Entre-Laços

In the dark - Ester


Contexto da one:

Eu esqueci de fazer isso nas minhas outras ones, sorry, gente xD Eu também pretendia colocar o contexto nas notas, mas, como tem gente que não lê nem notas iniciais e nem finais, que eu sei, resolvi fazer um contexto antes do texto, como a Stelfs (sério, povo, leiam as notas. Às vezes falamos coisas importantes nelas :/).

Essa one se passa no último ano da faculdade da Ester, bem no começo dele, em abril. Também acontece no mesmo final de semana de feriado da one anterior da Bia.

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Lysandre já terminou a faculdade, pois ele entrou um ano antes das meninas, e já está trabalhando. É isso :)

***

Terminei de passar os episódios das séries pro pen drive e fechei o notebook. Coloquei-o de lado e dei uma última olhada no espelho, pra ver se estava tudo em ordem.

Sai do quarto e peguei o celular e as chaves. Tranquei a porta do apê, já que não tinha mais ninguém, pois a Bia e o Nath tinham ido viajar no feriado e a Stelfs não morava mais com a gente. Sim, ela ainda não tinha voltado do período de intercâmbio nos Estados Unidos. Voltaria a morar com a gente quando chegasse a época do TCC. Pelo menos, ficaria perto do Castiel nesse meio tempo.

Ou seja, ia ficar o feriado prolongado alone no apartamento. Então, o Lysandre, super prestativo, me chamou pra ir no apê dele e do Kentin, que provavelmente ia estar lá também.

Bati na porta deles, pra avisar que eu tinha chegado. Esperei um pouco, porém ninguém foi me atender, então, abri a porta, que estava destrancada. Sim, eu já sou de casa pra fazer essas coisas, afinal, eu e o Lys estávamos juntos havia o que? Quase quatro anos já. O tempo passava rápido...

Entrei no apê, que estava silencioso, com exceção de um chuveiro ligado em algum lugar. Chamei e ninguém me respondeu.

Quando ia até o corredor, pra ver se tinha alguém por lá, ouvi uma porta abrir.

— Ester, você chegou cedo — Lysandre apareceu com a cabeça pra fora da porta e os cabelos úmidos.

— Cheguei? — perguntei pra mim mesma. — Cheguei não. Eu falei que ia passar aqui lá pelas seis e você disse que tava tudo bem — finalizei a frase com um levantar de sobrancelha e, pela cara do Lys, alguma coisa conectou na mente dele.

— Perdão, esqueci da sua mensagem. — Abri um sorriso com isso. — Vou terminar de tomar um banho e já volto para...

— Assistir série e comer bobeira — completei, quando percebi que ele não parecia se recordar do que a gente ia fazer.

— Isso. — E deu um sorriso de canto. — Fique à vontade — disse antes de fechar a porta.

Sorri e passei os olhos pelo lugar, antes de voltar pra sala. Ele tinha molhado o chão.

— Ow! Você molhou o chão! — soltei e cai na risada. Fui caçar um pano pra limpar a água.

Depois de secar e jogar o pano no lugar, fui até a sala. Conectei o pen drive na TV e me sentei no sofá, indo pegar o controle, pra zapear por alguns canais, enquanto esperava.

Vi que estava na mesa de centro, junto do bloco de notas do Lys. Sim, o que ele sempre perde. A verdade é que ele costuma largá-lo pela casa e eu, ou o Kentin, sempre acabamos encontrando.

Brinco com o Lys que às vezes passamos mais tempo no jogo “onde está o bloco de notas?” (uma outra versão de “onde está o Wally?”) do que qualquer coisa, mas isso sou só eu tirando uma com ele.

Com o bloco aberto, foi impossível eu não passar os olhos pelo que estava escrito, já que estava bem no meu nariz, enquanto esticava o braço pra pegar o controle.

“Macarrão com molho carbonara — jantar com a Ester no feriado.

