Sweet Temptation

Decisão: Medo e Mágoa...


P.O.V Do Freddie

Sam terminou de cantar e deixou o microfone no pedestal. Carly foi a primeira a aplaudir seguida por Wendy, e aos poucos o som de aplausos aumentaram, tomando conta do refeitório junto aos assovios e gritos eufóricos dados por garotas que acharam tudo aquilo romântico e fofo... E realmente foi aquilo mesmo, Samantha Joy Puckett havia se declarado para mim diante de todos, e tinha pedido desculpas à todos que um dia foram afetados por ela. Eu estava atordoado, abobalhado, feliz, orgulhoso e um tanto confuso com sua atitude.

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Quêm diria que a garota mais bonita, popular, rica, durona e egocêntrica como ela iria se apaixonar por um garoto nerd, simples, tímido, bobo e ingênuo como eu?

É, a vida e o destino nos surpreendem... Os opostos se atraem, e quêm era eu para discordar de tudo aquilo? Meus sentimentos eram fortes e verdadeiros, eu simplesmente estava perdido e loucamente apaixonado por aquela garota.

— Isso tudo é ridículo! - Mandy empurrou a bandeja de plástico com força, derramando o suco de uva.

— Calma, amiga... - Nora tentou contê-la.

— Fica na sua, Nora! - A olhou brava e nossa amiga se encolheu.

— Mandy, eu sinto... - Tentei me desculpar já com a minha decisão tomada.

— Não! Não sente! - Levantou abruptamente e me olhou com os olhos marejados. - Você a ama, só ficou comigo por ficar, eu nunca signifiquei nada mesmo. - Disse triste e eu me senti mal por aquilo. - Vai lá, corra para os braços da sua garota e fique com aquela! - Falou ressentida. - Ainda bem que não me entreguei para você. - A encarei com pesar. - Ai, como eu fui trouxa, eu deveria saber que iria sair magoada! Não quero mais ser sua amiga, de agora em diante...

— Não exagere, Amanda! O Freddie não teve a intenção de te magoar, você mesma se iludiu e se envolveu com ele porque quis, mesmo sabendo que ele gostava de outra! - Gibby me defendeu.

— Não se intrometa, Gibby. Você também é um idiota, tá legal? Eu passei dois anos gostando de você e você nunca percebeu. Nunca! - Disse cheia de mágoa.

Por aquela eu não esperava e nem muito menos ele... O Gibson abriu a boca e a encarou de olhos arregalados.

— Se apaixonaram pelas riquinhas, as patricinhas do colégio... Claro! Quêm iria me notar? Olhar para mim com outros olhos? Eu não sou atraente e nem interessante, não é mesmo? - Vê-la chorando me deixou triste, muito triste.

— Eu... Eu não sabia... Lamento, Mandy... - Ele balbuciou atordoado e um pouco abalado com a revelação.

Nora estava com a cabeça baixa, e Ricardo estava quieto, nem quis se intrometer, ficou exatamente na dele.

— Agora não importa mais... Espero que vocês dois sejam felizes... Principalmente você, Gibson. E não me chame para ser madrinha do seu bebê... - Os olhos dele marejaram e ela me lançou o último olhar antes de sair correndo aos prantos.

Eu sabia que um de nós sairia machucado naquela história, mas não pensei que incluiria Gibby e eu também, nossa amiga estava magoada com a gente e nós dois nos sentíamos culpados, e tristes por tê-la feito sofrer...

— Vou atrás dela. - Disse meu amigo fazendo menção de se levantar.

— Não! Nem pensar, só vai piorar tudo. Ela não quer ver vocês. - Nora o segurou, ela tinha razão.

— Mas...

— Sou a melhor amiga, eu vou. Ela precisa de mim. - Se prontificou em ir consolar a baixinha.

— Nossa! Que barra, eu não queria estar no lugar de vocês. - Comentou Ricardo e eu suspirei, Gibby abaixou a cabeça e praguejou baixinho.

Então, lembrei que precisava fazer algo. Tinha que conversar com a Sam. Quando olhei para o palco, ela não estava mais ali... Onde a loira teria ido?

— O que aconteceu, amorzão? - Carly veio até nós, preocupada com o namorado.

— Depois te falo, Carls. Depois, ok? - Levantou ainda triste e ela assentiu.

