Entre-Laços

Donos de casa e pais em período integral - Bia


Aqui o Ian tem um ano e pouco, quase dois. O aniversário dele é 26 de Agosto e nasceu às 12:10 (só pra não esquecer).

***

Abri os olhos e me espreguicei, percebendo que tudo ainda estava silencioso.

Olhei para o lado e Nathaniel ainda dormia profundamente. E seria melhor deixá-lo dormindo mais um pouco.

Levantei, vendo que eram oito horas da manhã e fui para o banheiro.

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Depois, sai do quarto e parei na porta do segundo quarto, onde terminei de abrir a porta e vi Ian dormindo todo encolhido em sua cama no chão.

É, ele realmente puxou a mãe. Isso que é ser bom de cama. Logo, logo ele acorda.

Fui para a cozinha e já coloquei a cafeteira pra funcionar. Peguei três bananas e as deixei na mesa, junto com o pão de fôrma, o hummus de grão de bico e duas xícaras.

A cafeteira terminou seu trabalho e fui até lá desligá-la, mas antes que tirasse a jarra, senti braços cercando minha cintura e um nariz afundando no meu pescoço.

Acabei sorrindo. — Já acordou? Achei que ia dormir até mais tarde.

— Já dormi o suficiente. Eu estava planejando fazer o café, mas você foi mais rápida. — Me soltou, pegando a jarra de café e a levando para a mesa.

— Demorou demais — brinquei, o seguindo.

— Amanhã é minha vez, então. — Se virou para mim, me abraçando de novo.

— É só acordar antes de mim.

— Ou acordo junto com você e te prendo na cama, e te solto quando terminar.

Comecei a rir. — Aí não vale.

— Vale sim. — Sorriu e se aproximou.

Trocamos alguns beijos leves e levei minhas mãos até sua nuca, sentindo as mãos dele segurar minhas costas mais firmemente. Nosso beijo estava se aprofundando…

— Má, má! — Ouvi a vozinha de Ian fazendo um pouco de eco no corredor.

Sem nos afastar, olhamos para lá, vendo nosso filho engatinhando todo feliz em nossa direção.

— Já acordou? — Fiz uma vozinha besta. Voz de mãe apaixonada por seu bebê.

Andei o resto do caminho e me abaixei, pegando Ian no colo e o abracei.

— Bom dia, meu amor. — O abracei e ele jogou os bracinhos em volta do meu pescoço.

— Ih, perdi minha vez. — Nathaniel riu se aproximando e deu um beijo na testa do filho.

Ian deu um sorriso como se tivesse entendido.

— E aí, vamos tomar café? — E ele balançou a cabeça.

Era impossível eu não sorrir vendo aquela cena.

Deixei Ian na sua cadeirinha e, antes que eu pensasse, Nathaniel me passou o pratinho onde eu costumava cortar as bananas.

— Obrigada. — Peguei-o e me sentei, já descascando as frutas e cortando em rodelas finas.

Ian olhava com atenção minhas mãos trabalhando, talvez pensando “vai, mãe, eu tô com fome!”.

Cortei uma banana e deixei o pratinho na frente dele, que já foi pegando um pedaço e colocando na boca.

— Eita fome! — falei sorrindo.

Nath se serviu de café, olhando o filho comer. Eu via o seu sorriso por trás da xícara. Um sorriso cheio de amor, orgulho, carinho…

— Como você se sente? — perguntei segurando sua mão por cima da mesa.

Ele me olhou meio surpreso, mas seu sorriso não diminuiu. — Feliz, e você?

— Muito feliz, obrigada. — Levantei, indo pegar a aveia e o iogurte de coco e comecei a cortar as outras bananas dentro de uma vasilha. Coloquei tudo dentro dela e voltei para a mesa, começando a comer.

— Qual a programação de hoje? — Nathaniel questionou, pegando um pão e passando o hummus.

— Hm… lavar a roupa, limpar a casa…

— Quem cuida do quê?

O olhei, sabendo que ele daria um jeito de fazer as duas coisas. — Eu cuido de tudo, não se preocupe.

— Tá doida é?

— Você precisa ficar mais tempo com o Ian, não acha?

— Sim, mas você não precisa cuidar de tudo sozinha.

— É só colocar as roupas na máquina e ela trabalha, e pra limpar a casa é rapidinho. Só passar o aspirador e passar pano.

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— Você fala como se fosse fácil.

— Mas não é difícil. — Dei de ombros e ele me lançou um olhar reprovador.

— Eu fico com a roupa — falou firme. — E o Ian me ajuda.

Ian olhou para o seu pai ao ouvir seu nome.

