Império
"Quack"
— Bom, agora que terminamos a reunião, vou te explicar mais ou menos o que aconteceu lá dentro: normalmente as reuniões terminam antes do meio dia, mas, devido ao que aconteceu, demoramos um pouco mais do que o planejado – Nico começou a explicar, enquanto andava em direção a sua sala com a Grace ao seu lado, tentando acompanhar seu ritmo. – Eu, como diretor de redação, sou responsável por toda a parte editorial da revista, eu tenho controle de tudo que é publicado, e sou eu que garanto que todas as revistas e marcas fechem o contrato conosco.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— E como você chegou nesse cargo? – Thalia questionou, desviando de Piper, que passava de um lado para o outro atrás de sua irmã.
— Trabalhando duro, agora me deixe continuar: Annabeth é responsável por organizar todo o fluxo de texto e foto, ou seja, ela garante que os prazos sejam cumpridos, além de claro, ser muito organizada – o di Angelo prosseguiu, entrando em sua sala.
— Eu nunca me daria bem nesse cargo – a Grace soltou um muxoxo, enquanto fechava a porta atrás de si.
— Já a Piper, é a estilista, ou seja, ela decide as roupas e acessórios que serão utilizados nas fotos. A Reyna pré-seleciona as marcas que serão postas para Piper, só que tudo isso acontece sobre a supervisão da Silena, respectivamente elas são: produtora de moda e editora de moda.
— Você acha que eu me daria bem nesse ramo? – Thalia deu um giro, mostrando a blusa que batia na metade de suas coxas.
— Ah...quem sabe, né? – Nico não quis cortar o barato da menina, então apenas preferiu responder assim. – Então, já o Leo, ele organiza desde os ensaios fotográficos, as modelos, localização, maquiagem, cabelo e transporte para cada photoshoot feito pela revista. E é ele que é encarregado de ter o plano B caso algo dê errado.
— Isso parece fácil...
— Mas não é! – o chefe deu um sorriso de canto. – Mas então, Connor é editor de beleza, comportamento e cultura, ele é um jornalista que revisa o texto antes de mandar para o editor chefe, que depois vai vir para mim.
— Então você é o mais...importante?
— Eu não diria importante, afinal, eu só reviso todos os trabalhos que já vem revisados para mim, ou seja, só garanto que não haja erros e isso acaba me colocando em um cargo mais alto. Porém, não se faz uma revista apenas com uma pessoa.
— Tocante...- Thalia murmurou, assentindo em concordância enquanto sentava-se na cadeira de frente a mesa do chefe, que fez uma careta, mas nada disse.
— Percy coordena os repórteres, que basicamente são eles que fazem o texto que vão para a revista, e as entrevistas. E tem o Travis, gêmeo do Connor, que é o diretor de arte, ou seja, ele garante que a revista vai ter uma imagem atrativa, para que outras pessoas comprem. Só isso.
— Só? – A morena murmurou abobada. – É bastante coisa!
— Anotou tudo? Gravou? Entendeu? – Nico questionou, trazendo as mãos cruzadas para baixo de seu queixo, dando um ar superior.
— Eu deveria dizer que sim, porém você viu que não o fiz, então estaria mentindo...- murmurou timidamente –, mas eu juro que entendi.
— Você não vai participar da entrevista, porque só quem faz isso é o repórter, equipe de filmagem e o Percy, porém, vai observar a sessão de fotos comigo. E você vai tentar não fazer nada que possa ferir Perséfone, ok? E com certeza não vai dar um chilique de fangirl!
— Por que eu daria um..., ah, deixa! – Thalia murmurou, encarando suas mãos envergonhada.
— Você trouxe outra roupa? – Nico questionou, avaliando.
— Por quê?
— Porque eu não gostei do seu modelito, e acho que Perséfone não vai gostar de ver tanta informalidade assim para uma estagiária.
— Para sua sorte, ou azar, eu trouxe sim...- ela observou sua bolsa, torcendo para que a roupa estivesse intacta e não encharcada com a toalha suja de café que tinha jogado ali dentro.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Então se troca! – o di Angelo orientou, com um olhar sugestivo.
Thalia arregalou os olhos e enrubesceu.
— Aqui? Assim? No susto?
Foi a vez de Nico arregalar os olhos, franzindo o cenho e negando quase que em desespero.
— Não! No banheiro, né?
— Ah, sim! – ela assentiu em concordância, soltando um suspiro baixo de alivio e se levantando, rumando para fora da sala com a bolsa em seu ombro.
