Rulers

Capítulo 1 - Sequestrada


Sentia-se tonta e enjoada, abriu os olhos e não encontrou nada além de escuridão, puxou uma golfada de ar, mas sentiu-se sufocada, logo percebeu que havia uma mordaça em sua boca e um capuz em sua cabeça, de supetão sentiu um solavanco e concluiu que deveria estar em uma carroça em movimento, tentou se ajeitar pra ficar mais confortável dentro de suas possibilidades, percebendo de imediato que seus braços estavam amarrados, a impedindo de se apoiar para mudar seu corpo de posição.

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De repente lembrou-se de Constantino a deixando desacordada nos jardins do castelo e o ódio se apossou de seu ser, como ele tivera a audácia de sequestrá-la depois que ela o tinha ajudado a fugir? Como ele se atrevia a lhe amarrar e amordaçar daquela maneira tão grotesca, quando ela se arriscou para livrá-lo da forca? Mais solavancos se sucederam, machucando suas costelas, e tudo o que ela conseguia pensar era nas maneiras mais hediondas de matar o duque, ela o faria implorar pela forca.

Depois de um certo tempo, muito desconfortável para Catariana, a carroça finalmente parou, a princesa entrou em alerta para o que iria lhe acontecer naquele momento, então ela ouviu Constantino conversando com um homem, não conseguia escutar tudo com clareza, mas falavam da morte de Hermes e do casamento dos dois, as vozes foram se aproximando e subitamente a luz invadiu seus olhos, a deixando cega por um momento, quando conseguiu focalizar as imagens lá estava o seu desafeto, o duque, acompanhado de um homem, ambos a observando.

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Catariana se esforçava para soltar seus pulsos, mas não importava o esforço que fizesse, as cordas não afrouxavam de maneira nenhuma, pelo contrário, pareciam apertar cada vez mais, baixou a cabeça para enxugar as lágrimas de frustração que escorriam de seus olhos na saia do seu vestido, quando Constantino entrou na tenda.

— Como você pôde ser tão idiota? - Ela indagou depois de um curto período de tempo em silêncio. - Mesmo com todas as tolices que você tem cometido ultimamente, você foi longe demais.

— Eu lamento o que tive de fazer, querida. - O duque olhava para uma vela que queimava ao seu lado. - Mas perante as circunstâncias eu não tive alternativa.

— O que é que é isso?! - Catarina perguntou furiosa enquanto inclinava o corpo pra frente bruscamente, balançando um pouco o mastro de madeira ao qual estava amarrada. - Isso é um sequestro? - Constantino limitou-se a dar um singelo sorriso, o que a irritou ainda mais. - Quanto você tá pedindo pela minha liberdade?

— Um valor justo.

Pela primeira vez a princesa ria.

— Meu pai vai enforcá-lo com as próprias mãos.

— Seu pai não fará isso. Seu pai é um homem prudente, ele vai pagar, eu sei que ele vai pagar, quando pagar você será libertada.

— Isso é o que você diz agora, como você já disse muitas coisas que não cumpriu e nem pretendeu cumprir. Como o dinheiro que você prometeu pra Hermes, e nós dois sabemos o que você lhe deu no lugar de moedas. O que me garante que você não vai fazer o mesmo comigo?

O duque se aproximou de Catarina parecendo indignado.

— Porque eu jamais lhe farei mal. - Ele se abaixou até a altura dela. - Você tá viva, Catarina, agora eu lamento o que fiz, tudo que estamos passando, nada se compara as lembranças e todos os momentos que nós vivemos.

Constantino mal acabara de falar quando Catarina cuspiu em sua cara, tamanha era sua fúria por estar naquela situação, não acreditava em mais nada que o homem a sua frente falava, e não escutaria sem fazer nada ele se referir ao romance que tiveram, nunca se arrependera tanto de algo como de seu envolvimento com o duque, talvez só se arrependesse mais de tê-lo libertado, ela faria questão de ir até Vicenza para assistir a sua morte. Inclinou-se mais pra frente e sussurrou triunfante.

