Laços de Amor

III. Feliz aniversário!?


Encaro a pilha de caixas no meio da cozinha e suspiro. São sete e meia da manhã de um sábado e já tem quase uma hora que eu estou acordada. De quem foi mesmo a brilhante ideia de fazer uma festa enorme para os filhos gêmeos? Ah é, foi minha.

Tive essa fatídica ideia algumas semanas depois que Noah nasceu, faltavam alguns meses até o aniversário de cinco anos dos meus pequenos então eu pensei, “Por que não?”. Eu explico por que não, por que não dá pra ser mãe, empresária e organizadora de festa infantil de uma só vez. Termino de virar minha xícara de café, contente em ao menos de poder estar me satisfazendo desse líquido maravilhoso.

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- Sra. Whitmore o responsável pelo salão de festas ligou outra vez perguntando da decoração - Jane avisa entrando na cozinha e suspiro ficando de pé.

- Obrigada, Jane. Vou ligar para xingá-los mais uma vez - digo sorrindo e ela concorda.

- Não esperaria menos da senhora. - Depois de cinco anos eu simplesmente desisti de fazer com que a morena me chamasse pelo nome, por que entendi que não vai rolar, e eu meio que gosto de ser a “Sra. Whitmore”.

Pego o celular pronta para mais uma discussão com a empresa de decoração quando Drew aparece descabelado e com o rosto amassado no batente da porta da cozinha.

- Mamãe eu com fome - ele reclama coçando o olho e vou até ele para pegá-lo no colo e beijar sua bochecha.

- Já vou alimentar o monstrinho - digo fazendo cócegas em sua barriga, o pequeno se contorce para descer. O coloco no chão. - Cadê seu pai e seus irmãos?

- O papai e a Analu tavam fazendo o Noah dormir, mas todo mundo dormiu menos o Noah - ele dá um pequeno resumo e acho graça. Beijo seus cabelos bagunçados.

- Vou lá em cima ver essa confusão, Jane vai te dar uma fatia de bolo, Ok?

- Tá!— ele concorda e sorrio antes de ir em direção às escadas.

Subo as escadas me perguntando o que vou encontrar, mas nada me prepara para a cena fofa me esperando no fim do corredor, os três estão deitados na cama, e o único acordado é justamente quem devia estar dormindo. Noah me olha curioso e sorrio, Analu está praticamente de cabeça para baixo na cama e Anthony ressoa baixinho ao lado dela. Vou até o bebê gorducho e o pego.

- Esses dois são ótimas babás, em? - pergunto a Noah que com todos os seus quatro meses tenta alcançar meus cabelos para puxá-los. Sua maior diversão é ver se consegue me deixar careca, ou talvez seja só a cor que chame sua atenção mesmo. - Vamos descer? Ainda preciso ligar para a empresa de decoração.

Dou uma última olhada em Anthony e Analu e sorrio, quem diria eu, com uma família tão grande? O mundo realmente dá voltas. Volto para a cozinha e encontro Drew no que deve ser seu segundo ou terceiro pedaço de bolo, como é que cabe tanta comida num garotinho tão magro?

- Bolo, mamãe - ele me mostra e concordo.

- Estou vendo.

- Sra. Whitmore - Jane chama da sala. - É o salão de festas outra vez. Estão dizendo que se não começarem a arrumar a decoração logo, não vai dar tempo.

- Argh! Já estou ligando pra eles - grito para ela pegando o celular. Noah em meu colo me olha curioso. - Até o fim do dia a mamãe tem um aneurisma, meu amor. - digo e procuro o número do responsável pela decoração no celular, pouco me importa se não são nem oito horas, ele fez um compromisso comigo há quase dois meses, eu quero receber os produtos pelos quais eu paguei.

- Alô? — o Sr. Borges atende. Um homem de meia idade chato de mais pra ser dono de uma empresa de decoração de festa infantil em minha opinião.

- Sr. Borges cadê a minha decoração? - pergunto direta. Ele sabe quem é, tenho certeza que sabe, afinal eu passei ontem o dia todo discutindo com a sua secretária que por fim desistiu e me deu o telefone dele para que eu pudesse infernizá-lo diretamente.

- Sra. Whitmore não são nem oito da manhã ainda — ele reclama e sorrio por saber que provavelmente o acordei. Bem feito.

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- As horas eu já sei Sr. Borges, o que eu quero saber mesmo, é por que a decoração pela qual eu paguei há quase dois meses ainda não chegou ao salão de festas que eu vou usar hoje à noite.

