Animatronic

Capítulo Único


Nem acredito que escolhi encarar o Desafio ao invés de responder à pergunta... Ah, mas, qual é?! Veio logo me perguntando de quem eu gosto na frente do Sam?! Pior que Clara sabe que eu gosto dele, então iria entregar que eu estava mentindo só pra me fazer passar vergonha.

Beleza, Alex... Bora "pegar algo interessante no lixão e levar pra casa".

Olhei em volta pelo lugar com minha lanterna, mas não tinha lá tanta coisa interessante. Só um monte de lixo e de carros. Bom, acho que eu poderia levar algum carro que não estivesse tão desgastado assim, mas o problema seria levar pra casa. Bem que um guincho cairia bem agora.

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Andando mais um pouco, encontrei uma coisa, parecia uma pelúcia grande ou uma fantasia, tipo aquelas ridiculas de mascote. Cheguei mais perto e mexi no lixo, aí percebi um coelho amarelo com vários fios expostos... É um animatronic? Dava pra notar umas partes mecânicas, então acho que sim. Cara, não sei se é esse lugar ou esse troço está realmente com um cheiro podre.

Ok, não importa, bora levar essa coisa pra casa e mostrar pra galera amanhã. Ao menos é algo "interessante".

Peguei o boneco e arrastei até meu carro. Cara, esse coisa é pesada pra caramba!

Bem, consegui arrastar a coisa pro meu carro e com muita luta colocar no banco de trás. Após entrar, liguei o carro e segui pela estrada, até que ouvi um som estranho, parecia um grunhido. Parei o veículo no acostamento, olhei pro boneco atrás de mim, mas não havia nada. Claro, criatura, quer o quê? Que o coelho se levante e te agarre pelo pescoço?

Ignorei isso e dirigi logo pra casa.

Estacionei o carro na garagem e logo em seguida me dirigi pro meu quarto. Nem vou me preocupar em tirar o boneco do meu carro, arrastá-lo acabou comigo.

No dia seguinte acordei uma da tarde, mais ou menos (eu estava só o bagaço) e após lavar o rosto, escovar os dentes, pentear o cabelo e logo depois amarrar (aliás, tenho que criar coragem de deixar curto de novo), me dirigi à cozinha pra tomar café de manhã, porém notei a porta que leva para a garagem entreaberta. Estranho.

Me dirigi à porta, pra ver se estava fechando normal e aparentemente estava, aí só faz surgir interrogações em minha cabeça. Será que meu cansaço tava tão grande que nem me toquei que deixei a porta aberta?

Lembrei do animatronic, aliás, teria que tirar ele do carro alguma hora, porém... Quando abri a porta da garagem, ele não estava dentro do carro, e sim encostado na parede e com a boca levemente aberta. Ué? Eu juro que não tinha tirado ele do carro!

De repente ouvi uns barulhos do lado de fora. Ok, eles chegaram. Apertei o botão do portão da garagem, então ele abriu e vi parte da galera de ontem.

— E aí, Alex? Arregou com o desafio ou trouxe alguma coisa maneira? — perguntou Clara ao me avistar.

— É claro que trouxe alguma coisa. Vem ver!

Ela e os outros foram comigo para dentro da garagem. Poxa... Achei que Sam ao menos viria.

— E... Cadê o Sam?

— Quando falou comigo, disse que não daria pra ver o que você pegou. Ele tem trabalho logo cedo, esqueceu?

— Ah, é verdade...

— Uou! Você pegou um animatronic?! — disse Scott ao ver o coelho encostado na parede.

— Ok, Alex, um ponto pra você! — Megan falou dando leves palmas.

— Ah, sem dúvida vou mandar foto disso pro Sam. Só estou levemente decepcionada de você ter preferido ir pro lixão ao invés de dizer quem você gosta.

— Quem eu gosto ou deixo de gostar é problema meu. — falo com os braços cruzados.

—Aliás, falando sério... Acho que você poderia restaurar e vender isso.

— Quê?

— É uma boa! Você sabe mexer em fantasias, etc. Dependendo do estado, pode até ser que ele não funcione, mas podem usar como decoração de loja de brinquedos, parque, sei lá. E se souber a origem desse animatronic, vai que um colecionador compra?

— Que viagem... Bom, mas a ideia de tentar conseguir uma grana com isso não é ruim. — dou de ombros.

Após isso, a galera praticamente invadiu minha casa e ficamos um bom tempo conversando besteira, beliscando alguma coisa e Scott trouxe um jogo de terror pra jogar no computador, aí ficamos apostando pra ver quem ficava vivo por mais tempo.