— Cadê ela? - Perguntei à morena.

— A Sam? - Eu assenti. - Foi embora achando que você tinha escolhido a Valdez. - Respondeu.

— Droga! - Exclamei e olhei ao nosso redor, o pessoal ainda cochichava e alguns haviam se juntado para rir.

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O sinal tocou, o horário de intervalo tinha chegado ao fim.

E sem pensar duas vezes, saí dali correndo, eu precisava encontrar a minha garota...

[...]

P.O.V Da Sam

Fiquei ali parada esperando alguma reação dele... Nada. Ele estava lá com os amigos, junto com a Valdez e pareciam ter muitos assuntos. Olhei para os nossos colegas, alguns riam, outros cochichavam e por milagre, alguns sorriam para mim, nem todos haviam me perdoado e eu os compreendia. Sempre fui tão má com eles e sem motivos, eu só queria me sentir superior... Talvez eu merecesse a mágoa/raiva que eu havia plantado, você só colhe o que planta, certo?

Pelo visto ele tinha feito a escolha dele, sua decisão estava tomada. Desci do palco arrasada, o choro entalado na garganta, os olhos ardendo e com um aperto no peito... Como pude pensar que ele me perdoaria, e voltaria comigo? Eu fui tão boba, me sentia um fracasso...

Parei no corredor, estava vazio, claro. Ainda era horário de intervalo, os professores e os funcionários deviam estar tomando café, e se servindo de bolachinhas. Respirei fundo, segurando as malditas lágrimas e caminhei para o meu armário, com a intenção de pegar a minha bolsa, só queria dar o fora dali... Dane-se, matar mais uma aula não iria me reprovar mesmo, as minhas notas eram boas, e eu só faltava ou cabulava de vez em quando...

— Se gritar, eu corto a sua garganta! - Fui agarrada por trás, enguli em seco reconhecendo aquela voz, um calafrio percorreu meu corpo quando algo gelado pressionou de leve no meu pescoço... Era uma lâmina.

— Você não teria coragem. - Eu tinha que acreditar naquilo.

— Duvida? Quer pagar para ver, cadela? Maldita, desgraçada! Você acabou com a minha reputação! Eu disse que ia ter volta! - Era mesmo uma ameaça e pra valer.

— É melhor me soltar, Boots. Ou vai ser pior, quer parar no reformatório? Ou pior, na cadeia? - Tentei amedrontá-lo.

Ele riu debochado. Maldito. Eu tinha nojo dele.

— Cala a porra da boca e venha comigo! - Passou um braço ao redor do meu pescoço, vi o canivete que ele segurava, apertando o cabo vermelho, vi a lâmina brilhar diante dos meus olhos, bem afiada e o medo tomou conta de mim.

Eu tinha que manter a calma. Não podia me desesperar...

Me conduziu pelo longo corredor, chegamos na porta principal, estava destrancada, e o porteiro do colégio estava ausente, talvez tivesse ido ao banheiro e o Boots me fez atravessar o gramado aparado, o carro dele estava estacionado à poucos metros dali...

— Depressa, caralho! - Pessoas passavam na rua, ele me abraçava de lado, parecíamos um casal, e o canivete estava encostado de modo discreto na minha barriga. - Sorria, amor. Nada de gracinhas ou quer ser apunhalada aqui mesmo? - Me ameaçou novamente.

Estremeci, engulindo em seco... Com uma louca vontade de gritar por socorro.

— Que gracinha! Vocês se merecem, um verme e uma hipócrita. Se declara e depois parte para outro? Uma vez vadia, sempre vadia! - A Valdez passou por nós e nos parou para nos ofender, eu quis pedir ajuda, tentei sinalizar discretamente, mas infelizmente ela nos deu as costas e seguiu para o Corolla, era azul-escuro e até bonitinho.

— Até que ela é gostosinha, pode ser cafona, mas eu não dispenso uma ninfetinha virgem! - O imbecil comentou e meu estômago embrulhou.

— Nojento! - Cuspi as palavras.

— O quê? Isso é ciúmes, amor? - Me fez apressar os passos, me conduzindo para o Maserati preto.

— Odeio você, odeio! - Deixei bem claro e ele riu.

— É o que você diz... - Apertou o braço ao meu redor e lambeu meu pescoço, tive vontade de vomitar.

