Capítulo 9

Comecei a passar o creme, mas meu cabelo não colaborava.

_Quer ajuda?_ ai, lá vem ele com essa voz...

_Claro...

_Okay. Vem aqui.

Ele sentou no sofá, afastou as pernas e indicou pra que eu sentasse ali. Tenso.

_Que foi? Não faz essa cara, Babi. Eu vou pssar o creme no seu cabelo!

_Que cara?_ adimito, eu fiz uma tremenda careta.

_Nenhuma... vem, senta.

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_Tá, já fui.

Sentei e logo ele começou a passar os dedos cheios de creme pelo meu cabelo. Enquanto desembaraçava, fazia massagem na minha cabeça. Era tão relaxante que cheguei a fechar os olhos. Quando os abri, sabe-se lá quanto tempo depois, Eu estava encostada no peito de Lippe, sentindo sua mão mexendo em meus cabelos, já secos.

_Nossa..._ bocejei _Eu dormi...

_Pois é... Eu ia te levar até a cama... mas você tava tão perfeita dormindo nos meus braços... E também, o movimento poderia te acordar.

_Uhum... Ah meu Deus, que horas são?

_20:17. É cedo ainda. Sua mãe sabe que você está aqui e a chuva ainda está forte.

_Que hora seus pais chegam? E seu irmão?

_O Di deve estar em alguma lanchonete com os amigos... volta tarde. Meus pais... só Deus sabe onde estão e que hora voltam.

_Aah!

_A propósito, Di me convidou pra encontrá-lo... Quer ir?

_Acho melhor deixar pra próxima...

_Eu pensei que diria isso. Disse a ele que provavelmente não e que, se mudasse de ideia, ligava.

_Ok.

_Olha, a chuva ta parando...

_Pois é.

_Confesso que eu queria que ela durasse mais tempo...

_É? Por quê?

_Porque aí você ficava mais tempo comigo.

_Não cansou de mim?

_Claro que não! Esse é só o primeiro dia de um namoro que eu espero durar muito tempo...

_Que bom que pensa assim... É raro esse tipo de coisa... Sabe, um garoto de 17 anos pensando em um futuro longo com uma garota.

_É... ainda mais com a primeira namorada dele.

_Eu sou sua primeira namorada?

_É... eu já fiquei com outras, até... Não muitas, mas já. Só que você é a primeira que chamou minha atenção mais pelo jeito do que pela beleza, apesar de ser a mais linda entre todas as que eu já fiquei... Tipo, eu nunca quis namorar sério com uma garota, entende?

_Acho que sim... Nossa... devo ficar feliz com isso?

_Eu acho...

_Ufa. Tive a reação certa.

Sorrimos e em seguida ele me beijou. Um beijo calmo. Muito calmo. Mas que durou tanto tempo... Adorei, óbvio.

_Acho melhor te levar... antes que eu perca o controle.

A intenção dele era que eu não ouvisse a última parte, mas eu ouvi e fiquei com muita, mas muita vergonha.

Durante todo o caminho até minha casa, fomos falando besteira e rindo. Lippe as vezes levantava nossas mãos, que estavam entrelaçadas, e dava um beijinho na minha

Chegamos na frente do prédio, nos despedimos com um beijo, como sempre, e eu me virei pra ir embora.

Estava quase na porta, quando ele me chamou.

Estava quase na porta, quando ele me chamou:

_Heei, espera.

_O que foi?

_Precisamos manter contato...

Dito isso, ele piscou.

Eu ri e depois falei:

_Me da seu telefone... Daqui meia hora mais ou menos eu te ligo e você me dá seu MSN...

Ele disse o telefone e eu gravei no celular.

_Ok. Cara, isso é estranho... A gente namora e eu não tenho nem o seu MSN...

_Estranho mesmo...

_Ei, pode vir aqui

_Uhum.

Fui até ele e fui pega de surpresa com um beijo... digamos... bom, muito bom.

_Até amanhã, meu amor.

_Lippe, amanhã é...

_Segunda, eu sei.

