[Colégio, refeitório, quinta-feira, 11: 47 AM]

— Alguém avisa a Maxine que ninguém mais aguenta a fofoca do Chai e do Derek. – Pietro reclamou enrolando o jornal da escola na mão.

— Ela só está comentando os fatos. – Lucian deu de ombros enquanto comia seu almoço.

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— Ela é uma jornalista, não devia ficar difamando os alunos pelo jornal também. – Aurora discordou.

— Concordando ou não, esse é o trabalho dela. – Heather comentou baixo, parecia meio distante aquela semana. – Ela conta a verdade.

— Está tudo bem, Heather? – Natalia baixou o livro que lia e olhou para a ruiva.

— Acho que estou doente. – Ela respondeu tentando moldar seu melhor sorriso, sem sucesso.

— Você até que estava espirrando hoje de manhã. – Aurora concordou pensativa. – Espero que não me deixe doente também.

— Não que isso te atrapalhe. – Ikky Ezra riu. – Até doente você não para.

Aurora revirou os olhos comendo, porque receber um comentário desse do menino que adorava estar em movimento devia significar algo, Pietro pensava.

— O que você está lendo, Naty? – Pietro perguntou.

— Um livro. – Ela respondeu e Ikky não conteve o riso. – Eu não quis ser grossa.

— Tudo bem. – Pietro suspirou medindo sua pressão. – e você James? Não deu uma palavra desde que pegou o jornal.

— É a Katastrophy de novo. – James mordia a bochecha chateado. – Elas atacaram uma outra empresa.

— Ah, eu vi essa noticia. – Pietro concordou. – Meu pai está louco por isso.

Todos prenderam o ar por um instante. Pietro nunca havia falado do pai antes, o que agora abria a chance dos amigos poderem perguntar sobre ele. A família Nivans era um mistério para a maioria.

— Seu pai faz algo ilegal? – Aurora perguntou ponderada.

— Bom, meu pai é... meu pai. – Pietro bufou. – Obvio que algo não deve estar certo naquela empresa.

Ninguém se atreveu a perguntar mais nada, a tensão e tristeza na voz do gorila denunciavam que algo realmente mal havia acontecido entre os dois e nenhum dos outros integrantes da mesa ficaria a vontade de tentar descobrir algo tão livremente, ainda mais por ser a primeira vez a cita-lo.

Pietro podia sentir o clima estranho rondando os amigos, em 3 anos ele nunca havia citado o pai até o momento. Era de se esperar que eles tivessem reações parecidas, já que deviam pensar que Leonard Nivans havia morrido, o que não diferia muito da imagem que Pietro havia criado para si.

Para ele o pai estava morto.

Então com um abrir majestoso de portas, a atenção de todos foi chamada. Pietro olhou a jovem que havia entrado de cima a baixo e quando chegou em seu rosto, sentiu sua espinha congelar e seu rosto arder. Era ela.

“O que ela faz aqui?” Pensou.

— Penélope? – James perguntou surpreso.

— James! – A morena que havia enganado Pietro na balada se aproximou da mesa. – Não achei que o encontraria tão rápido, primo.

— Primo? – Heather foi a primeira a se manifestar enquanto o burburinho sobre a nova aluna passava como uma avalanche pelo refeitório.

— De onde você vem? – Ikky perguntou tentando ser simpático.

— Sou do Brasil, gatinho. – Ela piscou para ele e olhou os amigos da mesa, parando seu olhar no ruivo de óculos e sorrindo sordidamente, mas logo seu olhar pousou sobre uma castanha ao seu lado. – Ora, ora, ora, se não és Aurora.

— Você a conhece? – Natalia perguntou baixo para Aurora.

Ela engoliu em seco.

— Weeber não contou a vocês? – Penélope sorriu doce. – Ela é minha ex-namorada.

[Colégio, corredor dos armários, 14:53 PM]

Derek havia ouvido sobre a novidade, uma morena que aparentemente havia entrado no meio do ano agora. O que era estranho, já que os alunos sempre começavam no inicio do ano, mas o mais estranho ainda era o fato dela ser a ex-namorada de Aurora.

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Praticamente ninguém sabia dessa – agora – novidade. Aurora tinha orientação sexual igual ao namorado de Derek, igual a Jocelyn e James. Por mais que Jocelyn tivesse se aberto a si mesma muito mais tarde do que os outros, precisou de 1 ano de namoro com Pietro para perceber isso.

Mas Derek não dava a mínima para a nova aluna, ele na verdade agradecia sua chegada. Pelo menos agora ele já não era mais o alvo da atenção no restante da semana.

Derek estava cansado daquilo, do quão mesquinho seus “amigos” dos times podiam ser e quão ignorante o restante das meninas da escola conseguiam se esforçar para ser. O relacionamento era somente dele e de Somchai, não havia porque eles quererem se meter com o pretexto de que estavam o protegendo.

O castanho passou as mãos pelo topete enquanto virava a esquina para chegar ao seu armário, precisava guardar seu material para as aulas práticas. Porém mal colocou os olhos na porta do seu armário e viu o aglomerado de pessoas ali em volta.

— Mas que porra é essa? – Derek se exaltou ao ver a colagem de cervos e um desenho mal feito de Somchai sendo fodido por James enquanto o Tailandês dava “chifres” de presente a um Derek mal desenhado também.

— Derek, não liga pra eles. – Somchai que estava à frente do armário recebendo olhares de reprovação e risadas do desenho tentava manter a calma para não acabar perdendo o pouco de controle que tinha.

Porém Derek já havia perdido o controle. Ele estava cansado de tudo aquilo, aquela semana havia sido torturante e ele já não aguentaria mais aquilo, precisava ser realista consigo mesmo e só via uma saída para isso, a que menos gostava: violência.

