Saira

Eu ainda não consigo me mover. Estou com o corpo de Tomu nos braços, e Ren, ele está de joelhos. Estático, sem conseguir se mexer.

Haru havia ido, e ninguém tinha conseguido impedi-lo. Eu me sinto impotente, triste, destruída.

Tomu.

Seu cabelo loiro cor de areia está grudado em seu rosto. Sua pele pálida , seus olhos, eu já os fechei.

Meus olhos doem. Eles estão inchados, como se eu tivesse chorado por horas, porém eu não tinha forças nem para chorar. Eu respiro profundamente.

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Porém, eu não posso cair agora. Eu preciso me levantar, eu preciso reunir forças para lutar, se não for por mim, por Tomu, por Ren e por todas as outras pessoas.

Acomodo o corpo de Tomu no chão, e me levanto. Sinto minhas pernar ficarem bambas, mas recobro a minha força. Ando até Ren. Seus olhos perderam o brilho habitual, ele não se move

— Eu fracassei. – Eu o ouço dizer.

— Todos nós. – Eu continuo – Porém, esse não é o fim.

Ele finalmente se move. Aperta os dois braços contra o corpo.

— Eu me senti frio, como seu eu tivesse sido engolido para o vazio. Eu não havia ligado quando eu senti isso pela primeira vez... Mas, eu fui dominado por isso.

Eu posso ver lagrimas escorrendo pelo o seu rosto.

Só uma vez eu vi o Ren nesse estado. E foi quando ele quase me matou. Só que agora, tudo é muito pior.

— E o que faremos agora? – Eu pergunto.

— Eu esperava que você me dissesse.

Ele se levanta.

Eu não sei o que fazer. Eu preciso ligar para os meus superiores.

Alguns soldados sobreviveram, eles parecem desorientados. Eu me aproximo de um deles.

— Eu preciso de um comunicador.

Ele demora para me entender. Essa e a parte ruim de termos soldados tão jovens. O que está na minha frente parece somente um pouco mais velho. Porém eu noto que ele chorou, como a criança que ele é.

Ele me entrega um dos comunicadores.

— Preciso falar com um superior. Câmbio.

No ínicio eu só ouço a estática. Não há resposta por pelo menos um minuto.

— Qual é a situação? – Eu finalmente ouço a voz metálica que vem do rádio.

— Sou Saira. Batalhão Urbano 3A. Temos uma situação de calamidade. Metade dos soldados estão mortos. A base foi parcialmente destruída. Precisamos de apoio.

Mais uma eternidade se passa até que eu possa obter uma resposta.

— Saira? – Apesar de metálica eu reconheço a voz.

— PAiko? -- Eu pergunto segurando o choro.

— O que aconteceu. Me repassaram essa transmissão. Ninguém está conseguindo fazer contato com vocês.

—- Paiku... Irmão... – Eu não sei como dizer a ele. – Essa missão fracassou. Ren está em choque, e Tomu... – Eu não consigo completar.

— Que merda aconteceu? – Ele diz sem paciência.

— Haru atacou a base da fronteira. Tentamos impedir. Mas, tivemos baixas. Tomu não resistiu.

Pela primeira vez em muito tempo, Paiko ficou sem palavras.

—- Me deixe falar com Ren.

Eu levei o comunicador até o Ren.

— Seu maldito. Eu não tinha dito para cuidar deles? Eu sabia que não podia confiar em você.

Apesar de serem amigos, Paiku tinha ressentimentos contra Ren, desde a época da minha quase morte.

Isso deixou Ren mais abalado.

— Não é hora de distribuir a culpa. Temo que coisas piores estejam por vir. – Eu falo pegando o comunicador de volta.

— Para onde Haru está indo? – Ele nos pergunta.

Eu não tinha ideia. Porém Ren sabia.

— Ele está indo para o deserto. Aonde tudo começou.

Haru

Eu sentia uma tensão no ar. Kieran estava agindo diferente de antes, e eu podia entender o por que. Eu sabia que dúvidas e desconfianças rondavam a sua mente nesse momento. Eu poderia descartá-lo se quisesse, porém ele e Venon eram os meus únicos apoios no momento.

