Você deve conhecer alguém que parece que nunca teve um dia de felicidade na vida. Que reclama de tudo, que odeia o mundo e a vida e, por causa disso, geralmente não costuma ter muitos amigos.

Você provavelmente não sabe o nome dela, nem porque ela é daquele jeito, mas o ser humano em questão veio à sua mente assim que você leu o primeiro parágrafo (e muito provavelmente a expressão de ódio no rosto da pessoa veio junto).

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Bem… Eu não conheço ninguém assim, porque eu sou aquela pessoa.

Sim, aquela pessoa. E, tá, hm, eu não odeio necessariamente tudo e todos. Só algumas coisas e algumas pessoas em específico.

Mas… Veja bem; Eu não sou mal agradecida (antes que você me julgue), eu apenas… sei lá. Faz parte da minha personalidade.

Okay, prosseguindo.

Eu vou começar uma lista, apenas para organizar melhor meu ódio:

Primeiro: Eu odeio minha escola;

Segundo: Eu odeio as pessoas da minha escola;

Terceiro: Eu odeio a cantina da minha escola;

Quarto: Eu odeio o horário de aulas da minha escola;

Quinto: Eu odeio praticamente todas as comidas possíveis (o que me leva a odiar com um pouco mais de intensidade a cantina da escola);

Sexto: Eu odeio morar no Brasil;

Sétimo: Eu odeio o fato de nunca ter saído do Brasil. E do estado de São Paulo. E de nunca ter feito uma viagem no mínimo decentezinha;

Oitavo: Odeio o fato do meu cabelo ser uma coisa indefinida. Nem liso, nem cacheado. Nem loiro, nem castanho. Nem curto, nem longo;

Nono: Odeio meu corpo, principalmente minha barriga. Não sou gorda, mas também não tenho um super corpo, e minha barriga parece daquelas tiazinhas que só tomam cerveja e fazem fofoca o dia inteiro (alguns pontos de “mais ódio” para esse item em específico);

Décimo: Odeio o fato de eu ser sedentária e não ter vontade suficiente para fazer exercícios físicos, já que a minha mãe não pode bancar uma academia para mim, visto que ela já gasta o suficiente com escola, cursinho de inglês e “cursinho” pré vestibular (entre parênteses porque esse cursinho, no caso, é pagar a escola em tempo integral, para os professores ensinarem mais, eu ter mais conhecimento, tirar uma nota boa no ENEM e ter um futuro bom (sim, foi minha mãe que disse isso));

Décimo primeiro: Odeio meus olhos. Eu sou descendente de japoneses, então sim, meus olhos são pequenos e puxados. E, sim, eu ouço piadas do tipo “abre o olho, japonês” com mais frequência do que você imagina;

Décimo segundo: Odeio, sobretudo, o aluno novo, que não faz nem uma semana que entrou na escola e já conquistou meu ódio. Mas isso é assunto para outra hora.

Décimo terceiro: Meu pai. As únicas memórias que eu tenho dele são dele brigando com a minha mãe e eu odiando cada grito trocado;

Mas a minha vida não é só ódio. Lá vai outra lista:

As únicas possíveis coisas que eu gosto:

—Minha mãe

—Morar na cidade de São Paulo

—O Ibirapuera

—A Liberdade (bairro japonês de São Paulo)

—Cachorros. E gatos. E animais no geral

E, claro, dormir. Eu gosto bastante de dormir.

Com ódio, Maria Clara