— Ei.

— ...

— Ei!

— Quê?

— Você tá acordado?

— É sério?

— É que às vezes a gente só responde no automático e nem tá ouvindo, é sempre bom perguntar...

— Cara, fala logo. Eu ia pegar no sono agorinha.

— Ah, tá. É só que você desligou a luz do banheiro ontem à noite, e eu tinha acendido de propósito mesmo. Não é que eu tenha medo do escuro, não mesmo, mas é costume lá em casa ter alguma luz no quarto na hora de dormir. Até meu pai às vezes acende a luz do corredor...

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— Tá bom, Miguel, eu entendi. Vou deixar a luz acesa. Quando amanhecer eu desligo de novo.

— Por que você acorda tão cedo, hein? Sempre que eu acordo você já saiu pra tomar café. Tenho que me trocar rapidinho porque às vezes o Gabriel vem aqui tentar pregar alguma peça enquanto eu tô no banheiro sozinho.

— Não quero perder nada do acampamento. Por que você fala tanto, hein? Vamos dormir.

— Muito silêncio vira velório. Minha mãe sempre diz.

— Isso nem faz sentido.

— É, mas me ajuda de qualquer maneira. As pessoas têm menos tempo pra rir de mim quando estão ouvindo alguma história minha.

— Acho que você tem que mudar de tática.

— Como assim?

— Eles riem de você por isso também. Digo, pela falação toda. Te chamam de papagaio ou algo do tipo.

— Ah.

— É. Mas deixa isso pra lá. Nem é importante. Aposto que algumas pessoas gostam das suas histórias.

— Você?

— ...

— Ah.

— Talvez a gente devesse ir dormir.

— É.

— Não vou apagar a luz.

— Tudo bem. Boa noite, Leandro.