— Tudo isso foi necessário. – Eu disse sem que ninguém perguntasse.

Ele permaneceu em silêncio.

Eu apenas suspirei. E olhei para frente. Estavamos caminhando a cerca de duas horas. Os rastros de destruição que deixamos na fronteira haviam ficado para trás, somente no horizonte podíamos notar a fumaça.

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Eu estava fazendo o caminho de volta. Eu iria voltar ao lugar aonde me deixaram preso por mais de 15 anos.

Aonde sua alma foi corrompida.

Eu podia me sentir dizer.

Estava complicado chegar lá. O deserto era distante. A van que havia nos trago até a fronteira foi embora. Por isso seguíamos a pé. Porém eu não conseguia mais andar.

— Precisamos de uma carona. – Venon disse o óbvio.

— E como faremos isso? – Kieran finalmente havia dito alguma coisa.

— Eu tenho dinheiro, tudo aqui funciona por isso. – Venon nos mostrou algumas notas.

Andamos até o que eu imagino ser uma autoestrada. Poucos carros passavam naquele lugar. Mas, mesmo assim vimos um ônibus, muito mais novo que qualquer um em Republic City, se aproximar.

— Pare o ônibus. – Eu disse para Kieran.

Senti sua hesitação, porém eu vi que o ônibus foi desacelerando aos poucos.

— Não é necessário.

O ônibus parou logo a nossa frente corremos para a porta que se abriu, um jovem estava dirigindo.

— A passagem custa 5 de cada.

— 5 de cada. Que absurdo. – Venon reclamou.

— É pegar ou largar. Vai demorar para passar qualquer coisa por aqui. Não ouviram as notícias? Estamos em estado de atenção.

Eu entrei no ônibus. Cumprimentei o motorista com um olhar e perguntei.

— Para onde você está indo?

— Vocês não são daqui? Juro que eram. Mas, de qualquer forma. Vamos para a central, e e lá vocês podem pegar um transporte para onde seja que estejam indo.

Eu pensei e pensei.

Fora nós, haviam poucas pessoas naquele veiculo. Contei três.

— Quanto custaria para nos levarmos até a borda do grande deserto.

Eu senti o motorista sorrir.

— 100 gens.

Gens era a moeda daquele lugar. Diferente de Republic City, essa moeda era extremamente valorizada.

Vi o rosto de Venon ficar branco.

— É só o que temos.

— Ótimo. Então vamos até o grande deserto.

O caminho todo levou duas horas. Ninguém apareceu no nosso caminho. De longe eu enxerguei a grande faixa de areia. Nem consigo acreditar que há 30 anos isso ainda era um pântano. A natureza pode ser bem cruel.

Venon pagou o motorista com desgosto. Que seguiu o seu caminho

Não havia nada ao redor, a estrada continuava em volta do deserto.

Quando eu pisei na areia. Eu pude sentir os túneis, as raízes secas da grande árvore. E um rápido dreno de energia.

Esse é o efeito da árvore nos dobradores. Foi por isso que meu torturador me trouxe para cá.

O sol começou a incomodar depois de 20 minutos. Não havia nada a vista, apenas dunas de areia dourada. Venon havia tirado uma das suas blusas e enrolado na cabeça. Kieran parecia firme, talvez até tivesse costume com coisas assim.

A primeira miragem apareceu depois de uma hora. Eu podia sentir o suor pingando do meu cabelo. Esfreguei meus olhos para comprovar. O deserto estava brincando com a gente.

As formas a frente eram bem parecidas com o espírito da água. Uma forma de areia sem rosto. Elas passaram por nós e desapareceram.

— O que foi isso? – Kieran perguntou.

— Miragens. O calor está nos fazendo ver coisas que não existem.

Será que não existem mesmo? Minhas linhas negras não aparecem, não há nada a frente isso eu posso comprovar. Nenhum espirito corrompido para me dar energia.

Porém minha teoria se foi quando eu vi carcaça da árvore a nossa frente.

— Isso é real? – Venon perguntou.

— Sim.

Ela estava como sempre. Não havia se passado um dia para ela.

