Como isso foi acontecer!?

Natsume já conseguia se levantar com dois dias de repouso e Madara também estava melhor. Agora era descobrir onde estava Kuroumaru, quais eram seus planos e bolar um jeito de combate-lo.

A manhã seguia tranquila enquanto faziam uma refeição, mas logo tudo foi interrompido pela presença de vários youkais amigos de Natsume. O grande youkai de três olhos que ajudou uma vez, o filhote de Kitsune que conheceu, o deus das montanhas que uma vez foi enganado por onis, o espirito da floresta que queria ver o mar, Rokka, a youkai do espelho que possuiu Tanuma uma vez.... Haviam tantos youkais que ele nem sabia qual cumprimentar primeiro!

Mas a maior surpresa veio quando avistaram seus amigos gritando por ele.

— Natsume!! – Tanuma e seus companheiros gritavam ao longe e correram em sua direção.

— Tanuma, Taki, Nishimura, Shibata, Kitamoto e Sasada!?!?! – o susto foi enorme e os dois exorcistas não acreditavam.

— Natsume o que eles estão fazendo aqui? – Matoba exigiu satisfações.

— Eu avisei eles que iria sair para acampar nas montanhas, mas não achei que viriam atrás de mim aqui. Apenas a Taki, o Tanuma e o Shibata sabiam que estávamos indo fazer um ‘trabalho’ e eu nem dei detalhes. – ele se explicou – Como vocês chegaram aqui!? Eu não disse para não virem? – Natsume estava nervoso e apreensivo ao mesmo tempo.

— Desculpe, Natsume-kun. Nós estávamos tendo uma sensação ruim e muito preocupados com você. Aí decidimos vir te procurar apenas eu, o Tanuma e o Shibata. – Taki tentava explicar.

— Mas o Kitamoto, a Sasada e o Nishimura nos seguiram. Nós tentamos despistá-los e não deu certo. Como era algo envolvendo exorcismos, achamos melhor não deixá-los sozinhos e acabamos vindo juntos. – Tanuma continuou.

— Pelo que entendi, alguns... ahmmm... conhecidos seus nos guiaram a noite pelo céu das montanhas para chegarmos aqui em cima onde você estava. – Shibata estava preocupado em o que poderia dizer. Não podia simplesmente sair contando o segredo de Natsume aos amigos – Chegamos ontem a noite aqui em cima.

— Garoto se você não deu detalhes como eles sabem sobre exorcistas!? – Seiji estava furioso com aquilo tudo e recebeu olhares frios dos amigos de Natsume.

— Ei, não fale assim com ele. – Kitamoto ficou muito bravo

— O Natsume é nosso amigo e você não pode trata-lo dessa forma. – Nishimura entrou na briga.

— Seja mais educado! Não interessa quem você é para nós! – Sasada veio junto dos dois e Seiji parecia que perderia sua paciência.

— Calma, Matoba-san. – Natsume interveio – O Tanuma conheceu o Natori-san uma vez, por isso ele sabia que exorcistas existiam e a Taki tem um histórico na família sobre o assunto. Eles apenas deduziram do que se tratava. Eu vou falar com eles, então fique com o Natori-san até eu terminar. – ele deu a última palavra.

— Desculpe, Takashi. – Shibata se pronunciou – Nós não queríamos complicar as coisas aqui. Mas estávamos muito preocupados com você! Não deu para simplesmente esperar dessa vez. – ele foi sincero.

— Eu sei. – Natsume deu um sorriso – Taki, você trouxe aquele círculo com você? – ela confirmou e antes que reagisse Natsume continuou – Eu sei que disse que é um feitiço proibido, mas preciso dele para poder explicar direito isso para vocês. – com isso, Taki entregou o círculo mágico que estava na bolsa.

— Natsume! Essa magia é poderosa e proibida! Já não conversamos sobre isso? – Natori parecia indignado.