- Sra. Whitmore eu já lhe expliquei que houve um problema com a decoração, Ok? Logo mais eu...

- Logo mais é o cacete! - o interrompo morrendo de raiva e assustando o bebê em meu colo. Jane como o anjo que é, pega Noah para que eu possa continuar xingando homem do outro lado da linha sem assustar meu pequeno. - E vai haver um problema logo, logo, mas com a sua empresa se meus castelos e varinhas mágicas não chegarem àquele maldito salão de festas.

- Sra. Whitmore, por favor, se acalme.

- Me acalmar? Isso é tudo que tem a dizer? Eu vou processá-los é isso que vou fazer, se essa decoração não chegar ao salão de festas em uma hora, não vai ser eu a te ligar, e sim meu advogado. Pensando bem, meu marido tem vários deles, você não vai nem saber o que o atingiu. Tenha um bom dia - digo e desligo na cara do senhor querendo atirar meu celular na cabeça dele.

- Você está... - ouço a quase pergunta e me viro para encarar quem quer morrer e vejo Anthony com o cabelo bagunçado e de pijamas com Noah no colo. O olho arqueando uma sobrancelha, num desafio mudo para ele terminar a sentença, ele é esperto o suficiente para não o fazer. - Achei que já estivesse tudo certo.

- Achou errado, muito errado. A festa começa em menos de doze horas e ainda tenho um milhão de detalhes para organizar.

- Doze horas? - ele pergunta surpreso e o ignoro.

- Queria a vida boa de estar dormindo com as crianças, mas não posso. E você também não pode mais, agora que acordou vai me ajudar.

- Mas eu tenho que...

- Não tem que nada - o interrompo séria. - Se você não for à empresa durante um dia ela não vai explodir, tenho certeza. Você vai levar essas caixas até o salão de festas e ter certeza de que a decoração chegou por que se não tiver chegado pode ligar para o Miguel. - Anthony que ainda encarava a pilha de caixas no meio da cozinha me olha surpreso. - O quê? Achou que eu estava brincando quando disse que ia processá-los?

- Não - ele sorri vindo até mim e me beijando. - Nem por um segundo. Posso ao menos comer antes de sair?

- Pode. Me dê Noah aqui, ele também tem que comer. - meu marido me dá o bebê e nós dois nos juntamos à Drew na mesa que ainda está comendo. - Filho, já chega, você vai passar mal - digo dando o seio para o pequeno em meu colo sugar.

- Mas ainda não acabou - o garotinho reclama apontando para o prato e suspiro vendo a fatia de bolo pela metade.

- Essa é a última, Ok?

Drew olha para Anthony e o bonitão faz que sim com a cabeça.

- bom, mamãe - ele concorda.

Meus meninos estão terminando de comer quando Analu aparece na cozinha descalça e com os cabelos arrepiados.

- Por que você não me chamou, papai? - ela boceja vindo até ele. - Eu vou cuidar do Noah hoje.

Anthony me olha arqueando uma sobrancelha e dou de ombros. Era para ter sido só uma brincadeira, mas Analu levou a sério. Eu disse a ela que hoje teria muito trabalho e precisaria de ajuda para cuidar de Noah e ela disse que me ajudaria, que agora era uma mocinha de cinco anos e que ia cuidar do irmão menor.

- Desculpe meu amor, eu não sabia - Anthony responde achando graça do tom sério da pequena.

- Mas agora sabe. Eu vou ajudar a mamãe hoje - Analu diz se sentando conosco. Anthony serve bolo para ela também.

- Se é assim, que tal ajudar o papai, Drew? Vamos levar essas caixas até o lugar que vai ser a festa de vocês? - ele pergunta ao pequeno que imediatamente se põe de pé.

- Vamos! - ele diz animado. - Mas mamãe, a outra festa vai ser do pokémon, né? Sem princesas?

- Vai, vai sim, sem princesas. Agora vão logo por se não, não vai ter festa de nada.

- Sim senhora - Anthony bate continência ficando de pé e reviro os olhos. Ele vem até mim e me beija. - Te amo. Você é incrível. Eu já teria me perdido nessa confusão de decoração e convites.

- Também te amo. E eu sei que sou de mais. Agora vão - os expulso e eles só sobem para se trocarem antes de passarem outra vez por nós acenando.

