Assassin's Creed: Colony

"A Libertação de Roma começou."


Itália, cidade de Roma, ano de 1503

A Piazza Navona*(1) fervilhava naquele dia, ainda que o mercado tivesse se esvaziado bastante quando surgiu o corpo da guarda, composto por homens truculentos que ostentavam a insígnia infame da família Borgia.

Vindo da parte extrema do sudoeste da praça, os soldados passaram ao lado da célebre estátua falante de Pasquino, dessa vez sem dar tanta importância ao busto não exatamente esculpido de forma primorosa, mas que servia aos propósitos do povo; as statue parlanti di Roma*(2)originalmente seis, espalhadas por pontos estratégicos e principais da cidade — eram utilizadas como uma espécie rudimentar de quadro de avisos, onde os cidadãos anonimamente pregavam sátiras em formas de poemas e gracejos repletos de críticas a cardeais, papas e nobres opressores.

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Era a forma que encontraram de tentar protestar contra tiranos, tal como o profano Rodrigo Borgia, eleito Papa Alexandre VI no ano de 1492, assim como seu filho, o duque Cesare Borgia, comandante dos exércitos papais, e toda sua corja de asseclas, que aterrorizavam e destruíam Roma, submetendo os cidadãos à sua vontade e caprichos.

Naquele dia especialmente o busto de Pasquino ostentava uma série de gracejos ácidos e impropérios dirigidos ao papa e a seu filho Cesare Borgia. Um mercador insatisfeito esperou que a guarda estivesse justamente ao lado da estátua falante para arremessar propositalmente contra o busto, com toda a força, um tomate podre, que explodiu e lançou respingos sobre os soldados.

Do alto de seu cavalo imponente, envergando sua pesada armadura de capa vermelha esvoaçante, o capitão Borgia lançou um olhar enviesado cheio de descontentamento e fúria em direção ao agressor, mas não disse nada. Limpou os respingos e sementes de tomate da barba castanha com a manopla de aço e prosseguiu a marcha. Tinha ordens expressas de expulsar de vez determinado mercador da piazza*(3). Mais tarde lidaria com aquele arruaceiro engraçadinho.

Abrindo espaço rispidamente entre a multidão, os guardas contornaram a praça ocupada pelo mercado, a qual tinha formato de arena, e onde, em sua época de construção tempos antes, foram realizados espetáculos envolvendo gladiadores e corridas de biga.

Chegaram finalmente ao ponto onde desejavam: uma barraca de peixes e verduras, pertencente a um rapaz alto e franzino que os olhava com seriedade, procurando se manter sereno e dono de si.

— Ettore Sparviero. — bradou o capitão Borgia sisudo, desenrolando um papiro marcado com selo papal — Você foi avisado para deixar este lugar. O mercado da Piazza Navona, por decreto de Sua Santidade, o sacrossanto Papa Alexandre VI, agora pertence à dinastia Borgia e aos que lhes são fiéis. Acreditávamos que, ao punir seu pai, você entenderia a situação. Posso ver que a teimosia é algo herdado de família entre vocês, já que está aqui mais uma vez, desobedecendo às ordens de Vossa Santidade e do digníssimo padrone*(4) Cesare. Desafiando autoridades que são legítimas. Por esse crime, prepare-se para receber sua punição.

— Eu estou apenas trabalhando aqui, messere*(5). — defendeu-se o jovem, indignado, lutando contra as lágrimas — Somente garantindo o meu pão, assim como o meu pai fazia quando vocês o mataram aqui mesmo há duas semanas. Meu desejo não é desafiar ninguém, nem a lei, nem o santo padre. Não vejo crime algum no que faço aqui. Apenas vendo peixes, os quais eu mesmo pesco durante a noite no Rio Tibre, e verduras que minha irmã Giuliana e eu cultivamos em nossa própria horta. Melhor dizendo, o que sobrou, porque os senhores têm saqueado minha barraca constantemente, alegando que o melhor deve ir para o papa e seus homens. Repito: não me considero um criminoso por estar aqui. Apenas estou tentando trabalhar para sobreviver.