Enquanto Thalia andava pelos corredores, uma mão a interrompeu de continuar seu caminho, fazendo-a frear confusa.
— Thalia..., né? – Percy questionou, vendo-a assentir. – Assim, eu estou com uma dúvida profunda aqui, pode me responder o porquê de você ter uma toalha de banho cor de rosa e das meninas superpoderosas na sua bolsa? E também um patinho de borracha?
— Eu tirei os pés de pato, se não estaria tudo aqui...- a Grace respondeu - eu ia nadar na casa do meu namorado.
— Isso explica muito! – ele assentiu em concordância. – Aliás, para onde você está indo? Nico já te demitiu?
— Ele não pode...ah, ele pode sim, deixa! – Thalia murmurou – Eu estoh indo trocar de roupa.
O Jackson franziu o cenho confuso e tombou a cabeça para o lado.
— Que?
— Exato! Ele só mandou e eu estou indo – a estagiária deu um sorriso fofo e acenou, seguindo até o banheiro e só parando quando fechou a porta atrás de si e se viu totalmente sozinha.
Percy caminhou até o escritório de seu chefe, batendo na porta antes de adentrar e o observando checar algumas coisas no computador.
— Sério que você mandou a menina ir trocar de roupa, Nico?
Os olhos negros foram desviados do artigo, subindo para o amigo.
— Sim! – retrucou sem entender.
— É o primeiro dia dela, dá um desconto!
— Desconto? Até parece! Ela tem que entender que aqui pegamos pesado, se ela quer crescer dentro dessa empresa, tem que ser madura o suficiente e, pelo menos, arrumadinha.
— Ela tem o que? Dezenove anos? – Percy rolou os olhos, cruzando os braços sob o peitoral.
O chefe pegou a ficha da Grace, que ainda estava em cima da mesa, checando a idade.
— Vinte e dois.
— É o que? – o Jackson arregalou os olhos, abobado.
— Entendeu agora o porquê deu ter feito isso?
— Ok, entendi. Mas mesmo assim, segura as pontas um pouco.
— Perseu, vai trabalhar vai! – Nico agitou a mão, fazendo pouco caso e se levantando, determinado a ir atrás da garota que havia sumido, levando-o a pensar que ela realmente poderia ter caído pela janela antes de chegar no banheiro.
— Não me chama assim! – Percy retrucou, fazendo uma careta e o deixando para trás, saindo da sala.
Enquanto isso, no banheiro, Thalia estava se encarando no espelho, havia soltado o rabo de cavalo que usava e arrumava os cabelos enquanto mantinha a blusa de botões aberta, observando sua lingerie negra de renda destacar sua pele pálida.
A porta se abriu de supetão, o que fez a garota se assustar e soltar um grito agudo, puxando a blusa para esconder seu corpo e grudando na parede, ficando de costas para a pessoa que havia entrado.
— To atrapalhando? – Nico questionou, vendo a reação exagerada da menina.
— Sério, di Angelo? – esbravejou, continuando grudada na parede e procurando esconder seu corpo de todo jeito, porém o olhou por cima dos ombros.
— O que? Você demorou e eu achei que tinha desistido!
— Sabe chamar? Bater na porta, quem sabe...- Thalia murmurou, respirando fundo e juntando mais a blusa ao seu corpo. – Pode me dar licença? Não terminei de fechar a minha blusa.
— Ah, por isso a reação exagerada..., agora sim faz sentindo! – Nico murmurou pensativo, se virando de costas para ela e tampando os olhos. – Pronto, pode desgrudar da parede, ou tentar sair do concreto.
Thalia se afastou devagar, ainda se mantendo de costas e abotoando o mais rápido possível a camisa, engolindo em seco.
— Pronto, o que você queria? – questionou, voltando de frente para o espelho e começando a prender o cabelo, enquanto o encarava através do vidro.
Nico se virou pronto para falar o que deveria, porém perdeu totalmente o raciocínio ao ver as roupas masculinas no corpo dela, não conseguindo disfarçar a careta de incredulidade.
— O que? – Ela arqueou uma sobrancelha, finalizando o penteado e se virando de frente para ele.
— Ah..., nada! – o di Angelo respondeu atordoado, negando em reprovação. – Vem, eu vou passar no setor da Silena e ver se está tudo pronto, porque a Perséfone é pontual e vai chegar cedo.
— Se ela é pontual, então ela deveria chegar três em ponto, não antes...- a garota retrucou, cruzando os braços.