- Mamãe eu não quero festa do pokémon - Analu comenta enquanto coloco Noah no carrinho que está ao meu lado e finalmente me dedico a comer.

- Mas é a vez do seu irmão escolher.

- Por quê?

- Por que esse ano foi você quem escolheu. Então ano que vem é ele.

A pequena suspira, mas não reclama. Esse foi o primeiro ano no qual eu realmente pedi a opinião dos pequenos sobre o tema da festa e logo de cara já deu a maior confusão, por que um queria uma coisa e o outro, outra. No fim eles decidiram quem escolheria o tema numa melhor de três de jo ken pô, e talvez a ideia tenha sido minha. Eles aceitaram, jogaram e Analu ganhou, e como resultado o tema da festa ficou sendo Cinderela. Minha pequena é simplesmente apaixonada na princesa, no vestida, na fada madrinha e no sapatinho de cristal. Então fiz das tripas coração para atender seu desejo e a festa de cinco anos dos meus filhos se tornou um baile no castelo. Com lustre de cristal, vestidos de festa e até um trono para os aniversariantes, nossos rei e rainha.

Sorri vendo minha princesinha brincando com o irmão. Ela dava um jeito de incluí-lo em tudo que fazia, fosse como seu filho, seu cliente, seu aluno. Ela se sentia a adulta e eu poderia ficar vendo-os brincar pelo resto da tarde. Analu me ajudava e muito, a melhor babá que eu poderia ter.

- Mamãe, você não tem que gritar com ninguém no telefone, não? - minha garotinha quer saber e acho graça. Mas eu entendo a pergunta, o que eu mais tenho feio nesses últimos três dias é ligar para as pessoas e gritar com elas.

- Tenho, só vou terminar de comer. E você e o Noah, o que vão fazer?

- Vou ligar para os meus funcionários e resolver o problema que eles fizeram lá na empresa - ela diz numa imitação perfeita de Anthony e eu acabo sorrindo. No fim sua garotinha é a única que parece querer seguir os passos do pai. Ela pega o celular de brinquedo e o laptop da Cinderela e se senta ao lado de Noah que está no carrinho entretido com um mordedor em forma de carro. - Fica quieto filho, mamãe ocupada agora - ela diz ao pequeno e rio ficando de pé e pegando os pratos sujos para levá-los para a pia.

Jane está lavando as louças e sorri para mim.

- Essa aí realmente sabe o que quer.

- Puxou a mãe - digo modesta e a morena sorri.

- Disso eu não tenho dúvidas.

Eu e minhas duas ajudantes gastamos a manhã inteira resolvendo imprevistos de última hora. Lena chega com sua mudança pouco depois do horário do almoço, ela disse que iria me ajudar e se arrumaria aqui, mas nunca imaginei que passaria o resto do mês conosco. Debocho da quantidade de coisas que ela trouxe e ela simplesmente me ignora.

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Estou prestes a xingar Anthony ou o senhor Braga, quem eu contatar primeiro, quando meu marido finalmente volta com um sorriso no rosto e um Drew complemente eufórico.

- Tem um trono e um lustre, mamãe! É tudo azul! - ele exclama animado. - Eu e o papai colocamos as florzinhas bonitas em cima das mesas.

- Nossa isso é ótimo. Que bom que gostou - digo sorrindo e encaro Anthony. - Deu tudo certo lá? Pelo amor de Deus, diz que sim.

- Deu - ele sorri. - Está incrível. As mesas, a decoração. Eu guardei as caixas com os sapatinhos de cristal lá na cozinha.

- Você é o melhor. Os sapatos são as lembrancinhas e na verdade são de vidro, eles são para os adultos, claro. Para as crianças têm livros de colorir. Eu pensei em dar ratinhos brancos daqueles bem fofinhos, mas algumas mães podiam não gostar.

Lena e Tony riem.

- Você acha que elas não gostariam? - minha cunhada pergunta divertida. - Eu tenho certeza disso, e eu seria uma dessas mães.

- Chata - cantarolo.

- Mamãe, com fome - Drew anuncia e sorrio, essa deve ser a frase que mais ouço sair dos seus lábios.

- Vamos comer então. Já são quase duas da tarde e nosso dia ainda vai ser longo.

- Cadê a Analu e o Noah? - Anthony pergunta olhando em volta.

- Com Miguel e Matt no jardim - aviso e me viro para Drew. - Meu amor, você pode ir chamar eles, por favor?