— Vai me ajudar a lavar a roupa hoje? — Nath perguntou o olhando e Ian afirmou balançando a cabeça.

Era engraçado como quase sempre ele balançava a cabeça, mesmo sem saber sobre o que estávamos falando.

— Má. — Ian disse cheio de manha, esticando os braços em minha direção e mexendo os dedinhos. — Máá.

—Que foi, não quer mais? — E ele negou. — Tá bom.

Levantei e tirei ele da cadeirinha, e automaticamente ele quis deitar no meu colo, colocando a mãozinha esquerda em cima do meu peito.

— Quer mamar? — Acolhi direito o corpinho dele com os dois braços, e ele afirmou.

Abaixei a regata da blusa e dei o peito e ele já o pegou na hora.

— Aii — resmunguei baixinho, sentindo uma dorzinha ao leite ser sugado.

Nath me olhou, talvez compadecido com aquele incômodo que eu sempre tinha e que era totalmente normal, e voltou a comer, só admirando a cena, como se fossemos um filme super interessante.

Depois que o incômodo passou,terminei de comer e Nath recolheu as louças.

Ian terminou seu café da manhã e reclamou da fralda.

— Encheu e já esvaziou, é? — falei, dando uma olhadinha nele.

— Deixa que eu troco. — Nath parou atrás da cadeira. — Vamos lá ter um momento de pai, filho e cocô. — E riu.

Eu ri. — Então tá. — Ergui Ian para cima e Nath o pegou.

Os dois entraram no corredor e eu levantei, indo até o banheiro e pegando o cesto de roupas. O puxei até a lavanderia e deixei lá. Se eu fizesse mais do que isso, Nathaniel teria outro filho.

Aproveitei e peguei o aspirador de pó do armário e um paninho para tirar pó.

Fui direto para o nosso quarto e comecei a limpeza dali, passando no quarto do Ian, o escritório, sala e cozinha.

Quando terminei, fiquei ali na porta da lavanderia só olhando Nathaniel sentado no chão com Ian no colo, separando as roupas coloridas, pretas e brancas.

Claro que Ian estava se divertindo com as roupas que Nath colocava em uma pilha, e ele ia lá, pegava e deixava em outro lugar.

Nath, com toda paciência do mundo, pegava a roupa e a deixava de volta no lugar, com um sorriso no rosto, como se fosse a coisa mais divertida do mundo.

— Tá atrapalhando seu pai aí, Ian? — Dei risada e meu filho olhou diretamente pra mim, dando um riso travesso.

— Que nada, né? — Nath segurou os bracinhos do bebê e o fez colocar as mãos na cabeça. — Eu tô é me divertindo aqui.

— Tô vendo. — Ri junto com Ian, enquanto ele era chacoalhado de leve pelo pai e se acabava de rir.

Peguei as coisas necessárias para terminar a limpeza e comecei a passar pano em todos os cômodos.

Quando cheguei na sala, estava só ouvindo a gargalhada do Ian. Resolvi largar as coisas ali e fui até a lavanderia de novo, me deparando com Nathaniel segurando Ian sentado em cima da máquina de lavar.

Como ela tremia, fazia Ian tremer também e morrer de rir.

Ai, que coisa mais gostosa!

Nath também morria de rir, vendo seu filho se divertir daquele jeito.

— Pra que brinquedo, né? — Me aproximei deles, rindo. — É só colocar ele na máquina e tá tudo certo.

— Descobrimos mais um jeito de se divertir.

— Tô vendo.

A máquina parou de tremer e Ian foi parando de rir aos poucos, e olhou pra nossa cara como se quisesse mais.

— Espera aí, agora tenho que colocar o amaciante — Nath disse, pegando o negócio azul.

— Vem cá. — Estendi as mãos pro Ian, que logo veio pro meu colo.

— Sabe o que foi engraçado?— Nath começou a falar, enquanto trabalhava. — Ele sujou as mãos de sabão em pó, que tinha caído no chão e ficou super agoniado. Estava quase chorando e eu não entendi o que ele queria. Aí vi que ele estava esfregando as mãos e vi que tava sujo. Tive que parar pra lavar as mãos dele e aí ele voltou a brincar com as roupas.

— Ih, você não gosta de se sujar, né? Tinha que ser virginiano. — Dei um beijinho no rosto dele.

— Ainda não entendo o que uma coisa tem a ver com outra.

— Entender os signos é uma arte, Nath. Não é pra qualquer um — brinquei.

Ele deu risada. — Mesmo entendendo, ainda vou achar besteira.