— Fala isso para...não, não fala nada não, deixa para lá! – Nico balançou a cabeça apavorado só de pensar que ela poderia perguntar isso e iria arruinar todo o projeto que tinham preparado para a tarde. Sendo assim, pegou em seu braço e deu dois tapinhas casuais. – Vamos, só vamos.
— Minha bolsa! – Thalia segurou a bolsa, que estava um tanto pesada para quem estava distraída, quase arrancando seu próprio braço ao deixar ela cair, ouvindo o patinho de borracha voltar a se pronunciar.
Por um momento, a garota se sentiu um carrinho de formula um, já que mal chegava em um lugar e seu chefe mandava ela ir para o outro, para dar uma opinião aqui, levar papéis ali, manter o equilíbrio acolá.
Suspirou pela décima vez naquela hora, assim que sua presença foi solicitada para levar água para Perséfone, que estava no meio de sua entrevista com o repórter.
Thalia equilibrou a bandeja em sua mão, porém, quando tropeçou lá dentro, teve que fazer a difícil escolha entre salvar sua bolsa ou salvar todos os copos, jarra e água que estava em suas mãos, optando pela bandeja. Assim que sua bolsa atingiu o chão, novamente o pato se pronunciou, fazendo a garota morder o lábio inferior fortemente ao atrair atenção toda para ela.
— Ah..., eu vou...deixar a água ali...e ir embora com meu...pato...- murmurou entre pausas, notando que Percy tentava segurar a risada em sua garganta. – Desculpem!
Ela deixou a bandeja em um canto, se afastando da sala e respirando fundo. Aquilo fora bem constrangedor!
— Essa garota é uma inútil mesmo, não sei como Nico ainda não dispensou ela! Vou tentar conversar com ele mais tarde, sabe como é, né? – Reyna exclamou, enquanto conversava com uma secretária. Por um momento, Thalia teve certeza que ela havia feito de propósito, apenas para que ela ouvisse.
A Grace se virou lentamente, não sabendo que cara fazer, portanto apenas continuou inexpressiva enquanto engolia em seco e se retirava dali, esperando o momento que seu chefe mandaria ela fazer mais coisas.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Ei!
Em falar nele..., Thalia se virou e o observou.
— Eu preciso de uns papéis, consegue achar a Rachel para mim? – questionou, analisando a garota, vendo-a assentir e se virar para sair. – Espera! Você parece...abalada.
— Pareço? – ela franziu o cenho. – Não é nada, está tudo bem.
Não deu deixa para que ele a questionasse novamente, então só o deixou para trás e foi em busca da E. Dare.
***
Reyna bateu na porta do chefe, esperando a permissão para adentrar o recinto.
— Algum problema? – Nico questionou cansado, estranhando totalmente o fato da garota estar a sua procura, já que Reyna evitava falar com ele.
— Você sabe que eu raramente me meto em relação aos assuntos de estagiários...- ela começou, fechando a porta atrás de si.
— Mas? – ele prosseguiu por ela, sabendo que isso teria algo a ver com a tristeza estranha da Grace.
— Eu acho esquisito o fato de você não ter dispensado aquela garota ainda, sério, ela vai fazer a revista ir de mal a pior e nós vamos ser despedidos por conta dela! Ela é um desastre, chefe! – Reyna explicou tudo da maneira mais sútil. – Você provavelmente já sabe o que ela fez na entrevista com Perséfone, e isso é estranho! Você já demitiu estagiários por muito menos, porque com essa garota as coisas são diferentes?
A porta se abriu, fazendo Reyna ter um sobressalto e arregalar os olhos, vendo a Grace parada ali, inexpressiva.
Nico se levantou, pegando uma folha na mesa e contornando o móvel.
— Bom, Arellano, você já deixou sua opinião bem clara, e eu vou ver o que posso fazer, porém lembre-se que, quem decide as coisas aqui, sou eu, não você.
O chefe segurou no braço da Thalia, saindo com ela dali, e quando eles estavam em um corredor a sós, preferiu contar a verdade.
— Eu sei que você ouviu e sabe o que a Reyna veio falar comigo, e sim, você é desastrada, e provavelmente eu estou sendo bem mais tolerante com você do que eu já fui com muitos outros, mas a diferença é que, nos outros, um único esporro os desanimava. Você não, você tem uma vontade de progredir, eu vejo que se esforça bastante para conseguir fazer algo, então por enquanto estou tolerando. E lembre-se que, você tem que me impressionar, não a ela. Não ligue para as opiniões dos outros.
— Tá – Thalia deu de ombros, se desvencilhando dele e sumindo de sua vista.
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