Utilidade para Máscaras

Capítulo IV - 7 vidas ou 9 vidas


Meu coração estava frenético. Não sabia se estava batendo mais devagar, ou tão rápido que parecia estar em câmera lenta.

O cabelo loiro dele reluzia devido as luzes da cidade, seu sorriso se mostrava presente :

— Desculpe lhe atrapalhar essa noite, princesa — sua voz estava em sua completa rouquidão.

— O herói de Paris jamais me atrapalha — respondi em êxtase, sua fuga no dia anterior havia me deixado brava entanto olhando seus olhos de gato eu só queria abraçá-lo e pedir que nunca mais me abandonasse.

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— É gentil da sua parte dizer isso.

Se virou de costas para mim e se apoiou-se no muro reclinando o peso do tronco para olhar lá embaixo :

— Cuidado para não cair — digo dando passos suaves, como se temesse assusta-lo para longe.

— Sou um gato, — sua frase sai preenchida por um meio riso — sempre caio em pé.

— Certo, Kitty, — sorri e me coloquei ao seu lado também me apoiando — mas independente disso não quero que desperdíce uma de suas vidas em uma queda tão boba.

— Bem, eu tenho umas sete ou nove vidas pra gastar mesmo — sua voz transbordava charme.

Paralisei um instante olhando para a Torre Eiffel e senti como se um peso surgisse em mim. O que aconteceria se eu mostrasse que sou Ladybug?

— Acredito que então você vive intensamente suas sete, ou nove vidas — meu cabelo voava para meu olhos e os retirava com convicção.

— Está frio aqui para você, — observou enquanto também olhava a Torre brilhante — deveria ir lá pra dentro, acabei aqui por seguir meu passado.

Não, não está frio pra mim. — afirmei sem remediar e seus olhos verdes pareciam assustados com minha réplica rápida — Seu passado está aqui?

O herói fez silêncio. E fez menção de sair quando agarrei seu braço :

— Marinette, por favor

— Se você tem tantas vidas, poderia me explicar o que te trouxe aqui — não sabia dizer se era um rugido de súplica, ou desespero.

— Você é especial para mim. — se aproximou de mim e como reflexo diminui a força em seu braço — Me lembro com carinho da vez a qual você acabou perdendo a sua formatura por causa de um vilão e tivemos uma dança.

— Por que depois você não me procurou? — minha dúvida tinha um pouco de mágoa. Um dos últimos akumatizados havia surgido no dia do meu baile de formatura; minha transformação durou somente o necessário para salvar o dia e Chat se apiedou de mim por ter levado um bolo de Adrien e me levou para uma valsa na Torre Eiffel. Nos beijamos e então Chat Noir nunca mais apareceu para Marinette.

— Eu vou lhe contar um segredo, — senti meus olhos se encherem de água — a verdade é que tenho duas vidas e estou tentando desesperadamente viver as duas ao mesmo tempo.

— Eu sei o que quer dizer…

— Não, — cortou minha fala colocando o indicador sobre meus o lábios — você entende minhas palavras por meio de sua empatia mas não as vive…

Chat Noir… — meu sussurro se perdendo ao vento, devia simplesmente chamar Tikki e acabar com aquilo?

— Ouça minha princesa, por quatro anos eu simplesmente achei que seria impossível ter algo contigo por causa das minhas duas vidas — ele soava firme — mas eu acredito que agora chegou a hora de eu me aproximar de ti, e lhe fazer minha pois o destino está tentando me unir a você desde sempre.

— Então foi o destino que te trouxe aqui? — meu fôlego faltava, seus olhos pareciam se perder dentro dos meus.

— O destino te colocou naquele restaurante, sabe, eu fiquei louco procurando por você e incrivelmente confuso por tudo. — dando um passo à frente ele me abraçou — Lembra quando lhe disse amava Ladybug? Ainda estou confuso por ela, mas toda que lhe olho eu vejo a felicidade e paz para minha vida.

E desfazendo o abraço, e saltando para a imensidão de Paris o meu gato preto me deixou. Me deixou confusa. Me deixou apaixonada, e principalmente me deixou assustada por tudo que estava sentindo.

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***

Acordar de manhã foi um dos momentos mais complicados de toda minha existência. Havia vindo passar o final de semana aqui para evitar qualquer risco de confusão e por fim estava desesperada em meio a sentimentos me perguntando se amava Chat Noir ou Adrien Agreste.