E eu só precisava fazer uma coisa. Muito mais fácil que antes.

Quando nos aproximamos vimos duas pessoas surgirem da sua base. Eram duas crianças bem maltrapilhas.

— Haru! – Eu as ouvi dizer. Elas pareciam felizes

Eu não me lembrava de nenhuma. Quando eu fui libertado várias pessoas vieram me ver. Lembro-me de um mar de crianças. Todas moradoras dos túneis.

— Eu preciso que avisem todos. – Eu disse para elas. – Preciso que todos saiam.

Elas não pareceram entender.

— Quantas pessoas vivem nesses túneis? – Kieran perguntou.

Eu não tinha ideia. Eram muitas. Quase uma cidade.

Esperamos 20 minutos e não houve sequer uma movimentação. Eles acham que podem me ignorar? Eu não vou parar só por que existem centenas de pessoas ali.

Eu suspiro.

— Eu não tenho alternativa.

Eu toco o chão. Eu já dobrei areia antes. Aprendi há muito tempo com alguns nômades. Porém minha dobra de terra não está como antes. O poder de Tu só foi suficiente para eu estabilizar minha dobra de água.

— O que você vai fazer? – Kieran pergunta.

— Eu pedi para que elas saíssem. Agora eu não vejo alternativa.

Mesmo sem minhas linhas negras, e com o ambiente extremamente seco. Eu podia sentir fontes de água aos meus pés.

Eu sabia que essas fontes, eram pessoas. A dobra de sangue sempre foi difícil para mim. Nunca gostei de fazer isso, além de que ser extremamente precisa e complicada. Só que agora. Eu tinha o poder do espirito da água. Fazer isso era fácil. Tal como controlar seus dominadores.

Ao colocar a mão no chão eu senti o bloqueio.

Nenhuma energia espiritual podia romper a armadura que a árvores fez em suas raízes. Era uma zona neutra. Por isso muitos viviam aqui.

Só que como bem sabemos. O motivo pelo qual o pântano virou deserto. Foi à ambição dos seres humanos. A exploração e destruição dos seus recursos.

— Venon. Coloque fogo no tronco.

Ele pareceu confuso.

— Há um bloqueio. Kieran deve estar sentindo. Nenhum dobrador irá conseguir fazer alguma coisa contra ela. Porém você não é um dobrador.

Ele sorriu. Parecia ter entendido sua utilidade.

— Vocês estão falando sério? Vão colocar fogo com tantas pessoas lá em baixo.

Kieran olhava para mim assustado.

— Infelizmente eles não me ouviram.

Venon tirou de uma pequena bolsa, um isqueiro sofisticado.

— Achei que faríamos uma fogueira para nos aquecermos, então eu vim preparado.

Ele desmontou o isqueiro e se aproximou da árvore. Jogou um liquido na base da árvore e se afastou.

— Isso é bem inflamável. Sem a proteção do isqueiro, o liquido vai entrar em combustão em alguns minutos.

Uma pequena faísca surgiu. Porém começou a ventar e a faísca foi apagada.

Eu senti uma presença. Muito diferente do que eu esperava.

— Isso só pode ser a sorte ao meu favor.

Eu olhei para o céu. E vi.

Era como um bisão voador. O sol se desviava, formando uma sombra clara no meio da minha visão.

Eu não podia escutá-lo, porém sentia suas intenções.

O espirito do ar. Isso era incrível. Creio que acha-lo seria a minha maior dificuldade. Porém ele veio até mim.

—O que é isso? – Kieran Perguntou.

— Ele é como o outro. O espirito do ar, veio ao nosso encontro.

Kieran parecia cético. Depois de ver o que aconteceu com Tu, seu nervosismo havia passado.

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Quando o bisão tocou a areia, uma nuvem de poeira se levantou. Impedindo a nossa visão.

Isso não seria fácil. Talvez o mais difícil deles.

— Você está aqui para proteger a árvore?

Ele não me respondeu. Ele não faria isso, porém eu senti o que ele estava prestes a fazer.
Um redemoinho surgiu a nossa frente. Uma coisa repleta de areia que sugava tudo a sua volta. Eu firmei meus dois pés no chão. E tentei ficar firme. A pouca água que havíamos trago não fez nem cócegas nisso.