_E eu tenho...

_Aula. Eu sei disso também.

_Então! Não vamos poder passar o dia juntos.

_E quem falou em passar o dia?

_Hã?

_Espera até amanhã que você vê...

_Aff. Ok...

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Caminhei não muito rápido até a porta do prédio e dei uma olhadinha básica. Lippe estava olhando, mas dessa vez não desviou o olhar. Ele sorriu da forma mais linda possível, piscou de forma sexy e me atirou um beijo. Eu sei que essa vai ser uma das coisas mais bregas que eu já disse na vida, mas... meu coração falhou uma batida, depois de tanta demonstração de beleza.

Sorri de volta e acenei. Em seguida, entrei no prédio.

Subi as escadas de dois em dois de tanta felicidade e quase caí. Se ele estivesse junto eu até cairia... mas como ele não estava, fiz o máximo que pude pra me segurar.

Entrei em casa e minha mãe estava mexendo no computador. Foi inevitável sorrir quando ela me olhou.

_Filha! Quanta alegria... Pode contar TUDO!

_É, to muito feliz mesmo...

_Tem a ver com ele né? Com o Felippe...

_Tem!!! Ele... ele me pediu em namoro...

_E o que você disse? Aceitou né?

_Claro que sim!!

_Que bom, Babi!! Ótimo, aliás. Como foi a tarde de vocês?

Dei a minha mãe todos os detalhes que eu podia dar. Claaaaro que eu não falei de todos os agarramentos no cinema... Contei sobre o filme como eu sabia que era a história dos livros... mas ela nem deu bola pra isso. Tava mais preocupada em saber como tinha sido o pedido de namoro, em que restaurante a gente tinha almoçado... E por aí foi a conversa até que ela ficou com sono e resolveu dormir.

_Vê se não vai dormir muito tarde... Amanhã tem aula e, mesmo que seja de tarde e você tenha a manhã toda pra dormir, não te quero indo pra cama quase de manhã... Deu pra entender, né?

_Deu sim, mãe... só vou me atualizar um pouco... entrar no MSN e... Ah meu Deus, eu fiquei de ligar pro Lippe meia hora depois de nos despedirmos e... nossa, já faz quase uma hora que ele foi embora!

_Liga pra ele agora, ué.

_Ele vai ficar chateado...

_Explica que eu te enchi de perguntas... E que você esqueceu! Diga a verdade...

_Tem razão...

Liguei pra casa do Felippe e, por sorte ou destino, foi ele quem atendeu.

Alô?

Eer... Lippe? Te acordei?

Oi meu amor! Não acordou não... porque não me ligou antes? Fiquei preocupado...

_Minha mãe me encheu de perguntas... a gente conversou um monte. Aí eu esqueci...

Aah! Tudo bem, então. Me passa seu MSN... assim a gente fala mais e gasta menos.

Ele riu e eu também. Passei meu MSN e ele disse que já tava me adicionando.

_Vou desligar... Beijo.

Ok... Até daqui... 2 minutos? Beijo.

_Por aí... fui.

Tchau!

Desliguei e fui direto entrar no meu MSN. Entrei e lá estava seu convite. Aceitei e começamos a nos falar. Falamos tanta coisa e por tanto tempo, que quando fui ver já eram 05:19. Disse a ele que tinha que dormir e logo saí.

Depois que deitei, pensei que ficaria um tempão acordada ainda até pegar no sono mas... Foi só me ajeitar que ele me acertou em cheio.

Eu poderia apostar qualquer coisa que não sonharia com ele essa noite, já que estávamos namorando. Teria perdido, obviamente. Mas ao invés de sonhar com o dia magnífico que passamos juntos, eu sonhei com aquela lágrima. Dessa vez, no entanto, o sonho foi mais assustador. Pelo menos pra mim. A lágrima escorria dos olhos dele.

Acordei assustada e, como havia feito após sonhar pela primeira vez com aquela lágrima, eu chorei. Depois disso não consegui mais dormir. Levantei em seguida, 09:49.

