Como uma mãe

— Vamos criadora sabe o que deve fazer… bem eu vou estar te esperando na sala do menos um (ela estava muito triste, acredito que sentia certa culpa e um pesar de seu passado arrogante).

— Eu vou só tentar conversar com o professor de sexta, acho que a aula dele tá para acabar.

Aos poucos ela foi desaparecendo e antes de sumir pegou em minha mão e...

— Sabe não pode ficar presa entre os dois mundos. É tão triste ver e saber de seu potencial e... (uma lágrima caiu de seus olhos), ver tudo ser jogado fora traz uma frustração. Possui a máquina mais perfeita já criada e a desperdiça.

Havia outra prova na mesma semana com matemática por isso eu corri até uma outra sala onde outro professor estava já arrumando suas coisas para sair.

— Com licença professor … Pode por favor tirar algumas duvidas minhas ?

— Ah bem... a aula já acabou e você só tem aula comigo na sexta que aliás é a prova se não me engano.

— Bem... peço desculpas por nunca ter tirado minhas duvidas na sala de aula…

eu contei em resumo sobre minha dificuldade e sobre a necessidade de reconhecer quando eu não sei algo. O professor um senhor riu e para minha surpresa compartilhou um “camundongo” comigo, uma situação que o fez sofrer por muito tempo e que conseguiu superar, porém nada de explicações.

No retorno para casa pensei em Zoe

—Possui a máquina mais perfeita já criada e a desperdiça.

Ela se referia ao cérebro. De fato há um desperdício…

Um pouco frustrada já em casa tentei estudar, mas Zoe tinha razão estar no mundo real sem ter terminado o que havia começado trouxe mais e mais devaneios. Um desses devaneios, um belo garçom tentou servir uma bebida de cor azul, era um costume meu encher a cara de tristeza e frustração após um “fracasso”, porém naquela noite eu recusei o drink.

— Isso é matemática!, aquela porta ali só funciona graças a medidas, este prédio construído com cálculos, ok não dominar, tudo bem se não gosta, mas deve dar atenção a isso! aprenda! apenas aprenda! Sabe o que deve fazer!

Era verdade eu sabia o que deveria fazer. Então eu respirei fundo e fui mais profundo em mim mesma.

Ratos e mais ratos… eu tentei escapar, mas eram como areia movediça eu afundei… Mais e mais em mim mesma até que …………

Em uma luta constante para manter o controle… Tudo ao meu redor escureceu e eu tive uma visão ? Uma fresta surgiu e eu empurrei uma porta.

O maior dos desafios na vida

não é o mudar, melhorar ou ganhar.

O maior desafio é

virar realidade. (a voz de Billy)

— Sim! Todos os dias até virar rotina, até fazer parte. Instantes de lucidez, instantes em que se há uma percepção,o acompanhamento do eu .Em uma luta constante para manter o controle…(minha voz) Tudo ao meu redor escureceu e eu tive uma visão ? …

Perdi a consciência ou a encontrei? Eu vi uma criança muito teimosa e como foi mimada.

— Eu quero! Eu quero! Quero...

— O que quer ?

Uma explosão de vontades tomou conta de mim. Uma parte eram coisas fúteis, desnecessárias e inúteis. Outras apenas desejos. ..

Um em especial chamou a atenção.

— Ser grande

Ser grande. .. Um momento, uma tristeza e... O que poderia fazer? Estava diante de mim uma menininha de uns cinco anos, suja de doces , seu rostinho cheio de chocolate, o seu "lar" sem nenhuma estrutura.

Ela estava lá abandonada.Tal visão lembrou-me de minha mãe, no mundo real eu sempre prestei atenção ao modo que ela me tratava, a autoridade, sabedoria e principalmente a compreensão dela deram a estrutura que precisava para construir meu caráter e para eu ter condições de erguer minha vida.

Dotada de uma paciência admirável esperava a hora certa,momento propício e lá estavam as palavras certas, desta forma repreendida, educa-va… minha mãe me ensinando sobre a vida (Estarei sempre em dívida com ela …),

Quando criança eu a enchia de perguntas, boa parte ficaram sem resposta, porém seu olhar e empenho me calavam.

Não há nada mais precioso para dar a um filho do que boa educação isso inclui limites e bom exemplo.

Minha mãe nunca chorou em minha frente, mas eu já a ouvi a chorar. Minha mãe nunca fugiu, apesar de seu medo. Nunca mostrou-se ignorante, se não sabia algo oferecia seu silêncio, aprendi assim que o silêncio é a resposta mais sábia . Eu acompanhei de longe suas batalhas e a vi vencer.

Por este motivo estou em dívida, ela salvou-me...

Ali em minha visão. Uma menininha mimada, suja e que precisava da verdadeira atenção chorava, gritava e imponha suas vontades sem compreender que poderia se prejudicar, e eu a mãe tola que para fazê-la parar compria cada vontade e atendia cada desejo.

Sentei-me no chão sem falar mais nada a observei até que cansou-se e caiu de sono. Eu arrumei como podia o lugar, improvisei uma caminha e dei um jeito de dar um banho na pequena que de tão cansada não acordou.

Enquanto ela dormia eu tentava entender a minha negligência comigo.

Um fato terrível era que eu não agia comigo como minha mãe agia e isso, este pequeno detalhe era a fonte de todos os camundongos.

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No outro dia eu não encontrei nenhum de meus personagens e como tinha responsabilidades no mundo real não retornei para a Zoe eu segui a minha rotina. Tinha uma importante prova na sexta e eu busquei anotar as minhas dúvidas e conversei com um colega de sala, desta vez eu consegui! engoli meu orgulho, meu medo é bem outros “camundongos” que quase fugiram.

Nesta última prova eu tirei um 7 foi bem até. Na noite de sexta (dia da segunda prova), após um dia cheio estava pronta para retornar para Zoe, assim que fechei a porta de meu quarto Billy resolveu dar o ar da graça.

— Olha só seu primeiro 10 em matemática após a quinta série!!

— Não é um 10 é um 7!

— Some com aquele 3 e terá um 10!! Aliás o que faz aqui ? Sabe que há versões suas presas aguardando uma libertação.

— Bem eu tive de comprir com minhas obrigações, mas eu sei preciso voltar e terminar com o que comecei! pode me levar lá novamente?

— Ora, ora tá reconhecendo que sou um porco incrível !!!

— Pode apenas colaborar?

— Sim claro e aproveitando seja para si mesma como a verdadeira mãe, como sua própria mãe é .

— Aquela visão era você?

— Eu só facilitei o encontro mamãe. Não aguentava mais aquela criança mimada.