Conte-me uma história

Capítulo 9 - Uma festa. Uma morte


Vinicius

— Você viu algo que não devia. E agora precisamos dar um jeito nisso.
E foi com essas palavras que Vinicius viu a morte passar diante de seus olhos.
A lâmina prateada brilhou em meio as luzes alaranjadas dos postes. De forma ameaçadora.
Os olhos escuros do mascarado o encaravam com o mais puro ódio, beirando a insanidade.
— Eu... - sua voz se perdeu em meio ao caminho.
E então ele fez a única coisa que lhe passou pela mente. Girou nos calcanhares e correu o mais rápido que conseguiu. Por uma fração de segundos ele viu algo passar rente ao seu rosto, deixando um rastro de ardências em sua pele. O som de algo metálico se chocando contra o chão soou como um tambor em seus ouvidos.
As ruas se tornavam cada vez mais escuras conforme ele se aproximava do parque do bairro. As copas altas e gordas impediam a passagem da luz por completo.
Seus dedos agarraram as barras de metal do portão esverdeado, então ele se lançou para cima, apoiando os pés nos ferros horizontais. Caiu em pé e correu parque a dentro.
Seu perseguidor não se encontrava muito longe, e em uma fração de segundos ele saltou sobre o portão, caindo, ajoelhado, do outro lado.
Vinicius escondeu-se por sobre os troncos gordos das árvores, então se pôs a escalar, agarrando o galho mais baixo e subindo, tentando ao máximo não produzir barulho algum.
Ele cobriu o nariz e a boca ao ver a forma escura caminhando logo a baixo. Seu coração batia tão forte, que temeu que o mesmo delatasse sua localização.
— Você não pode se esconder para sempre. - a voz grossa cortou o ar, em um tom ameaçador.
Ele se virou, e então caminhou a passos curtos para longe.
E então aconteceu. O toque de seu celular ecoou noite a dentro. Vinicius enfiou a mão no bolso do shorts, desligando o aparelho logo em seguida.
— Achei você.

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Matheus

Larguei a mochila sobre a cama.
Por algum motivo meus pés estavam doendo.
Joguei o corpo para trás, colocando os braços atrás da cabeça.
Encarei a luz pálida no teto, até a mesma começar a me irritar. Tiro o celular do bolso e ligo para ele. A ligação toca, mas cai na caixa postal logo em seguida.
Sento novamente, tirando a roupa logo em seguida. Largo está sobre a cama e caminho de cueca para o banheiro. Coloco minha playlist de banho e ligo o chuveiro.
As aulas voltam depois de amanhã e minha vontade de ir pra faculdade se reduz a zero. Felizmente ela já está na metade.
A música para de tocar e o nome de Isa aparece no visor, indicando uma ligação. Desligo o chuveiro e atendo.
— Larga o que tu tá fazendo aí e vem pra cá agora. - sua voz soa com urgência. Uma música alta soa ao fundo.
— O que aconteceu?
— ANDA LOGO, MATHEUS!
— Tô indo.

Troco-me o mais rápido que consigo e corro escada abaixo.
A casa de Isa não fica tão longe, mas chamo um Uber mesmo assim.
Envio algumas mensagens para Vini dizendo para onde eu estava indo, mas nenhuma é respondida.
Salto para fora do carro e toco a campainha. Um longo segundo se passa até Isa aparecer na porta, segurando um copo. Uma música toca do lado de dentro.
— Aí meu Deus, eu juro que esqueci.
DROGA, COMO EU ESQUECI A FESTA?
— Sem uma palavra, direto pra dentro. - Isa me fuzila com os olhos. Ela me entrega o copo e fecha a porta com força.
Do lado de dentro pessoas dançam ao som de um funk qualquer. Alguns garotos, muito gostosos, andam sem camisa. Segurando copos ou garrafas nas mãos. Garotas rebolam, roçando em alguns garotos, ou entre elas mesmas. No sofá se encontra uma galera fumando narguilé. No outro sofá algumas pessoas estão se pegando de modo hard. Tá, aquilo tava mais pra uma transa com roupa.
É, uma típica festa da Isa.
— Espero ver você beijando alguém em menos de meia hora. - Isa me lança outro olhar feio e sai andando em direção a cozinha.
Felizmente havia algumas pessoas conhecidas por ali, o que me fez respirar aliviado.
No primeiro copo eu ainda estava bem. Sério. Comecei a conversar com Júlio, Katy e André. E dessa rodinha, eu só não havia pegando o André.
Não me julguem, eu estava bêbado e era verdade ou desafio.
André é aquele típico garoto padrãozinho que todo mundo quer pegar. Ele possui olhos azuis, bem alegres. Cabelo preto e uma boca bem risadinha. Com um corpo atlético, e um tanquinho que puta que pariu.
Segundo copo e ainda estava tudo legal.
Estamos dançando e rindo.
Terceiro copo e o mundo da uma leve rodada. Infelizmente eu sempre fui meio fraco com bebidas.
André está com a mão em minha cintura.
Quarto copo e estou rindo de alguma coisa sem sentido.
Seu corpo está junto ao meu. Centímetros nos separam. Seu perfume cítrico se mistura com o cheiro do suor, dando um toque afrodisíaco a ele.
Quinto copo e nossos lábios estão colados. Ele me pressiona contra a parede. Minhas mãos estão em sua barriga, enquanto as deles estão em minha bunda. Seu beijo é uma mistura de selvageria com delicadeza.
Eu nunca fui um garoto fútil e fácil. Mas essa noite é diferente.
Sexto copo e estamos indo em direção a escada. Seus dedos estão entrelaçados nos meus. Na mão livre a garrafa de Skol beats congela meus dedos.
André me puxa para perto de si assim que chegamos no andar de cima. Ele se apoia na parede. Então nossos olhares se cruzam e ele sorri. E em uma fração de segundos lá estão nossos lábios se juntando novamente. Ele desliza a língua pela minha e morde meu lábio em seguida.
As luzes no teto estão piscando, o que deixa o corredor com um aspecto legal.
Então ele me empurra para a frente, e ficamos nesse jogo de beijo e empurra até chegarmos em um dos quartos. Até me senti em um clipe.
Sétimo copo. Ele tira a camisa e se aproxima de mim.
Oitavo copo e estamos deitados na cama. O botão e zíper da calça dele estão abertos, assim como os meus.

Vinicius

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Enquanto isso, do outro lado da cidade, nosso pequeno herói lutava por sua vida. Cada segundo soando como o último.
Ele tentou se desvencilhar do ataque. Seus dedos se fecharam ao redor de um pedaço grosso de madeira. Com o qual tentou atacar o mascarado. A lâmina brilhava em meio a mão do agressor.
— Me deixa em paz! - Gritou Vinicius para o mascarado.
Ele atacou, atingindo-o no braço. O mesmo gritou, enquanto dava alguns passos para trás. O que deu tempo suficiente para Vinicius se virar e correr.
A escuridão o impediu de ver qualquer coisa no chão. Seu pé se chocou contra uma grossa raíz. O fazendo rolar por sobre a folhagem seca. Sua cabeça se chocou contra algo duro e o mundo ao seu redor girou. O sangue escorreu por sobre o corte em sua testa. E então a escuridão chegou. Assim como aquele que empunhava a faca. Decidindo cada segundo de seu futuro.