Ele não precisou de muito esforço para impedir as mãos pequenas de Somchai de pararem o soco que atingiu Jason, um dos responsáveis pelo desenho. Logo a briga estava formada, Somchai tentava fazer Derek ouvi-lo, mas ele sabia ser frio quando desejava.

Afastou Somchai dali com um braço enquanto se sentava sobre Jason e estraçalhava seu rosto a base de socos. O bando de Jason, composto por Tony e mais alguns meninos tentou parar Derek, mas ninguém podia contra o crocodilo em forma adulta.

— Derek! – Somchai gritou uma ultima vez, antes que Derek levasse Jason para a outra vida.

Ele parou por um segundo para retomar o fôlego e foi tempo suficiente para que Somchai picasse o namorado, o corpo de Derek ficou rígido e ele caiu no chão. Antes que o bando de Jason pudesse fazer algo, o diretor chegou correndo e tomou as rédeas da situação.

[Colégio, Ala J, sala de jogos, 19:23 PM]

— Vocês ouviram sobre a briga do Derek com o Jason? – Maxine parecia regozijar de satisfação.

— Finalmente ele tomou uma atitude. – Claire comentou entediada de ponta cabeça em um dos sofás da sala de jogos, enquanto acertava seus dardos no alvo.

— Violência não é o caminho. – Kenai se pronunciou.

— Não é como se você tivesse muito direito de dizer isso não é, Hulk? – Claire soltou um meio sorriso ao ver Kenai embaraçado com o comentário.

— Claire está certa. – Max concordou. – Você tem sérios problemas de raiva, Kenai.

— Se estivesse naquele corredor, teria esmagado a cabeça do Jason. – Jocelyn concordou enquanto afinava seu violão preferido da sala.

— Mas o foco agora não é nem mesmo a briga. – Max os lembrou. – É a tal Penélope, prima do James e ex-namorada da Aurora.

— Nisso eu estou interessada. – Claire se levantou ficando mais perto das outras duas. – Carne fresca.

— Com certeza ela é seu tipo. – Jocelyn concordou revirando os olhos. – Ela é uma versão menos gostosa de mim.

— Você não pode rotular as meninas que eu gosto, sabia? – Claire sorriu de escárnio para Jocelyn que a olhou de soslaio do mesmo modo.

— Vocês já perceberam que as únicas meninas do nosso grupo, gostam de meninas? – Max comentou risonha. – e os únicos meninos, gostam de meninos.

— Você curte as duas praias, então joga para os dois times. – Jocelyn corrigiu.

— O importante, é que Penélope gosta de meninas.- Claire as cortou como se não houvesse mais ninguém ali, além de si mesma. – e Penélope foi a única namorada de Aurora, eu com certeza tenho mais um bom mistério em mãos.

— Ao trabalho, Sherlock. – Kenai bateu continência para Claire do espelho.

— Nesse caso, Max seria sua Watson. – Jocelyn completou. – Ela é dona do jornal da escola mesmo.

Maxine sorriu animada com a ideia, fazia tempos que desejava participar de alguma atividade com a colega de quarto, mas Claire não estava interessada em fingir que Maxine tivesse importância para ela nesse momento. Ela tinha o segredo de Heather e o mistério de Penélope nas mãos, só precisava escolher com qual brincar primeiro.

Por um instante, o celular de todos vibraram. Jocelyn foi a primeira a largar o violão e pegar o celular, para logo colocar a mão sobre a boca e olhar preocupada para Claire.

— Clar? – Jocelyn chamou a atenção da moça que lia os diversos tweets postados. – Isso é verdade?

Maxine observou Claire levantar a cabeça e tremer de raiva. Ela parecia disposta a resolver seu problema.

— Quem quer que tenha feito isso, me paga. – Ela esbravejou antes de sair.

— E no fim, o Burn Book ataca novamente.

[Colégio, quarto 33, 21:21 PM]

— O que você está fazendo aqui, Claire? – Aurora se assustou quando a crocodilo entrou com toda a força no quarto fazendo as janelas balançarem.

— Onde está a Heather? – Claire parecia tremer de raiva.

— No banheiro, ela está doente. – Aurora explicou sem humor. – Você pode sair agora?

Claire parecia matutar sobre algo importante por algum momento. Como uma grande decisão, algo que pudesse dar muito errado ou muito certo em suas habilidosas mãos.

— Diga a Heather para tirar o artigo do ar ou eu conto para a escola inteira o quão vadia ela é que agora está grávida e nem mesmo deve saber quem é o pai. – Claire jogou as palavras em Aurora que tentava processar tudo aquilo e saiu dali, com destino a sua outra opção de dono do Burn Book.

Aurora não conseguia raciocinar, aquilo era real? O que Claire queria dizer? E como por instinto ela correu a sua cadeira e digitou seu login do twitter para receber uma página inteira de tweets sobre Claire e sua aparentemente família disfuncional.

“A farsa de Claire Meyer” era o título do artigo, o que exemplificava todo o assunto retratado. O quanto Claire fingia ser uma pessoa livre e descolada, quando na realidade ela era um passarinho preso na gaiola.

E por mais que Aurora não entendesse, os tweets em resposta logo vinham. O veneno que um dia Claire Meyer jogou nas pessoas se voltou contra ela. Todos só precisavam de um motivo para inferniza-la e agora tinham. Mas será que Heather havia feito aquilo?

No mesmo instante a ruiva saiu do banheiro com seu pijama e toalha no cabelo, pretendia continuar estudando assim como Aurora fazia a instantes antes.

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— Quem estava gritando? – ela perguntou.

— Heather, você está grávida? – Aurora perguntou sem rodeio.

O choque estampado no rosto de Heather confirmou tudo.