Dr. Fullmetal

EXTRA (Uma bala por um irmão)


Os alquimistas voltaram atacar, desta vez de surpresa, matando todos a sua frente, era o Inferno. As chamas lambiam chão destruindo tudo o que estava a sua volta e os tiros matavam os poucos sobreviventes. As lágrimas, os gritos, os sentimentos de agonia e raiva. Tudo era sufocante, assim as mentes dos guerreiros, tanto os de Amestris como os de Ishval, estavam tão destruídas quanto as famílias desta guerra.

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O mundo não era gentil, nunca fora, os mortos eram prova disso. Os sentimentos daqueles deixados para trás eram mais que prova da dor que o mundo gosta de dar para rir do quanto patéticos sãos Humanos. O mundo, tão cruel, irónico e tenebroso, que dá boas lembranças para recordar que nem sempre foi assim, que a culpa era deles por não ser mais assim.

Que eles eram meros Humanos que decidiram brincar de Deus.

Quando alguém pressiona o gatilho sempre será com a intenção de matar, era a realidade. Quem pressionar primeiro não morrerá. Tem uma vitória amarga na boca e o gosto doce que adormece o corpo junto com a adrenalina. Só existia um objetivo, que já não era o Fruher, já não era a honra, já não era a condecoração, a única coisa que importava era viver.

Não, a única coisa que importa é sobreviver.

Hughes tem alguém para quem voltar, a sua vida era prioridade sobre qualquer outra, para ele a sua querida mulher que esperava por ele seria sempre a sua prioridade, por isso é que ele estava no exército, para lhe dar uma vida melhor, a vida que ela merece. Gracia, aos seus olhos, sempre mereceria o céu e as estrelas.

Porém, ele tinha camaradas, existia a Riza que apesar de conhecer há pouco tempo tinha sido a pessoa mais leal e doce que conheceu faz algum tempo, existia alguns militares interessantes como Havoc e o Armstrong que era um homem tão grande com um coração ainda maior, tinha Roy o seu melhor amigo e Ed. Meu Deus, como ele poderia virar costas a Roy e Ed?

O Dr Fullmetal, aquele homem que salvou a sua vida uns punhados de vezes, de cortes, infeções, da sua própria loucura sendo a única mente sã naquele local. Ed era como uma briza de ar fresco e o homem parecia nem fazer ideia do efeito que tinha sobre as pessoas. E Roy, o homem com quem competiu, com quem aprendeu, partilhou os seus ideais e sonhou, aquela pessoa que protegeu as suas costas mesmo de olhos fechados, ele era o seu melhor amigo, talvez até mesmo irmão.

O seu objetivo era voltar para o seu futuro feliz, mas como ele poderia voltar com tanta gente que ele deseja proteger.

Desculpar, Gracia, talvez eu não volte.

Porque o chão está manchado de vermelho e o sangue é meu.

A bala, a primeira bala que atravessou o corpo de Hughes desde que a guerra começou, doía pra caralho. Mustang tinha que lhe agradecer por o não fazer sentir esta dor horrível. Ao abrir os olhos, a batalha decorre a sua volta, mas ele está deitado nos braços de Roy que olha para ele sem reação, as suas mãos tremem e Maes dá um maldito sorriso.

A adrenalina começa a correr pelo corpo do alquimista

— Dr. Fullmetal! — São as palavras que Roy grita: o primeiro nome que vem a sua cabeça que pode ajudar o seu amigo. As pessoas olham para ele admiradas pelo grito, afinal ele sempre se mostrou com aquele maldito sorriso para todos, mas este não era o momento.

Os olhos de Mustang correram em volta enquanto procura algo vermelho no horizonte, mas tudo está a queimar, tudo está manchado de vermelho e as suas mãos que impedem que Maes sangre até a morte também estão rubras. O pânico começa a encher os seus pulmões e ele sabe que ambos vão morrer que ele ficar ali, porque Fullmetal não pode aparecer assim do nada.

Um murro se move e protege Roy e Hughes dos possíveis ataques, o Major olha para trás e lá está Armstrong com um olhar vazio no rosto. Ele tinha o coração demasiado grande para estar num local daqueles, Armstrong foi talhado para proteger os mais fracos nunca para os matar. Mustang olha para ele como se gritasse obrigado e no momento a seguir ele pegou Maes e correu para onde estava a tenda médica.

