Tarja Preta
Batman.
— O que eu falei para você? Eu deixei você comer minha comida? – gritou Daniel irritado. - Não me responda! Tripé, você está muito malvadinho! Meus pais não podem descobrir que estou te escondendo aqui em meu quarto!
Por mais que o rapaz implorasse, Tripé apenas ignorava mais ainda os pedidos de silencio do dono, latindo cada vez mais alto. Daniel ouviu passos do lado de fora do quarto e antes de ver a maçaneta girar, o menino amarrou o focinho do cachorro com a toalha e o jogou dentro do guarda roupa.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— O que está fazendo?! – perguntou Sérgio entrando no quarto do filho.
— Ah... Nada.
— Será que podemos conversar? – Sérgio sentou-se na cama do filho um pouco sem jeito.
— Claro, mas eu juro que não remexi o lixo!
— E por que você faria algo assim? – Daniel deu de ombros enquanto Sérgio espirrava. – Sabe filho, sei que essas semanas têm sido complicadas, mas...
— Eu estou bem, antes que me pergunte. – disse ele encarando o pai que espirava um pouco mais.
— Eu sei que ficou com raiva por sua mãe ter te colocado de castigo. Sei também que se arrepende de ter batido naquele garoto e...
— Não.
— Não se arrepende? Você quebrou o maxilar de um rapaz de dezesseis anos!
— Eu quis dizer que não fiquei com raiva da mamãe. – respondeu o menino fazendo o pai respirar aliviado. – Mas de qualquer forma, ele vai se recuperar e tenho certeza que vai me perdoar quando receber o cartão de macarrão que eu fiz especialmente para ele.
— Claro... – disse Sérgio sabendo que aquilo não iria acontecer. - Eu quero saber se existe alguma coisa que queira me contar.
— Como assim? – Daniel gelou olhando para o guarda roupa.
— Alguma coisa realmente importante. – Sérgio se aproximou do filho.
— Já que o senhor mencionou, tem uma coisa muito importante... – ele sussurrou abaixando os olhos. - Mas não quero contar agora.
— Você sabe que... – o homem foi interrompido por seu espirro. – Eu e sua mãe sempre iremos te... – ele espirrou mais uma vez. – Amar... Mas que droga! Eu não paro de espirrar! A última vez que fiquei assim, foi quando o vizinho veio aqui com aquele cachorro de estimação dele...
— Aposto que é por causa do tempo. – Daniel falou rapidamente. – O tempo tem mudado muito não é? – ele forçou um sorriso.
— Pode ser... – Sérgio espirrou novamente.
— Só pode ser isso, afinal não tem cachorro nenhum aqui. – ele sentiu seu rosto queimar de nervosismo.
- Isso não importa... Mas eu realmente preciso sair daqui agora, estou começando a ficar asfixiado.
— Tudo bem, pai! Por que não sai de casa um pouco? – perguntou na mesma hora em que Tripé latiu de dentro do guarda roupa.
— O que foi isso?! – perguntou Sérgio espirrando novamente.
— Au! Au! Au! – respondeu Daniel imitando Tripé e batendo na porta do guarda-roupa.
— Tenho que me preocupar? – Daniel continuou latindo e batucando para abafar os latidos do animal revoltado. Vendo que seu filho estava numa espécie de ritual pagão inexistente, Sérgio saiu do quarto.
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— Eu não quero passar a droga do fim de semana com o Ken e a Barbie! – disse Gabriela enquanto sua mãe arrumava sua mala. Gabriela colocava de volta no guarda roupa todas as roupas que Ana separava para por na mala.
— Será que dá para parar com isso?! – Berrou Ana sem paciência. – Não quer ir para casa de seu pai? Tudo bem, mas não vai ficar em casa dormindo e comendo o tempo todo! Vai arrumar a casa, lavar e passar nossa roupa, fazer o mercado do mês...
— Será que vai chover? Acho melhor eu levar um casaquinho... – disse ela depois que percebeu que preferia ver seu pai a ter de fazer tudo o que Ana estava propondo.
— A campainha está tocando. – Ana resmungou, fazendo a garota ir atender a porta.
— O que você está fazendo aqui? – ela perguntou dando de cara com Edgar. Ele estava com um chapéu estranho e usava um tapa olho. – Fomos convidados para alguma festa à fantasia?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Engraçadinha. – respondeu ele.
— Estou falando sério. Qual o motivo do disfarce de pirata?
— Não é um disfarce. – ele resmungou. - Meu pai me deu um murro.
— Sério? Por quê? Ele continua bebendo?
— Ele nem tem mais pulmão. – Edgar deu de ombros.
— Fígado! – corrigiu Gabriela. – Pulmão tem a ver com fumar e não com beber.
— Que seja... – ele revirou os olhos. - Será que eu posso dormi aqui?
