Agora Ou Nunca

Meu par


Meu par

Acordei com minha mãe mexendo em meu cabelo, me mexi porém continuei na cama.

Vi por uma fresta da cortina o sol brilhar do lado de fora, este mesmo raio de sol refletiu nos cabelos loiros de minha mãe.

— achei que já fosse ficar no Ítalo — falou ainda fazendo carinho no meu cabelo.

— estava com saudade do meu quarto — respondi.

— suas avós, seu avô e o resto da família vem almoçar aqui — ela deu a notícia — vamos todos juntos a festa de formatura.

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— eu vou contar para eles hoje — me sentei na cama.

— você está pronto? — perguntou arrumando a mecha de cabelo que tinha soltado de trás de sua orelha.

— tenho que estar mãe — respondi — as pessoas que mais me importavam já sabem e hoje aceitam.

— estamos com você — ela suspirou — não vamos deixar que digam nada.

— eu sei — respirei aliviado.

A campainha tocou.

— deve ser Luiza e Felipe — minha mãe levantou, me deu um beijo na testa e saiu pela porta.

Me levantei, arrumei meu quarto, peguei uma camiseta preta, uma bermuda xadrez e fui ao banheiro tomar banho.

A água caia em meu corpo quente como minhas emoções, meu coração estava acelerado, depois que me sequei me olhei no espelho como naquele dia em que as aulas começaram, mas diferente daquele garoto assustado com o primeiro dia do último ano, hoje eu estava confiante, forte, formando e noivo.

Desci a escada e encontrei minha irmã conversando com a minha mãe na cozinha, e meu pai com Felipe assistindo televisão. Dei bom dia a todos, Luiza parecia que já estava animada para a festa pois tagarelava sem parar.

— não vi seu vestido — disse minha mãe enquanto colocava café em sua xícara.

— é surpresa — ela sorriu — vou buscar ele depois do almoço.

— o meu é salmão — minha disse fazendo careta.

— você fica bem de salmão meu amor — meu pai lhe deu um beijo.

— e seu smoking Léo? — Luíza perguntou.

— Ítalo foi buscar hoje de manhã — respondi mordendo uma torrada.

A campainha tocou. Meu pai foi atender, tive meus olhos cobertos, eram as mãos de Ítalo.

— não consegui ficar sem você em casa — ele falou após tirar as mãos dos meus olhos.

— eu iria voltar depois da festa — ri.

— vou pegar um prato e uma xícara para você Ítalo — disse minha mãe.

Nosso café da manhã foi muito alegre e em família, eu estava muito feliz por ver minha família aceitar Ítalo como parte dela. Sua mão encontrou a minha sob a mesa, aquele olhar frio já não existia mais e eu nem sabia o porque ele já existiu.

Minha mãe foi com Luiza buscar seu vestido, enquanto meu pai lavava a louça e Ítalo e Felipe assistiam o jornal.

Fui até a garagem pegar umas caixas de papelão e voltei ao meu quarto. Comecei a colocar algumas coisas minhas nas caixas para levar para meu apartamento com Ítalo. Quando desci escutei ele conversando com meu pai.

— vamos morar na cobertura, podemos passar uns dias na casa de campo — ele respondeu sem notar minha presença.

— e o seu apartamento? — meu pai perguntou.

— ainda não decidi o que vou fazer — Ítalo respondeu.

— Léo já comentou que ele é enorme — Felipe falou — imagina a cobertura.

— é um bom espaço — ele respondeu — mas vamos preencher tudo, quem sabe até com filhos.

Congelei ao escuta-lo todo bobo dizer aquilo, eu ainda não tinha parado para pensar que teríamos filhos.

— vocês pensam em adotar? — meu pai perguntou.

— ainda não falei com Léo sobre isso, na verdade eu nunca quis ter filhos, mas tudo mudou quando conheci seu filho — ele respondeu.

— fico muito feliz ao escutar isso — meu pai respondeu.

— e eu também — falei fazendo Ítalo se surpreender e por fim sorrir — podemos conversar lá fora?

— claro — Ítalo pediu licença aos dois e me acompanhou em direção ao jardim.

Sentei-me na grama e em seguida ele deitou apoiando a cabeça em minhas pernas.

