50 Tons de Fanfiction

[SHIGATSU WA KIMI NO USO] Cura


Dó maior, lá bemol, mi bemol.

Com exímia concentração, Arima tocava os primeiros acordes da balada Nº 1, Opus 23, em sol menor. Seus dedos percorriam peritamente sobre as teclas do seu Steinway & Sons, enquanto uma doce melodia ecoava no ambiente. Aquela era a primeira vez que ele tocava aquela música desde o seu dueto com Kaori, mas as notas lhe eram familiares. Tocá-las fazia-o sentir-se como se estivesse convidando Kaori para valsar com ele. Seus dedos moviam-se de forma ágil sobre o piano, fazendo escalas, produzindo uma amostra digna do profissional que ele era.

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Quando a melodia pareceu ficar mais calma, enquanto tocava o mi maior, ele quase podia ouvir Kaori fazendo sua entrada com o violino. Era a melodia mais linda que ele já ouvira na vida. E a paixão com que a violinista tocava o movia e o incitava a tocar mais e mais intensamente. Kaori era uma mulher intensa, sempre fora. E foi com sua intensidade e alegria que ela conseguiu ajudá-lo a sair da depressão. Se Arima fosse parar para pensar, Kaori e sua música foram capazes de curar sua alma, sarando feridas que ele nunca pensara que um dia fossem cicatrizar.

As gotas que pingavam em seu instrumento indicavam que ele provavelmente estava chorando. Quando aquelas lágrimas surgiram? Arima estava feliz, ele finalmente fizera as pazes consigo mesmo e com o piano, bem como superara seus traumas de infância. Tudo isso era graças à sua amada parceira de palco. Honestamente, ele jamais conseguiria voltar a tocar se não fosse por ela e, mesmo agora, pensar nela junto a ele, tocando e sorrindo para ele, como quem diz que está tudo bem, mesmo que ele faça algo errado no meio da partitura, ainda o dava forças para seguir na profissão.

Fazia tantos anos que ele não tocava aquela música, mas ele ainda tinha a mesma sensação de quando a tocara pela última vez: a de que havia sido transportado para algum lugar no paraíso, perto de Kaori. O sorriso dela era como o sol, tudo ao seu redor parecia ter, de repente, um brilho áureo enquanto ambos faziam o melhor dueto que um dia fizera na vida.

Entretanto, ao soar do último acorde, o fulgor esvaiu-se e Arima estava mais uma vez sozinho na sala.