- bom, mamãe. Vou lá! - ele grita animado e sai correndo.

Eu e os morenos comigo seguimos para a cozinha e meu irmão surge minutos depois com os pequenos correndo a sua frente e o bebê mais fofo de todos em seu colo.

- Raio de sol, cadê a Cassandra? - Anthony faz pergunta de um milhão de dólares assim que eles se sentam à mesa. Ele está com Noah no colo e eu estou ajudando Jane com os pratos.

- Também quero saber. Onde tia Cassy se meteu, Miguel? Ela já não devia ter chegado?

- Minha mãe em mais uma de suas loucuras me disse que tinha uma surpresa e por isso se atrasaria. Tenho até medo - meu irmão comenta e eu troco um olhar com Lena e é isso, só isso o suficiente para cairmos na gargalhada.

- Meu amor, você vai ter que ser forte, Ok? - ela diz ao marido depois de se recuperar e o moreno olha de uma para outra parecendo perdido.

- Qual é a graça? E por que eu preciso ser forte? Elisa, Helena, o que vocês sabem que eu não sei?

- Nada - dizemos as duas rápido de mais e caímos na gargalhada outra vez.

Meu irmão e Anthony passam o resto do almoço tentando nos arrancar o tal segredo, mas sem sucesso. Tem que ser tia Cassy a contar, por que eu quero muito ver a cara de surpresa dos dois marmanjos ciumentos.

A verdade simples e divertida é que minha tia arrumou um namorado. Isso não deveria ser grande coisa, na verdade nem é, mas Miguel é um poço de ciúme e provavelmente teria um AVC se ela lhe contasse algo como isso por telefone. Tem uns dois meses que ela me contou, pouco depois de voltar pra casa ela me ligou para dizer, tia Cassy está feliz e sinceramente isso é tudo o que me importa. Vou conhecê-lo hoje também, Louis, o viúvo sem filhos cujo melhor amigo é um Pastor Alemão chamado Ted, pelo que minha tia me disse eles são perfeitos um para o outro, duas pessoas que adoram fazer programas hippies e ver o lado bom da vida.

Entre ignorar as perguntas de Miguel e resolver pequenos imprevistos que no fim não eram nada de mais minha tarde passa voando. Já são 17h00m e tia Cassy ainda não chegou, vou começar arrumar as crianças, Analu vai ser a primeira, simplesmente por que é a mais propensa a continuar limpa até chegarmos ao salão de festas.

Estou terminando de colocar o vestido da minha pequena quando ela abre um sorriso olhando para a porta.

- bonita, papai? - ela pergunta se afastando de mim e fazendo pose. Me viro só para encontrar Anthony de bermuda e camiseta exatamente como ele estava da última vez que o vi.

- Você está linda, princesa.

- Por que ainda não tomou banho? - pergunto direta o olhando com uma sobrancelha arqueada.

- Eu estava com Noah - ele diz sorrindo e o olho feio.

- Pois não está mais. Pode ir se arrumar agora. Já tenho três crianças para vestir, não preciso de uma quarta. E cadê meu filho por falar nisso?

- Você sabe que eu te amo, né? - ele vem até mim e me beija sorrindo. - Já vou tomar banho e Noah ficou com o Miguel e o Drew lá embaixo.

- Ótimo! Agora vai - o expulso do quarto de Analu e depois sorrio para minha filha. - Vamos arrumar seu cabelo?

- Sim! - ela comemora e sorrio.

Nunca pensei que me arrumar para sair fosse se tornar uma tarefa tão complicada. Depois de Analu, arrumo Drew e como Miguel e Anthony já estão prontos os encarrego de vigiar os pequenos que já estão arrumados. Lena foi se aprontar, e eu só vou conseguir tomar banho depois que Noah estiver lindo e cheiroso. Ser mãe cansa, e muito.

Mais uma hora depois e eu finalmente estou me maquiando, Lena que está pronta e linda em seu incrível vestido verde longo com uma saia enorme, veio me ajudar. A festa não é a fantasia, mas eu não resisti em colocar um vestido azul tão grande quanto o da Cinderela também. Eu e Analu somos as princesas, os garotos nossos príncipes e os convidados provavelmente vão ficar surpresos com a quantidade de tecido que estamos vestindo.

Dou um último retoque no batom e fico de pé. É isso, estou pronta e ainda temos meia hora até as oito. Missão cumprida.

- Você está incrível - Lena sorri para mim. - Sério.