— Guarde esta lembrança, pelo tempo em que eu acreditei em você e em todos os seus planos. Se meu pai não te enforcar, eu mesma o farei. - Completou com os olhos brilhando.

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Afonso se empenhava na ferraria pra tentar esquecer os problemas com Amália, que insistia em não se lembrar dele, porém outro assunto que se espalhava rapidamente pela cidade tomou conta de seus pensamentos. Catarina havia sido sequestrada e tudo em que conseguia pensar era em como o rei Augusto não merecia passar por isso. Estava na companhia de Samara e Levi, e, quando o garoto perguntou o que aconteceria a princesa caso o rei não pagasse o resgate, Afonso sentiu um certo pesar ao pensar na moça que conhecia desde pequeno como uma refém, ou então passando por coisas terríveis no cativeiro.

Sua inquietação não diminuiu enquanto trabalhava, sentia que deveria, pelo menos, prestar algum suporte ao rei, por isso, saiu da ferraria e foi ao castelo. Chegando na sala do trono deparou-se com o soberano e Demétrio, com certeza discutindo sobre o sequestro de Catarina. Afonso tratou logo de oferecer a sua ajuda para o que quer que fosse ao rei.

De imediato o ex-príncipe expôs seu receio de Constantino não cumprir o acordo e não entregar Catarina, garantindo ao rei Augusto que a única maneira que enxergava de salvar a princesa era enfrentando o duque, e seu raciocínio recebeu o apoio de Demétrio. Augusto, no entanto, apesar de concordar com a visão dos dois temia pela vida de sua filha, lembrando-os que qualquer erro poderia custar a vida de Catarina. O conselheiro real então propôs:

— Majestade, e se colocássemos Afonso na frente de nossas tropas nessa empreitada?

— Demétrio, acredito que eu não esteja pronto para assumir a frente do exército de Artena. - Confessou Afonso, com sinceridade.

— Na verdade, Demétrio está certo. Não há em Artena ninguém com a sua experiência e discernimento, Afonso. Tenho certeza de que você cumprirá essa missão melhor do que qualquer um dos meus generais. - O ex-príncipe assentiu diante do elogio. - Você estaria disposto a correr esse risco para salvar a minha filha?

— Se esse é o vosso desejo, assim o farei.

— Ótimo. Então você seguirá a frente do exército de Artena.

— Mas onde o Constantino se encontra com seu exército?

— Isso não será difícil de descobrir. Eu acabei de voltar de Vicenza e me disseram o lugar provável em que suas tropas podem estar. - Demétrio se pronunciou.

— Muito bem, então assim que o exército estiver pronto partiremos. E você lutará ao meu lado.

— Majestade. - Afonso fez uma reverência e saiu.

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Afonso vinha caminhando entre a tropa em direção ao rei e a Demétrio.

— Majestade. - Cumprimentou fazendo uma reverência quando parou diante deles.

Rei Augusto anunciou Afonso como comandante, ele observou a tropa e subiu em seu cavalo, sentindo que deveria dizer algo a aqueles homens a respeito da missão, e a respeito dele próprio naquela posição, ele começou a falar.

— Soldados de Artena, muitos de vocês me conhecem ou já ouviram falar de mim. Não sou um compatriota vosso, não sou um filho de Artena, mas sou sim hoje, vosso irmão. O mais leal dos irmãos, porque lutamos pela mesma causa: a vida da princesa, que está ameaçada pelo que há de mais vil entre os homens: a mentira, a maldade, a ganância, a deslealdade. E é contra isso que lutaremos, mas lutaremos juntos. E é por isso que eu vos peço, confiem em mim. E acreditem, se eu cair, cairei por Artena!

Os soldados gritaram em aprovação diante das palavras de Afonso, e ele se sentiu mais confiante para partir, partir para resgatar Catarina, de quem ele lembrava agora como a moça que conhecia desde pequeno e devotava certa afeição.