— Eu sei, mas eles precisam de um exemplo. Não dá para eles não saberem o que esta acontecendo agora que chegaram aqui. – Natsume terminou de estender o círculo na grama – Hinoe, você pode ficar em cima do círculo por favor? – ele perguntou e a youkai assentiu.

Os amigos tomaram um grande susto quando viram a figura da mulher surgir sobre o círculo desenhado no papel. Aquilo era estranho demais e fez a turma gritar. Natsume, então começou a explicar tudo. Aquela conversa foi difícil e um desafio complexo. Explicar a existência de youkais, que ele podia vê-los, que era normal para o lado da avó dele na família, a existência de exorcistas e a situação atual.

Que confusão que fizeram naquela montanha! A conversa foi muito longa e demorada, contou com a participação de Natori e Matoba, precisou de muito folego de todos para entender o que Natsume não queria explicar (a parte do sofrimento de seu passado era algo que não seria bom contar aos amigos) e o que já havia explicado e, para completar, todos começaram a enxergar os youkais que estavam ali quando a noite caiu.

Taki abraçava aqueles que achava fofos, enquanto os amigos olhavam curiosos para os outros youkais e perguntavam de onde conheciam Natsume e se eram legais com ele. Os youkais contavam algumas das aventuras de Natsume, outros tiravam garrafas de sake (Natsume não sabia de onde) para tomarem e, no final, tudo virou uma grande festa.

Seiji e Shuuichi tinham que falar com Natsume a sós sobre o assunto e ele precisaria esclarecer várias coisas ali. Sozinhos perto das árvores, era hora de esclarecer as coisas.

— Natsume, porque você contou a eles que estava saindo? Agora eles estão no meio desse problema conosco. – mesmo sendo duro, Natori não deixou a bronca faltar.

— Depois que me falou do trabalho eu comecei a ter uma sensação extremamente ruim. Eu perguntei para os youkais e ayakashis que conhecia sobre a região da casa e não tive notícias animadoras. Foi aí que decidi deixar os youkais que conheço avisados que eu iria fazer um trabalho nessa área e para que eles evitassem cruzar com vocês dois. Além da Touko-san e do Shigeru-san saberem para onde estávamos indo, eu avisei meus amigos caso demorássemos ou precisamos criar um alarde e receber ajuda. Apenas para Taki, Tanuma e Shibata eu contei que estava indo fazer um trabalho com youkais junto de você Natori-san e um amigo. Eles que deduziram sobre o exorcismo, já que o Tanuma te conhecia. E eu tenho certeza de ter deixado muito claro para todos que não era para virem me procurar ou se aproximarem. – Natsume deu todas as explicações precisas direto. Não esperou perguntas e mau parou para pegar ar.

— Então essas pessoas vieram contra tudo que você pediu por estarem preocupados com você e agora sabem seu segredo e entenderam a gravidade da situação em que estamos. – Seiji queria ter certeza do que disse.

— Sim. Eu já falei para eles não tomarem nenhuma atitude sozinhos ou sem avisar antes e que devem ficar sempre juntos e com os youkais que estão aqui. E eu me certifiquei que eles prometessem! – Natsume revelou uma parte de sua conversa com os amigos que os dois exorcistas não tinham ouvido.

— Falando nos youkais, como seus amigos conseguiram vê-los? Não foi pelo feitiço da sua amiga, porque ele é restrito apenas a área do círculo. – Natori comentou apreensivo – Se é assim, é possível que a proximidade com Kuroumaru, faça pessoas sem sensibilidade espiritual enxergarem youkais. – ele concluiu.

— Isso significa que o veremos novamente em breve. Devemos nos preparar. – Matoba tomou a deixa de levantar o assunto.

— Eu concordo. Melhor falarmos com todos sobre isso e nos prepararmos. – Natori concordou e foi seguido de Natsume.

Os três se levantaram e caminharam em direção aos companheiros e repassaram suas suspeitas. Foi preocupante e todos decidiram ficar em alerta através da noite que seguia.