Querida Wendy, estou aqui, em pé na minha própria cafeteria. Dentro de uma hora vou abri-la pela primeira vez ao público. Mal posso esperar! Estou tão feliz! O sr. Zarch me deu o melhor presente que poderia ter me dado.

Tudo cheira a café, o ambiente é maravilhoso! Esse já é um convite para que você volte para Copenhague e venha me visitar. Estou extasiada!

Com esta carta, vão algumas fotos da cafeteria e outras que decidi lhe enviar. Esta foto da rua repleta de guarda-chuvas coloridos é uma rua que decidiram enfeitar em homenagem à uma senhoria que faleceu. Aquela que nos deu os guarda-chuvas! Sra. Irin! Sim, ela faleceu faz umas duas semanas. A rua está linda. É a rua onde ela morava com o filho. Ficou uma espécie de memorial.

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Também estou mandando fotos minhas e do Nigel. Na verdade, só uma aqui na cafeteria. Querida, estamos com muita saudade e esperamos que venha nos visitar logo. Sempre pensamos em você. Obrigada por nunca se esquecer de nós!
Faça uma boa viagem para a Índia e nos mande um postal.

Com amor,
Betty Berry.
Nigel manda abraços.

Logo após ler aquela carta de Betty Berry, no meu intervalo do almoço no hospital em Los Angeles, seis meses depois, fez com que eu sentisse uma sensação de felicidade genuína por ela. Acredito que era o melhor que podia sentir.

Peguei a foto dela e de Nigel em um ambiente amplo, com uma porta de vidro no fundo. A cafeteria parecia ser realmente enorme. Gostaria muito de poder visitar Betty Berry em breve. E estava tão feliz que ela é Nigel estavam juntos!

Eu ainda não tinha nenhuma notícia de Jullian desde que voltara para a Califórnia. Acho que ele tinha mesmo criado uma espécie de ódio mortal por mim, o que ainda me machucava. Eu nunca deixei de me importar com Jullian.

Na manhã seguinte, quando estava no aeroporto, sentada com o visto e a passagem entre ele,- observando o enorme avião do outro lado da enorme parede de vidro, pensei no sr. Zarch. Pensar nele sempre me reduzia à lágrimas. Por mais discretas e silenciosas que elas caíssem, me apressava a secá-las.

Eu estava prestes a embarcar em uma viagem para a Índia. Tinha certeza de que sentiria sua presença em cada cantinho daquele lugar, pois o sr. Zarch era cheio de espiritualidade. Esperava voltar renovada, uma nova pessoa, uma pessoa melhor. Esperava ser a viagem da minha vida. Tinha todas essas expectativas.

O portão de embarque se abriu e eu me levantei, assim como outros passageiros. Passei pelo portão com um grupo de pessoas. Indaguei-me enquanto andava com uma bolsa no ombro, quais eram as histórias de todas elas, quais eram seus sofrimentos, seus amores, suas lutas; seus ganhos e perdas. Naquele momento senti que não estávamos sozinhos e que, de fato, sem importar a ordem, tínhamos todos as mesmas dores. Éramos humanos e sempre teríamos uma bagagem para carregar. Só tínhamos que aprender a voar com elas.

Sorri comigo mesma ao sentar-me na poltrona dentro do avião. A minha era na janela. O avião não encontrava-se muito cheio, de fato, pareceu-me que ninguém viajaria ao meu lado.

Aquilo mudou quando alguém perguntou:

— Com licença, posso me sentar?

Olhei para meu lado esquerdo e as palavras fugiram da minha boca assim que pensei em pronunciá-las. Não podia acreditar que Jullian estava bem ali. Aquilo era uma miragem? Quase esfreguei os olhos para o caso de estar louca.

— Jullian?

Seus cabelos estavam cortados. Ele tinha realmente cortado o cabelo e tinha deixado uma barba aparada crescer - da mesma cor que o cabelo. Quase tinha me esquecido que como seus olhos eram azuis!

— Acho que isso é um sim.

Ele se sentou na poltrona ao meu lado. Estava vestindo uma camisa social vinho e calça jeans preta. Olhou para o meu rosto.

— Também estou indo para a Índia buscar paz espiritual.

Eu estava perplexa.

— Como...

— Betty Berry.

Sorri balançando a cabeça. Ele sorriu deixando-me sem fôlego.

— Desculpe por... tudo. Eu precisava de um tempo.

Balancei a cabeça em negativa e engoli em seco.

— Tudo bem.

Ele desviou o olhar do meu rosto e pediu uma garrafa d'água à comissária de bordo que estava passando por ali no momento.

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— Ainda é um pouco difícil não beber. Tenho que me hidratar bastante.

Sorri maravilhada. Aquilo estava mesmo acontecendo? Jullian Zarch estava mesmo indo para a Índia comigo?

— Senhores passageiros, por favor, coloquem o cinto de segurança. O nosso avião já irá decolar. Todos nós desejamos uma boa viagem para vocês. - a voz do piloto soou nos alto-falantes.

Do meu lado, vi Jullian afivelando seu cinto. Eu já estava com o meu.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.