Ingredientes:

100g de spaghetti

50g de bacon

2 dentes de alho...

Ué...

— O que você está fazendo? — Ouvi a voz do Lys e quase dei um pulo no sofá. Vi que ele estava parado, com os cabelos ainda úmidos, roupas leves de ficar em casa e o frescor do banho, me olhando com um olhar divertido. — Parece que a curiosidade quase matou o gato... — E entreguei o bloco a ele. — De susto.

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— Não é minha culpa se você larga o negócio aberto bem no meu nariz — respondi de volta, enquanto ria.

— Ele não estava no seu nariz. — Deu uma batidinha com o bloco no meu nariz e eu ri mais ainda. — O que a senhorita andou lendo dessa vez? — questionou enquanto se afastava e ia até a cozinha.

— Dessa vez nada, my dear. Foi só uma vez, eu acho...

Essa vez foi quando ele esqueceu o bloco de notas no meu quarto e eu dei uma folheada, porque ninguém é de ferro, minha gente, nem eu, que também não gosto que mexam nas minhas coisas.

O fato é que, depois de tanto tempo, a gente entrou num nível de intimidade que isso não importava mais. Claro que eu não ia pegar o negócio e ler como se fosse meu, porque havia coisas que preferíamos manter para nós mesmos. Sentimentos e pensamentos profundos demais...

— Ester? — A voz de Lysandre cortou a minha linha de raciocínio.

— Oi? — retruquei, perspicaz como sempre.

Lysandre estava parado em frente à pia, dobrando as mangas da camisa e olhando pra mim.

— Perguntei se quer me ajudar com o jantar. — Terminou com as mangas e ficou parado, enquanto eu levantava do sofá e ia até ele.

— Mas ué — comecei, com as mãos na cintura, enquanto caminhava. — Pensei que a gente fosse assistir série.

— Eu ia preparar um jantar surpresa, quando você apareceu por aqui. Porém agora não é mais surpresa. — Parei encostada na bancada com um sorriso travesso

— Você me convidou pra vir aqui hoje mais cedo — pontuei, enquanto ele virava e começava a tirar os ingredientes dos armários e da geladeira. — Daí eu perguntei na mensagem se tava tudo bem da gente fazer maratona de série e você disse que sim. — Esperei que ele respondesse, porém, parou por um instante. Podia apostar que estava com aquela cara de que alguma coisa conectou. Só faltou aquela musiquinha de quando o Windows liga. — Ta nananan — cantei a musiquinha e Lysandre olhou pra mim.

— Me esqueci completamente do jantar, quando respondi sua mensagem. Apenas me lembrei hoje mais tarde... — Começou a desembalar o bacon e pegar a tábua de cortar carne.

— Mas, gente. — Escorei as costas na bancada. — Dessa vez você se superou, hein? O que que eu vou fazer com você daqui alguns anos? Porque desse jeito... — deixei a frase no ar e Lys parou de cortar a carne.

— Alguns anos? — questionou com uma sobrancelha erguida.

— É, ué. — E dei de ombros, como se fosse normal. — Ou você não...

— Claro que planejo continuar com você daqui alguns anos. — Me aproximei e parei do lado dele, de braços cruzados e as sobrancelhas erguidas. — Muitos anos, na verdade. — E me deu aquele sorriso galante dele.

— Mas você, hein? — E dei um tapinha de brincadeira no braço dele. — Não larga mão dos galanteios. — Dei um sorriso engraçado, mas por dentro estava quase berrando “ounnnn”. — Espero que você tenha paciência pra me aturar por muitos anos.

Lysandre tirou os olhos da carne e aproveitou que eu estava perto, me beijando. Fiquei ainda mais próxima dele e passei a mão pelos seus cabelos, brincando com eles. Senti seu braço na minha cintura e me separei.

— Cuidado, você tá com a mão suja. — Dei uma rápida olhada pra trás, na minha blusa.