— EI, SOLTA ELA! - Aquele grito fez meu coração disparar.

Billy se virou, nos fazendo ficar de frente para o Freddie, que arregalou os olhos quando viu o canivete que o Boots segurava, me mantendo como refém.

[...]

P.O.V Do Freddie

— Olha só, o boboca apareceu para bancar o herói de novo. Quer ganhar outro olho roxo, idiota? Ou quer ver essa puta aqui sangrando? - O meu sangue ferveu após ouvir aquilo.

Billy Boots estava com a Sam, a ameaçando e eu temia por minha garota...

— Não a machuque... Solte ela. Seja homem e largue esse canivete. Venha enfrentar alguém do seu tamanho, Boots! - Eu não tinha medo dele.

— Você é menor que eu, imbecil. Não se garante comigo, eu posso te quebrar na porrada! - Disse todo confiante.

— Freddie, por favor, vá embora... - Suplicou, lágrimas começaram a banhar seu rosto angelical.

'Peça ajuda!'

Ela moveu os lábios formando as palavras.

Não. Eu não podia deixá-la sozinha com aquele maluco. Se eu não chegasse à tempo, ela ia ser sequestrada e sabe Deus o que ele estaria fazendo com ela...

— É, se manda, Benson. Meu assunto é com ela e não com você! - Billy me encarou raivoso.

— Não seja covarde. Ela é só uma garota. Por favor, cara, larga ela. Não precisa machucá-la! - Falei tentando fazê-lo me ouvir e mudar de ideia, então me rendi e levantei os braços.

Sam tremia e chorava baixinho... O medo estava estampado em seu olhar e eu só temia por ela, nada mais me importava.

Algumas pessoas por perto, que passavam na rua perceberam a situação, estávamos no gramado, em frente ao colégio... Vi um homem sacar o celular do bolso, e começar a digitar com rapidez e levou o aparelho ao ouvido. Só podia estar acionando a polícia.

— Ei, garoto! O que pensa que está fazendo? - O Sr. Ramirez, o porteiro gritou atrás de mim, me virei para olhar para o homem de quarenta e poucos anos, ele se aproximou. - Solte a menina! - Pediu tentando ajudar.

— Merda! Cai fora, velho idiota! - Gruniu, Billy ficou nervoso e começou a praguejar.

— Billy pensa bem, você não é assim, e não precisa ser desse jeito... Sinto muito, eu não... - E foi quase repentino, as sirenes soaram, ele se assustou, a soltou e ela caiu de joelhos no chão gritando de dor.

— NÃO! - Berrei ao ver sua blusa branca manchada de sangue na região do abdômen, ao lado direito.

— Era só para ser um susto, por vingança... Um susto! Eu não queria, juro que não queria machucar ninguém... - O Boots estava pálido, muito nervoso e assustado.

Até tentou correr, mas o Sr. Ramirez foi mais rápido e o alcançou, o derrubando de barriga, imobilizando-o para a polícia... A viatura parou em frente ao colégio, dois policiais correram até o Boots e ele foi logo algemado.

Estávamos sendo cercados por curiosos, alguns alunos sairam com os professores para ver o que estava acontecendo... Sr. Ramirez começou a explicar.

— Vai ficar tudo bem, já estão ligando para a emergência, logo uma ambulância vai chegar... Você vai ficar bem, princesa, eu prometo... - Abracei seu corpo, deitando sua cabeça em meu peito.

— F-Freddie... - Sam soluçava e apertava o ferimento, seus dedos ficaram molhados de sangue. - Eu... Te... Amo... - Disse com a voz fraca e quase falha.

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Gibby, Carly, Wendy e outros alunos correram até nós, formando um círculo. A Shay e a ruiva gritaram apavoradas e começaram a chorar.

— Amiga... Ai, meu Deus! Uma ambulância, por favor... - A morena suplicava.

— Levanta ela com cuidado, vamos no meu carro! - Gibby sacou as chaves do bolso.

— Vamos te levar para o hospital... Você vai ficar bem, meu amor. - Levantei carregando ela.

— Eu sei, bebê... - Sussurrou e revirou os olhos, desmaiando em meus braços.

[...]