— Que faça isso em outro lugar. — rugiu o comandante, irredutível. — Ou arque com as multas e os impostos que te foram estipulados.

— Qual lugar? E com que dinheiro, ser capitano*(6)? Não tenho para onde ir, nem como pagar taxas tão altas. Meu pai foi mercador nessa piazza durante toda a vida, e me ensinou o ofício. Se sair daqui para mudar de distrito, terei que conquistar outra freguesia do zero. Minha irmã e eu somos órfãos, uma vez que nos tiraram nosso pai, e Giuliana tem problemas de saúde que nenhum dottore*(7) é capaz de solucionar. Temos gastado nossos últimos ducados na esperança de aplacar um pouco suas dores. Por isso, imploro: Não me expulse daqui.

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— Isso não é problema meu, filho. — retrucou o capitão Borgia e sua voz soou tão metálica quanto sua armadura — Meu dever é cumprir à risca as ordens de meus superiores.

— Se tirarem minha fonte de sustento, aonde eu irei? Terei que roubar ou mendigar para obter meios de sobreviver com minha irmã.

— Para os ladrões, há a forca. Para os mendigos, há a sarjeta e a compaixão do povo. Você escolhe. Sua família devia ter pensado nisso antes de se opor aos Borgia. Agora, seja homem como seu pai foi, e lide com as consequências.

Dito isto, um dos soldados se adiantou para chutar o apoio da rústica barraca, sendo logo imitado por outro, que derrubou a bancada. A barraca se desmantelou de imediato, o toldo se amarfanhou, a madeira de sustentação rachou. Peixes e verduras frescas vieram ao chão, sendo imediatamente esmagados sob os pés dos guardas, que riam enquanto causavam a destruição do patrimônio restante do rapaz.

— Não façam isso! — gritou Ettore antes de se jogar contra um dos guardas, mas seu corpo franzino nem abalou o alvo. Em resposta, ganhou um safanão e caiu, meio aturdido.

Apesar disso, levantou-se resolutamente, enxugando o sangue dos lábios com uma mão, enquanto a outra procurava na cinta a adaga que pertencera a seu pai, Marchiori Sparviero, um homem trabalhador, honesto e de conduta exemplar, que perdera a vida naquela praça dias antes, perecendo a fio de espada devido à tirania Borgia. E agora Ettore parecia prestes a ter o mesmo destino.

Ainda assim, não hesitou. Empunhou a adaga apesar das mãos trêmulas e destreinadas, desafiando os agressores.

Os soldados, um total de seis além do chefe da guarda, riram e debocharam da cena. Inclinando-se na sela, o capitão Borgia disse ao ouvido de um de seus homens:

— Façam isso rápido, e sem muita sujeira. Depois, vão até a casa do falecido Sparviero e tragam para mim a bela Giuliana. Aquela pequena tem curvas deliciosas, e quero me divertir muito com ela antes que a vendamos por um bom preço aos mercadores de escravos. Hai capito?*(8)

O soldado assentiu. Sim, ele tinha entendido perfeitamente.

Satisfeito, o capitão esporeou sua magnífica montaria e cavalgou até o extremo da praça, indo intimidar outra família de mercadores que também se recusava a deixar o lugar.

Ettore Sparviero passou a língua pelos lábios ressecados e se preparou para morrer. A mão segurava com firmeza a adaga, ao passo que os guardas o cercavam, meia dúzia de homens atléticos exaustivamente treinados para a guerra, protegidos por armaduras caríssimas e que agora sacavam suas pesadas espadas, forjadas pelos melhores ferreiros de Roma a serviço da Guarda Papal.