Tomei um banho rápido e deitei novamente, pra descansar mais. Deu certo, peguei no sono. Felizmente, não sonhei com nada.

Acordei totalmente zonza, as 11:02. Tomei outro banho, pra despertar, mas quase dormi no chuveiro de novo. Saí do banho, me arrumei e comi. Ótimo. Ainda faltavam 53 minutos pra sair de casa. Sentei no sofá e resolvi ler meu caderno. Se eu ficasse parada, certeza de que dormiria.

Chegou minha hora e eu desci. No meio das escadas, pensei no que Lippe tinha me dito na noite anterior: que nos veríamos hoje. Será que ele estava me esperando? Saí correndo, descendo os degraus sem nem ver. Mas, ao abrir a porta, ele não estava lá.

No meio do caminho pra escola, lembrei que era segunda e que tinha Química. Ou seja, veria Diego. Então, um dilema tomou conta da minha cabeça: contar a ele que eu era sua mais nova cunhadinha? Ou não contar?

Me fiz essas e outras perguntas, como ‘será que o Lippe já contou?’, ‘será que ele não quer contar?’ ou ‘por que ele iria querer esconder nosso namoro?’.

Ao chegar no colégio, decidi que não falaria nada sobre o assunto, a menos que Diego o fizesse antes.

Quando chegou o segundo período, Diego entrou. Estava como sempre: com vergonha. Vergonha essa que se perdia completamente quando ele começava a falar com alguém.

Depois que o professor passou os exercícios e os corrigiu, ou seja, quando faltavam 10 minutos pro fim da aula, Diego veio falar comigo. Conversamos pouco e ele nem tocou no nome do irmão. Me senti agradecida quando ele disse que voltaria pro seu colégio no intervalo. Afinal eu não sabia que hora encontraria Felippe...

O resto da aula passou rápido. Saí andando distraidamente da escola, olhando pros meus tênis. Quando fui atravessar a rua, fui obrigada a olhar pra frente. Ao fazer isso, fiquei super chocada. Chocada, sim! Ele estava lá. Lindo, perfeito e absoluto. Me esperando, com um sorriso lindo e safado no rosto com as mãos pra trás.

_Eu disse que nos veríamos hoje!_ ele gritou, antes de eu atravessar.

_Disse mesmo!_ respondi.

Cheguei até ele e, ao invés de me beijar, como sempre, ele fez sinal pra que eu ficasse parada. Não entendi, a princípio. Logo em seguida ele colocou as mãos pra frente e me entrgou, como um perfeito cavalheiro, uma linda rosa vermelha.

_Eu... Nossa, eu não sei o que dizer!

Ele se aproximou e sussurrou no meu ouvido:

_Não diz nada, então...

Fiquei tão arrepiada que ele percebeu. Sorriu maliciosamente e depois me beijou. Precisei lembrá-lo de que estávamos praticamente na frente do colégio pra que ele interrompesse o beijo.

_Ei, você tem o número do meu celular, né?

_Tenho... porque?

_Me da um toque...

_Mas pra que, Lippe? Você ta aqui comigo...

_Liga e você descobre...

_Tá bom, tá bom.

Peguei meu celular e disquei seu número. Para minha surpresa, a música que tocou foi a mesma que ele cantou no dia em que ficamos pela primeira vez.

_Essa só toca pra você...

_Own, Lippe! Que lindo!

_Você merece.

Não aguentei, tive que beijá-lo de novo. Mas aí ele fez questão de usar o que eu disse sobre a escola contra mim.

_Estamos na frente da escola, lembra?

_Lembro...

É claro que não estava falando sério... estava com aquele sorrisinho desgraçado. Tão sexy...

Ele me levou até a frente do meu prédio. Nos despedimos e eu subi.

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Depois de fazer tudo o que tinha que fazer, inclusive colocar a rosa em um vasinho, no meu quarto, liguei a TV e fiquei assistindo.

Acabei por dormir e só acordei quando minha mãe me chamou pra jantar.

Jantei, tomei banho e voltei a dormir. Na cama, dessa vez.