Minhas chances estavam se acabando conforme o tempo passava. Seria Impossível. Por isso ele estava aqui. Esse território era a minha fraqueza no momento.

Eu não percebi quando fui jogado para longe. Uma lufada de ar me fez voar e aterrissar em um monte de areia fofa.

Eu me senti sufocado por um segundo, a areia misturada com o ar estava me impedindo de respirar.

— Isso é impossível. – Kieran tentou gritar. Mas, ele também foi arremessado.

Algumas pessoas surgiram perto da árvore. Elas ouviram que alguma coisa errada estava acontecendo e apareceram para ver.

Duas linhas finas apareceram na minha visão. Elas eram fracas, mas mesmo assim eu me agarrei a elas. E isso me deu firmeza. E eu não fui arremessado mais.

Vá embora.

Eu finalmente o ouvir dizer. Uma voz quase animalesca Era como ouvir um bisão falar.

— Isso não é uma opção.

Você só está trazendo desequilíbrio.

Era curioso vê-los apelar para isso. Se desde o início foram eles mesmo que trouxeram isso para os humanos. Mas, eu já havia tido uma conversa assim. E agora seu poder corria dentro de mim.

O ar ficou cada vez mais forte. E até as pessoas que estavam perto da árvore começaram a ser jogadas de um lado para o outro.

Eu não conseguia ver muita coisa. Mas, Kieran estava no chão. O que ele havia feito?

Com dificuldade eu me aproximei dele, e vi dois ganchos de metal presos ao chão.

— Eu me agarrei a uma das raízes. Foi difícil, quase não consegui dominar o metal até la. Foi suficiente apenas para prender o gancho.

Eu já sabia o que tinha que fazer. A árvore ainda é um grande empecilho. E eu só vou conseguir vencer se ela queimar. Como eu havia planejado.

Eu tentei achar Venon. Ele havia desaparecido.

— Kieran. Eu preciso que você e Venon tentem queimar a árvore. Eu irei distrair esse espírito.

Era claro que todos os seus ataques estavam voltados para mim. Assim eu tentei me afastar e deixar o caminho livre para eles.

Eu corri e corri. Os montes de areia estavam ficando mais altos, e minha velocidade foi diminuindo. Parei um pouco para recuperar o fôlego, e uma nuvem de poeira me engoliu.

Eu não consegui mais segurar a tosse. O ar era quente, e a areia entrava pelo meu nariz e boca. Eu cai de joelhos e afundei um pouco.

O poder de Tu começou a ficar instável. Só que alguma coisa mudou. A nuvem de poeira abaixou e eu pude finalmente sentir o cheiro de queimado. Eles haviam conseguido.

Foi bem diferente do que aconteceu antes. O poder não me inundou, porém eu o sentia. As linhas negras ficaram mais fortes e por elas eu podia sentir o poder irradiar.

Meu coração acelerou e meu peito começou a doer.

Eu gritei e gritei. Aquilo era insuportável.

Era uma sensação estranha, tal como ser enterrado vivo. Meus membros estavam imobilizados e minha respiração mais lenta e desregulada.

Meu corpo começou a se mover sozinho. Era diferente do Estado de Avatar. Eu estava ali, não me sentia distante. Era como eu estive sob a influencia de um dobrador de sangue. Porém eu sabia que não era.

Eu e Vaatu havíamos nos tornado um só, nossos pensamentos funcionavam igualmente, mas nesse momento eu sentia que só ele estava no controle.

Isso é poder demais até para você.

Foi o que me veio em mente.

Meus braços se moveram, e a mesma capa negra me envolveu. A areia agora estava em meu controle. O espirito do Ar havia percebido o que estava acontecendo, e ele tentou fugir. Porém, meu corpo dobrou uma quantidade absurda de areia, que o envolveu e o puxou para baixo.