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— não sabia que você pensava em ter filhos comigo — respondi.

— vamos ter muitos — ele sorriu.

— amor, posso te fazer uma pergunta?

— claro — ele respondeu sério.

— quando nos conhecemos você era frio, quero dizer você ainda é em alguns momentos com outras pessoas...

— você quer saber o motivo né? — perguntou.

— sim.

— antes do Heitor eu era bem feliz, mas com o tempo ele foi se tornando tóxico para mim, tinha ciúmes, possessão e já me agrediu uma vez, foi ficando cada vez pior, ele me seguia e se me visse falando com alguém ele tinha surtos e me agredia, ele me fazia acreditar que tudo era culpa minha, e levou um bom tempo para eu perceber que a culpa era dele, e um dia nós dois discutimos, e então ele tentou me agredir novamente só que eu me defendi — levei a mão à boca — foi um dos piores dias da minha vida, então terminamos e eu fui ficando frio com todos, era um mecanismo de defesa, até que encontrei você, foi amor à primeira vista, nunca pensei que fosse amar alguém de novo, mas você foi me conquistando, me fazendo baixar a guarda — ele sorriu.

— eu te amo — só conseguir dizer isso.

— eu também Léo, porque você me faz tão bem, me traz uma calmaria que a tempos não sentia, então sei que com você tudo vai ser positivo.

O beijei, nem em meus sonhos mais loucos eu era tão feliz como eu estava.

— vocês são lindos — disse Tia Cris andando pela grama, nos levantamos e apresentei Ítalo a ela e a minha prima — vou abraçar meu irmão sinto tanta saudade, mesmo morando perto!

— acho que vou para casa — Ítalo sorriu.

— não quer ficar? — perguntei.

— preciso resolver algumas coisas — respondeu misterioso.

— tudo bem, mais tarde eu vou dormir lá tá bom?

— Léo tudo o que é meu é seu também — ele sorriu.

— mas ainda não somos casados — respondi.

— falta pouco para isso — ele sorriu levantando-se, lhe dei um beijo, o acompanhei até o carro, ele me entregou meu smoking, me deu um beijo e em seguida ele foi embora.

Entrei em casa e encontrei minha tia e meu pai rindo enquanto Felipe contava piadas.

— vou descansar um pouco para mais tarde — falei — vocês deveriam fazer o mesmo.

— mas filho acordamos a algumas horas — me pai disse rindo.

— não quero ninguém dormindo em cima da mesa essa noite — respondi do alto da escada, entrei no meu quarto, coloquei meu smoking com cuidado na minha mesa de computadores e me joguei na cama.

Quando acordei já fui direto pro banho, escutei algumas vozes no andar de baixo, provavelmente o resto da família já havia chegado.

O tecido deslizou sobre minha pele, minha ansiedade estava nas alturas, o baile de formatura tinha chegado, desci as escadas e encontrei meu pai e Felipe junto à meu avô Romeu minha avó Alberta, minha outra avó Mariângela, o irmão de minha avó Jeferson e sua mulher Estela.

Fui gentil e educado com todos até mesmo com Jeferson e sua esposa, mesmo não gostando de ambos por serem metidos.

— como está o futuro médico da família? — meu avô perguntou todo orgulhoso.

— ótimo — ri de nervoso — obrigado vovô por estar aqui.

— você e Luiza são nossos maiores orgulhos — vovó Mariângela falou secando as lágrimas.

— por falar nisso — vovó Albertina falou arrumando seu casaco dourado — cadê Luiza?

— aqui vovó! — ela desceu as escadas com um vestido verde bem escuro brilhante seus detalhes pareciam escamas de uma calda de sereia, ela tinha os cabelos presos em uma longa trança, ela estava deslumbrante.

— bravo! — vovó Albertina bateu palmas, Luiza tinha herdado dela seus dons para moda.

Felipe a puxou para tirar uma foto e então a campainha tocou, deveria ser Ítalo, agora era a hora, ao abrir a porta dei de cara com José.

— sentiu saudades? — perguntou.

Eu não conseguia dizer uma palavra, para minha sorte todos estavam puxando o saco da minha irmã.

— o que você faz aqui? — perguntei.

— só vim te parabenizar — José parecia ser um cara muito legal, e mesmo não tendo dado em nada nossas saídas e esperava que ele encontra-se alguém que o amasse — e me despedir.

