Tarja Preta
Depilador Profissional.
— Daniel! – berrou Sérgio entrando no quarto do filho sem bater. – Por que diabos você roeu as minhas meias?!
— Eu o que?! – perguntou o menino que estava se depilando com a cera quente da mãe.
— Minhas melhores meias! Meus melhores sapatos e minhas camisas... Porque está roendo minhas coisas?!
— Eu não fiz nada disso! – ele olhou o quarto todo procurando por Tripé, o verdadeiro culpado. Para a sua sorte, o cachorro estava dormindo debaixo da cama.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Ano passado eu te peguei mordendo meus sapatos! Voltou a ter essa mania horrenda?!
— Não, eu aprendi a minha lição...
— Daniel, por que tem pentelhos em minha escova de dente?! – Paola gritou, entrando também no quarto do filho. – O que está fazendo com minha cera importada?!
— Ah... Eu não achei o pente de cabelo. Precisava medir os pelos para saber se estava na hora da depilação!
— E penteia seus pelos com minha escova de dente?! Não basta ter colocado meu vestido novo para secar no fogão?!
— Eu já te pedi desculpas! – disse ele choroso. – Eu não queria ter derramado suco de laranja no vestido... E eu só estava vendo como suas roupas ficam em mim!
— Filho, acho que precisamos conversar. – disse Sérgio tomando a maquina de cera da mão do menino. – O que está acontecendo com você?!
— Nada papai... Só estou me arrumando!
— E aonde vai com esse capricho todo? Vai visitar a Amanda?!
— Não, vou na casa do Edgar. – respondeu Daniel dando de ombros. – Ele ficou de me ajudar a depilar o meu traseiro.
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Gabriela estava tentando se convencer que não era nada de mais ver seu amigo maluco pousando em todas as revistas famosas e ao lado das modelos mais bem pagas, incluindo Amanda. “Não é ciúme...”, dizia para si mesma. “É só cuidado com uma pessoa querida, estou apenas preocupada com o Daniel! Está na cara que a Amanda não gosta dele de verdade, mas ninguém consegue enxergar isso!”.
— O que está fazendo, filhota?! – perguntou Ana entrando na cozinha.
— Estou tentando confeitar esse bolo. – respondeu ela sorrindo. Ana se benzeu ao analisar o trabalho da filha e a bagunça na cozinha.
— É para mim? – perguntou sentindo pontadas na barriga só de olhar o bolo queimado.
— Não, não. – Gabriela deu de ombros. – Mas se quiser posso fazer um para gente.
— Não! Quer dizer... Não quero te dar trabalho.
— Tudo bem então. – Gabriela sorriu e limpou as mãos sujas na própria camisa. – Mãe, acha que consigo conquistar alguém com esse bolo? – Ana franziu a testa. – O que foi?
— Nada, querida... Só estou surpresa.
— Por quê?
— Está cozinhando para agradar algum rapaz? – Gabriela corou.
— Mais ou menos. – a garota suspirou e sentou-se à mesa. – Na verdade, acho que preciso de seus conselhos chatos e maternos agora. – Sorrindo, Ana se juntou a filha.
Pode se abrir.
— Bom... – Gabriela deu um longo suspiro. – O que você faria se, hipoteticamente, se apaixonasse por um cara?
— Eu conversaria com ele.
— Mas ele não é qualquer cara. – Gabriela encarou a mãe. – Digamos que esse rapaz é lindo e cobiçado por todas as garotas do colégio... E ainda por cima está saindo com uma modelo famosa e muito mais gostosa que você...
— Entendi. – Ana abafou o riso. – Será que esse rapaz hipotético por acaso se chama Daniel? – Gabriela arregalou os olhos.
— Como você sabe que estou falando dele?
— Não é ele na capa da revista? – a mulher tirou o objeto da bolsa e entregou a filha.
— Você comprou uma revista com a foto de meu amigo só de cueca na capa? – Gabriela perguntou sentindo um pouco de náusea.