Os cintilantes olhos verdes do rapaz se apertaram, percorrendo a piazza de um lado a outro. Viu poucas pessoas assistirem à cena. Algumas apiedadas pela situação, outras apenas atemorizadas. Havia muitos insatisfeitos, que xingavam os guardas e atiravam tomates à distância, mas não podiam fazer muito mais que isso. Bastante gente preferiu se retirar, evitando presenciar o banho de sangue inocente que estava para acontecer.

Roma definhava a olhos vistos, não era minimamente a sombra da cidade que um dia realmente fora.

Olhando para ela agora, ninguém diria que ali já tinha sido considerado o centro do mundo civilizado. Transformara-se em um lugar doente, que sucumbia dia após dia, corroído pela ambição e despotismo dos Borgia.

Em toda parte se viam lojas fechadas, mercados quase vazios, distritos inteiros praticamente abandonados, monumentos, fontes, termas e prédios em ruínas. Os cidadãos de Roma, que em tempos gloriosos chegaram a quase um milhão e fizeram dali indiscutivelmente uma das maiores cidades já existentes até então, estavam reduzidos agora a apenas cinquenta mil almas perseverantes e oprimidas. Triste retrato do coração de um antigo império que agora jazia decadente sob escombros.

A maioria dos mercadores expulsos da Piazza Navona e de outros pontos de venda preferia se mudar. Não apenas de distrito, mas de cidade. Deixavam tudo para trás e buscavam recomeçar a vida em locais menores e mais tranquilos, afastados da opressão papal centralizada em Roma. Os que se recusavam a isso tinham o mesmo fim que a família Sparviero estava sofrendo.

Uma mecha de cabelo loiro e liso caiu sobre os olhos de Ettore, e ele a afastou com a mão. Chegara o momento. Morreria, mas morreria lutando. Adiantou-se um passo e estocou reto, desajeitadamente tentando apunhalar o guarda mais próximo. O oponente se desviou com facilidade e soltou uma gargalhada de deboche, sendo imitado pelos companheiros.

Era isso. O fim estava próximo. Ettore levantou os olhos e murmurou:

Dio mio, ti prego, aiutatemi...*(9)

O céu muito azul sobre Roma estava quase livre de nuvens naquele início de tarde, e foi de lá que a resposta para a prece de Ettore parece ter vindo.

Primeiro o jovem mercador teve certeza de ouvir uma águia guinchar em algum lugar acima deles. Segundos depois, uma sombra esvoaçante desceu como um raio das alturas, bem em cima do corpo da guarda.

Com ambos os pés usou a força da queda para golpear as costas do primeiro inimigo, e então se ouviu o som sinistro de algo que estalava, em parte denunciando a destruição da armadura, em parte anunciando que diversas costelas do guarda se partiram com o impacto. O soldado imediatamente vomitou uma espuma sanguinolenta, sinal de que as costelas quebradas muito provavelmente perfuraram-lhe o pulmão. Já estava praticamente morto ao tocar o chão.

Antes que os guardas se refizessem totalmente, o homem que despencara no meio deles se moveu de novo, e Ettore o viu, dessa vez nitidamente: era esbelto e forte, trajava uma túnica branca nova de linho dotada de detalhes em vermelho, com uma capa elegante e também branca, de verso vermelho, fixada sobre o ombro.

Calçava botas de couro espanhol. Envergava peças de armadura prateada, como um peitoral rebrilhando de tão novo, cinturão, braceletes de aço. Havia uma infinidade de facas para arremesso presas em seu cinturão, além de uma adaga e uma formidável espada na cintura.

O homem usava um capuz branco, cujo interior acetinado tinha a cor vermelho sangue, terminava em uma ponta parecida com um bico de águia e lhe encobria boa parte do rosto. Apesar disso, o feirante romano viu um queixo anguloso, marcado por uma barba escura bem cuidada. Havia uma falha da barba no canto do lábio superior, o qual estava contraído em um meio sorriso homicida.

Estendendo e flexionando um dos braços, o guerreiro misterioso liberou em seu punho esquerdo uma lâmina, que até então se mantinha oculta na braçadeira.