P.O.V Da Mandy

Cheguei em casa, abri a porta com a cópia da chave, eu tinha as cópias de todas as chaves, abri a garagem e guardei o Corolla. Me surpreendi quando me deparei com o James, ele estava na cozinha, vestindo camiseta e calção, e ainda por cima descalço. Ele não devia estar ali, mas estava... Distraído vasculhando a geladeira.

— O que tá fazendo aqui? - Indaguei, meu rosto devia estar vermelho assim como meus olhos, eu ainda fungava após vir o caminho todo chorando.

— O quê? Como assim? O que aconteceu com o seu celular? O papai te ligou e sua mãe te deixou vários recados. - Ele franziu o cenho, estava sério.

— Descarregou. - Minha voz saiu um pouco rouca. - Por quê? O que aconteceu? - Pela cara dele, coisa boa não era...

— O vovô está internado, sofreu um Derrame, eu acho... Não tenho certeza. A tia Lucy ligou e o papai ligou para mim, e me pediu para te fazer companhia, ele e a sua mãe viajaram às pressas. - Explicou.

— Meu Deus, coitado do vovô. - Lamentei.

Meus avós paternos moravam em San Diego junto com tia Lucy, a filha do meio, era solteira, sem filhos e cuidava dos nossos avós.

— Pois é... - Se serviu de suco e tomou um longo gole. - Saiu cedo, aconteceu alguma coisa? - Me encarou.

— Você tinha razão, Jay. Aquele garoto com quem eu estava ficando é um idiota, ele me largou sem se importar com os meus sentimentos, e o Gibby ainda ficou do lado dele... Eles me magoaram, pensei que gostassem de mim... - Desabafei e desabei em lágrimas.

James largou o copo de suco pela metade sobre a bancada e veio me abraçar.

— Te avisei, não avisei? E você não me ouviu. Sou mais velho, tenho mais experiência, deveria ter seguido meus conselhos. Isso vai passar, eu prometo. Esse tal de Freddie é um moleque, apenas te usou. Você é divertida, inteligente, é uma menina linda. Merece alguém melhor, e isso que você sente é apenas uma paixãozinha passageira, não é amor... - Afagou minhas costas.

E se ele tivesse razão? E o Freddie realmente não era o cara certo para mim?

— Ele dizia que eu era importante, especial e que gostava muito de mim, e eu boba, acreditei... - Afundei meu rosto contra seu peito, abafando um soluço.

— Te iludiu, não é? Filho da puta! - Rosnou.

— É, rompi com a nossa amizade, não quero mais saber dele. - Tentei me afastar, mas ele continuou com os braços firmes ao meu redor. - Jay... - Ergui o rosto e fitei seus olhos azuis.

— Será que não mereço uma chance? - Sussurrou.

— Por quê quer uma chance? Têm tantas garotas da sua idade, bonitas e interessantes a fim de você, e eu...

— Você vai fazer 17 anos e eu 19, não é tanta diferença assim, e eu não me importo, mas se você me der uma chance, eu juro que consigo te fazer feliz. Eu quero você. - Segurou meu rosto.

— Você é meu irmão, Jay, seria incesto, o papai nunca iria aceitar, e nossas mães também não. - Falei atordoada.

— Meio-irmão... Já disse que não me importo com isso... Eu não queria te ver dessa forma, nunca quis sentir o que eu sinto, sei que parece doentio, você deve me achar louco, mas eu realmente não ligo... Eu amo você, não existe maneira certa de amar, e não falo do amor fraternal, pode ser pecado, pode ser crime, mas e daí? O que eu sinto é puro e verdadeiro, pequena... Só preciso que me dê uma chance, juro que vai valer à pena. - Prometeu.

— Não sei, Jay, não sei... - Eu não sabia o que pensar. Se é que eu poderia cogitar... - É complicado, eu só preciso de um tempo para mim, não quero me envolver com ninguém agora... Sinto muito. - Não era justo, nem comigo e nem com ele.

— Entendo... - Beijou minha testa e me soltou.

Agarrei sua camiseta e ele me encarou, fitei seus olhos claros, e seu olhar desceu para a minha boca. Fechei os olhos e aguardei sua reação, senti a sua respiração se misturar à minha. Se curvou para encurtar a distância de nossos rostos, seus lábios alcançaram os meus e logo nossas línguas se tocaram... E eu não me importei com mais nada. Só me deixei levar por aquela nova sensação.