Disintegration

Last Dance


LAST DANCE

All this in an instant before I can kiss you

Neon, flores, música, e então tudo havia acabado.

O sétimo ano chegava ao seu fim, para a alegria, para a tristeza, para tudo. Fora dos portões de Hogwarts havia guerra, os seguidores do Lord das Trevas perseguiam nascidos trouxas e traidores de sangue, mas ali… ainda faltava um momento. Um mísero instante.

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A festa de formatura ocorria como Remus achava adequado para uma festa de formatura, os alunos dançavam, se embebedavam e faziam declarações de amor eterno com a mesma proporção com que entornavam os canecos. James provavelmente disse ‘eu te amo’ para uma centena de garotas ruivas até encontrar a verdadeira Lily Evans, já Peter não desgrudou um momento sequer de Mary MacDonald.

Frank e Alice dançavam no canto do salão, uma música lenta começara a tocar e de repente a pista de dança estava infestada de casais. O impulso fez com que procurasse por Sirius em meio aos corpos colados, em seu íntimo havia o medo sempre presente de que o maroto finalmente tivesse encontrado alguém para apaziguar sua carência – ou mesmo alguém para amar –, mas ele não estava ali.

Remus deixou o salão discretamente, caminhou pelos infinitos terrenos de Hogwarts debaixo da cortina perolada que era o céu noturno; foi para o lago, aquele se tornara o seu lugar favorito depois de um tempo, ali moravam recordações especiais que ele gostaria de se lembrar até seus últimos dias.

Sirius estava ali, como ele imaginou que estaria, a cabeça recostada em uma árvore, a gravata frouxa e um cigarro pendendo nos lábios. Ele deitou a cabeça no ombro de Remus quando este sentou-se ao seu lado. O silêncio reinou absoluto por um momento, de alguma forma a noite lhes dizias tudo o que era preciso ouvir naquele pequeno instante.

Foi Sirius quem quebrou o silêncio – como já era esperado –, ergueu a cabeça, livrou-se do cigarro e voltou-se para Remus, a expressão muito séria.

— Nós estamos em guerra.

Remus assentiu.

— E James e Lily vão morar juntos, por que isso?

— Eu acho que é exatamente por isso.

Sirius girou os olhos.

— Não faz sentido.

— Claro que faz – rebateu Remus. – Nós estamos em guerra e não temos tempo a perder, podemos morrer em uma explosão ou em um ataque repentino a qualquer hora, temos que fazer as coisas que queremos agora.

— Mas isso é assustador, como… nós devemos decidir nossa vida inteira agora? Só porque estamos em guerra? E se nos arrependermos depois?

— E se não houver depois?

Sirius engoliu em seco.

— Você está assustado – disse Remus com um ar cansado. – Eu também estou. Todos estamos. Mas não podemos deixar que isso nos consuma, sabe? Nós somos jovens, Sirius. Tem tantas coisas que podemos fazer.

— Você poderia aprender a jogar quadribol sem parecer que tem dois sacos de areia amarrados nos tornozelos, por exemplo – provocou Sirius.

Remus girou os olhos.

— Disse a pessoa que mal sabe montar um tabuleiro de xadrez. Você me envergonha, Padfoot.

Sirius riu. O silêncio ocupou o ambiente novamente, os dedos de Sirius deslizaram pela grama até encontrarem os de Remus.

Remus sentiu seu corpo aquecendo a partir das pontas dos dedos, ele quase sentia que seu coração sairia pela boca, mas fez o possível para manter-se sob controle.

— Quando você disse agora quis dizer nesse exato momento?

Por um momento, Remus apenas o fitou. Os cabelos rebeldes caiam sobre seus olhos cinzentos e o sorriso nos lábios era sacana como o usual.

— Depende do que você quer fazer nesse exato momento.

Sirius sorriu, seus dedos percorreram pelo rosto de Remus passando por sua cicatriz e beijando-a lentamente, então ele beijou suas bochechas e sua testa e seu queixo e o seu pescoço – novamente sentindo a fragrância amadeirada intoxicando-o.

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— Eu acho que você sabe o que eu quero nesse exato momento¹.

Finalmente, Sirius tocou os lábios de Remus com os seus próprios, puxando-o pela nuca para mais perto. Remus deixou-se conduzir, posicionou as pernas uma de cada lado dos quadris de Sirius, suas mãos percorriam o corpo do outro esforçando-se para livrar-se dos panos e encontrar a pele.

Eles separaram-se, arfando, os cabelos de Sirius estavam emaranhados, parte de seu abdômen estava a mostra e seus lábios tornaram-se ligeiramente inchados.

— Eu achei que nunca mais faria isso com você – murmurou o Black com a respiração irregular.

Remus sorriu lascivo e arrancou a camisa de Sirius atirando-a longe. Voltou a beijá-lo, deslizando as mãos pelo peitoral de Sirius enquanto sentia seu órgão crescendo dentro da calça.

[...]

Remus arrependeu-se assim que tudo terminou, não do ato em si, mas considerando as circunstâncias em que acontecera e, principalmente, com quem acontecera lhe parecia algo a ser evitado. Não podia negar, no entanto, que estar deitado na grama abraçado a Sirius era uma melhores sensações que já tivera na vida.

Lá no alto as estrelas pontilhavam o céu e alguma delas chamava-se Sirius, era vergonhoso perceber que, para Remus, o seu Sirius era muito mais belo e importante para o universo do que aquela estrela distante.

Remus podia sentir o cheiro da pele de Sirius deitado sobre seu peito, ficava imaginando que a qualquer momento alguém podia aparecer ali naquela parte do lago – talvez para fazer o mesmo que eles estiveram fazendo minutos atrás –, mas não conseguia se forçar a sair daquela situação. De alguma forma Remus sentia que aquela seria sua última chance e queria aproveitá-la, sentia-se um idiota por isso, mas estar perto de Sirius em qualquer situação sempre lhe fazia se sentir dessa forma em maior ou menor grau.

— Você quer dançar comigo? – disse Sirius após um longo período de completo silêncio.

Remus franziu o cenho e ergueu-se para encará-lo.

— O quê?

— Todo mundo dança na noite de formatura – respondeu o maroto dando de ombros.

Remus queria rir daquilo, mas era verdade, todo mundo dançava na noite de formatura, ele próprio estivera a procura de Sirius mais cedo, temendo encontrá-lo dançando com sua alma gêmea ali naquele salão repleto de casais. Nunca poderia imaginar, no entanto, que ele, o solitário Remus Lupin, honraria aquela terrível tradição.

Não era propriamente dançar, ele não se atreveria a isso, mas um sacolejar em sincronia. Ele abraçava Sirius como se sua vida dependesse daquilo, a cabeça do maroto deitada em seu ombro enquanto moviam-se para lá e para cá sob as melodias suaves próprias da natureza: pequenas ondas no lago, ventania, corujas piando em meio as árvores.

— Quando nós sairmos daqui tudo vai ser completamente diferente – murmurou Sirius agarrado a ele.

Remus o afastou alguns centímetros e segurou seu rosto entre suas mãos, ele estava a ponto de chorar e aquilo doeu em si mais do que sequer cogitara.

— Tudo vai ficar bem – disse forçando um sorriso e o beijou.

Decidiu deixar a culpa pela mentira descarada para mais tarde.

¹ Sirius meio que quotou a frase que o Remus disse no fim do capítulo anterior.