Me arrumei para aquele dia que o céu dava espaço a um sol saudoso com lentidão, e respondendo Tikki somente com sons que a kwami fingia entender :

— Bom dia, docinho — papai disse assim que me viu.

— Bom dia, pai — sorri e me sentei a mesa — cadê a mãe?

— Está tomando banho — informou pegando a jarra de café.

— Pai, posso perguntar uma coisa? — coloco uma colher de açúcar ao fundo de minha xícara.

— Claro, o que quer saber? — com suas mãos grandes ele não me deixa colocar o café e faz questão de encher a xícara por mim.

— Como você teve certeza que amava a mamãe?

Ele fez silêncio, e dei uma golada no café. Quando soltou o ar, riu de leve e respondeu:

— O amor é algo confuso. — piscou com o olho esquerdo para mim — A família da sua mãe era muito tradicional e recém chegada na França, eles me pagavam para ajudar Sabine a aprender francês e no momento que eu não precisava mais dar aulas percebi que eu ainda precisava de Sabine.

— E como soube?

— Por que eu não aguentaria passar a eternidade desta vida sem ela — a senhora de traços orientais entrou pela porta da cozinha.

— Bom dia, meus amores — passou a mão pelas costas do marido e se colocou a comer junto com os outros dois.

O pai não falou mais sobre amor, somente prestou atenção nas palavras da esposa e de repente o assunto tinha ficado simples perante a cabeça da heroína. A eternidade desta vida.

— Vou escovar os dentes e sair — falo enquanto boto a xícara na pia, e saia rápido para o banheiro.

— Aonde vai? — mamãe perguntou espantada com a atitude repentina.

— Eu vou… — olhei para os olhos do meu pai — eu vou atrás da minha eternidade.

Praticamente correndo e aos tropeços fui me trocar e sai pela rua correndo como se estivesse novamente atrasada para o colégio :

— Mari, aonde estamos indo? — Tikki perguntou alto sem questão de se esconder abrindo um pouco a bolsa.

— Vou arrumar o que faltava Tikki, vou para a Torre Eiffel e chamar Chat Noir…

— Mas e Adrien?

— Adrien é meu primeiro amor Tikki, mas no momento a qual ele me deixou plantada no baile de formatura inconscientemente eu soube que ele não teria chance…

— Tem certeza que não está sendo precipitada?

Parei de correr e entrei em um beco. Queria olhar no fundo dos olhos da pequena :

— Tikki, não sei se Chat Noir irá me amar sabendo que eu sou Ladybug e Marinette ao mesmo tempo… Mas eu tô cansada sabe? De amar o inacessível sem conseguir tocar, estou cansada de fingir saber o que fazer.

— Então vai se jogar nesta loucura?

Sem responder, tanto a bolota vermelha quanto eu ouvimos um pedido de socorro acompanhado da palavra “akuma”. Não houve hesitação ou respostas, somente pedi para me transformar na heroína que sou e saltei para fora do beco.

O akumatizado era uma mulher com ódio por ser abandonada no altar. Depois de libertá-la do mal um policial me implorou para ir verificar outro caso onde dois irmãos estavam transformando os adultos em crianças.

Tive que ir até o lugar em minha forma de Marinette enquanto Tikki comia. As ruas estavam como um furacão. Quando cheguei a movimentada praça Chat Noir estava desviando de tiros verdes e muitas crianças choravam. Virar Ladybug se mostrou difícil com todo tumulto, mas como inevitável resultado acabei junto com o Chaton dando bons socos :

— Tem noção com qual dos irmãos está a Akuma? — lhe perguntei.

— Sim Lady — e correu para arrancar uma pulseira deles.

Com uma pirueta ele desviou da pistola de conversão para infância e libertou uma borboleta negra para a purificação.

— Lhe liberto do mal — falei como uma prece prendendo a akuma no ioiô e logo após vi a borboleta bater suas asas brancas.

Chat Noir! Ladybug! — o chefe do departamento de polícia apareceu de supetão — Preciso de vocês dois em outros três casos de akumatizados!

Olhei meu parceiro assustada. Três casos? Já eram cinco ao todo.

— Onde devemos ir? — o gato perguntou sem medo e eu senti minhas pernas fraquejarem, estava morrendo de medo.