Mais uma vez sonhei com Lippe. Dessa vez, o sonho foi normal. A não ser pelo fato de estarmos conversando naquela varanda de novo e por ele ter me beijado na bochecha, não na boca. Só por isso.

O resto da semana passou rápido, até. Lippe me buscava todos os dias no colégio. E eu amava aquilo, lógico. Cada dia ele me dava uma flor diferente. No sábado eu tinha uma rosa vermelha, a primeira, uma margarida, um crisântemo, um cravo e um copo-de-leite.

Eu só queria saber do jardim de qual velhinha que ele arrancava aquelas flores... Ou de qual floricultura ele roubava...

No sábado a tarde Diego, meu cunhado, apareceu em casa pra me convidar pra sair com seu irmão e alguns amigos com as namoradas. Ele disse que só ia nos levar pra não ficar ‘de vela’. Mal sabia ele que eu e seu irmãozinho já havíamos abandonado o time dos solteiros há alguns dias...

Fui com ele até a lanchonete. Ele foi o caminho inteiro falando, pra variar. Chegando lá, encontramos Lippe, que me recebeu com um beijo. Seu irmãozinho ficou chocado.

_Heeein? Como assim? O que foi isso? Por quê... o que...?

Nos olhamos e começamos a rir. Eu não sabia se ria de vergonha ou da cara impagável do Diego naquela hora.

_Mano, a gente tá namorando...

_Tão o que?

_É, Diego, desde domingo...

_Domingo??? Você me viu na segunda e nem me falou nada...

_O Lippe não falou nada sobre te contar... Esqueci de falar com ele sobre isso... Então deixei de lado... E também... Você nem falou o nome Felippe aquele dia...

_Cara, vocês tão namorando há 6 dias e eu não fico sabendo? Como assim? E, cara. Eu não acredito...

_Hei, Babi... Prova pra ele...

Rolei os olhos e abracei Lippe, que afagou meu rosto e me beijou de novo, dessa vez com mais calma.

_Ok, eu já acreditei. Podem se soltar.

Nos soltamos e voltamos a rir. Diego nos olhou com cara de ‘não to achando graça nenhuma, idiotas’, então paramos.

_Como foi que isso aconteceu, Felippe?

_A gente saiu na sexta... Passamos a tarde juntos... Conversamos...

_Quase nos beijamos_ interrompi.

_De novo? Poxa...

_É, mas dessa vez eu não tinha caído.

_Meu irmão e minha namorada vão me deixar terminar?

_Claro!_ respondemos eu e Diego ao mesmo tempo.

_Ok... Continuando... No outro dia quem convidou foi ela... Apareceu lá em casa...

_E como foi que eu não vi isso? Onde eu tava?

_Dormindo, garoto. Você tinha ido na festa que eu não quis ir, lembra?

_Aah é...

_CONTINUANDO. Nós saímos de novo, conversamos de novo... Aí ela caiu, de novo. Eu a levantei e dessa vez não tinha nenhum Diego pra aparecer e estragar tudo..._ só eu senti a indireta na frase?_ Então nós nos beijamos. Depois que eu cheguei em casa eu cheguei a conclusão de que não podia deixar por isso mesmo... que eu não queria que a Babi fosse só mais uma garota com quem eu fiquei. Eu queria ela por perto... Aí descobri que gostava dela mais do que como amigo, sabe? Aí resolvi que a pediria em namoro_ aquilo foi tão fofo..._ Chegou o domingo e eu fui até a casa dela... Almoçamos juntos e, assim que acabamos, fiz o pedido... Ela aceitou... e aqui estamos.

_Uau. Meu irmão gostando de alguém? Incrível. Babi, você é especial!

_Ooh, obrigada, Diego.

Rimos e em seguida o restante dos garotos chegou, todos com suas namoradas, muito esnobes, por sinal. Elas mal me deram oi e depois sentaram todas juntas, me excluindo, lógico, rindo e debochando de tudo e todos. Ou seja, a companhia masculina estava muito mais agradável.