Interlúdio

Calmaria antes da tempestade


Honey parou de apertar o parafuso e encarou sua máquina. Algo estava errado, ela sentia. De repente, seus olhos aumentaram.

─Ah, não! Vai explodir! Todo mundo se afasta!

Eles fizeram como ordenado. Kira abraçou Honey, como a menina não teve tempo de fugir como os demais. As duas caíram, enquanto os outros se aproximavam da tentativa fracassada de criarem uma máquina do tempo. A fumaça começava a subir.

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─Droga! ─Honey gritou.

As duas ficaram de pé, observando o mesmo que os heróis. Destroços e fumaça. Honey colocou as mãos na cintura, analisando os destroços.

─Calma. Nós ainda vamos conseguir.

─Não entendo como errei tanto os cálculos. Vou ter que recomeçar.

─Por que não tira uma folga, Honey? Desde que chegou, trabalha o tempo todo. ─Superman apareceu pouco depois.

Mas a menina balançou a cabeça.

─Se conseguíssemos uma máquina do tempo, talvez pudéssemos voltar.

─Tio Clark tem razão, Honey. ─Era Kira. ─Vamos sair essa tarde, e nada de protestos.

Sob os olhares de Superman e Kira, ela só tinha que aceitar. Sua máquina do tempo teria que esperar.

*****

John acordou quando a água fria entrou em contato com seu rosto. Abriu os olhos parcialmente para ver Lily segurando um balde. Ele apenas se virou para o lado, tentando não acordar.

─Ah, vamos lá, John! Acorda!

─Não grita, Kiwi. ─Cobriu a cabeça. ─To de ressaca.

A menina puxou os lençóis, até conseguir derrubar o irmão.

─Oh, o quê? Onde é o incêndio?

─Em lugar nenhum. ─Ela riu. ─Você precisa se distrair. Vamos pedir ao papai pra levar a gente até Central City.

John conseguiu se sentar, olhando as horas no relógio. Passava pouco das oito.

─Eu estou fedendo a cigarro, álcool e vômito e você quer me fazer levantar a essa hora para ir a Central City?

─Nada que um bom banho não resolva. ─Disse. ─Sei que está mal por causa da Martha, e eu quero te animar. Prometo que não vai se arrepender. Te encontro em meia hora.

Ignorando os protestos do irmão, Lily saiu. John bem que queria voltar a dormir, mas sabia que, se o fizesse, seria despertado por mais um balde de água fria. Assim, não lhe restava outra saída a não ser levantar.

*****

Quando abriu a porta do quarto, Shayera se deparou com a figura escarlate encostada na parede. Ele sorriu envergonhado para ela.

─Oi, Shay.

─Há quanto tempo está ai?

─O quê? Eu acabei de chegar. ─Ela ergueu a sobrancelha. ─Tudo bem, quase duas horas.

─Wally, se quisesse conversar, poderia ter me chamado.

Flash deu de ombros.

─Não queria acordá-la.

─Hm, e o que você quer?

Ele coçou a cabeça.

─Eu vou levar os meninos pra Central City, quer vir conosco?

─Olha, Flash, o boliche foi legal, assim como os beijos, mas não desejo brincar de casinha com você.

─E estamos brincando? Para mim, foi bem sério. Eu gostei de tudo, Shay e achei que você me correspondia.

Ela queria dizer que sentia muito, que não pensava o mesmo que ele, mas não disse. Shayera olhou para ambos os lados. No momento, não havia ninguém além deles. Segurou seu rosto e, ficando na ponta dos pés, deu-lhe um beijo na bochecha. Flash mudou o rosto, de modo que seus lábios se encontraram. Quando ela tentou se afastar, segurou-a pela cintura, gentil, porém firme.

Como das outras vezes, era bom, e ela se via correspondendo, mas sabia que não poderia durar. Sentiu quando Flash começou a empurrá-la na direção da porta, para seu quarto. Ela parou, quebrando o beijo, mas se manteve perto. Eles se afastaram quando Diana apareceu. A amazona ergueu a sobrancelha, mas não falou nada. Apenas sorriu e seguiu seu caminho.

─Acho melhor você ir. ─Shayera aconselhou.

*****

A cabeça ainda latejava, contudo se sentia mais leve. Sentia que um peso enorme foi tirado de

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sua mente. Batman abriu os olhos, ainda na baía medida. As lembranças da noite anterior voltaram, mesmo que ele não as tivesse esquecido. Diana. Ele e a princesa amazona se beijaram. E foi bom, muito bom. A possibilidade de algo novo se formava entre eles e, pela primeira vez, não queria fugir.

No entanto, as demais lembranças também surgiram. Passado, presente e futuro colidiam em sua mente, e embora não pudesse recordar essas memórias, sabia agora o que provocava tudo aquilo. O mesmo responsável pela viagem do garotos, assim como os inimigos de outras épocas. Uma coisa mais poderosa do que tudo que já enfrentaram. E estava apenas no começo.

