FLASHBACK ON

Um ano atrás...

— Preciso te dizer uma coisa, Junghuon. – Bea-ni, de longos fios castanhos, iniciou entre os beijos do rapaz que a envolvia em seus fortes braços.

— Hum? Você tem certeza de que quer dizer agora, Bea-ni ah? – Junghuon falou com a respiração entrecortada. Sua voz era calma e cálida.

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O casal parecia se amar verdadeiramente e faziam parte da vida um do outro. Naquele fim de semana, a televisão transmitia um dos filmes preferidos da jovem e ambos, sentados no sofá, já não se importavam tanto assim com aquelas imagens da tela.

— Nee. Eu tenho que te falar. – Bea-ni soltou um pequeno sorriso ao sentir as mãos do rapaz roçar sua cintura por debaixo da blusa.

A garota retribuiu os carinhos com um beijo tranquilo, porém profundo acariciando a nuca do outro que diminuiu a pouca distância que havia entre os dois.

— Fui escolhida. – Ela deu uma pausa e Junghuon afastou seus longos cabelos deixando o pescoço da mesma à mostra – Fui escolhida para representar a Kang’s Company.

— Isto é bom! – Exclamou o jovem rapaz respirando o delicioso aroma daqueles fios castanhos.

Bea-ni mordeu os próprios lábios encarando seu namorado, fazendo-o parar:

— Ani... Você não entendeu...

Junghuon franziu os cenhos tencionando o corpo. Bea-ni continuou:

— Irei representar a Kang’s Company na... – Suspirou imaginando a reação que viria daquele estranho rapaz – Em alguns países da América.

A garota sentiu-se agitada, mas não poderia adiar ainda mais esta notícia.

Silêncio.

O som da televisão tornou-se audível novamente aos sentidos dos dois naquela ampla sala.

— Ani. – Foi apenas o que respondeu Junghuon.

— O quê? – Bea-ni sentiu-se confusa e incômoda. Algo lhe dizia que as coisas não ficariam bem. Seu coração acelerou.

— Você não pode ir. – Junghuon aproximou-se dela novamente abraçando-a fortemente. Ela tentou, sutilmente, afastar-se do namorado, mas ele a apertou um pouco mais impedindo que ela se desvencilhasse – Você não pode ir, Bea-ni. Não pode. Você não vai, está me entendendo? – Seus olhos intensos pareceram mais escuros e deram lugar a uma seriedade quase insana – Preciso de você, Bea-ni ah. Você é minha.

Retomou os beijos, porém agora com urgência.

A beijava pela face e pescoço, reencontrava seus lábios incansavelmente, mas a garota já não retribuía. O olhar de Bea-ni neste momento também mudou. Aquela última frase a perfurou dolorosamente e mais do que nunca precisava seguir sua vida livre desta relação danosa, cheia de discussões e preocupações. Nunca sabia quando ele estaria realmente calmo. Suas atitudes eram das mais repentinas, assim como as mudanças de humor.

— Junghuon, solte-me. – A voz daquela bela garota ecoou firme.

O rapaz fechou as mãos em punho parando de súbito com a advertência da namorada.

Bea-ni levantou-se e caminhou em direção à cozinha, precisava de água. Sua garganta estava seca e começou a tremer levemente. Nos últimos tempos, estava com os nervos à flor da pele.

Porém, foi bruscamente puxada. A dor em seu braço sinalizava futuras marcas.

Outras.

Novas marcas.

— Bea-ni, será que você não vê?! – A voz de Junghuon era rouca e baixa – Você é a única que me entende! Você quem me faz sentir bem como há tempos não conseguia. Preciso que esteja comigo e apenas comigo! Encho-me de ódio quando algum outro garoto te olha, quando você conversa com aqueles-- - Respirou fundo tentando controlar-se – Com aqueles seus colegas de trabalho... – O desprezo era perceptível no tom do rapaz.

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— Espera. Junghuon, como você pode falar dos meus colegas de trabalho? Junghuon, você anda me seguindo?! – A voz de Bea-ni soou esganiçada. Aquela possibilidade a assustou. Realmente tudo havia desandado e ela não conseguia distinguir desde quando.

— SIM! – Ele gritou assumindo, mas a garota não se abalou. Sabia que mais cedo ou mais tarde ele começaria com os gritos. Porém agora, as coisas seriam diferentes.

- Precisamos pôr um ponto final, Junghuon. – Bea-ni encarava-o determinada, com os cenhos franzidos e a respiração descompassada. Sentia uma imensa vontade de gritar e sair dali de uma vez por todas. Mudar a vida. Encerrar este ciclo.

— Você me ama, Bea-ni! – Junghuon esbravejou segurando os ombros da garota ameaçadoramente.

— YA! – Soltou-se do rapaz – ANI! Não te amo, Junghuon! Um dia pensei que te amava! Que poderíamos ser felizes! MAS, NÃO! – Bea-ni liberava sua raiva por todo o tempo que sofreu com Junghuon – Eu estava completamente enganada! Você não está bem, Junghuon, e você não me faz bem! Isto que você tantas vezes já falou sentir por mim, não é amor. Nunca será. Eu tentei te ajudar, ser compreensiva, te ouvir, mas você só me causa danos! Diz que precisa de mim, para depois gritar e se perder em ciúmes! Não aguento mais! Vá embora.