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Pedimos uma pizza e Scott comprou umas cervejas na loja de conveniências que tem aqui perto. A gente zoou um pouco, até tirou umas fotos com o coelho velho e quando já estava ficando tarde a galera decidiu ir embora. Sim, o povo ficou o dia todo na minha casa. Normal essa folga, ontem foi na casa do Scott isso, com direito a Verdade ou Desafio.

Não estava com nada de mais pra fazer depois que a galera saiu, então decidi pesquisar sobre o coelho. Indo pro umas palavras chaves, as pesquisas me levaram a informações sobre a Freddy Fazbear's Pizzaria. Eu já ouvi falar desse lugar, é uma pizzaria com atração de animatronicos que teve um certo sucesso pelos anos 80. Interessante, nunca pensei que acharia alguma coisa desse lugar décadas depois da franquia ter se acabado.

De repente, ouvi um barulho vindo da minha garagem. O que será que foi isso? Me levantei do sofá, onde estava mexendo no meu notebook e segui para atravessar a cozinha. Antes de abrir a porta da garagem, senti meu celular vibrar no meu bolso, mas foquei em primeiro saber o que causou o barulho.

Por algum motivo, o interruptor não queria funcionar. Liguei a lanterna do meu telefone e vi que a lâmpada no teto estava quebrada. Será que ela estourou e esse foi o barulho que ouvi? Não parecia muito ser isso.

Parece que alguém estava aqui, o animatronic estava caído no chão, antes ele tava encostado na parede.

Recuei para a cozinha, peguei meu computador e segui pro andar de cima. Por hora, não ouvi mais nada, mas entrei no meu quarto, tranquei a porta e peguei meu celular com intenção de ligar pra alguém, nesse momento vi que quando meu celular vibrou era uma mensagem no grupo que eu e meus amigos montamos num chat:

"@Alex tu viu isso aí no animatronic?"

Era uma das fotos que a galera havia tirado hoje. Eu havia brincado e aberto um pouco a boca do animatronic para fazer uma careta, e dentro da boca do boneco dava pra ver algo lá. Na hora achava que era o exoesqueleto do animatronic, a iluminação da garagem é meio ruim, mas, olhando numa foto com flash, dava pra ver que dentro dele parecia ter um corpo lá dentro.

Tem um cadáver dentro do robô?!

De repente ouvi passos, nesse instante fiquei sem ar por uns segundos. Fiquei imóvel, com minhas costas encostadas na porta. Não acendi a luz, então se alguém estivesse dentro da casa não daria pra saber que tem alguém no quarto.

Controlei minha respiração para não sentir o nervosismo, os passos estavam cada vez mais perto. Não sei o que passa na minha cabeça, mas uma parte de mim não acha que é um ladrão andando pela minha casa.

Percebi que, seja lá quem for, tentou abrir a porta girando a maçaneta, porém, como estava trancada, não conseguiu abrir. Olhando para baixo, dava para ver a sombra de quem estava tentando abrir, mas não dava pra ver muito além disso.

A pessoa deu mais uns passos, pude ouvir mais alguns durante um tempo, até finalmente ouvir mais nada.

Perguntar "tem alguém aí?" seria idiota, eu não sei quem é e nem se já saiu da minha casa. Pensei por uns minutos até decidir pegar meu celular e mandar mensagem no grupo. Deixei o celular no mudo e logo depois digitei no chat:

"Alguém aí entrou na minha casa?"

Fiquei esperando resposta.

Passou de meia noite e os que chegaram a responder foram poucos e com um "Não". Continuo com medo de saber quem tava perambulando pela minha casa, porém, parece que foi embora pois faz um bom tempo que estou no silencio.

Tirei a chave devagar e não dava pra ver nada através do buraco da maçaneta. Me vinha dúvidas se eu devia abrir a porta ou não, mas não poderia ficar no meu quarto pra sempre. Coloquei a chave de volte, destranquei a porta lentamente e a abri da maneira mais silenciosa que conseguiria.

Olhei em volta e não havia nada nem ninguém por perto. Na sala, tudo estava como deixei. Nesse segundo questionei em minha mente se era apenas uma paranoia e eu estava vendo coisas ou algo realmente estava acontecendo. Fui pra garagem checar o animatronic, usando meu celular como lanterna, já que a lâmpada da garagem quebrou, e dessa vez ele estava sentado ao lado do meu carro.