Ele pediu desculpas e voltou a cortar o bacon. Fiquei na ponta dos pés e dei um beijo na bochecha.

— Não precisa — comecei em um tom mais baixo. — Se precisar, a roupa depois lava, mas essa carinha. — E segurei o queixo dele, suavemente com os dedos. — Essa carinha triste é de partir o coração de qualquer um. — Ele abriu um sorriso e demos um beijo rápido. — Vou te ajudar aí, assim vai mais rápido.

Comentei e fui pegar um dos aventais. Coloquei e comecei a amarrar, quando vi Lysandre olhar a hora no relógio da parede.

— Ainda são seis... — Ele não terminou a frase, pois joguei o outro avental nele. Ri de sua expressão.

— Ué, janta às sete da noite. Que que tem? — questionei e ele riu, balançando a cabeça e voltando-se à pia novamente. — Vai, deixa eu arrumar esse avental em você.

Ajudei-o a colocar e depois atei os laços. Dei uns passos pra trás e olhei, pra ver se estava okay.

— Prontinho. E aí, o que que eu faço?

Lysandre pediu para que eu cuidasse do macarrão, enquanto ele terminava de cortar o bacon. Após isso, me deu a carne e disse pra fritá-la até ficar crocante. Ele foi cuidar da parte com o ovo e as outras coisas lá.

— Lys, põe música? — pedi e ele parou de bater a mistura e foi pegar meu celular, que estava largado no sofá. — Pode escolher a playlist.

Ouvi ele parar alguns passos atrás, provavelmente escolhendo o que colocar. De repente, uma voz familiar preencheu o silêncio.

— Essa música? — perguntei meio boquiaberta. Era Thinking Out Loud do Ed Sheeran.

Lysandre deixou o celular na bancada e me estendeu a mão.

— Me concede essa dança? — questionou com um sorriso e todo “cavalheiresco”.

— Lys, o bacon... — Não terminei a frase, pois ele deu um jeito de desligar o fogo e me olhou engraçadinho.

Parei o que fazia e cruzei os braços, tentando fingir que estava brava. Lysandre me estendeu a mão novamente. Eu a segurei e minha expressão se desfez em um sorriso.

Ele me puxou pro meio da sala e colocou a mão nas minhas costas. Deixei a minha em seu ombro e começamos a dançar, enquanto unimos nossas mãos livres. A mesma música daquele dia, quatro anos atrás. Cozinhando juntos no mesmo feriado.

Claro, diferente daquela noite, em que estávamos os dois morrendo de vergonha, naquele cosplay básico de pimentão, dessa vez olhávamos um para o outro, perdidos entre olhares, sorrisos, emoções e as notas da canção.

“People fall in love in mysterious ways

And maybe it’s all part of a plan..”

Nessa hora, Lys fez com que eu desse um giro, gerando risadas minhas, que ele também acabou se juntando.

— Isso me dá um dejá-vu... — comentei quando ele me trouxe mais pra perto. Encostei o rosto em seu peito, enquanto dançávamos abraçados.

— Por que será? — retornou essa e eu ri.

Fechei os olhos e comecei a cantarolar baixinho a música, enquanto sentia o calor de seus braços e seu perfume invadir os meus sentidos.

“Oh baby, we found love right where we are

And we found love right where we are”

Nesse momento, Lys fez com que eu desse um outro giro e amparou minhas costas com a mão, me inclinando aos poucos.

— Acho que eu já vi isso antes... — comentei baixo, conforme ele ia aproximando seu rosto do meu.

— Creio que dessa vez terá um final diferente. — Foi sua frase antes de terminar de aproximar os lábios dos meus. Os selamos, como deveríamos ter feito naquela dança, anos atrás.

A mesma cadência, a mesma doçura, o mesmo... Lysandre continuava sendo ele mesmo, fazendo com que eu me apaixonasse a cada dia mais.