A lâmina exposta era retrátil, exatamente como a garra de uma águia, e sem cerimônia ele a afundou nos guardas. O da direita recebeu um golpe na garganta, bem na altura do pomo-de-adão, e logo em seguida o soldado da esquerda sentiu o aço penetrar fundo o lado de seu pescoço, exatamente onde a malha metálica não o protegia.

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Sangue quente jorrou.

O guarda atingido no pescoço caiu sem ruído. Já o que teve a garganta seccionada, gargarejou macabramente o próprio sangue antes de tombar morto aos pés do inimigo.

Vendo o que acontecia, um dos soldados conseguiu confiscar o cavalo de um passante e fugir a galope.

Restaram dois guardas, que apesar de atônitos, atacaram a um só tempo, esperando assim superar o hábil adversário. O homem de capuz bloqueou ambos os golpes com facilidade, simplesmente sacando e erguendo sua espada depois de recolher a lâmina oculta tinta, da qual ainda gotejava o sangue.

Feito isso, deu um passo graciosamente para o lado e com dois movimentos letais derrubou os guardas restantes, embainhando novamente a lâmina na cintura. Mortal e elegante como um toureiro.

Ettore não podia crer no que via. O recém-chegado, bem menos corpulento que os soldados papais, derrubara cinco deles com extrema facilidade, tal qual um adulto que duelasse com crianças. Parecia flexível como um junco, embora forte como um touro. Jamais o jovem mercador vira esgrimista tão habilidoso em ação. Então, olhando para algo atrás de seu salvador, Ettore arregalou os olhos e gritou alertando:

— Cuidado, messere!

Surpreendentemente o guerreiro encapuzado estava sorrindo.

Respingado pelo sangue de seus inimigos, ele girou o corpo sem pressa ao passo em que levava as mãos à altura de seu cinturão. Atraído pelo alvoroço que a luta causou entre os presentes, o capitão Borgia se aproximava a todo galope, espada erguida acima do elmo ornado com um penacho vermelho. Furioso, estava prestes a partir ao meio o homem que dizimara sua unidade tão facilmente.

Figlio di puttana!*(10) — berrou o oficial com o rosto desfigurado pela ira, inclinando-se na sela para atingir o inimigo, que estava agora bem perto.

Antes, porém, que o fizesse, o encapuzado atirou, com arrepiante precisão e a um só tempo, duas de suas rebrilhantes facas balanceadas, próprias para arremesso.

Um par de buracos sangrentos surgiu imediatamente no lugar onde costumavam estar os olhos do capitão Borgia. Uma substância branca, leitosa e sanguinolenta escorreu das órbitas crivadas pelas lâminas e o soldado romano, em choque, escorregou já morto da sela de seu cavalo. Antes que o animal tivesse chance de escapar, o homem de capuz se adiantou, segurando-o pelas rédeas.

Voltou-se então para Ettore, que se encontrava meio ajoelhado.

Estendendo com elegância a mão livre, o encapuzado intimou com voz firme de barítono:

— A Libertação de Roma começou! Se quiser fugir, faça-o agora. Mas se desejar ficar, lute ao meu lado e me ajude a vencer esses tiranos.

Aceitando a mão oferecida, Ettore se levantou enquanto respondia:

— Estou cansado de fugir e me esconder, meu senhor. Como salvou minha vida, ela te pertence agora. Permita-me servi-lo. Ensina-me, e serei seu melhor soldado contra esses bastardi*(11) Borgia!

Assentindo, o homem do capuz disse:

— Rápido, suba na garupa desse cavalo. Precisamos deixar a área o quanto antes, porque o pezzo di merda*(12) que conseguiu fugir reunirá reforços, os quais logo estarão aqui.

Obedecendo, Ettore pediu:

— Por favor, signore*(13)! Minha irmã corre perigo! Os soldados sabem onde moro, e os outros já devem ter sido avisados. Giuliana é só uma menina, temos de chegar lá antes deles.