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Pareceu ter passado horas, mas foram apenas minutos e Hughes sentia-se cansado e melancólico, Roy e Armstrong não mereciam passar por isto. No entanto, do fundo do coração, ele deseja chegar a tempo a Ed, ele quer ser capaz de ver o rosto da sua mulher novamente.

Mas se esta for a última vez que ele vai ter os olhos abertos ele fica feliz por ter dado o seu último suspiro de vida ao seu amigo, melhor amigo, irmão.

— Dr. Fullmetal! — Gritou Roy entrando pela tenda, ignorando todos os feridos, alguns tratados e outros a espera de atendimento, porém aos olhos de Mustang ninguém estava tão mal quanto Maes.

Mal os olhos dourados caíram sobre Hughes eles se arregalaram. — Major! Traga o Capitão para a minha mesa imediatamente! — Gritou e num movimento rápido ele limpou a mesa atirando tudo para o chão. Com velocidade o deitou na mesa. — Relatório!

— Fogo cruzado. Uma bala atravessou o seu peito. Perda considerável de sangue. — Respondeu de forma automática.

O doutor observou-o atentamente, mas rápido o seu rosto ia ficando pálido e cada vez mais preocupado, o seu cigarro neste momento já se tinha apagado depois de ter caído no chão sem aviso prévio. Ele olhou para Hughes e bateu-lhe no rosto recebendo um resmungo em troca.

— Seu grande idiota. — Resmungou o Ed para Hughes. — Porque sempre estás na minha mesa Hughes? Seu grande idiota imprudente. O que foi desta vez? Uma criança? Um camarada?

— Um irmão. — Os olhos de Roy arregalam com a resposta de Maes. Porém o alívio de seu amigo estar vivo era bem maior.

— Oh. — Soltou Ed enquanto pegava num papel e começava a desenhar uma matriz muito diferente do que Mustang está habituado a ver. — Eu compreendo. Quase morri mais vezes que posso contar pelos dedos para salvar o meu irmão. — Ele deu um sorriso de canto. — Desta vez posso-te perdoar.

Hughes ficou em silêncio e Ed mordeu o lábio em desagrado com tal coisa e logo ele bateu no rosto novamente chamando a atenção dele para ele próprio. Não era o melhor a fazer, mas neste momento era o que ele podia fazer para Maes se manter acordado e focado. Talvez Mustang devesse fazer algo, mas ele estava tão entorpecido que ele ainda não sabe o que deve fazer.

— Sabes como isto funciona. — Disse em voz alta. — Esta é a primeira vez que te trato uma bala por isso ouve bem: A bala neste momento está a impedir que mais sangue saia, tens alguns dos seus órgãos danificados e só poderás sobreviver se eu te curar com alquimia, porém para isso eu vou precisar de tirar a bala que vai doer pra caralho, mas tens que ficar acordado. — A voz era rápida e certa. — Fala-me da Gracia. Como ela está?

Roy quase poderia rir como a luz parecia ter voltado ao rosto de Maes mal Ed falou da sua amada. — Ela está tão linda como sempre. A sua mais recente carta chegou há pouco tempo e nela tinha uma foto sua. Parecia que o sol estava a adorar os seus cabelos e que os anjos estavam a cantar pelo seu sorriso. Ela disse que tinha aprendido a fazer uma nova receita e que está ansiosa para MERDA! — Ed arrancou a bala fora.

— Interessante. Será que ela finalmente conseguiu aprender a fazer aquela toalha de mesa que ela estava a tentar fazer da última vez? — Perguntou Ed com um pequeno sorriso no rosto ignorando a bala agora nas suas mãos, tentando ao máximo que Maes continuasse a falar.

— Sim, ela conseguiu. — Falou cansado. — A minha mulher é a mais doce, maravilhosa e encantadora pessoa a face da terra. — A alquimia de Ed começou atuar que o sangue aos poucos começou a parar de correr. Mustang estava maravilhado com o que via.