— Bem coisa de aquariano. — Revirei os olhos de brincadeira.

Nathaniel me mostrou língua antes de ligar a máquina de novo, e Ian estendeu os braços para ele, querendo sentar na máquina, aposto.

Ele pegou Ian e logo o sentou na máquina. E aí voltou a rir de novo.

Eu poderia ficar o dia inteiro o vendo rir.

Mas tenho que terminar a faxina para ficar livre logo, vamos, vamos.

Terminei de passar pano e fui dar uma geral nos banheiros, e nisso, Nath começou a fazer o almoço.

Como já tinha terminado tudo, aproveitei e tomei uma ducha rápida antes de ir comer.

Quando fui para a cozinha, a mesa já estava posta e Ian estava comendo sua sopa na cadeirinha.

Pendurei minha toalha na lavanderia com cheiro de amaciante e me sentei.

Vi que Nath tinha esquentado a lasanha de ontem e fez arroz.

— Que fooome — brinquei com Ian, que deu risada com a boca toda suja de sopa. — Você faz uma zona, mas pelo menos come, né?

Nos servimos e comemos, conversando sobre coisas aleatórias.

Depois, Nathaniel voltou para as roupas e eu deixei Ian brincando com suas pelúcias no tapete ali na cozinha, enquanto eu lavava a louça.

Assim que terminei, levei meu filho para a sala e ficamos um tempo brincando no tapete, até que ele começou a ficar inquieto.

— Você tá cansado, né? — E ele esfregou os olhinhos, encostando a cabeça em mim. — Hora da soneca. — Levantei.

Fomos para o quarto. Deixei ele na caminha e fechei as cortinas, deixando o quarto um pouco mais escuro.

Tirei os chinelos e deitei, trazendo Ian para perto de mim, que não relutou, já que estava sonolento.

Ele encostou em meu peito e deixou a mãozinha perto da minha clavícula, fazendo um carinho ali, enquanto pegava no sono.

Fiquei acariciando as costas dele para ajudar, e ele adormeceu rapidinho.

Esperei mais uns minutos até ter certeza que ele dormiu, e decidi levantar.

Sai do quarto e deixei a porta encostada. Parei na porta da lavanderia.

— Tá acabando aí?

Nathaniel se virou com uma camiseta nas mãos. — Tô quase. Só falta mais uma blusa. — E ele pendurou as duas e desligou a máquina. Ficou perto e me abraçou pela cintura, e deu um beijo na minha testa. — E aí, vem sempre aqui?

Comecei a rir. — Quando você vem com essa…

— Ué, perguntar não mata. — Foi se aproximando.

Já fiquei na ponta dos pés e o beijei rapidamente. — Eu venho sempre sim, porque eu costumo ficar de olho em um carinha bonito que fica aqui.

— Ah, é? E ele sabe disso?

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— Acho que sim… Se não sabe, vai ficar sabendo. — Sorri e segurei seu rosto, o trazendo para mim e o beijando.

Nath parou o contato de repente. — Quer que eu te coloque em cima da máquina também?

Comecei a rir depois dessa. — Se quiser pagar um conserto depois, pode.

— Deve valer a pena. — Deu de ombros e me beijou de novo.

Balancei a cabeça sem sair do beijo, e ele me guiou para trás. Encostei na máquina e…

— Má! Máááá! — Ouvimos a voz chorosa do Ian.

— Vai ficar para a próxima, garotão. — Dei um selinho nele e corri para o corredor, onde Ian estava. — Ê, menino, quem mandou você acordar? — O peguei no colo. — Você tem que dormir. — Entrei no quarto.

Ian começou a chorar baixinho, cheio de manha e sono.

— Tá bom, eu fico aqui com você. — O fiz deitar no meu colo e balancei de um lado para o outro devagar. — Dorme, meu amor.

Ele voltou a fazer aquele mesmo carinho na minha clavícula e começou a querer fechar os olhos.

Vi uma luz entrar no cômodo, e vi que Nath tinha entrado.

— Veio tirar uma soneca também? — perguntei baixinho.

— Se você dormir comigo, sim. — Sorriu e ficou na nossa frente, e fez um carinho no cabelo do Ian.

— Quem sabe.

Fiquei mais um tempinho embalando meu filho, até que ele adormeceu de novo.

O deitei na cama, e me deitei ao seu lado. Nathaniel deitou atrás de mim, no espacinho que sobrou, e abraçou minha cintura.

Enquanto eu fazia carinho no Ian, Nath começou a fazer carinho em mim.

Provavelmente nós três caímos no sono, já que o silêncio reinou de novo, igual de manhã.