Montaram no cavalo do capitão Borgia morto exatamente no instante em que ouviram o grito indignado de um guarda que se aproximava a pé, seguido de mais quatro. Vendo os fugitivos, ameaçaram empreender fuga.

Quando o homem do capuz lançou o par de facas no rosto do capitão da guarda, a maior parte da população fugiu assustada, aos gritos. Menos os cidadãos romanos insatisfeitos. Esses vibraram com a confusão: tomando coragem, entraram em luta corporal com os soldados que tencionavam perseguir Ettore e seu salvador desconhecido. Seguravam os braços dos guardas, impedindo-os de caçar os assassinos.

Ainda assim, um besteiro conseguiu transpor a barreira humana e se posicionou para atirar. Antes, porém, que tivesse a chance, sua visão foi comprometida por uma densa cortina de fumaça que fez seus olhos lacrimejarem de imediato, lhe causando violenta crise de tosse; cortesia de uma bomba que o homem do capuz deixara para trás a fim de garantir sua fuga.

Galoparam furiosamente entre ruas e vielas, cruzando becos, passando por escadarias, tomando atalhos, atravessando pontes sobre canais de águas turvas, desviando de multidões, contornando áreas mais vigiadas. Ettore ia mostrando a direção, assombrado pela extrema perícia do cavaleiro.

Chegando ao endereço do jovem mercador, o rapaz viu a porta arrombada e adivinhou o pior: a casa revirada de alto a baixo e nem sinal de sua irmã.

— GIULIANA! — gritou, tomado pela dor.

— Ela não está aqui, ragazzo*(14). — falou o guerreiro de capuz, abaixando a voz. — Para poder encontrá-la, temos que continuar inteiros. Há mais guardas chegando, e não posso lutar contra todos eles. Vamos! Depressa!

Enxugando as lágrimas, Ettore seguiu o homem, correndo pela rua, esbarrando nas pessoas, ouvindo gritos de alerta e som de cascos de cavalos às suas costas.

Saltaram um muro, chegando às margens do Tibre.

— Pule! — comandou o encapuzado, mas Ettore não se moveu do lugar, petrificado.

O homem que o salvara estalou a língua num muxoxo descontente, olhou para trás, viu três besteiros fazendo pontaria. Então segurou o rapaz pela manga da camisa e se jogou no rio, ambos sendo tragados rapidamente pela correnteza, arrastados para longe dos perseguidores.

Ajudado pelo outro, Ettore conseguiu sair da água quando já se encontravam seguros, bem longe dos inimigos. Meio temeroso reconheceu a região da cidade onde estavam. Seguindo seu olhar, seu salvador confirmou:

— Isso mesmo. Essa é a Ilha Tiberina*(15), um local cercado por lendas e superstições, dita como amaldiçoada, frequentado somente pelos marginalizados e alguns dottori mais corajosos. Graças a tal aura de misticismo, nem mesmo os homens dos Borgia se atrevem a por os pés nessa área. Os mais céticos também não se dirigem para cá por saberem que esse é só mais um dos muitos pontos abandonados de Roma. Não se preocupe, estaremos a salvo. Temos um bom esconderijo aqui. Nosso quartel-general não está longe.

Ettore assentiu sem muita convicção, o olhar distante. Seu novo amigo pareceu adivinhar seus pensamentos:

— Encontraremos Giuliana, rapaz. Colocarei agora mesmo homens vigiando as docas.

O jovem mercador tentou sorrir ao olhar para seu salvador:

Grazie, amico mio*(16). — estendendo a mão, se apresentou — Meu nome é Ettore. Ettore Sparviero.

Estreitando com firmeza e satisfação a mão estendida, seu companheiro de voz rouca de barítono respondeu:

— Prazer em conhecê-lo, Ettore. Eu sou Ezio. Ezio Auditore da Firenze.*(17)