JeonHee resolveu caminhar nesta tarde.

Com seu moletom, capuz e sua própria companhia, sentia-se confortável para este dia de chuva; não evitaria em sentir as frias lufadas de vento e sabia que logo estaria completamente molhado.

Ser feliz era o que buscava como a necessidade que todos temos em levar o ar para os pulmões.

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O frio excessivo daquele clima acinzentado dificultava sua respiração e JeonHee puxava o ar cada vez mais fundo expirando pesadamente, pondo para fora parte do peso que sentia em seu peito. Sozinho, com ambas as mãos nos bolsos da calça, não preocupava-se com as poças. Elas pareciam inevitáveis em sua vida. Nunca as pulava ou desviava. Respigar-se com aquela água turva parecia, para ele, ser a melhor opção, provando assim, a existência daquele momento para então seguir adiante e continuar seu caminho.

Assim como o frio, a busca pela felicidade também o sufocava às vezes. Mas, do mesmo modo em que aquelas lufadas fazia-o sentir-se bem, necessitava do reconfortante frescor do inverno enquanto fingia proteger-se do mesmo com o seu fino moletom de algodão. Necessitava ter a esperança de dias felizes. Na verdade, isto no fundo já o bastava. Ter a espera(nça).

JeonHee considerava-se feliz em saber esperar que uma formosa pétala de cerejeira pousasse em sua mão, como uma borboleta que tira uma soneca em nosso ombro nos fazendo a mais singela companhia.

O rapaz parou levantando a cabeça, com os olhos fechados sentindo as leves gotículas derramarem-se em sua face. Respirou profundamente e mais uma vez, seu coração aliviou-se. Seria este um vislumbre da felicidade que sonhava experimentar? Ah, esta paz o tocava... E fazia cócegas em seu peito.

Continuou sua caminhada desejando ser alguém melhor, sem medos ou angústias e observando ao seu redor com os olhos curiosos, porém serenos, viu o quanto sua calma presença contrastava com os passos rápidos daquelas pessoas sempre preocupadas em manter-se seguras. Os tantos guarda-chuvas formavam coloridas árvores andantes tornando aquele momento menos cinza e JeonHee entendeu que os dias de inverno eram sempre acompanhados pelo reconforto do abrigo.

As cerejeiras não perdiam suas folhas, as renovava a cada primavera e renasciam mais bonitas na espera(nça) de mais uma nova estação.

O jovem JeonHee também cansava-se de sua realidade, mas sabia que este sentimento logo daria lugar à doses maiores dessa espera.

Trovejou fazendo-o encolher-se ajustando o capuz sobre a cabeça. Seu cabelo respingava copiosamente e sua roupa ficava gradativamente ensopada.

Tendo apenas a si mesmo como única companhia, o belo JeonHee, então, não ousava mentir: sabia que sentia-se em uma longa transição deste inverno que parecia não ter fim e ao qual, ele já se acostumara, mas compreendia que os dias frios são acompanhados sempre pelo reconforto do abrigo e ele sabia onde refugiar-se. À quem refugiar-se.

JeonHee sorriu.

Ele não estava sozinho.

Com os olhos cerrados, estendeu uma das suas mãos em meio aquela chuva e incessantes lufadas e, acompanhada de um raio de sol, pôde sentir o perfume de uma delicada flor de cerejeira pousar em sua palma aberta.

Com a outra mão posicionada sob a própria nuca confortavelmente, JeonHee, deitado em seu quarto, abriu novamente os olhos, saindo finalmente de seus devaneios e inverno interior.

Levantando-se, guardou a delicada e perfumada flor em um livro mirando, em seguida, a paisagem para além da janela.

Já era primavera lá fora e o sol ameno iluminou a face do belo rapaz que sorriu tranquilo, em meio à um suspiro.

JeonHee resolveu, então, caminhar neste fim de tarde.

E tudo parecia diferente.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.