— Realmente, o Daniel é bem atraente. – Gabriela fuzilou Ana com o olhar. – Eu não sabia que ele era assim.
— Mãe!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Ok... – a mulher sorriu. – Filha, se você acha que sente algo por ele, precisa ser verdadeira.
— Temia que você me dissesse isso. – Gabriela suspirou.
— Querida, vocês são amigos próximos. Seria injusto não dizer nada para ele, entende? Sei que é difícil, mas se gosta dele, quem melhor do que você mesma para conquista-lo?
— Não sei, talvez a Amanda? – Gabriela abriu a revista na foto em que Amanda posou junto com Daniel.
— Ele está saindo com ela? – Ana perguntou analisando a imagem.
— Sim.
— Bom, ela é uma garota realmente muito linda. – Gabriela fez uma careta. – Mas aposto que você conhece o Daniel muito melhor que ela.
— Você tem razão.
— Mas posso te perguntar uma coisa? – a garota fez que sim com a cabeça. – Como isso começou? Quer dizer, quando começou a gostar do Daniel?
— Eu não sei... Na verdade, acho que eu não tinha me dado conta até...
— Até?
— Bom, sem querer o Daniel acabou me dando um selinho na boca. – Ana franziu a testa. – Eu ia beijar a bochecha dele, mas ele virou bem na hora. O Dani reagiu como se fosse algo totalmente bobo, como se nada tivesse acontecido... – Gabriela se levantou e olhou para o bolo que havia feito. – Mas eu acho que gostei, mãe. Sei lá, eu nunca tinha pensado nele desse jeito, mas depois disso, percebi que morro de ciúmes dele e que gostaria de estar no lugar da Amanda.
— Entendo, querida.
— Mas o pior de tudo, é que o Edgar viu o beijo e agora está agindo de forma estranha.
— Querida, você e o Daniel são os melhores amigos do Edgar. Com certeza, não deve ter sido fácil para ele.
— Mas mãe, foi só um selinho! Nunca tivemos nada... Eu nem sabia que gostava do Daniel!
— Por que não tenta conversar com o Edgar e explicar a situação a ele?
— Não da! O Ed é linguarudo, ele iria contar ao Daniel que estou apaixonada por ele.
— Entendo. – Ana deu um suspiro e beijou a testa da filha. – Seja o que for que decida fazer, acredito no seu potencial, querida. Você é um pouco porca e destrambelhada, mas é uma boa garota.
— Nossa, obrigada hein mãe.
— Por nada!
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— Finalmente! – disse Daniel.
— Ah! – berrou Edney com o susto que tomou quando viu o menino entrar pela janela do seu quarto. Daniel ficou boquiaberto quando viu o irmão de seu melhor amigo se masturbar. – O que você está fazendo aqui?!
— Eu confundi sua janela com a do quarto do Ed. – ele deu de ombros. - Porque está se masturbando enquanto olha a foto da Gabi?!
— O Edgar está na porta a esquerda... Agora saia do meu quarto!
— Isso é nojento! Você deveria receber uma bela surra dos seus pais, punheteiro de merda!
— Isso não te diz respeito! Eu bato uma olhando para o que eu quiser!
— Não com a foto da Gabi! – esbravejou Daniel desconectando o monitor do menino e saindo porta a fora com o objeto no braço. Edney até tentou tomar o monitor da mão de Daniel, mas ele foi mais rápido.
— Socorro! – berrou Edney, mas Daniel não parou o percurso, entrando no quarto de Edgar sem bater.
— Que milagre não entrou por minha janela? – Edgar perguntou quando viu o amigo. – E esse monitor aí?
— Sabia que o Edney estava se masturbando enquanto via uma foto da Gabriela?!
— Como assim? - berrou Edgar.
— Pois é! Aquele saco de esperma... – Daniel entregou o monitor a Edgar. – Tomei o computador dele, você resolve o resto.
— Tudo bem. – Edgar colocou o objeto no canto do quarto. – Trouxe a cera?
— Claro! Assistiu os vídeos sobre como depilar?
— Amigo, eu sou quase um depilador profissional!
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