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Ele levou uma mão até a minha nuca, enquanto a outra continuava amparando as minhas costas. De seus ombros, levei minhas mãos até seu pescoço e o enlacei.

Lys então me endireitou e o beijo foi ficando mais lento, até findar com um tocar de lábios, que se separaram após.

A música já tinha acabado e eu fui prestar atenção em qual veio a seguir:

“You put your arms around me

And I believe that it’s easier for you to let me go

You put your arms around me

And I’m home”

Parei de dançar, ainda com meus braços em seu pescoço, e escondi meu rosto em seu peito, rindo.

— O que foi? — Ouvi-o questionar baixo, com os lábios próximos do meu ouvido.

— Só parei pra prestar atenção na música. — Ficamos um pouco em silêncio, apenas deixando que a canção tocasse. — Acho que ela não é muito boa pra dançar...

Foi então que eu senti Lysandre passar os braços pela minha cintura e fui erguida do chão. Ele fez com que rodopiássemos juntos e eu cai na risada. Lysandre se juntou a mim logo depois.

Pouco depois, ele parou, porém, permaneceu segurando minha cintura e me elevando do chão.

— Podemos fazer outras coisas, se prefere não dançá-la — soltou essa todo divertido e eu não pude esconder um sorriso amplo.

— Só que girar não é uma das melhores ideias pra ela... — Deixei a frase morrer e fiquei breves segundos em silêncio. — Faz de novo?

Lysandre sorriu e meu coração parou uma batida. Rodopiamos novamente, entre risos.

...

Depois de outros giros, risadas e de nos divertirmos muito, resolvemos terminar o jantar, porque senão ninguém ia comer nessa casa.

— Cadê o Kentin, Lys? — perguntei, enquanto levava a comida pra mesa e me sentava numa das cadeiras.

— Foi passar o fim de semana com a namorada. — Deixou a jarra de suco perto da comida e também se sentou, numa cadeira oposta à minha.

— Nossa, todo mundo resolveu nos largar sozinhos nesse feriado? Que desnaturados! — falei brincando e Lys riu, enquanto colocava macarrão no meu prato. Me entregou e eu comecei a comer.

— Espere! — Parei com o garfo a caminho da boca, enquanto ele se levantava.

Lysandre foi até a cozinha, acendeu três velas e trouxe duas até a mesa, depois apagou a luz.

— Pra que isso? — Deixei os talheres no prato, enquanto observava ele voltar até a mesa.

— Surpresa. — Me veio misterioso com essa. Lancei um olhar intrigado pra ele, porém não adiantou muito. — Quer suco?

Eu continuei encarando-o sem entender nada, enquanto ele enchia dois copos com suco. Tá, né?

— Ainda não entendi o porquê do jantar à luz de velas, mas gostei — comentei entre uma garfada e outra. — Ester aproves. — Levantei o polegar com um “joinha”.

Lysandre riu e voltamos a conversamos enquanto jantávamos.

Uma coisa que eu não tinha reparado antes, era como ele ficava lindo na penumbra. Tá, esse rapaz era lindo 365 dias por ano, porém, certas vezes eu reparava mais.

A iluminação diferente que a luz da vela dava aos seus cabelos, ao seu rosto. Como ele parecia sorrir feliz, distraído enquanto jantava. Como...

— Ester? — Lysandre olhou pra mim, como se já estivesse tentando chamar a minha atenção antes.

— Oi? Desculpa — soltei entre risos. — Tava distraída. — Ele ergueu uma sobrancelha com essa. — O que você disse? — perguntei, como se essa cena fosse normal, o que não deixava muito de ser verdade.

— Apenas queria chamar sua atenção para algo. — Nessa hora, ele já não estava mais sorrindo tanto. Olhei para seus ombros e vi ali um pouco de tensão. Hum... Apenas assenti, pedindo para que ele continuasse. — ... Já terminou de jantar?