- Você também.

- Uau! Olha Noah como a mamãe está linda - Anthony comenta da porta com o bebê no colo e sorrio para os meus garotos. Eles estão lindos em seus ternos. O bebê gorducho no colo do pai está à coisa mais fofa em seu terninho. Não sei quem gostou mais de vê-lo assim, eu ou Anthony.

- Só não me diga que algum deles se sujou porque isso é a única coisa que eu não vou aguentar ouvir - reclamo e os morenos comigo riem.

- Dê um pouco mais de crédito aos seus filhos. Eles estão muito bem comportados lá embaixo vendo filme com o tio Miguel. Noah só precisa de uma fralda limpa e eu vim conferir se ainda vamos demorar muito mais - meu marido me sorri e até o beijaria agora se isso não fosse borrar meu batom.

O bonitão me olha de cima a baixo.

- Está mesmo linda, raio de sol.

- Miguel tem razão, vocês são uma melação sem fim - Lena reclama e vai até Anthony e pega Noah. - Eu troco meu sobrinho lindo. Namorem aí, mas não demorem, estamos atrasados - a morena avisa e sai brincando com o bebê em seu colo.

Anthony vem até mim e me puxa pela cintura até estarmos colados um ao outro, pelo menos o tanto quanto meu vestido permite.

- Você está linda nesse vestido, mas não vejo a hora de tirá-lo de você – ele sussurra em meu ouvido me fazendo arrepiar.

- Bonitão idiota, se continuarmos assim não vamos sair desse quarto – sussurro de volta e o vejo sorrir. Estou prestes a borrar meu batom com muito gosto quando Analu nos interrompe.

- Mamãe, papai! – a ouço gritar do corredor e me afasto de Anthony sorrindo, meu marido suspira. – Drew com fome. Não vai ter mais festa das princesas, não? – ela pergunta surgindo na porta. Anthony olha de mim para ela e vice versa, desiste da carranca e sorri.

- As mulheres da minha vida são mesmo lindas. Vai ter festa sim, meu amor. Vamos? – ele chama lhe estendendo uma mão que ela aceita toda feliz. Os sigo para fora do quarto e encontramos Lena no corredor.

- Sem namoro? – ela pergunta olhando para Analu e suspiro pegando Noah.

- Sem namoro.

Quando chegamos ao andar de baixo os três garotos lá já estavam no limite da paciência e como já estamos potencialmente atrasados decidimos não enrolar mais. Marco e Jane já foram então só nos resta fazer o mesmo. Chegamos ao bendito salão de festas que gerou tanta discussão e já tem convidados chegando. Estou imaginando como vou me desculpar por fazer o milagre de chegar atrasados em nossa própria festa quando vejo Daniel dando uma de anfitrião e cumprimentando os convidados em nosso nome. Sorrio e vou direto até ele.

- Já disse que você é o melhor?

- Hoje ainda... Uau! – ele se interrompe me olhando de cima a baixo. – Você está linda.

- E eu tio Dan? – Analu nos alcança e Daniel a pega no colo.

- Está uma verdadeira princesa. Seu pai var ter sérios problemas quando você crescer.

- Nem me lembre – Anthony faz careta se juntando a conversa e eu reviro os olhos seguindo para dentro com Lena e Noah. Matt e Drew já sumiram por entre os convidados, mas eu não me importo, se eu conseguir recuperá-lo limpo o suficiente para tirar algumas fotos mais tarde, tudo bem.

Meia hora depois Anthony pegou Noah e eu estou cumprimentando os convidados e tentando encontrar os aniversariantes que eu perdi no meio da festa.

- Vovó! – Drew passa correndo por mim e me viro esperando dar de cara com tia Cassy, mas quem eu encontro incrivelmente linda em um vestido salmão é Eva.

- Oi meu amor, feliz aniversário! – ela deseja lhe dando um beijo no rosto. – Cadê sua irmã?

- Tava com a tia Cait – ele dá de ombros. – Vou dizer para ela que você chegou – diz e sai correndo. Eva sorri me encarando.

- Eles são lindos. Obrigada por me deixar ser avó – eu sorrio a abraçando. Analu e Drew adotaram Henry e Eva como avós também, e eles sempre os chamaram assim, ninguém os ensinou. Da primeira vez achei que meus velhos amigos iriam sei lá, se ofender, até disse que pediria para que eles parassem, mas não deixaram. Eles adoraram a ideia de serem avós.

