O socorro

Estou sentado no chão contra a parede. Já é de noite, a janela está aberta e a lua está cheia. A luz do meu quarto está acessa. Espera... Aconteceu alguma coisa... Eu entrei em panico! Sim... Eu não consigo explicar... Eu deveria apenas ter pedido minhas desculpas pelo atraso, nada demais. Não tínhamos convidados... Eu não faço ideia do que aconteceu. Ainda estou com minhas roupas, meu relógio de bolso ainda está aqui.

11:30 da noite.

Sophie está sentada do meu lado. Ela está dormindo apoiada em mim. Seu braço está passando por minha cintura. Ela dormiu abraçada em mim. O que aconteceu? Preciso esperar ela acordar e perguntar.

A bandeja!

Tiro seu braço de cima de mim e me levanto. Estou com o corpo todo dolorido. Dormi sentado no chão recostado na parede. Santo Deus.

Chego no corredor e a bandeja está lá. Tem duas pegadas menores e uma pegada maior. Talvez de Sophie e do Senhor Greenfield. Tenho quase certeza de que são deles. Pego os equipamentos de limpeza e começo a limpar aquela bagunça. Não houve chá da tarde este domingo, por minha culpa.

Por que agi daquela forma? Nunca perdi o controle antes... Estou envergonhado. Muito.

Ouço gritos desesperados descendo as escadas

—Wall! Wall! Cade você? Wall!

Deixei o rodo de lado e fui andando calmamente em direção a voz. Quando cheguei na sala de estar, vi que Sophie estava correndo para a porta gritando por meu nome.

—Sophie! - Gritei correndo em direção a ela, evitando que saísse correndo porta afora.

No mesmo instante, ela para com a porta aberta em sua frente, mas olhando para mim. Seus olhos estão cheios de lágrimas. Seu rosto está vermelho. Ela bate a porta e corre para me abraçar. Mantenho meus braços rente ao corpo.

—O que aconteceu? Por que fez aquilo? Você está bem? - Dizia ela enquanto soluçava chorando.

—Sim senhorita. Estou ótimo. Só não consigo me lembrar direito o que aconteceu. Acho que estava nervoso.

—Nervoso? - Disse ela tirando o rosto do meu peito e olhando em meus olhos. - Você estava chorando aos berros e suas mãos tremiam!

—O que?

—Você saiu correndo quando me viu e eu fui junto até seu quarto. - Sophie secou as lagrimas com as mãos. - Achei que tinha ficado louco. Sentei com você no chão e tentei te acalmar, até que você finalmente dormiu e eu quis ficar com você para quando acordasse.

A abracei com um braço. Ficamos assim por alguns minutos.

Senhor Greenfield!

—O que seu pai disse sobre isso tudo? - Tentei manter-me sério, mas acho que deixei escapar uma expressão de medo.

—Relaxa, Wall. Eu disse que esbarrei em você quando carregava a bandeja. Ele saiu as seis horas para se encontrar com a Rose de novo. Ele não deve voltar ainda.

—Eu preciso limpar aquela bagunça.

—Não! - Disse ela me apertando. - Fica... Por favor.

—Sophie. - Ela me olhou nos olhos. - Eu preciso arrumar a casa.

—Tudo bem... - Disse me soltando. - Eu preciso dormir... Amanha tem aula.

—Quer que eu a acompanhe?

—Seria ótimo! - Disse com um sorriso tímido.

Pedi a sua mão e guiei seu braço por dentro do meu. Fomos assim até seu quarto. Ela entrou no closet para se trocar enquanto eu esperei do lado de fora preparando sua cama. Sophie saiu com seu pijama rosa.

Levantei as cobertas e ela se deitou na cama. A cobri e sentei-me na cama.

—Obrigado por ter ficado comigo.

—Obrigada por ser meu mordomo.

—Durma bem, my lady.

Ela sorriu e fechou os olhos.

Sabe de uma coisa? Acho que comecei a gostar de ver ela sorrindo.