Mais que depressa, saiu da cama. Precisava avisar aos outros, antes que acontecesse outra vez.

*****

─Oi, Wally. ─A garçonete sorriu quando seu olhar cruzou com o ruivo. ─Andou sumido.

Ele coçou a cabeça. John e Lily estavam a seu lado, olhando ao redor. A lanchonete lhes era familiar. Era o ponto de encontro da família quase todas as noites depois do boliche.

─Pois é, Grace. Eu estava ocupado.

Grace olhou o ruivo em suas roupas casuais. Geralmente, ele vinha sozinho, e conversava, ou tentava, com as garotas ao redor. Hoje, estava na companhia de dois garotos. O menino ruivo tinha uma semelhança enorme. Os mesmos olhos azuis, apesar de ser bem mais novo e ter o cabelo meio comprido. Já a menina, exalava alegria, assim como ele. Era como ver Wally dividido naqueles dois jovens.

Parentes, pensou. Lembrou-se que ainda estava no trabalho e deveria atendê-los. Sorriu novamente.

─Chocolate quente?

─Você me conhece tão bem. Vou querer doze.

A garçonete revirou os olhos. Wally sempre pareceu amar o chocolate quente dali. Era seu único pedido. E o ruivo sempre comprava em grandes quantidades. Era sem dúvida seu melhor cliente.

─Eu também quero doze. ─Lily disse, chamando a atenção de Grace. Ela poderia dizer que a garçonete gostava de Wally, o que despertava seu ciúme. Mesmo que seus pais ainda não estivessem juntos, não queria outras mulheres dando em cima dele. Grace sorriu para a menina.

─São seus parentes? Se parecem com você.

─Eu diria que sim. Parentes distantes. ─Voltou-se para John. ─Vai querer alguma coisa, John?

John olhou as opções no menu na parede. Tantas escolhas. Desde pequeno era um pouco indeciso, e isso nunca mudou.

─Me dá um de cada.

A mulher olhou do rapaz para o menu.

─São 32 opções!

John deu de ombros, fazendo-a rir.

─Dá pra ver que são seus parentes. Se você fosse vinte anos mais velho, eu diria que são seus filhos.

Os ruivos se entreolharam e riram. Se ela soubesse...

*****

─Tá me ouvindo, Honey?

─Hã?

Honey se voltou para Kira. A menina marciana usava seu disfarce usual, mas parecia um pouco mais corada que o normal.

─Você sabe que às vezes, eu não consigo evitar de ler pensamentos, certo? Pode parar, por favor?

Honey riu e assentiu. Kira olhou para trás, para a direção onde a amiga estava tão interessada. Havia um casal numa mesa próxima. Um rapaz, parecia ter uns vinte anos de cabelos castanhos estava de costas para elas. Mas Kira sabia que o interesse da menina de cabelos azuis não era o rapaz. Havia uma garota com ele, sentada de frente para elas. A menina era loira, tinha olhos verdes e vestia short e regata.

Tentando ser discreta, piscou. Kira não tinha certeza se para ela ou Honey. Voltou a se sentar direito, conseguindo uma risada da amiga.

─Tá bom, eu parei. Mas não tenho culpa que as garotas adoram meu cabelo azul.

Ela teve que rir junto.

─Você não existe. Ao menos consegui te tirar da torre.

Piscou pra ela.

─Não foi de todo ruim.

*****

Diana esbarrou em Shayera. A ruiva deu meia volta quando a viu, e Diana imaginava o porque. Alcançou-a rapidamente.

─Está fugindo, Shayera?

─O que você acha?

─Pensei que fosse mais corajosa que isso. Não precisa se esconder, não vou perguntar sobre você e o Flash.

Shayera olhou para Diana.

─Não há essa de eu e Flash. Você falaria sobre o Batman?

Diana na teve tempo de responder. Elas viram um Batman cambaleando na direção delas. Ele tentava se manter de pé segurando nas paredes. Diana o segurou, impedindo-o de cair.

─Ei, Bruce, você ainda está fraco. O que faz de pé?

Olhou para elas. Sua expressão nada feliz.

─Vai acontecer de novo. Eu estive na mente dele e sei que algo grande está por vir.

Foi tudo que pode dizer antes dos alarmes da torre dispararam novamente. Senhor incrível e J’onn correram para os monitores. Diana e Shayera ajudaram Batman a caminhar.

─Anomalia detectada em Central City. ─Disse Senhor Incrível.

─Há outra sobre Metrópolis e em outros 17 pontos pelo mundo.

Mais e mais pontos vermelhos brilhavam na tela.

─Está se espalhando. Mande equipes para os lugares.