Luz do banheiro
11 anos
— Ei.
— ...
— Ei!
— Quê?
— Você tá acordado?
— É sério?
— É que às vezes a gente só responde no automático e nem tá ouvindo, é sempre bom perguntar...
— Cara, fala logo. Eu ia pegar no sono agorinha.
— Ah, tá. É só que você desligou a luz do banheiro ontem à noite, e eu tinha acendido de propósito mesmo. Não é que eu tenha medo do escuro, não mesmo, mas é costume lá em casa ter alguma luz no quarto na hora de dormir. Até meu pai às vezes acende a luz do corredor...
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Tá bom, Miguel, eu entendi. Vou deixar a luz acesa. Quando amanhecer eu desligo de novo.
— Por que você acorda tão cedo, hein? Sempre que eu acordo você já saiu pra tomar café. Tenho que me trocar rapidinho porque às vezes o Gabriel vem aqui tentar pregar alguma peça enquanto eu tô no banheiro sozinho.
— Não quero perder nada do acampamento. Por que você fala tanto, hein? Vamos dormir.
— Muito silêncio vira velório. Minha mãe sempre diz.
— Isso nem faz sentido.
— É, mas me ajuda de qualquer maneira. As pessoas têm menos tempo pra rir de mim quando estão ouvindo alguma história minha.
— Acho que você tem que mudar de tática.
— Como assim?
— Eles riem de você por isso também. Digo, pela falação toda. Te chamam de papagaio ou algo do tipo.
— Ah.
— É. Mas deixa isso pra lá. Nem é importante. Aposto que algumas pessoas gostam das suas histórias.
— Você?
— ...
— Ah.
— Talvez a gente devesse ir dormir.
— É.
— Não vou apagar a luz.
— Tudo bem. Boa noite, Leandro.
Fale com o autor