Confirmei, estranhando, e ele recolheu os pratos. Fiquei um tempinho sentada, tentando entender a súbita mudança de assunto. Humm... O que será que estava deixando ele um pouco apreensivo dessa vez?

Olhei pra cozinha e vi suas costas, enquanto ele lavava a louça. Ainda não tínhamos acendido as luzes de volta.

Tentei ser silenciosa ao me levantar e ao caminhar até ele. De surpresa, o abracei por trás e dei um beijo em seu ombro, me demorando um pouco.

— Lys? — chamei e ele respondeu baixo. — O que foi?

Silêncio. Água correndo.

— Tem alguma coisa que tá te incomodando. Você tava tão bem há alguns minutos atrás... — Ele não respondeu, porém senti suas costas tensionarem. Levei as mãos até os pontos de tensão e comecei a massageá-la. — Me conta — falei não como se fosse uma ordem, mas assegurando que ele podia falar comigo o que quer que fosse que o incomodava. — O que foi?

Ele fechou a torneira e eu parei.

— Eu... Gostaria que visse algo — disse aos poucos, enquanto se virava pra mim, que já o tinha soltado. — Venha até a varanda comigo.

Me deu a mão e caminhamos até a porta da varanda, que ele puxou e abriu. Senti o vento frio passar por mim. Por sorte, estava com uma blusinha de mangas compridas.

Lysandre parou de frente à sacada da varanda e se apoiou nela. Imitei o seu gesto.

Ficamos um pouco em silêncio. Eu aguardava que ele falasse algo. Contudo, de repente ouvi uma música começar a tocar. Olhei pro lado e vi Lysandre colocando o celular em cima da mesinha da varanda.

O encarei confusa, sem entender absolutamente nada, enquanto aquela melodia bonitinha de piano tocava. Era Ariel, do Anathema. Amo essa música.

— Gosto dessa música — Lys comentou como se fosse normal. Não ajudou a melhorar minha confusão.

— O que você queria me mostrar? — perguntei, tentando retomar o assunto anterior.

— Lá. — Apontou então para algo no céu e eu olhei.

— Lá onde? — questionei enquanto vasculhava as estrelas com os olhos, procurando o que ele queria me mostrar. — O que que...

Minha frase foi interrompida, conforme eu fui voltando o rosto para o lado, vendo como Lysandre estava: ajoelhado ao meu lado.

Meu queixo foi ao chão e, antes que conseguisse falar algo coerente, Lys começou:

— Ester, venho planejado o que dizer nesse momento desde de que tive a certeza... Certeza de quem seria com você que eu desejo passar os meus dias, as minhas noites, os meus bons e maus momentos. — Lysandre deu uma pausa para um respiro, enquanto eu estava com a melhor expressão de choque que já fiz na vida. — Desde que tive a certeza absoluta do que estou prestes a fazer.

Parou o discurso e olhou pra mim, que o encarava com os olhos arregalados e mal piscando.

— Ester, desde que comecei a me aproximar de você, como amigos... Você acabou me encantando. Aos poucos, conforme íamos nos aproximando e você se abrindo, mostrando mais para mim quem você é... Mais eu me apaixonava por você. — Levei a mão até a boca e senti os olhos encherem de lágrimas. — Um dos momentos mais felizes que já vivi foi ouvir o seu sim ao meu pedido de namoro e sentir o seu beijo. Creio não ser capaz de expressar a alegria que é tê-la em meus braços, a alegria de saber que meu amor é correspondido, de ter você me alegrando todos os dias.

Ele respirou fundo e eu acabei soltando um fôlego que até então não tinha percebido que estava segurando. Do canto dos olhos, minhas lágrimas começaram a cair.

— Portanto, eu desejo pedir... — Prestei atenção em seus movimentos, vendo que levava a mão até o bolso da calça. — Eu desejo pedir para que esteja comigo, que seja minha companheira, minha esposa, pelos próximos dias e anos em que eu viver. — Ai, ele vai pedir. Socorro! Eu vou desmaiar! Calma, respira, respira, agora não.