— despedir? — repeti.

— sim, estou indo para o exterior com a minha mãe — sorriu — vamos morar com meu avô por uns tempos enquanto eu estudo.

— isso é muito bom José — o parabenizei — aproveita essa oportunidade.

— Léo eu queria também te desejar felicidades pelo casamento — ele deu um sorriso sem graça.

— muito obrigado — retribui o mesmo sorriso sem graça.

— agora tenho que ir — ele me abraçou.

— boa sorte! — respondi quando nos soltamos.

— obrigado — e então ele foi embora.

Meia hora depois Ítalo chegou, meus pais serviram champanhe a todos.

— eu amo esse champanhe — vovó Albertina disse quase beijando a taça.

— foi o mesmo do meu casamento vovó — provocou Luiza — é mesmo, vocês não vieram.

— estávamos em um cruzeiro no Caribe minha neta amada — minha avó respondeu.

Desde que meu outro avô morreu vovó Mariângela fico muito triste por perder o amor de sua vida e então ela se aproximou muito do meu vô Romeu e da vó Albertina e então eles sempre iam para bailes e faziam viajemos juntos.

— vamos brindar — meu pai levantou as taças — a Luiza e Léo!

Todos brindamos e após todos tomarem o primeiro gole eu respirei fundo.

— também gostaria de fazer um brinde — levantei minha taça — ao meu noivado com Ítalo!

Todos arregalaram os olhos, vovó Albertina se engasgou, Luiza deu um sorriso.

— como assim? — perguntou vovó Mariângela.

— isso mesmo pessoal eu sou gay e esse é meu noivo Ítalo Castro! — abracei meu noivo.

— eu sempre soube que havia algo de errado em você — Jeferson disse e sua mulher assentiu — não acredito que tem um gay na minha família! — lamentou.

— eu não me importo — disse meu avô rapidamente apoiado por minhas avós.

— nesse casamento eu venho! — vovó Albertina provocou Luiza que lhe deu a língua.

— vocês não podem estar achando isso normal né? — Jeferson ainda protestava.

Minha mãe foi em sua direção e lhe deu apenas uma bofetada.

— lave sua boca antes de dizer algo sobre meu filho — falou furiosa.

— estou indo embora — ele saiu pela porta seguido por sua esposa.

— ao amor! — minha mãe falou o último brinde.

— ao amor — Gritamos —e então fomos em direção à festa.

Ele me deu a mão e então nós dois entramos juntos, o salão inteiro nos olhou, alguns nos olhavam com reprovação, outros faziam cara de surpresos, mas depois sorriam, eu não ligava, o que importava é que eu estava ao lado do homem que eu amava.

Chegamos a minha mesa, que ficava ao lado da de Luiza.

— você são os donos da noite — Sofia disse no meu ouvido.

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— obrigado — suspirei.

— eu não acredito — disse Eleanor me abraçando — já imaginava que você era gay, mas o Ítalo foi uma grande surpresa.

— estamos nos conhecendo ainda — disfarcei.

— espero que vocês sejam muito felizes — ela me abraçou e foi em direção à pista de dança.

— tudo bem? — Ítalo colocou a mais na minha cintura.

— sim — lhe dei um selinho.

— vamos aproveitar a sua formatura — ele disse me puxando para pista de dança.

Gabriel chegou com drinques para nós.

— algumas pessoas estão destruídas que Ítalo seja gay — falou apontando para duas garotas que nos fuzilavam.

— é meu! — fiz um sinal mostrando a aliança.

A noite passou, dancei valsa com minha mãe, Luiza e por fim com Ítalo, foi uma festa bem divertida. E então fomos para seu apartamento de táxi, pois ele não queria dirigir bêbado, mesmo que parecesse sóbrio.

Quando o elevador se abriu fui à cozinha tomar água e então vi uma chave com laço azul em cima da mesa.

— o que é isso? — perguntei.

— seu presente de formatura — respondeu com a maior naturalidade do mundo.

Agradeço lhe dando um beijo.

— na precisava — falei tomando fôlego.

— eu sei — ele sorriu — mas eu quis, vem comigo.

Então fomos pro seu quarto e bagunçamos a cama.