— Não, não, não, não... – Ele pareceu desnorteado enquanto tapava os ouvidos com as mãos – Não me mande embora, Bea-ni. Eu irei mudar. Eu--

- Perdi as contas de quantas vezes ouvi isto de você. – A garota olhou com pesar o rapaz ajoelhado a sua frente com os olhos fechados e as mãos ainda em cada ouvido - Você está seguindo por um caminho diferente, Junghuon. Tentei te trazer de volta, mas você apenas me feria, me afastava ainda mais. Deixe-me seguir o meu caminho. Você não entende? Não podemos seguir juntos, Junghuon! Não nos amamos mais, não somos mais o casal satisfeito de dois anos atrás! Tudo foi uma mera ilusão.

— Eu não irei suportar te ver com outra pessoa, Bea-ni! – Levantou-se de súbito gritando novamente e mais esta frase fez com que Bea-ni esbugalhasse os olhos sentindo o perigo que estaria correndo perto daquele rapaz que um dia amou.

Tensa, com o coração descompassado, Bea-ni sentiu-se tonta e precisou respirar fundo para manter o controle. Seria este um pesadelo? Precisava acordar o mais rápido possível.

— Junghuon, não temos mais o que conversar. Vá embora da minha casa. Me esqueça e eu farei o mesmo em relação à você.

Aquilo ecoou nos ouvidos do descontrolado rapaz e percorreu até seu coração espalhando-se como veneno por todo seu corpo. Ele não aceitava este término e tremeu cerrando os dentes em reflexo. Então, em um impulso de ira, loucura e ciúmes, Junghuon fez o que havia um dia prometido não se repetir; o que um dia o deixou nesta mesma situação: com seu namoro por um fio. Fez o que deixava ainda mais evidente o mostro que era, condenando-o.

Junghuon espalmou sua forte mão acertando o delicado rosto de Bea-ni derrubando-a violentamente no chão. Um estalo seco se fez audível e lá estariam novamente as marcas daquele relacionamento envenenado e destruído.

Bea-ni não conseguiu evitar que grossas lágrimas escorressem e sentiu que seu coração inundava-se em um oceano escuro e gélido o bastante para rachá-lo ao meio. Não conseguia parar o choro por mais que tentasse e reuniu forças para levantar-se. Suas pernas titubeavam.

— Bea-ni! Eu não quis fazer isto! Me perdoa eu-- Bea-ni, me dá mais uma chance… - O olhar de Junghuon estava em pânico e, perdido, aproximou-se dela com a voz entrecortada implorando o perdão de alguém que parecia não conhecer mais este sentimento. A garota começava a revoltar-se e avançou no alto rapaz batendo-o com os punhos fechados, acertando o tórax do mesmo entre gritos e lágrimas. Sem reação, de ombros caídos e derrotado, Junghuon aceitou.

— Eu sei que não te faço bem. Sou um fardo, uma erva daninha em sua vida. Não sei como conseguirei viver sem você ao meu lado, sem ver seu sorriso... – Ele começou, entre os golpes da pequena garota – Você é especial, Bea-ni. Sei que se preocupou comigo e te retribuí com ciúmes-- - Interrompeu-se segurando os pulsos da garota que encarou-o com tristeza e raiva exalando do olhar – Espero um dia te merecer.

— ANI! VÁ EMBORA DA MINHA VIDA! – Esbravejou e correu, em seguida, abrindo a porta. Assim que Junghuon cruzou-a, bateu com toda a força que pôde, trancando-a.

Foi até seu celular e ainda trêmula, com os olhos e rosto ardendo, fez uma ligação com a voz débil:

— Hua-le ah, por favor, vem aqui. – As lágrimas pareciam não querer cessar tão cedo.

— Vocês discutiram de novo? – Hua-le inquiriu preocupada observando as marcas avermelhadas no rosto de Bea-ni e sentiu seus olhos marejarem ao ver a amiga naquele sofrimento. Maldito Junghuon – Você precisa fazer algo! Denuncie o Junghuon.

Bea-ni suspirou. Tinha medo. Tudo o que queria era viver livre novamente, longe deste pesadelo. Esta viajem para a América certamente lhe faria bem.

Hua-le retomou a palavra:

— Eu estarei sempre do seu lado, minha amiga. - Ambas se abraçaram dispensando palavras. Com este gesto, muito estava sendo dito – Olha, em dois meses apenas, você viaja. Porque não nos divertimos um pouco, hein?! – Hua-le tocou no nariz da amiga com o indicador fazendo-a esboçar o mais fraco sorriso. Era mais velha que Bea-ni apenas alguns meses e a cuidava como uma irmã mais nova – Vamos marcar um dia em um SPA. Conheço um ótimo que você irá amar! O SPArirang. Lá é um luxo com várias salas cheias de coisas legais. Daqui para lá, sua agenda vai estar cheia apenas com “cinema”, “jantar”, “filme”, “Netflix”, “Karaokê”...

— Que bom que eu tenho você, sabia? – Bea-ni ainda sentia seus olhos úmidos, mas conseguia, aos poucos, ficar mais tranquila.

— Aigoo... Se eu contar quantas vezes você já me socorreu com meus probleminhas e aventuras, vamos passar os próximos dois meses aqui!

Ambas sorriram cheias de esperança.

Flashback OFF

Assim, a vida de Bea-ni estava a poucos meses de um salto inovador adiante, ao qual ela tanto precisava e, enquanto isto, o destino começava a traçar trilhas sutis na vida de certo jovem, vezes solitário, chamado Kim Taehyung.

Duas vidas estavam prestes a se cruzar e seria naquele mesmo SPA, em um dia qualquer da grande Seoul.