— Tu tá zoando com a minha cara, né coelho do capeta! — Esbravejei.

Droga, o que tá acontecendo?! Dei um chute no pé do animatronic de raiva e botei as mãos sobre a cabeça pensando. Me veio em mente uma idiotice, mas fiz mesmo assim. Cheguei mais perto do boneco e abri a boca dele. Fedia e dava pra ver um rosto ressecado e com olhos arregalados, além de poder ver parte dos componentes do animatronic como se estivesse penetrado na pele da pessoa que está aí dentro. Como alguém morreria assim?

De repente, senti um arrepio na minha espinha e me afastei. Eu tenho que saber o que está acontecendo. Voltei pra dentro de casa e peguei meu computador. Parece que essa coisa não se mexe se alguém estiver por perto, então sentei abaixo da porta entre a cozinha e a garagem e liguei meu computador encarando aquela coisa. Meu Deus, se essa coisa estiver possuída por um fantasma, tou "pedindo" muito pro espírito me matar.

Fiquei umas boas horas pesquisando sobre a franquia de restaurantes e meus olhos ficavam pesados pelo sono. Consegui achar umas coisas sobre desaparecimento de crianças, um acidente com um urso amarelo e pelo visto o urso era da mesma filial que o coelho. Tinha algo dizendo sobre a estrutura funcionar tanto como fantasia como um robô feito pra ficar num lugar fixo.

Será que... O corpo dentro do robô é de um funcionário que... morreu por problemas no equipamento...?

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Não é pra tanto que a galera estranhou Alex não ter dado um sinal de vida desde aquela mensagem perguntando se havia alguém em sua casa. Francamente, achei que era alguém querendo lhe pregar uma peça, até perguntei pro pessoal depois, mas todos, assim como eu, não havia passado na casa de Alex depois da galera ter ido ver o animatronic.

Falei com Scott "Ah, vamos passar na casa de Alex, vai que ficou doente ou algo assim." e ele brincando dizendo que Alex ficou deprê por eu não ter ido ver o boneco. Oras, eu não tinha culpa, não podia faltar ao trabalho. Nem sei por que a galera fica insinuando que Alex gosta de mim, se gostasse já teria dito.

Enfim, depois do trabalho, dei carona pro Scott até chegarmos na casa. Toquei a campanha, mas não houve resposta, aí pegamos a chave reserva escondia abaixo de uma tábua solta abaixo do tapete.

Quando entramos, tudo estava normal, exceto do fato da luz da sala estar acesa sendo que está de dia. Eu e Scott chamamos o nome de Alex, mas não houve resposta.

Avistei, na cozinha, um notebook, estava quebrado. O que teria acontecido?

— Scott, olha isso.

Falei me aproximando do computador assim notando que a porta que leva à garagem estava levemente aberta. Entrei lá dentro e percebi que o interruptor que ligava a luz não estava funcionando. Liguei a lanterna do meu celular. Vi o animatronic que Alex pegou no canto direito da parede oposta à porta e iluminando ao redor algo no chão. Era Alex.

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Me aproximei rapidamente junto de Scott. Alex estava no chão e sua cabeça estava com sangue. Isso está escuro, não foi hoje, deve ter sido... Meu Deus, será que foi no dia da mensagem?!

— O que foi isso? — Perguntou Scott assim que ouvimos um barulho.

Miramos as lanternas de nossos celulares ao redor e nesse momento gelei:

— S-Scott... Cadê o animatronic?

No segundo seguinte, senti Scott "caindo" sobre mim e antes que pudesse levantar do chão, uma mão grande me pegou pelo pescoço e encostou eu e Scott na parede. Vi que era o coelho, aquela coisa estava viva!

Eu mal conseguia respirar, mas tentei chutar na coisa para me soltar. O monstro me desencostou da parede e me bateu contra ela umas duas vezes. Me senti tonto e algo quente escorrendo pela nuca.

A coisa me jogou brutalmente no chão e senti uma dor no braço que bateu no chão. Minha visão estava turva, ouvi um "Não" abafado do Scott antes do animatronic colocar a mão livre sobre o rosto dele. Ouvi um som, não sei o que era, parecia que o bicho quebrou o pescoço dele, não sei. Tentei me mover, mas estava muito tonto e meu braço estava dolorido. Senti algo pesado pousar sobre minhas costas, senti mais dor ainda no meu corpo. O robô abaixou um pouco e segurou minha cabeça.

Agora já era.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.