Afinal, existia alquimia capaz de salvar pessoas.

Os cabelos de Ed balançam de uma maneira encantadora enquanto a alquimia desenvolve e os seus olhos têm uma determinação que desapareceu dos seus próprios nas primeiras semanas no terreno da guerra. Ele era tão vivo…

— E filhos? — Perguntou a Hughes que fez com que os seus olhos ficassem tão brilhantes quanto estrelas enquanto rangia os dentes de dor.

— Ela disse que queria ter um quando eu voltasse. — Suspirou sonhador, mas logo gritou de agonia quando Ed começou a usar outra matriz, desta vez era ainda mais brilhante e Mustang tinha certeza que agora Fullmetal estava a restaurar os órgãos de Maes.

— Nomes, vocês devem ter pensado em nomes.

Maes estava ofegante mas se recusava a fechar os olhos. — Elicia, Gracia disse que se fosse uma menina seria Elicia. Eu gosto do nome. É bonito. — Ele ofega. — Ela quer que eu escolha o nome de ser um rapaz, não sei entre Ed ou Roy qual é o melhor. — O riso de Maes é pesado. — Um deles é o meu irmão e o outro salvou a minha vida tantas vezes e acabou por tornar-se o meu irmãozinho.

— Ed é um nome estúpido. Roy parece nome de cinema. — As palavras de Ed estavam carregadas de ironia e brincadeira. — Eu gosto mais de Alphonse. É um nome forte e doce ao mesmo tempo. — Soltou um riso pequeno. — Mas eu gostaria de ser o padrinho, deixo a dica.

— Então ele terá dois, afinal Roy tem que ser padrinho também.

— Aposto que o rosto bonito não se importa de partilhar a posição.

Fullmetal terminou a alquimia e Maes estava curado, mas tão pálido e tão fraco que chegava a ser desanimador, mas a sensação de o ver a respirar sem ter sangue a sua volta era a melhor coisa que Roy tinha sentido em meses.

— Partir de agora, para além de lâminas e possível alquimia, tem cuidado com as balas. Este foi o mais perto que tiveste de passar o outro lado. — Fullmetal ajustou os seus óculos com um rosto descontente, meteu um cigarro na boca e colocou o isqueiro na mão de Maes que logo acendeu a chama, Ed aproximou o cigarro e o iluminou. — A tua dívida está paga. Afinal, ser padrinho parece ser um ótimo pagamento para o futuro. — Os olhos dourados se encontram os negros de Maes. — Por isso volta para casa. Tens uma pessoa à tua espera. Eu não te vou perdoar se me fizeres ir ter com ela dizer que o seu homem morreu em guerra por uma estúpida bala.

Finalmente Maes cede ao cansaço, mas não antes de dar um pequeno sorriso para Roy e Ed. — Obrigado. — E adormeceu.

— Ele nem sequer chegou a ouvir-me sobre que a única dívida dele paga é esta. — Resmungou Ed pegando-o e o colocando num canto mais confortável da sua tenda.

Olhando em volta, existe tanto que fazer, tantos feridos que acabaram de chegar, tantas vidas nas suas mãos e ele não poderia falhar, ele não pode falhar. Todos os que passarem por ele iram sobreviver, ele garante, essa é a sua promessa, essa é a sua forma de pagar por todos os seus pecados, a maneira de saldar a sua dívida.

E talvez, mesmo após tudo ainda não seja o suficiente.

Mas agora ele olha por cima do ombro e lá está ainda o Major, que olha para ele com esperança, a coisa mais brilhante que tinha visto em tempo no rosto do alquimista de chama. Um covarde, ele tinha ouvido. Um herói, tinha escutado. No entanto aqui a sua frente, ele era só um homem que quase tinha perdido uma das pessoas mais importantes para ele e que viu esperança nele.

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E os seus olhos, eles eram diferentes da primeira vez que se viram, a esperança cabia-lhe bem, os olhos negros deixavam de ser só negros e passavam a um azul-escuro, como o céu noturno.

— Obrigado.

Essas eram palavras doces para Ed.

— De nada.

Mas para Roy as atitudes de Ed era a vida que desapareceu dele há muito tempo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.