Eu o senti se debater, eu senti sua força gigantesca tentar resistir. Porém não era apenas dobra de areia. Essa energia maligna que me envolve também começou a absorvê-lo. Diferente dos outros, eu não senti dor, na realidade eu não estava sentido nada desde que perdi o controle do meu corpo. Assim quando tudo terminou, e o vento parou de soprar, eu finalmente recuperei o controle e com isso retomei todas as consequências que meu corpo havia sofrido.

Era impossível manter a consciência. E foi isso o que aconteceu. O vazio novamente me engoliu.

Eu acordo com um teto diferente. Ele é branco. Como todo o ambiente no qual estou. É fácil perceber que é um hospital. E eu me lembro de por que.

Foi dois anos antes do meu congelamento. Quando os testes se intensificaram. Eu me pergunto todo dia como eu aceitei isso. E eu só posso culpar meus torturadores, porém também culpo a minha ingenuidade.

Meu corpo não é tão diferente do que eu tenho hoje. São apenas alguns anos de envelhecimento. Porém a grande diferença e a sensação de plenitude que eu sentia na época. E como estar inteiro novamente.

— Haru. Você está bem? -- Eu olho para um par de olhos azuis.

— Estou. Namie.

Namie esse nome é quase familiar. Porém minha memoria fez questão de esquecê-lo.

— Ufa. Eu realmente achei que tinham acabado com você agora. – Ela me diz em um tom triste.

— Você sabe que tudo isso é necessário. É a única forma de termos dobradores.

Ela nega com a cabeça.

— Não precisamos de mais dobradores. Já temos o suficiente.

Eu olho para as cicatrizes em meus braços. Marcas de incisões e injeções.

Olho para Namie e vejo seus olhos marejados. E me lembro de mais uma pessoa se importou comigo.

Nos conhecemos em um dos horríveis treinamentos de qual eu fui submetido. Ela era a única da minha idade, e se tornou minha amiga quase que automaticamente Ela era uma dobradora de ar. Ela era uma espontânea. Uma que simplesmente acordou um dia e descobriu que podia dobrar. Uma das poucas que sobrou e por isso também era estudada.

Eu me lembro do meu coração disparar quando eu ficava perto dela. Lembro-me do meu rosto corar quando ela falava comigo. Nós éramos muito unidos, fazíamos quase tudo juntos. Eu pensava nela como sendo meu time Avatar. A única integrante dele.

Enquanto eu olho para ela, tudo parece fazer sentido. Porém por que eu me esqueci de uma pessoa tão importante para mim?

Ah sim. Eu me lembro.

Naquele dia ela também seria submetida há um teste. Um teste complicado, eles queriam mapear todos os seus pontos de Chii. Era um mapeamento abusivo, mas iria indicar o que mudou, e o que a tornou uma dobradora.

O teste não deu certo e ela ficou seriamente machucada. Sua dobra havia desaparecido e ela não conseguia se quer andar ou mexer as mãos, e assim eles a descartaram como uma coisa que não tem mais utilidade.

— Namie? Por favor, você tem que melhorar. – Era um pedido que eu fazia para ela nos dias em que ela ficou internada.

Foi um sofrimento que me desgastou. Ela viveu por 10 dias daquela forma antes que desistisse de viver. Quando ela morreu, eles tiveram que me prender, por que eu destruí metade daquelas instalações. E foi naquele momento que eu finalmente entendi que eles não tinham o direito de fazer aquilo comigo, ou com qualquer outra pessoa, que eu havia falhado como Avatar e como humano.

Eu olhei para aquela destruição e vi Mira. Ela me lembrava a Namie de certa forma.
Ela estava andando pelos escombros, e atravessando vigas como um fantasma.

— Eles te machucaram para valer. Tanto seu psicológico como o seu corpo.

Eu não conseguia responder.

— Porém isso ainda não te dá o direito de fazer isso.

Uma sombra surgiu do nada. Ela se desprendeu da escuridão e se apresentou para a garota.

— Finalmente.

Vaatu disse para ela.

— Isso significa que nossa ligação está maior? – Ela perguntou.

— Sim, estamos cada vez mais perto de nos tornamos um só. Eu, você, Raava e aquele garoto.

Ele falou, como se eu não tivesse importância.