— Claro! – Respondeu Ana surgindo na sala, para surpresa de Gabriela. – Fique a vontade, Edgar.
— Obrigado, dona Ana.
— Claro nada! – disse Gabriela – Porque não vai atormentar o Daniel?
— Gabriela, não seja mal educada! – Ana falou repreendendo a filha.
— E onde o primo do capitão gancho vai dormir?! – rebateu a menina.
— No seu quarto, onde mais seria?! – a mulher perguntou impaciente.
— E quanto a mim?!
— Ficará confortável no sofá!
— Como é?!
— Tem certeza?! Não quero incomodar... – disse Edgar.
— Não é incômodo algum, querido! – disse Ana.
— Diga por você... – cochichou Gabriela. – Não acredito nisso!
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— Bom dia! – disse Edgar jogando um travesseiro na direção da amiga que ainda dormia no sofá.
— Que desgraça!
— Pra quê isso? O sábado está maravilhoso, que tal sairmos? Podemos ver o Daniel... Nossa, você acorda muito feia.
— Ah, tá! – disse Gabriela se levantando irritada. – Como se não quisesse saber o que tem por baixo de minha camisola!
— Eu sei muito bem o que vou encontrar por baixo desse pano de chão que você está vestindo e não me interessa nem um pouco!
— E a Heloá te interessa?
— Claro! Ela é linda! Tem um corpo maravilhoso e um cheiro espetacular... Sem mencionar o tamanho daquela bunda... E os peitos? Os peitos são enormes e perfeitos!
— Já entendi! – ela revirou os olhos. – Pois fique você sabendo que muitos me querem!
— São todos loucos de pedra! – disse Edgar sabendo que aquilo não era verdade, afinal apesar dos pesares, Gabriela até que era jeitosinha. Gabi por sua vez arqueou levemente a sobrancelha direita.
— São é? – perguntou ela se aproximando de Edgar lentamente, passando seus braços pela nuca dele.
— O que está fazendo?! – perguntou nervoso, fazendo-a rir. Gabriela beijou a bochecha dele e lentamente, foi indo em direção da boca do amigo.
— Isso é nojento! – disse Daniel que estava sentado na marquise da janela principal da sala.
— Desde quando está aí? – perguntou Gabriela se afastando de Edgar assustada.
— Desde o lance da camisola... – respondeu Daniel dando de ombros.
— Por que não deu sinal que estava esse tempo todo aqui? – perguntou Edgar chateado e extremamente vermelho.
— Ah, na verdade eu ia me anunciar, mas vocês estavam tão bonitinhos tendo uma “DR” que eu não quis atrapalhar.
— Não estávamos tendo DR nenhuma! – rebateu Gabriela – Estávamos só... Estávamos só... Por que não tocou a maldita campainha?
— Dá muito trabalho.
— E escalar paredes não dá?! – perguntou Edgar com raiva.
— Você precisa parar de dar sustos assim! – Gabriela o repreendeu.
— E aposto que quer saber o que eu tenho de baixo de minha camisola... – continuou Daniel imitando Gabriela. – Muitos me querem...
— Para! – disse Gabriela jogando uma almofada nele. – Isso não tem graça! E eu nem rebolo assim, Daniel!
— Nem acredito que o Ed não ligou para seu hálito de dragão... Ele te ama tanto!
— Amo nada! – resmungou Edgar.
— Vocês só me ofendem! – gritou ela jogando o controle da TV na direção dos rapazes. Daniel se desviou, mas Edgar não teve tanta sorte.
— Ai! Quer me aleijar?! - berrou Edgar pegando na testa dolorida.
— Ele ainda é grosso comigo! – começou Gabi chorosa. – Eu nunca deveria ter confessado o meu amor por ele, Dani...
— Amor por mim? Então você ia mesmo me beijar?
— Ia... – ela baixou os olhos.
— Gabi, eu não sei o que... – começou Edgar calculando as palavras para não magoar a menina, mas os outros dois estavam rindo dele. – O que foi?!
— Eu disse que ele iria cair! – disse Daniel – Me deve duzentas pratas, Gabriela!
— Como assim? – perguntou Edgar confuso.
— A gente fez uma aposta. – Gabriela riu.
— Então você não me ama?
— Claro que não!
— Isso não teve graça! – disse Edgar revoltado. – Isso é desumano!
— Isso vai ficar lindo no Youtube! – Disse Daniel rindo.
— Não se atreva! – Edgar correu na direção do amigo para bater nele.
— Eu sou o Batman! – berrou Daniel se jogando pela janela.
— Eu vou matar aquele desgraçado! – berrou Edgar apontando para o moreno que corria pelas ruas. – Espero que da próxima vez ele quebre a perna!
— Não acredito que você realmente achou que eu tava afim de você...
— Vai se ferrar!
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