Rebuilding life.

Prólogo


Suspiro com as mãos dentro do bolso do casaco, balançando ritmicamente minha perna direita. Sentada em um banco de madeira totalmente desconfortável esperando impacientemente pela assistente social de meia idade, com os cabelos castanhos claros começando a virar grisalho, que se apresentou como Alberta Petrov. Ela pode até parecer legal, mas a minha vontade é de fugir outra vez. Não que isso fosse adiantar, já que estou no terceiro andar com dois policiais na minha cola. Me sinto uma ladra pega no flagra, só faltou me algemar.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Há três semanas estava correndo do conselho tutelar, mesmo com toda a neve lá fora. Nunca soube quem era meu pai e minha mãe era meu único parente vivo. Acho que receber uma ligação em plena véspera de ano novo contando que sua mãe estava morta foi a pior sensação de toda minha vida. Assustada e desorientada após o enterro dela, arrumei uma mochila cargueira com meus pertences mais importantes, dinheiro e o máximo de roupas possível de nossa pequena casa no subúrbio de Wichita.

Comecei a vagar pela cidade. Eu não era aquele tipo que fazia amigos. Quebrei tanto a cara em confiar nas pessoas que comecei a afastá-las. E justo quando achei que a poeira havia baixado, fui pega ao chegar à capital do Estado, Topeka. Eu não estava acreditando que teria que passar dois meses em um orfanato até completar a maior idade...

—Rosemarie!- Alberta chamou minha atenção. Eu nem mesmo tinha percebido sua chegada.-Vim apenas comunicá-la que será transferida para o Nebraska ainda hoje. Consegui uma família lá para te acolher, já que não temos mais acomodações disponíveis.- ela me deu um tempo para digerir a informação e quase vi algum sentimento em seu rosto neutro. -Pegue suas coisas, temos um voo a pegar...

Eu fiquei receosa pensando em que tipo de gente eu ia encontrar lá. Ok, eu não iria mais para um orfanato, mas poderia ser momentâneo. Fiquei imaginando o que fazer, eu iria para meu último semestre de aula e quando completasse a maior idade, ainda cursando, seria chutada pelo assistencialismo social. Tudo estava tão confuso, mesmo que as ultimas semanas eu tenha refletido bastante. Respirei fundo, não sabia mais o que fazer.

Estava cansada de fugir. Seguir era essencial, mas não sabia se estava pronta para encarar o peso da realidade.