- Obrigada você, por todo o carinho com meus pequenos.

- Raio de sol! – agora sim, a voz inconfundível da minha segunda mãe me chega aos ouvidos e sorrio me virando para encará-la. Tia Cassy está linda num vestido vermelho e ao seu lado um senhor de sorriso gentil me olha curioso. – Desculpe o atraso, Louis se perdeu e vocês não atendiam ao celular. Louis, essa é a Elisa minha filha.

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- É um prazer – digo sorrindo e apertando sua mão. – A senhora tem que apresentá-lo ao Miguel e comigo perto, por favor. Tenho que gravar a cara de incredulidade dele.

Eva está sorrindo de minhas palavras e tia Cassy me olha sem parecer acreditar.

- Duas crianças, é isso que são você e Miguel. Está vendo Louis por que não posso tirar os olhos deles?

O senhor sorri divertido.

- Sua mãe tinha me dito que era bonita, mas não achei que seria tanto – seu elogio consegue me deixar corada.

- Tia Cassy é uma exagerada. Mas se quer mesmo saber, eu já gostei do senhor, vou torcer muito para que dê tudo certo!

- Tudo certo em quê? Mãe? – Miguel se aproxima do nosso pequeno circulo ao mesmo tempo em que Eva pede licença e se afasta. – Por que demorou tanto?

- Nós nos perdemos – ela comenta e meu irmão parece finalmente notar o senhor forte ao lado da mãe.

- Nós? Quem é esse?

- Louis esse é Miguel, meu filho mais velho. Miguel esse é Louis, um amigo que conheci há pouco tempo – tia Cassy comenta e o moreno ainda parece estar tentando ligar os pontos, por isso resolvo ajudar.

- Esse é o namorado da sua mãe. Diz pra ele tia! – peço e os dois morenos arregalaram os olhos pra mim por motivos diferentes. Miguel está em choque e tia Cassy constrangida.

- Elisa! – ela me repreende, mas não me importo, estou me divertindo de mais com a cara de surpresa do meu irmão pra isso.

- Namorado? – é tudo o que Miguel consegue repetir e agora estou gargalhando. Louis sorri parecendo tranquilo e resolvo sair dali, tenho uma festa para recepcionar e ficar rindo da cara de trouxa do meu irmão não vai me ajudar nisso.

- É bem isso mesmo. Vou torcer muito para se casarem logo! – digo divertida. – Vou atrás dos meus filhos agora, fique à vontade Louis. Passa lá em casa antes de irem embora pra gente almoçar.

- Mas você disse namorado? – ainda ouço Miguel perguntar antes de me afastar e reviro os olhos. Idiota. O número dois, por que o primeiro é o meu marido e ele sumiu com nosso filho. Cadê eles?

Encontro Anthony em uma rodinha de executivos com Noah ainda no colo, meu marido é o único com um bebê no colo, mas isso não parece incomodá-lo nem por um instante. Já disse que amo esse homem? Me aproximo e ele me apresenta aos senhores que agradecem pelo convite, me limito a sorrir. Quando eles encerram a conversa conto ao meu marido sobre tia Cassy e o namorado e Tony acha graça, mas eu sei que daqui a pouco ele vai estar se compadecendo das dores do meu irmão.

A festa segue animada e divertida, e quando vejo que já está ficando tarde de mais, decido que é hora de cortar o bolo, Drew já perdeu a gravata e Analu está toda descabelada, não sei se acho graça ou me irrito com isso, mas no fim me limito a suspirar, ajeito o cabelo da minha princesinha e deixo o meu pequeno sem gravata mesmo. Essas fotos definitivamente serão ótimas recordações. Vê-los todos ali me faz sorrir, Miguel e Lena, tia Cassy e seu novo namorado, Chloe e Mike, Manu, Cait e Dan, Becca, Edu, Vic e Tyler o filho deles com e seus dois aninhos, Henry e Eva. Minha família cresceu, meus amigos se multiplicaram e com eles minha felicidade.

No fim, só de ver os sorrisos cansados e divertidos dos meus pequenos já fez toda a confusão para chegarmos aqui valer à pena.

Depois dos parabéns não demorou muito para as crianças maiores dormirem também, uma vez que os bebês já tinham se rendido ao sono muito antes.

- Quer dançar, Sra. Whitmore? – Anthony pergunta depois que já me livrei dos meus sapatos e sorrio lhe estendo a mão.

- Eu adoraria.