Lysandre então abriu a caixinha escura e fixou os olhos no meu.

— Ester, deseja se casar comigo?

Nessa hora, meu coração parou por um instante, meu cérebro parou por um instante, tudo pareceu parar por um instante. Apenas conseguia encarar aquele homem que eu tanto amava, ajoelhado à minha frente e pedindo para que eu fosse sua esposa.

Engoli em seco, tentando encontrar a minha voz, já que eu estava praticamente chorando, de alegria, claro.

— Lys, o que você quer que eu diga? — Então parei pra ver como aquela frase estava mal formulada. Poxa, cérebro, ajuda aí. — Você me deixou sem palavras. — Com uma mão secava as lágrimas e com a outra, toquei seu braço, para que ele levantasse. Porém, ele permaneceu onde estava. Ele não ia ceder enquanto eu não respondesse a sua pergunta. Respirei fundo e então... — É claro que eu aceito — soltei em meio às minhas lágrimas e um sorriso enorme.

Em seguida, ele tomou a minha mão direita e deslizou pelo meu dedo anelar uma aliança. Era simples, porém linda, contendo uma pequena meia dúzia de pedras brilhantes no centro. Depois, Lysandre beijou a minha mão e se levantou.

Estendeu-me a caixinha com ainda uma aliança restante. Essa, era apenas adornada por uma linha que cortava o metal. Peguei-a em minha mão, sentindo a delicadeza dela. Parei para observá-la por alguns instantes, até que voltei a olhar para o rosto do Lys, que estava com um dos sorrisos mais deslumbrantes que eu já vi.

Ele levantou sua mão esquerda e secou as lágrimas que ainda estavam no meu rosto. Então, peguei sua mão direita e comecei a deslizar a aliança em seu dedo. Ao terminar, repeti seu gesto e beijei sua mão. Unimos elas, com as novas alianças reduzindo em nossos dedos.

Olhei para elas e senti meu queixo tremer. Para esconder as novas lágrimas, o abracei e escondi meu rosto em seu peito. Soltei a respiração que eu estava prendendo novamente.

Senti Lysandre correr a mão pelos meus cabelos, como um afago, tentando acalmar tudo aquilo que eu estava sentindo. Era tanto coisa que passava por mim, que o único jeito que eu consegui expressar foi chorar, já que as palavras pareciam estar presas na minha garganta.

— I dreamed of you, in the dark — Lys começou a cantar, enquanto acariciava meus cabelos. Só então que eu fui reparar que a música estava tocando esse tempo todo no repeat. Eu amo essa música... — What you mean to me is clear, and I’ll always be near... — Criei coragem e levantei o rosto. Agora ostentava um sorriso deslumbrante, como ele, mesmo com algumas lágrimas ainda.

Dos meus cabelos, sua mão passou a acariciar o meu rosto.

— Staring at the sun, a love so strong it hurts. — Senti seus dedos subirem e deslizarem pela minha bochecha. Fechei os olhos. — I look into your eyes, see me life defined. — Com esse verso, fixei meus olhos nos seus. Ah, Lys... — Look into your eyes...

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— See your heart in mine — completei a estrofe com a voz ainda meio embargada.

Lysandre sorriu e eu também. A música foi acabando e decidiu não cantar mais.

Subi meus braços e levei-os até seu pescoço. Lys abaixou seu rosto e, com a delicadeza que ele possuía, encostou seus lábios nos meus, dando um beijo breve. Sorri e fechei os olhos.

Ele se aproximou de novo e dessa vez foi eu quem o puxei para um beijo. Através dele, quis passar aquilo que só estava conseguindo expressar com minhas lágrimas: alegria.

No escuro da noite, nos beijamos.

“Staring at the sun

A love so strong it hurts”