no apartamento junto ao namorado.

— Ele que tente e eu mato! Kouki praticamente gritou na cara do rapaz que se manteve em silencio com medo de Tiranus. – Porque diabos você não veio antes?

— Estava muito divertido te ver enfrentando um dos meus capangas...- Tiranus sussurrou passando o braço por seus ombros magros.

— Isso foi do tiroteio de ontem? Ela questionou abrindo o roupão para ter uma visão melhor dos curativos. – Que bom que acharam um médico a tempo!

Obviamente Sam mentira para a jovem dizendo que encontrara um médico e não uma medica jovem e atraente que certamente causaria uma crise de ciúme naquela maluca ruiva.

— Eu entrei nessa vida por espontânea vontade... e não foi grande coisa, já vi coisa pior! Ele explicou em desdém e voltou a tomar mais um pouco do vinho.

— Mesmo assim... não é algo que eu goste de ver! A loira suspirou abraçando-o. inicialmente não conseguia cobrar nada a ele, mas aos poucos sentia-se mais confiante dos sentimentos dele por si. E inclusive sentia-se segura próxima a ele.

— Me desculpe... sei que estou te assustando! Tiranus sussurrou beijando-a com paixão enquanto a arrastava em direção ao sofá onde estava antes.

— Acho bom mesmo! A ruiva sorriu convencida tomando-lhe a taça para provar um pouco da bebida. Tiranus tinha um excelente gosto para vinhos.